Publicado originalmente
em 2002


Dormindo em Luz
A homenagem definitiva à mais desafiadora e revolucionária das séries de Jornada; entenda de onde vem a paixão dos fãs


 









 


por Luiz Castanheira

De forma a entender a paixão que o fãs de Deep Space Nine nutrem pela série e compreender um pouco melhor a própria série no processo, vamos fazer duas perguntas hipotéticas e apresentar respostas que são normalmente encontradas quando tais assuntos são trazidos para a discussão.

Se for perguntado aos fãs de DS9 qual aspecto da série mais os atraem, obteríamos (tipicamente) respostas, tais como:

Suas comédias, sua capacidade de rir de si própria e a sua consciência (quando necessária) de se tratar apenas de uma série de TV;

Seu intenso drama, as tragédias (em diferentes escalas) retratadas e um inerente senso de solidão e de busca interior e auto-entendimento na própria concepção da série;

Os "tons de cinza", baseados na noção de que na vida real não existe de fato nem bem e nem mal, e que certos conflitos e diferenças não têm solução fácil, e mesmo existem alguns que não possuem solução alguma;

Questões políticas e filosóficas, de fé e religião;

Espetaculares cenas de ação, no formato "live action" ou em batalhas espaciais, e excepcionais valores de produção chegando em algumas momentos a serem novidade não somente em Jornada mas na TV em geral;

A apresentação de um diferente "lado negro" (um que sempre existiu, mas nunca foi exposto como em DS9) da Federação e da Frota Estelar;

Finalmente, uma identidade e atitude próprias, que refletem uma característica fundamental da própria condição humana, uma que apaixona as pessoas.



Se for perguntado aos fãs de DS9 qual período da série mais os atraem, obteríamos (tipicamente) respostas tais como:

As duas primeiras temporadas, baseadas principalmente na interrelação entre a Federação e Bajor, a religião e política interna Bajoriana e o papel de Cardássia nessas questões;

As temporadas 3, 4 e 5 (a quinta temporada é considerada pelos fãs a melhor temporada da série E a melhor da história de Jornada), onde o foco da série muda consideravelmente com a entrada dos Dominion, como uma força hostil, no início da terceira temporada (na realidade isso começou no último episódio da segunda temporada, o excelente "The Jem'Hadar", mas todas as cartas só foram pra mesa no episódio em duas partes que abre a terceira temporada, "The Search", que possui uma boa primeira parte e uma fraca conclusão). O foco da série muda ainda mais com o rompimento do tratado de paz entre a Federação e o Império Klingon, que se dá no primeiro episódio da quarta temporada, o excelente "The Way of the Warrior", que também marca a entrada de Worf na série. Na quinta temporada é descoberto que as hostilidades entre a Federação e o Império Klingon foram produzidas por manipulações do próprio Dominion, Cardássia se alia à potência do quadrante Gama e uma guerra entre as forças Federação/Klingons e Dominion/Cardassianas se inicia, no último episódio da quinta temporada, o clássico "Call To Arms";

As duas últimas temporadas, que tratam da guerra entre as duas alianças, com os Romulanos acabando por lutar ao lado da Federação e os Breen ao lado do Dominion;

Finalmente, existe mesmo uma teoria alternativa, defendida por boa parte dos fãs em um certa analogia à saga "daquela outra estação", que diz que a série teve o seu "pico" entre o episódio em duas partes da terceira temporada, talvez o melhor episódio duplo da história de Jornada, "Improbable Cause"/"The Die Is Cast" e o excelente "Sacrifice Of Angels", da sexta temporada. É claro, sem desmerecer o que veio antes e depois desta "janela" assim estabelecida.

Apesar do amplo espectro de respostas para duas perguntas bastante simples, uma coisa nenhum fã de DS9 vai negar --que a cola que liga todas estes diferentes temas, enfoques e arcos de histórias e o motivo principal para eles assistirem esta série em primeiro lugar são os seus personagens. É a forma como estes personagens são caracterizados, escritos e atuados que faz de DS9 o que ela é. Nesta série nós podemos sentir a dor e sofrimento de um "bandido" e ao mesmo tempo sentirmos um gosto amargo na boca pelas atitudes de um "mocinho", e mesmo não saber onde colocar rótulo algum. Nesta série podemos nos identificar com os seus personagens pois eles são tão falíveis e procuram por respostas como qualquer um de nós.

