De forma a entender a paixão que o fãs de Deep
Space Nine nutrem pela série e compreender um pouco melhor a
própria série no processo, vamos fazer duas perguntas hipotéticas
e apresentar respostas que são normalmente encontradas quando
tais assuntos são trazidos para a discussão.
Se for perguntado aos fãs de DS9 qual aspecto da série
mais os atraem, obteríamos (tipicamente) respostas, tais como:
Suas comédias, sua capacidade de rir de si própria e a sua
consciência (quando necessária) de se tratar apenas de uma série
de TV;
Seu intenso drama, as tragédias (em diferentes escalas)
retratadas e um inerente senso de solidão e de busca interior e
auto-entendimento na própria concepção da série;
Os "tons de cinza", baseados na noção de que na vida
real não existe de fato nem bem e nem mal, e que certos conflitos
e diferenças não têm solução fácil, e mesmo existem alguns
que não possuem solução alguma;
Questões políticas e filosóficas, de fé e religião;
Espetaculares cenas de ação, no formato "live action"
ou em batalhas espaciais, e excepcionais valores de produção
chegando em algumas momentos a serem novidade não somente em Jornada
mas na TV em geral;
A apresentação de um diferente "lado negro" (um que
sempre existiu, mas nunca foi exposto como em DS9) da
Federação e da Frota Estelar;
Finalmente, uma identidade e atitude próprias, que refletem uma
característica fundamental da própria condição humana, uma que
apaixona as pessoas.
Se for perguntado aos fãs de DS9 qual período da série
mais os atraem, obteríamos (tipicamente) respostas tais como:
As duas primeiras temporadas, baseadas principalmente na interrelação
entre a Federação e Bajor, a religião e política interna
Bajoriana e o papel de Cardássia nessas questões;
As temporadas 3, 4 e 5 (a quinta temporada é considerada pelos fãs
a melhor temporada da série E a melhor da história de Jornada),
onde o foco da série muda consideravelmente com a entrada dos
Dominion, como uma força hostil, no início da terceira temporada
(na realidade isso começou no último episódio da segunda
temporada, o excelente "The Jem'Hadar", mas todas
as cartas só foram pra mesa no episódio em duas partes que abre
a terceira temporada, "The Search", que possui
uma boa primeira parte e uma fraca conclusão). O foco da série
muda ainda mais com o rompimento do tratado de paz entre a Federação
e o Império Klingon, que se dá no primeiro episódio da quarta
temporada, o excelente "The Way of the Warrior",
que também marca a entrada de Worf na série. Na quinta temporada
é descoberto que as hostilidades entre a Federação e o Império
Klingon foram produzidas por manipulações do próprio Dominion,
Cardássia se alia à potência do quadrante Gama e uma guerra
entre as forças Federação/Klingons e Dominion/Cardassianas se
inicia, no último episódio da quinta temporada, o clássico "Call
To Arms";
As duas últimas temporadas, que tratam da guerra entre as duas
alianças, com os Romulanos acabando por lutar ao lado da Federação
e os Breen ao lado do Dominion;
Finalmente, existe mesmo uma teoria alternativa, defendida por boa
parte dos fãs em um certa analogia à saga "daquela outra
estação", que diz que a série teve o seu "pico"
entre o episódio em duas partes da terceira temporada, talvez o
melhor episódio duplo da história de Jornada, "Improbable
Cause"/"The Die Is Cast" e o excelente "Sacrifice
Of Angels", da sexta temporada. É claro, sem desmerecer
o que veio antes e depois desta "janela" assim
estabelecida.
Apesar do amplo espectro de respostas para duas perguntas bastante
simples, uma coisa nenhum fã de DS9 vai negar --que a cola
que liga todas estes diferentes temas, enfoques e arcos de histórias
e o motivo principal para eles assistirem esta série em primeiro
lugar são os seus personagens. É a forma como estes personagens
são caracterizados, escritos e atuados que faz de DS9 o
que ela é. Nesta série nós podemos sentir a dor e sofrimento de
um "bandido" e ao mesmo tempo sentirmos um gosto amargo
na boca pelas atitudes de um "mocinho", e mesmo não
saber onde colocar rótulo algum. Nesta série podemos nos
identificar com os seus personagens pois eles são tão falíveis
e procuram por respostas como qualquer um de nós.
Esta coluna presta uma breve homenagem aos personagens desta série,
através de seus principais relacionamentos. É claro que muitos
relacionamentos marcantes ficaram de fora, como Quark & Odo,
Jake & Nog, Worf & Martok, Família Quark (Quark, Rom, Nog,
Leeta, Zek, Iskha, Mai'hardu, Brunt), mas outras colunas virão
no futuro a lidar de uma forma ou de outra com eles.
