Publicado originalmente
em 2 de maio de 2005


Paraíso questionável
Uma visão pessoal do arco Maqui, na qual o autor faz uma análise dos elementos presentes nos episódios da série 


 









 


Fundamentos ideológicos e validade moral do levante contra a Federação


Os colonos e as motivações relativas ao seu grupo social como um todo

- Olhe lá fora. [Eddington aponta um disruptor klingon contra Sisko, que afasta uma lona]
- Estas pessoas? Eles eram colonos em Salva Dois. Eles tinham fazendas, e lojas, e lares e escolas... então, um dia, a Federação assinou um tratado e entregou o seu mundo aos cardassianos... bem deste jeito. Eles tornaram estas pessoas refugiados da noite para o dia.
- Não é tão simples assim e você sabe disto. Estas pessoas não precisam viver assim... nós oferecemos realocação.
- Eles não querem ser realocados. Eles querem ir para casa para as vidas e lares que eles construíram..

-- Eddington e Sisko, For the Uniform.

A paixão e o entusiasmo pelo qual os Maquis se pegam a sua causa é admirável, e merece uma avaliação mais cuidadosa. Ao longo de todo o arco, as raízes desta rusga foram estabelecidas meramente como sendo a questão do tratado com os cardassianos. Assim, é importante considerar que na questão Maqui, jamais houveram razões ideológicas realmente profundas como motivação para o levante destes cidadãos federados contra seu governo.

Em momento algum do arco, jamais se estabeleceu que os participantes do movimento tivessem quaisquer divergências de cunho racial, religioso, econômico, social ou qualquer outro aspecto destes contra as políticas da Federação antes que a Federação tivesse o posicionamento que teve em relação ao acordo com os Cardassianos e sua entrega das colônias. Mesmo uma eventual tentativa de se aplicar a minha chamada "Velha Máxima", sobre "Não ter sido visto em tela não quer dizer que não exista", não é possível, pois houveram ao longo do arco inúmeros momentos onde a menção a estas outras questões ideológicas teriam sido adequadas ou até mesmo fundamentais, caso realmente tivessem existido. Até como comentei anteriormente, não houve sequer uma eventual crítica a "Não Vivemos no Paraíso, Façam Algo" que existisse bem antes da questão da devolução surgir foi colocada como eventual pano-de-fundo ideológico para motivação. Mas como vimos, nada disto ocorreu. Desta forma, considero seguro afirmar que nenhum daqueles rebelados federados realmente tinham rusgas ideológicas profundas contra a Federação além daquelas que se encaixam na questão de "Perdemos Nossos Lares" e "A Federação Nos Abandonou".

Estas são de fato razões plenamente compreensíveis de um homem se rebelar contra um sistema de governo. Contudo, apenas por si mesmas, e considerando todo o contexto social onde tais homens estavam inseridos, também não querem dizer que torna tais razões completamente justificáveis, e assim, o levante Maqui pode, sim, ser questionado quanto a sua validade moral. Ele pode, sim, ter sido algo fundamentalmente errado de os colonos fazerem.

Enquanto estava tudo bem e tudo bom, supostamente não havia nada de errado com nenhuma política da Federação, como vimos. Não interessaria como e sob que circunstâncias a Federação teria conquistado aquele território, e se isto seria justo ou não, o que interessava para os colonos é que agora era território federado. Contudo, quando a política colonial federada teve que ser revista, então nisto, e apenas e tão somente nisto, o levante Maqui surgiu com o discurso de "Opressores" e "Feddies Go Home". Nunca se tratou de ideologia, de se acreditar em ideais, de se questionar as tradicionais posturas e valores federados. Nunca se tratou de serem contra o eventual imperialismo federado. Tratou-se de que, quando as políticas federadas, com as quais sempre concordaram, passou a agir contra eles, aí sim tais políticas aparentemente se tornaram imorais e questionáveis; aí sim a Federação passou a ser vista como maligna. Ou seja, se tratou de eles terem perdido a ferramenta do imperialismo federado, ferramenta a qual eles nunca tiveram objeções algumas, e ferramenta absolutamente necessária para eles.

