MANCHETE
DO EPISÓDIO
A
mais emocionante de todas as Jornadas
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Sinopse
Data Estelar: Desconhecida
Décadas
no futuro, uma noite chuvosa na Luisiana, “Jake Sisko”,
um velho escritor aposentado com cerca de oitenta anos, recebe
uma inesperada visita. Uma jovem aspirante à escritora,
de nome Melanie, que veio em busca de inspiração
e do por que “Jake” ter publicado apenas dois
livros e ter desistido da carreira quando não tinha
completado sequer quarenta anos. O velho reluta um pouco,
mas decide contar a trágica história de sua
vida, que começa exatamente quando ele tinha 18 anos
e o seu pai morreu.
“Jake”
conta sobre uma missão científica a bordo da
Defiant para estudar um fenômeno característico
da Fenda Espacial. O experimento não vai bem e Sisko
tem que ir a Engenharia para evitar que uma sobrecarga destrua
a nave. Uma descarga residual atinge Sisko e ele desaparece
diante dos olhos do filho. O capitão não é
encontrado e é dado como morto. Jake sobrevive como
pode a bordo da estação e vê, por um breve
momento, o seu pai em seu quarto durante a noite. A investigação
de Dax nada revela e Jake faz um tremendo esforço para
fingir que foi apenas um pesadelo. Nog vai para a Academia
e Jake fica ainda mais sozinho. Um dia ele recebe uma nova
“visita” (em um dos corredores de DS9) de Sisko
e agora com tempo hábil para leva-lo a enfermaria.
Sisko recorda-se por último apenas do acidente a bordo
da Defiant (apesar de já terem se passado meses), mas,
apesar da esperança inicial de Jake, infelizmente Dax
e O’Brien não conseguem manter o capitão
entre eles e ele desaparece novamente. Além de toda
a dor pessoal de Jake, o conflito com os Klingons se torna
insustentável e a Federação acaba entregando
o controle da estação ao Império. Jake
abandona o seu lar de cinco anos com destino a casa do seu
avô na Terra, sem nenhuma esperança de encontrar
novamente o seu pai.
Já
com quase quarenta anos, “Jake” é um escritor
premiado de dois livros, e vive, com uma bela esposa, na casa
em que passaria o resto da vida. Um dia recebe em sua casa
o comandante Nog, que esteve recentemente no setor Bajoriano.
Naquela mesma noite o seu pai lhe faz mais uma “visita”,
vê-lo desaparecer novamente diante dos seus olhos foi
demais para ele, que decidiu que custasse o que custasse iria
traze-lo de volta. Ele voltou a escola, estudou durante anos
desesperadamente uma maneira de entender o acidente e conceber
um plano que pudesse resgatar o capitão. Para isto
abandonou a sua carreira de escritor e acabou perdendo a esposa,
que não suportou a sua obsessão, no processo.
Enfim
“Jake” entendeu o que aconteceu com Sisko, ele
ficou aprisionado em uma espécie de “bolsão
do subespaço”, no interior do qual o tempo passa
a uma taxa muito mais lenta que no exterior. Estando junto
com o pai no momento do acidente eis que se criou uma espécie
de elo subespacial entre os dois. O fenômeno original
estava por se repetir e ele planejou recriar o acidente e
usar tal “elo” para trazer o seu pai de volta
para o espaço normal.
Ele
recrutou os veteranos Julian Bashir e Jadzia Dax e com a ajuda
do capitão Nog conseguiu arrancar a velha Defiant de
um depósito para leva-la até a Fenda Espacial
e recriar as mesmas condições do acidente original.
Infelizmente o seu elaborado plano não dá resultado
e ele é puxado para dentro do bolsão junto com
o seu pai. Sisko fica assustado com a idade avançada
do filho (agora visivelmente mais velho que ele) e infere
de pronto o que acontecera com “Jake” e o faz
prometer que ele tente fazer uma vida melhor para si e se
esqueça definitivamente do pai. O fenômeno se
encerra e resta apenas “Jake” chorando no ombro
de Dax na Engenharia da Defiant.