Esta coluna presta uma breve homenagem aos personagens desta série, através de seus principais relacionamentos. É claro que muitos relacionamentos marcantes ficaram de fora, como Quark & Odo, Jake & Nog, Worf & Martok, Família Quark (Quark, Rom, Nog, Leeta, Zek, Iskha, Mai'hardu, Brunt), mas outras colunas virão no futuro a lidar de uma forma ou de outra com eles.

Comecemos não com um relacionamento em si, mas com um personagem, um muito especial, a própria estação que dá nome à série. Depois, continuamos com os principais relacionamentos da série. Leiam com carinho, pois, como diria Vic Fontaine, "Esta é do coração".

DEEP SPACE NINE (TEROK NOR):

O fato da série ser baseada em uma estação espacial resgata o conceito do "Home away from home" da bíblia da série "Hill Street Blues", de 1981. Este formato favorece naturalmente o desenvolvimento dos personagens e fortalece o drama, pois força os roteiristas a lidar com as conseqüências dos acontecimentos passados (não é uma condição suficiente para drama de qualidade, mas é sem dúvida necessária).

"Esta é a parte difícil, lidar com as conseqüências."
[Jadzia Dax em "Rejoined"]

Os cenários da estação são iluminados de uma forma especial que garante que possam ser filmados literalmente de qualquer jeito, promovendo um ar acolhedor e intimista que atinge diretamente o espectador. A concepção dos cenários da estação (e da própria estrutura) parece cruzar uma atmosfera de "Western" com a arquitetura gótica Cardassiana, evitando assim uma abordagem "high-tech" e tornando-a mais do que preparada para passar pelo teste do tempo.

"Uma coisa eu tenho que dizer sobre estes Cardassianos, eles construíram este lugar pra durar."
[Kira em "Invasive Procedures"]

A estação no contexto da série serve como um símbolo para o desenvolvimento dos próprios personagens e uma inequívoca mensagem de esperança: se podemos transformar uma instalação de mineração operada por escravos no principal posto de sobrevivência da galáxia, então podemos mudar qualquer coisa, inclusive nossas próprias vidas.

"Existem milhões e milhões de mundos no universo, cada um com muito de uma coisa e não o suficiente de outra, e o 'Grande Contínuo' escoa através de todos eles como um poderoso rio, dos que tem para os que precisam e de volta ao começo. E se nós pudermos navegá-lo com habilidade e sentimento, nossa nave será abastecida com tudo que nossos corações desejarem."
[Nog em "Treachery, Faith and The Great River"]

"Para a melhor tripulação que qualquer capitão poderia ter (erguendo a taça para um brinde). Esta pode ser a última vez que nos encontraremos todos juntos, mas não importa o que o futuro nos reserve, não importa para quão longe nós viajemos, uma parte de nós, uma parte muito importante, sempre permanecerá aqui, em Deep Space Nine."
[Ben Sisko em "What You Leave Behind"]

BASHIR & GARAK:

A interação entre um sonhador e ansioso por aventura e um homem prático que já passou por todo tipo de provação em sua vida foi um sucesso imediato, desde o seu primeiro episódio juntos, o bom "Past Prologue", na primeira temporada. Até o excelente episódio "Our Man Bashir", da quarta temporada (em que os dois se envolvem no holoprograma de James Bond de Bashir, em que o "bom doutor", é claro, é o protagonista), eles mantiveram um certo tipo de relação "Pupilo/Mentor". A partir dali o relacionamento ficou mais parelho.

Bashir mostrou que também tinha tanto a esconder quanto Garak no bom episódio "Doctor Bashir, I Presume" (da quinta temporada), onde é revelado que ele sofreu reengenharia genética, a mando dos seus pais, quando tinha sete anos. Até ali ele era um aluno medíocre na escola. Essa revelação trouxe uma fenomenal nova visão sobre tudo o que o personagem apresentou até então. Bashir também teve, no restante da série, sua cota de "aventuras reais de espionagem", no seu trato com a Sloan e a Seção 31 (uma facção secreta da Federação análoga à "Tal Shiar" Romulana e à "Ordem Obsidiana" Cardassiana) e teve de lidar seguidamente com o fato de ser "geneticamente aperfeiçoado", chegando mesmo a encontrar um grupo de quatro pessoas que passaram pelo mesmo processo, grupo que recebe o carinhoso apelido de "Jack Pack", devido ao nome de um dos seus membros. Bashir acabou por
conseguir a sua Dax (Ezri Dax).