Pois segundo consta, o cidadão federado é alguém que está plenamente consciente de que o bem-estar do todo de sua sociedade é algo que deve vir primeiro, algo que deve se sobrepor aos seus próprios desejos e interesses pessoais. Atitudes egoístas e meramente em proveito próprio são conceitos que supostamente o típico cidadão federado já deixou para trás na evolução de sua sociedade. As necessidades da maioria se sobrepõem as necessidades da minoria... ou a de um só.

Mas, como alguns outros federados já nos mostraram, também existem situações onde a necessidade da minoria é a que se sobrepõe, e leva pessoas a cometerem atos que se pode classificar com traição por um ângulo, mas também como alta lealdade por outro. Assim, eu não quero dizer com esta análise que os posicionamentos dos colonos, se realmente aplicado como sendo algo que fizeram, tenha sido algo necessariamente ruim para a série, muito pelo contrário. Poder haver uma leitura das atitudes dos colonos de modo a os retratar como humanos que tem falhas, humanos que tem agendas próprias e que podem desejar agir mais em seu próprio interesse do que no interesse de sua comunidade, que é supostamente o que se esperaria de bons federados, é de fato algo interessante e que ajuda a dar texturas mais palpáveis a estes humanos, uma boa adição ao contexto social onde se passa o universo de Jornada. Mas são avaliações importantes de serem feitas.

Eddington e suas motivações pessoais

- Eu conheço você. Eu já fui como você, mas então eu abri os meus olhos. Abra os seus olhos, Capitão. Por que a Federação é tão obcecada com os Maquis? Nós nunca lhe fizemos mal. E mesmo assim nós somos constantemente detidos e acusados de terrorismo. Suas naves estelares nós caçam por toda a Badlands e nossos simpatizantes são assediados e ridicularizados. Por que? Por que nós deixamos a Federação, e esta é uma coisa que vocês não podem aceitar. Ninguém deixa o paraíso. Todos deveriam querer ser membros. Mas que diabos, vocês querem até os Cardassianos como membros. Vocês estão somente lhes enviando os replicadores pela certeza de que um dia eles irão ocupar o seu "lugar reservado" no conselho da Federação. Sabe, de certo modo vocês são piores do que os Borgs. Pelo menos eles avisam sobre seus planos de assimilação. Vocês são mais insidiosos. Vocês assimilam pessoas, e elas nem mesmo sabem disto.

-- Eddington, For the Cause.

Como visto em "For the Cause", o Comandante Michael Eddington, attaché de Segurança da Frota Estelar para DS9, traiu a Federação ao agir como o principal operativo Maqui na obtenção de replicadores industriais destinados para os cardassianos, e conseguiu pegar todo o comando de DS9 com as calças na mão. Ao final do segmento, se despede de Sisko com um ótimo dialogo com ele, no qual inclui o monólogo acima.

Eddington levanta excelentes pontos neste seu discurso, inúmeros dos quais eu mesmo compartilho e concordo plenamente. Só que Eddington se pega em omissões e falácias para procurar argumentar suas justificativas. Ele afirma que os Maquis nunca lhes fizeram mal. Eles queriam deixar a Federação e ficarem onde estavam? Muito bem, mas da mesma maneira, aparentemente não queriam, ou não tinham como se tornarem cidadãos da nação a qual estava chegando ali no local, Cardássia. O que fazem? Entram em conflito com os cardassianos, e ainda que possam ter reagido como defesa, sabidamente também atacaram alvos civis e fizeram muito das suas. Com isto, quer desejassem ou não, eles tornaram a coisa um problema também da Federação, mas Eddington é desonesto e intransigente demais para admitir isto, uma vez que isto, obviamente, rasparia fora parte da santidade que quer aplicar a seu discurso.

Ocultar quaisquer motivações pessoais de Eddington antes de "For the Cause" era algo de se esperar, sem dúvida alguma, a fim de manter o elemento de surpresa sobre a traição de um dos tripulantes secundários da estação ao qual estávamos tão acostumados a encararmos como um leal operativo federado no time de Sisko. Em relação ao cerne da questão Maqui, não há realmente nada a considerar diretamente -- Eddington não era um colono ou tinha relação direta com as colônias de alguma forma, então não tinha realmente nenhuma ligação pessoal com o levante.