“Jake”
explica a Melanie que Ben em breve irá fazer uma nova
"visita" e que ele chegou a conclusão (após
outros tantos anos de estudo) que a única forma de
restaurar a vida de seu pai é cortar o elo entre eles
(ou seja, se matar) quando eles dois estiveram juntos, o que
o fará teoricamente voltar ao exato momento do acidente.
Melanie, muito emocionada, agradece por tudo e parte (levando
o original anotado do livro, ainda não publicado, que
Jake escreveu para satisfazer o desejo do pai). O "velho
Jake" toma a última dose da droga.
Ele
pega a bola de beisebol de Ben e espera pelo pai sentado em
uma poltrona e acaba cochilando. O velho escritor acorda e
vê Sisko sentado a sua frente, olhando-o ternamente.
O capitão diz que está muito orgulhoso por ele
ter voltado a escrever depois do último encontro deles
(a dedicatória do livro é: “Para o meu
pai que está voltando para casa.”), mas rapidamente
percebe que algo não está bem com a saúde
do seu filho e fica devastado por saber que “Jake”
decidiu se matar.
”Jake”
diz que ele faz isto por ele e pelo menino que um dia ele
foi e morre nos braços do pai, não sem antes
dizer a Sisko para ele evitar a descarga de energia que o
vitimou no acidente original.
De
volta ao presente, Ben tem uma espécie de “premonição”
na Engenharia da Defiant e consegue se desviar a tempo e evitar
o acidente, ele abraça Jake com a voz embargada e diz
que está tudo bem agora.
Comentários
Se
a produção de uma série de TV em geral
(de Jornada em particular) se esforça
muito, mas muito mesmo, e de maneira continua, para produzir
um programa relevante e que possa suportar o teste do tempo,
ela consegue quando muito produzir entretenimento de qualidade,
semana após semana. Tal obstinação em
algumas raras vezes é recompensada com a feitura de
segmentos que transcendem este básico referencial de
passatempo. É raro encontrar um melhor exemplar de
tais “milagres” em operação do que:
“The Visitor”. Não contente
em imortalizar a relação de Jake e Ben nos anais
de Jornada nas Estrelas, este segmento tem
um curioso efeito colateral de ser uma espécie de tributo
ao legado de DS9 enquanto série. Mais
detalhes, sem precisar ficar preso no subespaço no
processo, nas linhas abaixo.
Poucas
experiências são tão marcantes para o
ser humano quanto perder alguém amado e aprender a
lidar com esta perda. Pensar ter visto este alguém
na multidão, não querer dar prosseguimento a
sua vida por achar que está traindo aquela pessoa ausente,
que a está esquecendo, sozinha, em "algum lugar".
Estes são alguns dos sentimentos comuns a todos aqueles
que passaram pela perda de um ente querido. E é em
grande parte o por que deste segmento ser tão bem sucedido
dramaticamente, ainda que a sua história em si reconhecidamente
se passe no terreno do extraordinário.
Lidar
com perda de um ente querido não é novidade
para esta série, uma vez que a sua primeira história
(do seu piloto, “Emissary”)
efetivamente tratou de Sisko retomando a sua vida após
a perda de Jennifer (a sua primeira esposa). A tantalizante
questão que “The Visitor”
coloca é: “E se... Quem se foi REALMENTE está
preso sozinho em algum lugar?” E é justamente
esta questão que leva a imensurável tragédia
de Jake. Devorado por tamanha obsessão que o faz perder:
a sua esposa, a sua carreira de escritor e finalmente e literalmente
a própria vida.
Não
é novidade em Jornada nas Estrelas
o dispositivo de trama que associa um sacrifício, um
destino trágico, a restauração da linha
temporal, ou em termos mais práticos a continuidade
da série (NOTA: este ponto em particular é tratado
de forma bastante breve neste artigo para evitar perda de
foco). Existem exemplos ilustres de tal construção
em clássicos como “The
City On The Edge Of Forever” e “Yesterday’s
Enterprise”. Ao contrário destes, entretanto,
o sacrifício final de Jake não visa salvar a
Federação e além, mas simplesmente mudar
o destino de um homem. O que traz um elemento definitivamente
distinto e próprio à equação.
