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Trek
Brasilis - Há uma campanha em andamento com o objetivo
de convencer a Paramount a produzir uma série sobre as
aventuras de Hikaru Sulu e a USS Excelsior. O que você acha
desta campanha e suas chances de sucesso? Quando seria o prazo
final para a campanha?
George Takei - A campanha Excelsior está
mantendo a tradição iniciada pelos primeiros fãs de Jornada.
Após o cancelamento da série, em 1969, os fãs começaram uma
campanha para ressuscitar o programa. Apesar de os executivos da
Paramount terem dito que Jornada nas Estrelas estava
morta, os fãs iniciaram uma campanha "Jornada vive",
consistindo no envio de cartas e protestos públicos. Levou 10
anos, mas eles venceram. Em 1979, "Jornada nas Estrelas:
O Filme" foi lançado. Os executivos da Paramount
estavam pessimistas sobre o potencial de bilheteria. Novamente,
os fãs demonstraram seu enorme apoio por meio das bilheterias,
mostrando que realmente havia um público para Jornada. E
uma vez mais, apesar dos executivos gostarem de pensar que sabem
o que é melhor para os fãs, os fãs tomaram a iniciativa de
dizer ao estúdio o que eles querem. Se a história mantém
consistência, a campanha Excelsior deve prevalescer. O estúdio
e as redes devem estar tomando algumas decisões sobre a nova série
de Jornada até setembro de 2001.
TB -
O que você acha da idéia em torno da Excelsior? Quais são
seus pontos fortes?
Takei - Eu diria que o ponto mais forte na
campanha é que está vindo diretamente dos fãs, da audiência.
Se os produtores são espertos, eles devem responder ao mercado
-- sua audiência. O outro ponto é que a série poderia
explorar os 80 anos que estão entre o filme Jornada VI e
a série A Nova Geração. Isso corresponde a aventuras
suficientes para várias temporadas.
TB - Você
acha que a série Excelsior seria um momento decisivo para os
atores de origem asiática?
Takei - Eu acho que Gene Roddenberry foi
pioneiro com a Série Clássica em ver a nave estelar
Enterprise como uma metáfora para a nave estelar Terra,
incorporando as grandes diversidades do planeta. Asiáticos,
assim como africanos, russos, escoceses e até um Vulcano de
orelhas pontudas estavam representados. A Excelsior continuaria
nesta tradição, tendo um americano de origem asiática, pela
primeira vez, na liderança, interpretando o capitão da USS
Excelsior. Isso seria certamente um avanço importantíssimo.
TB - Estamos
vendo agora uma campanha por Excelsior, mas a idéia não é
exatamente nova. Em 1996, quando esteve no Brasil, você já
falava sobre uma série com Sulu. Quais são as raízes desta idéia?
Takei - Quando "Jornada nas Estrelas VI
- A Terra Desconhecida" foi lançado em 1991 para
celebrar o 25º aniversário de Jornada, vimos pela
primeira vez o novo capitão da USS Excelsior, Hikaru Sulu.
Quando vi o fim do filme, com o capitão Sulu tendo salvo o dia
para Kirk, eu pensei que o próximo passo lógico seria algum
projeto centrado na Excelsior. Demorou, mas os fãs decidiram
que agora é o momento para eles e lançaram uma campanha ativa
junto à Paramount Television.
TB -
Quando você esteve no Brasil, você prometeu que se a série do
capitão Sulu ocorresse, ela teria um tripulante brasileiro na
ponte. Você acredita que poderá cumprir essa promessa? Por que
você gostaria de ter um brasileiro em sua tripulação?
Takei - Como Gene Roddenberry acreditava, a
diversidade de nosso planeta deve estar representada a bordo das
naves da Frota Estelar. O Brasil é uma importante, porém muito
pouco representada, parte dessa diversidade global. Eu gostaria
que a Excelsior fosse um exemplo brilhante de trabalho para
representar essa parte tão expressiva do mundo. E eu certamente
lutaria por um brasileiro a bordo da nave com todo o vigor.
TB -
Você aceitaria outra proposta, como uma minissérie ou um
telefilme sobre a Excelsior, ou só uma série satisfaria?
Takei - O importante é persuadir a Paramount
de que há uma grande audiência lá fora esperando pela série
Excelsior. Sendo uma minissérie ou um telefilme, uma vez que o
estúdio esteja convencido, parece-me que, no fim das contas,
ele satisfará a audiência com uma série com a Excelsior. Há
muitas boas histórias para se contar.
TB -
Quais são suas melhores e piores memórias da época de produção
da Série Clássica?
Takei - Minha melhor lembrança da série
original é a filmagem do episódio "The Naked
Time", onde Sulu mostra sua habilidade como espadachim.
Eu escrevi extensivamente sobre essa experiência em minha
autobiografia, "To The Stars". Minhas piores lembranças
são dos episódios em que Sulu não apareceu.
TB -
Na Série Clássica e nos filmes, Sulu e Chekov sempre
foram melhores amigos. Isso se traduz na realidade? Você e
Koenig são mesmo amigos?
Takei - O que você viu nas telas da televisão
e do cinema também é verdadeiro na vida real. Apesar da
maioria de meus colegas ter permanecido como bons amigos ao
longo dos anos, eu acho que Walter é meu melhor amigo.
Conversamos regularmente pelo telefone. A grande bênção de
meu trabalho em Jornada é que os colegas de profissão
acabaram virando amigos queridos com o passar dos anos.