Garak foi do começo ao fim uma figura trágica e perdeu tudo que um ser vivo pode perder, a cena da despedida entre ele e Bashir no último e excelente episódio da série, "What You Leave Behind", em meio a uma Cardássia totalmente devastada (literalmente reduzida a "paus e gravetos") é de cortar o coração.

"Não (senhor Garak), apenas Garak, 'PLAIN AND SIMPLE GARAK'."
[Garak em "Past Prologue"]

"Alguns podem dizer que nós recebemos exatamente o que merecíamos. Porque apesar de tudo isto, nós não somos totalmente inocentes, somos? E não estou falando apenas da ocupação Bajoriana --não, toda a nossa história está repleta de uma atitude de arrogante agressão. Nós colaboramos com o Dominion, traímos todo o quadrante Alfa... não existe dúvida alguma: nós somos culpados por tudo isto."

"É claro que Cardássia irá sobreviver (Doutor), mas não a Cardássia que eu conheci! Nós tínhamos uma rica e antiga cultura --nossa literatura, música, arte não ficava atrás de nenhuma outra. Agora? Tudo isso está perdido ... nossos melhores cidadãos, nossas mais brilhantes mentes ... "
[Garak em "What You Leave Behind"]

"Eu vou sentir falta dos nossos almoços doutor."
"Oh, eu tenho certeza que nos veremos novamente."
"Eu gostaria de pensar que sim, mas nunca se sabe. NÓS VIVEMOS EM TEMPOS INCERTOS."
[Garak e Bashir em "What You Leave Behind"]

(Alguns poderiam dizer, em mais uma analogia com "aquela outra estação", que a série Deep Space Nine é sobre a história de Elim Garak. Eles não estariam nada errados em afirmar tal coisa.)

BASHIR & O'BRIEN:

Desde que o seu relacionamento entrou em foco, no bom episódio "Armageddon Game", da segunda temporada da série, os dois se tornaram inseparáveis e passavam praticamente todo o tempo livre juntos (Keiko, a partir do início da terceira temporada, começou a passar cada vez menos tempo na estação, se dedicando a pesquisas em Bajor e expedições).

Muita cerveja, jogos de dardos e holoprogramas em que invariavelmente eles lutavam lado a lado alguma batalha em que eles tinham certeza absoluta que o seu lado na contenda seria totalmente exterminado. O exemplo mais marcante dentre estes holoprogramas foi o da batalha do Álamo. Eles construíram uma maquete do forte e começaram a brincar no próprio bar do Quark. Um momento extremamente tocante ocorre no episódio "What You Leave Behind", pouco antes de se iniciar uma seqüência de "flashbacks" com vários momentos dos personagens ao longo da série. O'Brien termina de empacotar as suas coisas (ele e sua família vão para a Terra após o término da guerra com o Dominion --ele vai ser professor da Academia da Frota Estelar) e já vai indo embora, quando encontra em seus aposentos um dos soldadinhos da maquete do Álamo e como se fazendo a pergunta ao espectador: "Valeu a pena tudo isto?" O'Brien fita o soldadinho com uma expressão indescritível enquanto toca uma vinheta de "The Minstrell Boy" (o hino do personagem), e daí se inicia a seqüência de "flashbacks" com o tema do episódio ao fundo. A despedida com um abraço sem palavras entre os dois, mais a frente no episódio é também comovente.

Talvez o ponto mais especial da amizade entre os dois se dê na cena do clássico episódio "Hard Time", da quarta temporada, em que Bashir convence O'Brien a não cometer suicídio. SOBRENATURAL!

"Quando nós estávamos crescendo, costumavam nos dizer que a humanidade tinha evoluído --que a humanidade havia deixado pra trás o ódio e a fúria. Mas quando chega a minha vez --quando eu tenho a chance de provar que não importando o que alguém pudesse vir a fazer
comigo, eu ainda seria um ser humano evoluído --eu falhei. Eu retribui bondade com sangue. Eu não sou melhor que um animal."

"Os Argrathi fizeram tudo que podiam para arrancar a tua humanidade --e, por um breve momento, eles conseguiram. Mas você não pode deixar aquele breve momento valer pela sua vida inteira. Se você o fizer --se você puxar esta gatilho-- então os Argrathi terão vencido. Eles terão destruído um bom homem. Você não pode deixar isto acontecer, meu amigo."
[O'Brien e Bashir em "Hard Time"]

KIRA & ODO:

Odo e Kira se encontraram pela primeira vez no curso da primeira investigação de Odo, como "comissário", como mostrado em "flashback" no clássico episódio "Necessary Evil" (da segunda temporada). Desde então os dois sempre colocaram um ao outro em um pedestal, como "exemplo máximo de caráter e decência", ainda que ambos tenham provado ao longo da série que estão longe de ser perfeitos. Por exemplo, Kira no próprio "Necessary Evil" e Odo no bom episódio "Things Past" (da quinta temporada).