Enxergando
a série como um todo, a morte de Sisko talvez tivesse
salvado incontáveis vidas. Tal possibilidade nunca
passou pela mente de Jake, ele queria o seu pai de volta,
para o garoto que um dia ele foi. Ponto final! Este tipo de
mentalidade é bem característico da série,
e é tornado ainda mais explícito em uma decisão
análoga que o “Odo de Gaia” toma em “Children
Of Time” da quinta temporada (também
escrito por Echevarria). Isto garante que em seu cerne o segmento
não é meramente a iteração de
uma fórmula bem sucedida, mas sim uma exploração
da questão sob um novo ângulo.
Em
virtude da sua premissa e da antecipação de
uma tragédia tão extrema e excruciante, era
necessário um relacionamento que fosse de fato verdadeiro
nos termos mais mundanos e cotidianos possíveis, que
servisse de lastro para a característica tão
desesperadamente maior que a vida que ele deveria atingir,
para que a tragédia de Jake funcionasse nos termos
propostos. Felizmente o relacionamento de pai e filho de Ben
e Jake cumpre tal requisito com louvor e isto impede que o
episódio possa ser classificado como manipulativo.
Crucial é o fato de Todd ser infinitamente aceitável
como Jake e como filho de Ben. O que sim constitui quase que
um milagre em termos de escalação de elenco.
O
elemento de trama remanescente trata dos específicos
da morte de Jake (desde o acidente original de Sisko, é
claro). Talvez toda a “tecnobaboseira” usada pudesse
ser expurgada, pois é absolutamente claro que o elo
entre os dois é emocional e não “subespacial”.
Existe muita explicação técnica (apesar
da analogia do cordão, que não é lá
muito robusta, mas ajuda bastante a minimizar tal problema)
que deveria ter sido evitada. Talvez o único senão
de um brilhante roteiro.
A
narrativa de Jake é usada de maneira extremamente efetiva.
Não somente ela nasce organicamente do fato de tanto
ele quanto Melanie serem em ultima instância dois “contadores
de história”, mas tal dispositivo ajuda a manter
sob controle uma história que se passa durante tão
grande intervalo de tempo. Ela poderia facilmente ficar desconjuntada
ou se mover aos solavancos, o que absolutamente não
é o caso aqui.
O
episódio como escrito parece ser uma aula de como extrair
o máximo potencial dramático de uma premissa,
uma verdadeira peça de estudo. Seja numa fala aparentemente
sem maior significado que retorna de forma devastadora mais
tarde, seja numa infinidade de detalhes que intensificam a
experiência: a bola de beisebol utilizada como um símbolo
para o personagem de Ben Sisko, a utilização
de uma velha Defiant (a nave que Sisko ajudou a construir,
dele como nenhuma outra nave foi de nenhum outro capitão)
em um momento chave da história, o fato da esposa de
Jake ser Bajoriana, a menção do restaurante
da família (a ser visto nesta temporada em “Homefront”),
participação de Nog bem sucedido como oficial
da Frota Estelar etc.
Obviamente
a palavra escrita é condição necessária,
mas não suficiente para o sucesso de um episódio,
é preciso uma competente execução e nisto
“The Visitor” tem poucos contendores
em Jornada. O segmento é sem dúvida
um dos mais bem acabados da história da franquia, não
somente possui um roteiro espetacular, mas ele é trazido
a vida de uma forma tão perfeita que chega a ser desconcertante.
No centro de tal execução jaz o trabalho do
diretor David Livingston, extremamente virtuoso, usando técnicas
sofisticadas que tornaram infinitamente suaves e tocantes
às abruptas mudanças de cenário que pedia
o roteiro (para um tratamento análogo e complementar
ver a direção de James L. Conway de “Necessary
Evil” da segunda temporada).