Comecemos não com um relacionamento em si, mas com um personagem,
um muito especial, a própria estação que dá nome à série.
Depois, continuamos com os principais relacionamentos da série.
Leiam com carinho, pois, como diria Vic Fontaine, "Esta é do
coração".
DEEP SPACE NINE (TEROK NOR):
O fato da série ser baseada em uma estação espacial resgata o
conceito do "Home away from home" da bíblia da série
"Hill Street Blues", de 1981. Este formato favorece
naturalmente o desenvolvimento dos personagens e fortalece o
drama, pois força os roteiristas a lidar com as conseqüências
dos acontecimentos passados (não é uma condição suficiente
para drama de qualidade, mas é sem dúvida necessária).
"Esta é a parte difícil, lidar com as conseqüências."
[Jadzia Dax em "Rejoined"]
Os cenários da estação são iluminados de uma forma especial
que garante que possam ser filmados literalmente de qualquer
jeito, promovendo um ar acolhedor e intimista que atinge
diretamente o espectador. A concepção dos cenários da estação
(e da própria estrutura) parece cruzar uma atmosfera de "Western"
com a arquitetura gótica Cardassiana, evitando assim uma
abordagem "high-tech" e tornando-a mais do que preparada
para passar pelo teste do tempo.
"Uma coisa eu tenho que dizer sobre estes Cardassianos, eles
construíram este lugar pra durar."
[Kira em "Invasive Procedures"]
A estação no contexto da série serve como um símbolo para o
desenvolvimento dos próprios personagens e uma inequívoca
mensagem de esperança: se podemos transformar uma instalação de
mineração operada por escravos no principal posto de sobrevivência
da galáxia, então podemos mudar qualquer coisa, inclusive nossas
próprias vidas.
"Existem milhões e milhões de mundos no universo, cada um
com muito de uma coisa e não o suficiente de outra, e o 'Grande
Contínuo' escoa através de todos eles como um poderoso rio, dos
que tem para os que precisam e de volta ao começo. E se nós
pudermos navegá-lo com habilidade e sentimento, nossa nave será
abastecida com tudo que nossos corações desejarem."
[Nog em "Treachery, Faith and The Great River"]
"Para a melhor tripulação que qualquer capitão poderia ter
(erguendo a taça para um brinde). Esta pode ser a última vez que
nos encontraremos todos juntos, mas não importa o que o futuro
nos reserve, não importa para quão longe nós viajemos, uma
parte de nós, uma parte muito importante, sempre permanecerá
aqui, em Deep Space Nine."
[Ben Sisko em "What You Leave Behind"]
BASHIR & GARAK:
A interação entre um sonhador e ansioso por aventura e um homem
prático que já passou por todo tipo de provação em sua vida
foi um sucesso imediato, desde o seu primeiro episódio juntos, o
bom "Past Prologue", na primeira temporada. Até
o excelente episódio "Our Man Bashir", da quarta
temporada (em que os dois se envolvem no holoprograma de James
Bond de Bashir, em que o "bom doutor", é claro, é o
protagonista), eles mantiveram um certo tipo de relação
"Pupilo/Mentor". A partir dali o relacionamento ficou
mais parelho.
Bashir mostrou que também tinha tanto a esconder quanto Garak no
bom episódio "Doctor Bashir, I Presume" (da
quinta temporada), onde é revelado que ele sofreu reengenharia
genética, a mando dos seus pais, quando tinha sete anos. Até ali
ele era um aluno medíocre na escola. Essa revelação trouxe uma
fenomenal nova visão sobre tudo o que o personagem apresentou até
então. Bashir também teve, no restante da série, sua cota de
"aventuras reais de espionagem", no seu trato com a
Sloan e a Seção 31 (uma facção secreta da Federação análoga
à "Tal Shiar" Romulana e à "Ordem Obsidiana"
Cardassiana) e teve de lidar seguidamente com o fato de ser
"geneticamente aperfeiçoado", chegando mesmo a
encontrar um grupo de quatro pessoas que passaram pelo mesmo
processo, grupo que recebe o carinhoso apelido de "Jack Pack",
devido ao nome de um dos seus membros. Bashir acabou por
conseguir a sua Dax (Ezri Dax).
Garak foi do começo ao fim uma figura trágica e perdeu tudo que
um ser vivo pode perder, a cena da despedida entre ele e Bashir no
último e excelente episódio da série, "What You Leave
Behind", em meio a uma Cardássia totalmente devastada
(literalmente reduzida a "paus e gravetos") é de cortar
o coração.