Contudo, após Eddington claramente ser estabelecido como Maqui, poderíamos esperar um maior aprofundamento nas motivações que o levaram a ingressar no movimento... mas não muito mais temos além desta frivolidade mal embasada do seu discurso inicial, além também das reações dele à vendeta pessoal de Sisko contra si, coisa que ele interpreta como a obsessão federada em os perseguir supostamente sem motivação, como ele menciona em seu discurso.

Por ambos os episódios "For the Uniform" e "Blaze of Glory", não temos rigorosamente nenhum indício que indique que o próprio Eddington tivesse um posicionamento ideológico fundamentalmente contra as políticas federadas anterior a todo o problema colonial com os cardassianos, da mesma maneira que para os demais Maquis, bem como outras questões fundamentais a sociedade federada a qual fizeram parte. Sim, tem a parte que ele comenta em seu discurso que "abriu os olhos", mas omite qualquer outra questão mais específica que justifique suas ações, e no lugar disto apenas faz alegações vagas sobre assimilação disfarçada, em um ranço geral que, ainda que não tenha soado falso, soou claramente desprovido de real substância. Pois é importante se considerar algo importante sobre tão badalado discurso: na parte em que ele compara a Federação ao Borg, ele já passou o que fala para um ponto que seria mais ideológico do que qualquer coisa, um ponto que é uma crítica a Federação em geral, e tal crítica, tal visão, é algo basicamente ideológico, e não há nenhum indício de que Eddington tinha sequer pensado a respeito disto antes de deixar a Federação. E ter se levado em consideração tais elementos teria sido algo a mais a se inserir não apenas no personagem, mas também no arco, e acredito que teria incluindo tintas ainda mais interessantes em ambos.

Há, claro, também o elementos de busca da glória de líder em tempos difíceis, sobre o qual Sisko especula em determinados momentos de "For the Uniform" e "Blaze of Glory", e é um elemento que não pode ser ignorado. Sisko analisa a admiração que Eddington demonstra por Os Miseráveis, o romance francês escrito por Victor Hugo, e como há mais na comparação feita por Eddington a Sisko e o livro – o próprio Eddington se vê na mesma situação. Eddington quer partir de modo grandioso, de modo significativo, e isto principalmente poderia ser incentivado por sentimentos ideológicos, ou egocêntricos. Como o primeiro é algo que a causa Maqui toda carece, e também Eddington, ficamos com o aspecto de glória pessoal para satisfazer o próprio ego, que Eddington pinta com tintas nobres a associar isto a uma causa maior.

A incapacidade federada em lidar com o problema Maqui

- Capitão, o senhor alguma vez lembrou a Frota Estelar de que eles colocaram Eddington aqui em DS9 porque eles não confiavam em mim?
- Não.
- Faça, por favor.

-- Odo e Sisko, "For the Uniform".

Ao longo de todos os episódios relacionados a crise Maqui, desde "Journey's End", em A Nova Geração, a Federação demonstrou uma incrível capacidade de meter os pés pelas mãos em tratar do problema, e de muitas maneiras, em uma situação onde tinha que optar por uma decisão entre várias possíveis, ela sempre optava pela pior possível, especialmente nas situações em que todas as opções eram de certa forma ruim.

Em situações deste tipo, havia muitos personagens que consideram que a Federação, já que está frente a isto, uma situação onde não há saída, onde todas as opções colocam a Federação em uma posição desfavorável, então ela deveria ir pelo menos pela opção que satisfaz o seu próprio pessoal. Por este ângulo, eu poderia entender a eventual seguinte opção federada: "Embora poderia admitir que estivesse errada inicialmente sobre ter ocupado aqueles setores, o que aconteceu, aconteceu. Assim, a Federação deveria escolher lutar ao lado de seu povo, ao invés de abandoná-lo, e deveria fazer isto quer estivesse certa ou errada a respeito do real direito sobre as colônias. A defesa do seu pessoal ali deveria se sobrepor a isto tudo."