O
tema principal de Dennis McCarthy para “The
Visitor” é um dos três mais marcantes
de DS9 (ao lado do tema original da série
e da canção “The Way you Look Tonight”),
a suíte completa de “The Visitor”
é tocada no último episódio da série,
“What You Leave Behind”, e lá
é misturada por McCarthy com os outros dois temas mencionados
de uma maneira verdadeiramente inspirada. Na última
cena do capitão na série, com Kasidy Yates no
templo celestial (no mesmo cenário do “espaço
de luz” visto neste segmento, aliás), à
volta de tal tema foi o aviso inequívoco aos espectadores
de que era chegada a hora de finalmente dizer adeus a Ben
Sisko.
Obviamente
se os atores não estivessem à altura de tão
sublime execução, o segmento estaria perdido.
Lofton foi excelente ao traduzir o senso de desorientação
e solidão de Jake em um primeiro momento, especialmente
na famosa “cena das sombras” (genial idéia
de Livingston) ao lado de uma absolutamente fantástica
Nana Visitor. Um eco desta cena é justamente a cena
final da série.
Entre
os que tiveram menos trabalho, Terry Farrel não esteve
muito bem envelhecida (a maquiagem dela em particular não
foi das mais felizes) ao contrário de El Fadil que
parece que nasceu para fazer este tipo de papel (ver “Distant
Voices” da terceira temporada). Eisenberg
e Gorg foram corretos. Rachel Robinson foi uma grata surpresa,
com grande química com Todd e em um certo sentido a
sua Melanie fez o papel de conduinte da audiência até
o personagem do velho Jake.
Brooks
foi colossal, passando perfeitamente o senso de terrível
desorientação do seu personagem, auxiliado por
um roteiro que não se esquece do seu lado na equação.
Incrivelmente verdadeiro quando Sisko: diz ao velho Jake para
seguir com a sua vida, observa calmamente o despertar do seu
filho (a idéia de começar com uma noite chuvosa
e terminar com raios de sol quando da morte de Jake também
foi uma bela idéia de Livingston) e diz “Jake...
Meu doce garoto”, no momento da morte dele.
A
figura central para o sucesso da execução do
episódio foi sem dúvida Tony Todd, com uma atuação
literalmente sobrenatural. De fato, talvez o único
ator convidado com participação mais marcante
na história de Jornada tenha sido Harris Yulin em “Duet”
da primeira temporada de DS9. A voz de Todd
possui um elemento extremamente profundo, visceral até,
que combinado com o seu incrível semblante de bondade
moldaram um personagem emblemático e inesquecível.
E como é fácil aceitar Todd como um velho Lofton
e ainda como filho de Brooks (e como amigo de Eisenberg)!
É fácil reconhecer tal mágica à
posteriori, mas é muito difícil ter tamanha
atenção aos detalhes de forma a torna-la possível
em primeiro lugar. Parabéns aos envolvidos em todo
o processo da escalação de Todd. Além
de ao próprio, é claro.
E
as rapidinhas:
Ben
Sisko reteve as memórias de sua experiência?
Alguns
gostam de pensar que o capitão não reteve nenhuma
lembrança do que aconteceu ao final do episódio
(que ao voltar ao momento do acidente as suas memórias
foram apagadas no processo a menos do suficiente para se desviar
da descarga e ter algum tipo de alivio ao ver o seu filho
do lado dele), um ponto recorrente de discussão entre
os fãs. Alguns preferem entender que em nossas vidas,
quando, por exemplo, atravessamos a rua e vem um carro em
alta velocidade em nossa direção e "alguma
coisa" nos avisa do perigo e nos faz desviar é
por que existe alguém no universo que nos ama tanto,
mas tanto, que seria capaz de morrer por nós. Outros
preferem pensar que Sisko reteve sim as lembranças
de tudo que aconteceu, sendo exatamente por isto que não
se despediu de seu filho em "What You Leave Behind",
justamente com medo de dar inicio a uma obsessão como
a descrita aqui. Seja como for, isto nunca foi apresentado
de forma explícita na série.