"Não (senhor Garak), apenas Garak, 'PLAIN AND SIMPLE GARAK'."
[Garak em "Past Prologue"]
"Alguns podem dizer que nós recebemos exatamente o que merecíamos.
Porque apesar de tudo isto, nós não somos totalmente inocentes,
somos? E não estou falando apenas da ocupação Bajoriana --não,
toda a nossa história está repleta de uma atitude de arrogante
agressão. Nós colaboramos com o Dominion, traímos todo o
quadrante Alfa... não existe dúvida alguma: nós somos culpados
por tudo isto."
"É claro que Cardássia irá
sobreviver (Doutor), mas não a Cardássia que eu conheci! Nós tínhamos
uma rica e antiga cultura --nossa literatura, música, arte não
ficava atrás de nenhuma outra. Agora? Tudo isso está perdido ...
nossos melhores cidadãos, nossas mais brilhantes mentes ...
"
[Garak em "What You Leave Behind"]
"Eu vou sentir falta dos nossos almoços doutor."
"Oh, eu tenho certeza que nos veremos novamente."
"Eu gostaria de pensar que sim, mas nunca se sabe. NÓS
VIVEMOS EM TEMPOS INCERTOS."
[Garak e Bashir em "What You Leave Behind"]
(Alguns poderiam dizer, em mais uma analogia com "aquela
outra estação", que a série Deep Space Nine é
sobre a história de Elim Garak. Eles não estariam nada errados
em afirmar tal coisa.)
BASHIR & O'BRIEN:
Desde que o seu relacionamento entrou em foco, no bom episódio "Armageddon
Game", da segunda temporada da série, os dois se
tornaram inseparáveis e passavam praticamente todo o tempo livre
juntos (Keiko, a partir do início da terceira temporada, começou
a passar cada vez menos tempo na estação, se dedicando a
pesquisas em Bajor e expedições).
Muita
cerveja, jogos de dardos e holoprogramas em que invariavelmente
eles lutavam lado a lado alguma batalha em que eles tinham certeza
absoluta que o seu lado na contenda seria totalmente exterminado.
O exemplo mais marcante dentre estes holoprogramas foi o da
batalha do Álamo. Eles construíram uma maquete do forte e começaram
a brincar no próprio bar do Quark. Um momento extremamente
tocante ocorre no episódio "What You Leave Behind",
pouco antes de se iniciar uma seqüência de "flashbacks"
com vários momentos dos personagens ao longo da série. O'Brien
termina de empacotar as suas coisas (ele e sua família vão para
a Terra após o término da guerra com o Dominion --ele vai ser
professor da Academia da Frota Estelar) e já vai indo embora,
quando encontra em seus aposentos um dos soldadinhos da maquete do
Álamo e como se fazendo a pergunta ao espectador: "Valeu a
pena tudo isto?" O'Brien fita o soldadinho com uma expressão
indescritível enquanto toca uma vinheta de "The Minstrell
Boy" (o hino do personagem), e daí se inicia a seqüência
de "flashbacks" com o tema do episódio ao fundo. A
despedida com um abraço sem palavras entre os dois, mais a frente
no episódio é também comovente.
Talvez o ponto mais especial da amizade entre os dois se dê na
cena do clássico episódio "Hard Time", da
quarta temporada, em que Bashir convence O'Brien a não cometer
suicídio. SOBRENATURAL!
"Quando nós estávamos crescendo, costumavam nos dizer que a
humanidade tinha evoluído --que a humanidade havia deixado pra trás
o ódio e a fúria. Mas quando chega a minha vez --quando eu tenho
a chance de provar que não importando o que alguém pudesse vir a
fazer
comigo, eu ainda seria um ser humano evoluído --eu falhei. Eu
retribui bondade com sangue. Eu não sou melhor que um
animal."
"Os Argrathi fizeram tudo que podiam para arrancar a tua
humanidade --e, por um breve momento, eles conseguiram. Mas você
não pode deixar aquele breve momento valer pela sua vida inteira.
Se você o fizer --se você puxar esta gatilho-- então os
Argrathi terão vencido. Eles terão destruído um bom homem. Você
não pode deixar isto acontecer, meu amigo."