Este posicionamento, basicamente o mesmo do cenário número 3 que discutimos anteriormente neste artigo, embora eu pessoalmente o consideraria inadequado, seria um posicionamento no qual a Federação pelo menos teria a decência de pisar firme por algo em que acreditaria ser aquilo que deve prevalecer em relação a toda a situação, algo nas linhas de "Sim, teria sido errado ocupar as colônias em primeiro lugar, tudo bem, mas a esta altura do campeonato, mais errado ainda seria abandonar os colonos, então não iremos ceder". E assim, federados e colonos, conscientes de sua escolha, certa ou errada, enfrentassem juntos e firmes as conseqüências de seus atos.

De muitas formas, isto seria semelhante ao que Israel tem feito ao longo dos anos, desde que ocupou a Cisjordânia após a Guerra dos Seis Dias, em 1967: embora se pode constatar claramente que a ocupação é ilegal após se fazer uma avaliação racional da situação, e assim tal situação é condenada pela comunidade internacional, Israel também não pode negligenciar o fato de que, tenha sido certo ou errado, colocou colonos no local e tais colonos fizeram ali seus lares. Retroceder agora e entregar sem mais nem menos o controle da região para os Palestinos é colocar aos colonos a seguinte situação: ou deixam seus lares e retrocedem para Israel, ou ficam no meio de um estado que é hostil a sua presença ali. Basicamente, a mesma situação na qual a Federação colocou os seus próprios colonos. Eu não tenho como concordar com esta eventual posição e racionalização da situação, mas entendo quais poderiam ser os sentimentos que poderiam levar a ela.

Posteriormente a implantação do tratado, inúmeras vezes a Federação também demonstrou não saber lidar adequadamente com o conflito que resultou desta decisão. Particularmente aos últimos três episódios do arco, Eddington percebeu claramente que Sisko estava levando suas operações contra os Maquis, particularmente se voltando contra ele, mais por questões pessoais do que qualquer outra coisa, como desejar que uma situação estável retorne a região. Apesar disto, em um raro surto de bom senso, o Almirantado federado faz com que o Capitão em comando das operações contra Eddington mude, para o Capitão Sanders. Contudo, mesmo esta mudança de comando não melhora a situação, e depois, a Federação não tem como impedir que Sisko retome as rédeas, e também não demonstram reservas a esta atitude ou as suas táticas.

Com a sua expertise prévia em procedimentos federados, Eddington sem dúvida utiliza isto muito bem a seu favor, aproveitando-se da suprema incapacidade e incompetência federadas de conseguirem coordenar o que quer que seja, para com isto dar um baile nos operativos federados enviados contra ele, e na turma da Defiant em particular. O que não quer dizer, é claro, que esta inaptidão federada em lidar adequadamente com a crise não tinha como virar-se contra ele. É o que de fato ocorre, com a iniciativa de Sisko em utilizar ele mesmo armas de destruição em massa contra as posições maquis na Zona Desmilitarizada. Eddington desdenha da ameaça de Sisko como quem chama o seu blefe, mas o Capitão federado mostra-se impassível e plenamente firme e decidido, e Eddington pode reconhecer a seriedade de Sisko.

Chega a ser irônico, de muitas formas. Desde as mais remotas raízes da crise, vindas da guerra cardassiana da década de 2350, a Federação demonstrou uma capacidade sem igual de meter os pés pelas mãos e fazer as piores escolhas possíveis, mesmo em cenários onde só haviam escolhas ruins. E agora, se aproximando do apagar das luzes da crise, ela se vê frente a uma situação onde um oficial de campo seu se valeu de armas de destruição em massa, sem sequer ter a mais ínfima autorização do governo federado para isto. E como visto ao final de "For the Uniform":

- Benjamin, eu estou curiosa... o seu plano de envenenar os planetas maquis... você não providenciou a autorização com a Frota Estelar primeiro, providenciou?
- Eu sabia que tinha esquecido de fazer algo.

-- Dax e Sisko, "For the Uniform".