Sobre
o futuro alternativo do episódio:
-
É mesmo de arrepiar o pensamento de que talvez a prematura
morte de Ben Sisko pudesse ter evitado a guerra com o Dominion
(a perda de “zilhões de vidas”), a morte
de Jadzia Dax, a destruição da Defiant original
etc. etc. Tomando como aceitável o cenário político
de tal futuro, pode se supor que os Fundadores simplesmente
se aproveitaram de tal situação para se infiltrar
nos altos escalões dos governos das grandes potências
e absorver todo o quadrante alfa de uma maneira extremamente
lenta e imperceptível, o que seria essencialmente uma
premissa para toda uma nova série. Uma que talvez tivesse
excelentes condições de falar sobre o nosso
mundo contemporâneo.
-
Mas também podemos supor uma versão diferente
de tal história. Talvez a paranóia Klingon tivesse
sido tão imensa que os Fundadores depois de algum tempo
perceberam simplesmente que não haveria mais por que
temer alguma investida por parte do quadrante Alfa. A guerra
não teria acontecido de forma alguma.
-
Ainda nesta linha de raciocínio (“sem guerra
com o Dominion”), Odo, sem muitas opções
para onde ir e enfim percebendo que nunca poderia ter um relacionamento
com Kira (devastada então com as mortes quase seguidas
de Bareil e Sisko e obviamente sem lugar na estação
assim como Odo) poderia ter decidido voltar aos do seu povo
(o que de fato aconteceu ao final da série, mas por
diferentes razões), o que seria mais um motivo bastante
forte para os Fundadores perderem interesse no quadrante Alfa.
-
Apesar de ser Jadzia e não Ezri no futuro do episódio,
perceber que ela e Julian (será que ele se casou com
a bailarina?) mantiveram a amizade é completamente
de acordo com o espírito do programa. Quark poderia
ter sim muito bem comprado a sua lua (para mantê-la
provavelmente como o “último reduto do idealismo
Ferengi”). E Rom ter ajudado de alguma maneira a distância,
algo que também não é incompatível
com o final da série. Worf ter poder sobre o alto conselho
Klingon bate bem com o seu destino em “What
You Leave Behind”, assim como a ausência
de O’Brien (possivelmente na terra, aposentado dos seus
dias na Academia e curtindo os netos, mesmo os bisnetos).
-
Talvez o maior presente a este autor neste “futuro alternativo”
seja saber que mesmo com décadas de administração
Klingon a estação “mesmo em estado precário”
continua “lá” e com nenhum outro senão
Morn tomando conta do bar.
Sobre
ver “What You Leave Behind” e
ver em seguida “The Visitor”:
-
Como já mencionado neste texto, algumas partes de “The
Visitor” encontram eco em “What
You Leave Behind” (episódio final da
série). O mais curioso é que o contrário
também é verdadeiro, por um simples motivo:
Sisko de fato se torna uma forma de vida não linear
e passa a viver com os Profetas de Bajor no interior do templo
celestial (fenda espacial). Obviamente não é
a mesma situação vista no episódio desta
semana, mas a situação é análoga,
o suficiente para ressonar do mesmo jeito. Em particular a
cena do funeral (também sem corpo), uma tomada inspiradíssima
de Livingston com um caminhão de extras e a cena na
ponte da Defiant, ver DS9 mais uma vez “depois de tanto
tempo” e ouvir Bashir dizer que após resgatar
o capitão Sisko eles visitariam o “Morn’s”
para tomar um drinque, “pelos velhos tempos”.
Poucas séries parecem amar tanto os seus personagens
quanto esta.
-
Diversas falas do “Velho Jake” (especialmente
as primeiras cenas) saíram quase que diretamente da
boca de Ira Behr, o mentor de DS9. Das tradicionais
citações as escrituras até o descarado
uso de lápis e papel, ali estavam representadas inúmeras
atitudes e sensibilidades dele (“Você devia ler
mais”). Em muitos sentidos, Melanie é a esperança
de que a tradição de contar uma boa história
nunca se perca.
“The
Visitor” é um daqueles raros segmentos
em Jornada nas Estrelas, ou na atribulada
e corrida produção de um típico programa
de TV em geral, em que todos os elementos desde a concepção
mais básica até o mais fino detalhe de execução
entram em foco com extrema clareza e especial significado
e ressonância. Este trágico conto sobre o eterno
elo entre um filho e um pai constitui provavelmente o mais
emocionante momento já concebido neste universo ficcional
e talvez além.