Kira percorreu um longo caminho desde aquela criança que aprendeu a matar Cardassianos ("por eles serem Cardassianos") até o final da série, em que foi fundamental para libertar uma Cardássia então ocupada pelo Dominion, uma verdadeira "lutadora pela liberdade" como nenhuma outra. Kira, que teve relacionamentos durante a série com vedek Bareil (que
morre no péssimo episódio "Life Support", da terceira temporada) e Shakaar (seu companheiro dos tempos da resistência e que acabou se tornando primeiro-ministro de Bajor), por fim percebeu que a pessoa mais importante de sua vida sempre esteve ali, em um certo escritório do Promenade. Trabalhando para os Cardassianos ou para a Federação, ele sempre esteve ali. Nana Visitor acabou se casando com Siddig El Fadil, com quem mantinha um relacionamento similar desde o início da série.

Odo foi sempre uma figura trágica, sempre dividido entre o amor de Kira e o seu desejo de voltar para casa e ficar entre os outros de suas espécie, mesmo sabendo do todo o mal que os Fundadores do Dominion causaram à galáxia. Ao final da guerra e da série, retorna ao "Great Link" (um enorme massa gelatinosa composta pelos de sua espécie quando em seu estado natural) para curar o seu povo da praga espalhada pela Seção 31 e para tentar ensinar a eles sobre sua experiência com os "sólidos" e evitar novas guerras no futuro. Odo e Kira se despedem (de forma emocionante) na superfície do planeta do quadrante Gama que abriga o "Great Link".

A cena final do clássico episódio "Chimera" (da sétima temporada) , em que Odo se transforma em uma espécie de "aurora boreal" e envolve Kira, é uma das mais bonitas imagens da história de Jornada, a expressão no rosto de Kira é simplesmente MÁGICA!

"Você não têm idéia do que é amar tanto alguém a ponto de deixar este alguém partir."
[Kira em "Chimera"]

"Talvez o fato de que o amor não seja uma coisa fácil é o que o faça valer a pena."
[Odo em "Chimera"]

"Se alguma vez eu te fiz sentir como se você não pudesse ser você mesmo comigo, me perdoe. Eu quero conhecer você (Odo), do jeito que você realmente é."
[Kira em "Chimera", pouco antes de ser envolvida por Odo]

BEN SISKO & DAX (CURZON, JADZIA, EZRI):

Os Trills são sem dúvida uma das raças mais fascinantes da história de Jornada. A noção de que a real amizade pode transcender a forma e mesmo a morte ressona forte com uma noção metafísica de que "certas coisas" em nossas vidas devam permanecer (em um certo sentido) "constantes" e ainda assim "diferentes".

Ao final do bom episódio "Image In The Sand" (primeiro da sétima temporada), Ben, Jake e Joseph (pai de Ben) se preparam para partir (do restaurante de Joseph na Terra) em uma jornada épica ao planeta Tyree, para desvendar o passado de Ben Sisko, mas o capitão ainda sentia que "algo" estava faltando. Logo chega uma Trill se apresentando como Ezri Dax (devemos lembrar que Jadzia morreu, mas não o simbionte Dax, no excelente e último episódio da sexta temporada, "Tears of the Prophets"). Ben sabia que era finalmente a hora de partir, o "Old man" estava novamente ao seu lado "como sempre esteve e como sempre estará", para fazer as coisas certas novamente.

"O que aconteceu com aquele jovem e inexperiente alferes que eu conhecia? Aquele que sempre me procurava para um conselho? Você sabe... aquele com cabelo."
[Jadzia Dax para Ben Sisko em "You Are Cordially Invited"]

"Eu me diverti pra danar com vocês dois... Curzon foi o meu mentor... e você... você foi minha amiga, e eu vou sentir saudades de vocês."
[Ben Sisko falando sobre o caixão fotônico de Jadzia --que acabara de morrer nas mãos de Dukat-- em "Tears Of The Prophets"]

"Ora vamos, Dax --o que você poderia aprender nas próximas semanas que já não tenha aprendido nos últimos 300 anos?"
"Oh, vejamos, como não começar a chorar de repente sem nenhuma razão, como controlar esta ânsia de plantar bananeira, ... coisas deste tipo."
[Ben Sisko tentando convencer Ezri Dax a permanecer em DS9 como conselheira em "Afterimage"]

FAMÍLIA SISKO (BEN, JAKE, JOSEPH, KASSIDY YATES):

Em primeiro lugar é até difícil descrever o talento (e a química coletiva) que Brooks, Lofton, Peters, Johnson e mesmo Tony Todd (que faz o velho Jake Sisko em "The Visitor") possuem. Podemos apenas parabenizar todos os envolvidos, incluindo a companhia de elenco da série.