[O'Brien e Bashir em "Hard Time"]
KIRA & ODO:
Odo e Kira se encontraram pela primeira vez no curso da primeira
investigação de Odo, como "comissário", como mostrado
em "flashback" no clássico episódio "Necessary
Evil" (da segunda temporada). Desde então os dois sempre
colocaram um ao outro em um pedestal, como "exemplo máximo
de caráter e decência", ainda que ambos tenham provado ao
longo da série que estão longe de ser perfeitos. Por exemplo,
Kira no próprio "Necessary Evil" e Odo no bom
episódio "Things Past" (da quinta temporada).
Kira percorreu um longo caminho desde aquela criança que aprendeu
a matar Cardassianos ("por eles serem Cardassianos") até
o final da série, em que foi fundamental para libertar uma Cardássia
então ocupada pelo Dominion, uma verdadeira "lutadora pela
liberdade" como nenhuma outra. Kira, que teve relacionamentos
durante a série com vedek Bareil (que
morre no péssimo episódio "Life Support", da
terceira temporada) e Shakaar (seu companheiro dos tempos da
resistência e que acabou se tornando primeiro-ministro de Bajor),
por fim percebeu que a pessoa mais importante de sua vida sempre
esteve ali, em um certo escritório do Promenade. Trabalhando para
os Cardassianos ou para a Federação, ele sempre esteve ali. Nana
Visitor acabou se casando com Siddig El Fadil, com quem mantinha
um relacionamento similar desde o início da série.
Odo foi sempre uma figura trágica, sempre dividido entre o amor
de Kira e o seu desejo de voltar para casa e ficar entre os outros
de suas espécie, mesmo sabendo do todo o mal que os Fundadores do
Dominion causaram à galáxia. Ao final da guerra e da série,
retorna ao "Great Link" (um enorme massa gelatinosa
composta pelos de sua espécie quando em seu estado natural) para
curar o seu povo da praga espalhada pela Seção 31 e para tentar
ensinar a eles sobre sua experiência com os "sólidos"
e evitar novas guerras no futuro. Odo e Kira se despedem (de forma
emocionante) na superfície do planeta do quadrante Gama que
abriga o "Great Link".
A cena final do clássico episódio "Chimera" (da
sétima temporada) , em que Odo se transforma em uma espécie de
"aurora boreal" e envolve Kira, é uma das mais bonitas
imagens da história de Jornada, a expressão no rosto de
Kira é simplesmente MÁGICA!
"Você não têm idéia do que é amar tanto alguém a ponto
de deixar este alguém partir."
[Kira em "Chimera"]
"Talvez o fato de que o amor não seja uma coisa fácil é o
que o faça valer a pena."
[Odo em "Chimera"]
"Se alguma vez eu te fiz sentir como se você não pudesse
ser você mesmo comigo, me perdoe. Eu quero conhecer você (Odo),
do jeito que você realmente é."
[Kira em "Chimera", pouco antes de ser envolvida
por Odo]
BEN SISKO & DAX (CURZON, JADZIA, EZRI):
Os Trills são sem dúvida uma das raças mais fascinantes da história
de Jornada. A noção de que a real amizade pode
transcender a forma e mesmo a morte ressona forte com uma noção
metafísica de que "certas coisas" em nossas vidas devam
permanecer (em um certo sentido) "constantes" e ainda
assim "diferentes".
Ao final do bom episódio "Image In The Sand"
(primeiro da sétima temporada), Ben, Jake e Joseph (pai de Ben)
se preparam para partir (do restaurante de Joseph na Terra) em uma
jornada épica ao planeta Tyree, para desvendar o passado de Ben
Sisko, mas o capitão ainda sentia que "algo" estava
faltando. Logo chega uma Trill se apresentando como Ezri Dax
(devemos lembrar que Jadzia morreu, mas não o simbionte Dax, no
excelente e último episódio da sexta temporada, "Tears
of the Prophets"). Ben sabia que era finalmente a hora de
partir, o "Old man" estava novamente ao seu lado
"como sempre esteve e como sempre estará", para fazer
as coisas certas novamente.
"O que aconteceu com aquele jovem e inexperiente alferes que
eu conhecia? Aquele que sempre me procurava para um conselho? Você
sabe... aquele com cabelo."
[Jadzia Dax para Ben Sisko em "You Are Cordially Invited"]
"Eu me diverti pra danar com vocês dois... Curzon foi o meu
mentor... e você... você foi minha amiga, e eu vou sentir
saudades de vocês."
[Ben Sisko falando sobre o caixão fotônico de Jadzia --que
acabara de morrer nas mãos de Dukat-- em "Tears Of The
Prophets"]
"Ora vamos, Dax --o que você poderia aprender nas próximas
semanas que já não tenha aprendido nos últimos 300 anos?"