Citações
Sisko
- "It's life, Jake. You can miss it if you don't open
your eyes."
(“É a vida Jake. E você pode deixa-la escapar
se não abrir os seus olhos.”)
Melanie
- "You are my favorite author of all time."
(“O senhor é o meu autor favorito de todos os
tempos.”)
Velho Jake - "You should read more."
(“Você devia ler mais.”)
Velho
Jake - "There's only one first time for everything, isn't
there? And only one last time, too."
(“Existe somente uma primeira vez para qualquer coisa,
não é mesmo? E somente uma última vez,
também.”)
Velho
Jake - "Time passes--and they realize that the person
they lost is really gone--and they heal."
(“O tempo passa—e eles percebem que a pessoa que
eles perderam realmente se foi—e eles se curam.”)
Melanie - "Is that what happened to you?"
(“Foi o que aconteceu com o senhor?”)
Velho Jake - "... No... I suppose not."
(“... Não... Eu acho que não.”)
Melanie
- "I'm not a writer, yet."
(“Eu ainda não sou uma escritora.”)
Velho Jake - "Sounds like you're waiting for
something to happen to turn you into one."
(“Parece que você está esperando algo acontecer
que a transforme em uma.”)
Sisko
- "You still have time to make a better life for yourself--promise
me you'll DO that!"
(“Você ainda tem tempo para fazer uma vida melhor
para si mesmo — prometa-me que fará isto.”).
Sisko
- "To my father, who's coming home."
(“Para o meu pai, que está indo para casa.”)
Melanie
– “Thanks for everything.”
(“Obrigada por tudo.”)
Trivias
Tony Todd já havia feito o papel
do irmão de Worf, Kurn. E retornaria neste mesmo papel
nesta temporada em “Sons Of Mogh”.
Foi um processo elaborado para escalar o ator mais adequado
para o papel e Todd foi sem duvida o melhor. Ele estudou as
performances de Cirroc Lofton para repetir meticulosamente
os maneirismos do personagem e garantir a continuidade. Todd
foi um dos finalistas para o papel de Ben Sisko.
Rachel Robinson é filha de Andrew Robinson (Garak).
David Livingston considera o roteiro de “The
Visitor” o melhor que ele já dirigiu
na vida.
Este episódio foi indicado ao prêmio Hugo de
ficção científica (naquele ano o vencedor
foi o episódio “The Coming Of Shadows”
de “Babylon 5”).
O roteiro original de Michael Taylor (que o escreveu como
Free Lance e anos depois se juntou à equipe de roteiristas
de Voyager e depois a de “The Dead
Zone”) foi largamente rescrito (de forma não
creditada) por René Echevarria. Ira Behr teve a idéia
de contar a história (que abrange um período
de cerca de sessenta anos) sob a perspectiva do velho Jake
no futuro. Diversas citações presentes no roteiro
também foram idéia de Behr.
“The
Visitor” foi votado pelos leitores da TV Guide
(a revista considerada a Bíblia da TV Americana) como
o melhor episódio de Jornada nas Estrelas
já produzido.
Os uniformes da Frota Estelar no futuro são essencialmente
os mesmos mostrados em “All Good Things...”
de A Nova Geração, também
em uma situação de futuro alternativo.
Ficha
Técnica
Escrito
por Michael Taylor
Direção de David Livingston
Exibido em 09/10/1995
Produção: 075
Elenco
Avery
Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Michael Dorn como Worf
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko
Colm Meaney como Miles Edward O'Brien
Armin Shimerman como Quark
Alexander Siddig (Siddig El Fadil) como Julian
Subatoi Bashir
Nana Visitor como Kira Nerys
Elenco
convidado
Tony
Todd como o adulto Jake Sisko
Galyn Gorg como Korena
Aron Eisenberg como Nog
Rachel Robinson como Melanie
Majel Barrett como a voz do computador
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