Sisko iniciou a série como um viúvo, com um filho para criar. Ao final ele se casou novamente com Kassidy, encomendou mais um herdeiro e, é claro, ajudou Jake a se tornar um homem. Um exemplo de pai, ícone religioso e oficial, nunca houve um personagem tão multifacetado em Jornada quanto ele. Foi Jake quem introduziu Ben e Kassidy, sendo o primeiro elo de ligação entre os dois o beisebol (um tema da série desde o piloto, que acabou virando tema de episódio no bom "Take Me Out to the Holosuite", da sétima temporada --o símbolo de Ben Sisko é uma bola de beisebol). Ao final da série Ben sofreu uma espécie de transformação e agora habita o templo celestial, no interior da Fenda Espacial, junto com os profetas de Bajor.

O pai de Sisko (Joseph Sisko) é como muitos pais, um cozinheiro teimoso e amoroso e é dono de um restaurante chamado (obviamente) "Sisko's" em Nova Orleans. É particularmente inesquecível (entre outras) a sua participação, alter-caracterizado como um padre, no, dentre todos os episódios de Jornada, MÁGICO episódio "Far Beyond The Stars".

Fica para o final a mais bonita, real e verdadeira (Lofton se tornou na prática um filho adotivo para Brooks no decorrer da série) relação da história de Jornada: Ben e Jake. Os destaques (dentre tantos) vão para dois episódios ligados por uma obsessão de Jake em dar algo ao pai. No clássico episódio "In The Cards", da quinta temporada, talvez a melhor comédia da história de Jornada, Jake, com a ajuda de Nog, faz de tudo para dar a Ben um antigo card de beisebol. Já no clássico episódio "The Visitor", da quarta temporada, talvez o mais emocionante episódio da história de Jornada, um Jake envelhecido sacrifica a própria vida para que seu pai possa retornar para o seu "eu" mais jovem.

(O mais fascinante é que após o final da série, trechos de "The Visitor" podem agora ser interpretados como possíveis eventos que ocorrem após o episódio final. Tornando assistir o episódio novamente uma experiência ainda mais emocionante.)

Na última cena da série temos Kira e Jake (em uma cena que ecoa uma outra similar em "The Visitor") observando a Fenda Espacial, que misteriosamente se abre sem que nenhuma nave a atravesse. Ela pensando na "gota no oceano" que um dia fora o "homem mais decente que jamais conhecera" e ele pensando na forma de vida evoluída que agora ocupa o templo celestial ao lados dos profetas, que um dia fora o seu pai. A câmera faz um zoom invertido a partir da janela em que eles se encontram até o infinito, até DS9 se transformar em apenas mais uma estrela no firmamento.

"Quando você irá retornar?"
"É difícil dizer. Tempo não existe aqui. Pode ser daqui a um ano. Pode ser ontem. Mas eu retornarei."
"Eu estarei esperando."
[Kassidy e Ben Sisko em "What You Leave Behind", se despedindo no templo celestial, ao som do tema musical de "The Visitor"]

"Descanse agora, irmão Benny. Você entrou no caminho dos profetas. Não existe maior glória."
"Diga-me, por favor ... quem sou eu?"
"Você não sabe?"
"Me diga."
"Você é o sonho e o sonhador."
[O padre (Joseph Sisko) e Benny Russell (Ben Sisko) em "Far Beyond The Stars"]

"Mesmo nos momentos mais sombrios, você sempre poderá encontrar algo que o fará sorrir."
[Ben Sisko em "In The Cards"]

"Você ainda tem tempo para fazer uma melhor vida para você --me prometa que você irá fazer isso."
[Ben Sisko em "The Visitor"]

"Para o meu pai--que está indo pra casa."
[O velho Jake Sisko em "The Visitor"]

"Obrigado por tudo."
[Melanie em "The Visitor"]