TB -
Muitos atores da Série Clássica expressaram suas
reservas sobre Bill Shatner. O que você pensa dele, como pessoa
e como ator?
Takei - Eu escrevi em detalhes sobre as
dificuldades que todos nós tivemos trabalhando com Bill em
minha autobiografia. Eu considero Bill um ator talentoso, mas
incapaz de perceber a importância da interação entre outros
atores em uma cena para fazê-la funcionar. Ele poderia ter sido
tão melhor.
TB -
Você conheceu a nova filha de Jimmy Doohan?
Takei - Jimmy e sua esposa, Wende, se mudaram
para Seattle, Washington, há alguns anos. Um mês após o
nascimento do bebê, eles trouxeram a criança para que nós a
conhecêssemos. Infelizmente, eu estava fora da cidade no
momento e perdi a chance de conhecê-la. Eu mandei um
presentinho para seus felizes pais.
TB -
Você assiste às novas séries de Jornada? O que você
acha do atual estado do franchise?
Takei - O senso de muitos fãs é de que as
recentes spin-offs de Jornada saíram dos trilhos. A
brilhante e otimista visão do futuro humano como representada
na criação de Gene Roddenberry tornou-se mais obscura e
nefasta. Em vez de mostrar a idéia de ter os melhores
representantes da diversidade humana trabalhando juntos como
equipe, as séries recentes examinaram os mais triviais e
avarentos aspectos do homem. Era crença de Gene que a
humanidade teria -- certamente deverá ter -- ultrapassado essas
dificuldades daqui a alguns séculos, tempo em que se passam as
séries de Jornada. Com a série Excelsior, esperamos
recapturar esse futuro brilhante da humanidade.
TB -
O que você achou do episódio de Voyager que contou com
a participação de Sulu, "Flashback"?
Takei - Eu me diverti voltando ao uniforme do
Sulu e revivendo a cena de abertura de Jornada VI. Que
maravilhosa entrada eles me deram, saindo de uma nuvem de pânico
e histeria! E trabalhar com Kate Mulgrew e Tim Russ foi
divertido. Apenas lamento não ter tido oportunidade de
trabalhar com os outros membros daquele talentoso elenco. Espero
poder ter a oportunidade antes que a série termine.
TB - Você
achou que foi uma boa escolha matar Kirk em "Generations"?
Takei - A morte de Kirk no sétimo filme foi tão
sem sentido, e de anticlímax. Comparada à heróica morte de
Spock em "Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan",
a morte de Kirk foi um desapontamento. Se a decisão era matar
Kirk, muito mais poderia ter sido elaborado para um morte mais
coerente com o tipo de homem que James T. Kirk foi em vida. Ele
não deveria ter morrido em um simples acidente.
TB -
Certa vez, você disputou uma vaga como vereador em Los Angeles
e perdeu. Você desistiu completamente da política?
Takei - Certamente, não. Eu sou um apaixonado
ativista político e acredito que meu voto é tanto um privilégio
como uma responsabilidade. Estarei voando para o Japão semana
que vem como comissário representando o presidente Bill Clinton
em questões binacionais. Em uma democracia representativa, como
o nosso sistema, o importante é a participação de todas as
pessoas qualificadas. Sem elas, a democracia sai perdendo.
TB -
Quais seus projetos atuais?
Takei - Estou trabalhando em um thriller de ficção
científica dirigido por Tony Dow, de nome "Overload".
Em duas semanas, estarei voando para Toronto para fazer uma
narração para um documentário. Estive fazendo muitos
trabalhos de voz recentemente.
TB - Como
você definiria o capitão Sulu?
Takei - Meu capitão favorito.
TB - Como
você diferenciaria os estilos de comando de Kirk e Sulu?
Takei - Sulu aprendeu seu estilo de liderança
de Kirk. Ele ficava particularmente impressionado com a dedicação
de Kirk aos laços de amizade e a graça e coragem com que ele
demonstrava esse compromisso. Sulu também demonstrou isso
quando foi contra o Comando da Frota Estelar, tentando resgatar
Kirk em Jornada VI. Ele tem mais em comum com Kirk do que
o contrário. As diferenças entre eles estão nas nuances de
suas personalidades.
TB -
Quando podemos esperá-lo novamente no Brasil? Estamos com
saudades!
Takei - Eu também. Eu tive fabulosos momentos
no Brasil e estou ansioso por uma próxima oportunidade de visitá-lo.
TB - Como
você vê o futuro de Jornada?
Takei - Excelsior!
TB -
Como você vê o futuro da humanidade?
Takei - Tenho confiança na nossa capacidade de
resolver problemas, nossa criatividade e gênio inventivo. A
humanidade prevalescerá.
TB -
Alguma mensagem especial para os brasileiros?
Takei - Aos fãs de Jornada no Brasil,
obrigado pelo apoio que nos deram ao longo dos anos. Para
aqueles que estiveram ativos com a campanha Excelsior, obrigado
pelas cartas enviadas a Kery McCluggage, presidente da Paramount
Television. Elas estão fazendo um impacto tremendo. E a todos
os brasileiros, vamos nos dar as mãos construindo uma ponte de
amizade nas américas que servirão como exemplo para a população
da Terra. Essa é a filosofia de Jornada nas Estrelas.
Entrevista realizada em 6 de junho de 2000. |
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