Sisko sequer considera as eventuais conseqüências de seus atos, e sequer demonstra preocupação aqui neste momento com Dax. O resultado final é o que importa, e quanto a trâmites e considerações burocráticas, isto não o vai impedir de agir firme -- é como se ele já soubesse de antemão que a Frota Estelar e o governo Federado não vão fazer absolutamente nada em relação a esta sua atitude. Duas hipóteses para esta aparente segurança demonstrada nesta cena: ou ele sabe que seus superiores são realmente um bando de bananas-sem-espinha que controlam um governo criminalmente omisso, e cuja opinião pública federada é composta de uma população apática e desinteressada, ou então ele sabe que estes mesmos superiores concordariam com o seu uso de armas de destruição em massa da maneira que fez, e não se opõe a uma situação em que a decisão de se usar tais armas está meramente com o comandante local. Ambos os casos não são atitudes moralmente justificáveis por Sisko e/ou pelo governo federado, para se dizer o mínimo.

"Ah, mas ninguém se feriu", "Ninguém foi morto". Verdade. Mas isto não muda o fato de que Sisko empregou armas de destruição em massa sem a autorização do governo federado, e absolutamente nada foi demonstrado como conseqüência deste ato, que supostamente deveria ser questionado por este governo. Mas, como de praxe, nada temos vindo do apático e ausente governo federado, e querer se racionalizar a decisão de Sisko e a falta de conseqüências a ela como algo justificável nas bases do "Ah ninguém morreu" é ignorar completamente as razões que fez da atitude de Sisko algo moralmente questionável em primeiro lugar.

O Embate entre Eddington e Sisko

- Sabe qual é o seu problema, Capitão? Você está levando isto para o lado pessoal. Não tinha que ser assim, isto não era sobre mim... eu não tenho antipatia ou ressentimentos contra você.
- Eu gostaria de poder dizer o mesmo.
- Realmente vale a pena arriscar a você mesmo, sua nave... sua tripulação... em uma vendeta pessoal? A Frota Estelar aprovaria?

-- Eddington e Sisko, "For the Uniform".

De muitas maneiras, a interação entre Eddington e Sisko, entre o final de "For the Cause" até o final de "Blaze of Glory" serve como um microcosmos de todo o arco, e das posições federadas e maqui nas questões da crise. Sisko segue um senso de dever racional para encarar o problema, mas sem perder de vista que de certa maneira, os maquis tem suas justificativas para lutar. Seu senso de dever contudo não faz com que ele abandone a sua convicção de que a solução federada encontrada é a que deve ser mantida, apesar de seus problemas, e a medida que o problema avança, a resolução deste se torna uma obsessão para si. Eddington, por outro lado, olha a crise toda como uma causa completamente justificável a ponto de ficar admirado em constatar que podem existir pessoas que pensam diferente do que ele, e para garantir a suposta validade moral daquilo que defende, faz racionalizações imprecisas e baseadas em falácias, ignorando aspectos específicos de todo o problema, no caso destes aspectos atrapalharem suas intenções de defesa de causa grandiosa.

Sem dúvida, a interação entre estes dois personagens são o ponto alto destes três episódios em particular. Temos um Eddington completamente diferente daquele que costumávamos ter, que até então fazia sua participação nas tramas de uma maneira tão neutra e tranqüila que praticamente soava como ruído branco. A isto, se contrapõe as reações de Sisko, e embora ele siga no seu melhor e não perca o rebolado em momento algum, Sisko não conseguia pegar o Maqui de guarda abaixada de modo a ele estar com a iniciativa – quando Sisko finalmente conseguiu isto, com a sua própria utilização de armas de destruição em massa, não hesitou em momento algum a aproveitar a oportunidade para o golpe final do embate. Posteriormente, ele soube conduzir melhor sua interação com Eddington na missão de parar os supostos mísseis maquis. E embora "Blaze of Glory" não tenha sido realmente o melhor dos três episódios ("For the Uniform" o é), o seu diálogo com Eddington durante a missão está entre os melhores momentos entre os dois adversários, e um dos melhores de Sisko no geral. Mas embora Sisko estivesse sob controle da situação, isto não impediu Eddington de ter uma surpresa escondida no final, claro, ao revelar que aquele ardil todo era meramente um plano B para resgate de eventuais sobreviventes maquis. No frigir dos ovos, ao final de "Blaze of Glory", Sisko foi quem restou de pé na arena, mas com um sentimento de "Bem jogado, Eddington, bem jogado" do que um nas linhas de "Eu venci, e na sua cara!" Uma pena realmente que "Blaze of Glory" seja realmente o final das possibilidades de interação entre dois tão fantásticos e bem construídos personagens.

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