"Oh, vejamos, como não começar a chorar de repente sem
nenhuma razão, como controlar esta ânsia de plantar bananeira,
... coisas deste tipo."
[Ben Sisko tentando convencer Ezri Dax a permanecer em DS9 como
conselheira em "Afterimage"]
FAMÍLIA SISKO (BEN, JAKE, JOSEPH, KASSIDY YATES):
Em primeiro lugar é até difícil descrever o talento (e a química
coletiva) que Brooks, Lofton, Peters, Johnson e mesmo Tony Todd
(que faz o velho Jake Sisko em "The Visitor")
possuem. Podemos apenas parabenizar todos os envolvidos, incluindo
a companhia de elenco da série.
Sisko
iniciou a série como um viúvo, com um filho para criar. Ao final
ele se casou novamente com Kassidy, encomendou mais um herdeiro e,
é claro, ajudou Jake a se tornar um homem. Um exemplo de pai, ícone
religioso e oficial, nunca houve um personagem tão multifacetado
em Jornada quanto ele. Foi Jake quem introduziu Ben e
Kassidy, sendo o primeiro elo de ligação entre os dois o
beisebol (um tema da série desde o piloto, que acabou virando
tema de episódio no bom "Take Me Out to the Holosuite",
da sétima temporada --o símbolo de Ben Sisko é uma bola de
beisebol). Ao final da série Ben sofreu uma espécie de
transformação e agora habita o templo celestial, no interior da
Fenda Espacial, junto com os profetas de Bajor.
O pai de Sisko (Joseph Sisko) é como muitos pais, um cozinheiro
teimoso e amoroso e é dono de um restaurante chamado (obviamente)
"Sisko's" em Nova Orleans. É particularmente inesquecível
(entre outras) a sua participação, alter-caracterizado como um
padre, no, dentre todos os episódios de Jornada, MÁGICO
episódio "Far Beyond The Stars".
Fica para o final a mais bonita, real e verdadeira (Lofton se
tornou na prática um filho adotivo para Brooks no decorrer da série)
relação da história de Jornada: Ben e Jake. Os destaques
(dentre tantos) vão para dois episódios ligados por uma obsessão
de Jake em dar algo ao pai. No clássico episódio "In The
Cards", da quinta temporada, talvez a melhor comédia da
história de Jornada, Jake, com a ajuda de Nog, faz de tudo
para dar a Ben um antigo card de beisebol. Já no clássico episódio
"The Visitor", da quarta temporada, talvez o mais
emocionante episódio da história de Jornada, um Jake
envelhecido sacrifica a própria vida para que seu pai possa
retornar para o seu "eu" mais jovem.
(O mais fascinante é que após o final da série, trechos de "The
Visitor" podem agora ser interpretados como possíveis
eventos que ocorrem após o episódio final. Tornando assistir o
episódio novamente uma experiência ainda mais emocionante.)
Na última cena da série temos Kira e Jake (em uma cena que ecoa
uma outra similar em "The Visitor") observando a
Fenda Espacial, que misteriosamente se abre sem que nenhuma nave a
atravesse. Ela pensando na "gota no oceano" que um dia
fora o "homem mais decente que jamais conhecera" e ele
pensando na forma de vida evoluída que agora ocupa o templo
celestial ao lados dos profetas, que um dia fora o seu pai. A câmera
faz um zoom invertido a partir da janela em que eles se encontram
até o infinito, até DS9 se transformar em apenas mais uma
estrela no firmamento.
"Quando você irá retornar?"
"É difícil dizer. Tempo não existe aqui. Pode ser daqui a
um ano. Pode ser ontem. Mas eu retornarei."
"Eu estarei esperando."
[Kassidy e Ben Sisko em "What You Leave Behind",
se despedindo no templo celestial, ao som do tema musical de "The
Visitor"]
"Descanse agora, irmão Benny. Você entrou no caminho dos
profetas. Não existe maior glória."
"Diga-me, por favor ... quem sou eu?"
"Você não sabe?"
"Me diga."
"Você é o sonho e o sonhador."
[O padre (Joseph Sisko) e Benny Russell (Ben Sisko) em "Far
Beyond The Stars"]
"Mesmo nos momentos mais sombrios, você sempre poderá
encontrar algo que o fará sorrir."
[Ben Sisko em "In The Cards"]
"Você ainda tem tempo para fazer uma melhor vida para você
--me prometa que você irá fazer isso."
[Ben Sisko em "The Visitor"]
"Para o meu pai--que está indo pra casa."
[O velho Jake Sisko em "The Visitor"]
"Obrigado por tudo."
[Melanie em "The Visitor"]