Uma
nova nave e um novo inimigo
Chega
finalmente ao Brasil a terceira temporada (1994/1995) de Jornada
nas Estrelas: Deep Space Nine, pelo canal USA, dando
continuidade a uma das mais importantes sagas de ficção científica
da televisão americana. A terceira temporada de DS9 é
normalmente lembrada como a temporada que introduziu a nave
estelar Defiant e estabeleceu o Dominion como a grande raça de
vilões da série. Entretanto, se olharmos com mais atenção,
teremos inúmeros pontos a considerar.
Com o final de A Nova Geração, DS9 foi a única série
de Jornada no ar entre setembro de 1994 e janeiro de 1995,
quando foi exibido o piloto de Voyager, "Caretaker".
Isso serve de pouco consolo, em virtude da imensa publicidade
envolvida na estréia do filme "Generations" e da
rede UPN (tendo Voyager como seu carro-chefe). Daí o estúdio
passou a exercer uma forte pressão sobre os produtores de DS9,
tanto direta (para a série "carregar o bastão" na TV
em geral --mesmo que brevemente-- e como série fazendo sua
primeira exibição em syndication --isso de forma definitiva, já
que Voyager estaria fixada em uma rede) quanto indireta,
com a grande publicidade que os outros segmentos do franchise
estavam recebendo na época.
O estúdio apontou uma direção mais de ação e aventuras fora
da estação e menos histórias envolvendo Bajor. Obviamente os
executivos do estúdio não se opuseram à introdução da
Defiant. De fato, 5 entre os 5 primeiros (e 9 entre os 12
primeiros) episódios da temporada se passam em sua maior parte
fora da estação, cortesia dos serviços da nova nave de DS9.
O aspecto Bajoriano da série também foi reduzido, mas não de
forma tão dramática.
Esse quadro inicial aponta para uma certa descaracterização da série
e uma perda da sua identidade e unidade. Felizmente, com o tempo,
a Defiant passou a ser utilizada de uma forma mais transparente e
sem dar aquele "ar tradicional de Jornada" a série.
De fato é difícil imaginar a série sem ela. Manter as histórias
Bajorianas na série foi um tributo à perseverança dos
produtores --o estúdio sempre foi contra.
Além de uma certa inconsistência
no tom geral da série, a própria escrita dos episódios andou
dando as suas derrapadas. Trocas na equipe de roteiristas e a
indecisão de Piller de deixar ou não a série também tiveram o
seu impacto na qualidade dos roteiros da temporada, bem como num
considerável aumento do nível de "tecnobaboseira" dos
episódios.
A terceira temorada tem um episódio "vencedor" a menos
do que a segunda temporada (15 contra 16), porém existe uma
melhor distribuição do material que evita as grandes
"valas" de qualidade daquela temporada (o estilo aqui é
o de uma "enlouquecida montanha-russa" mesmo). Apesar de
também não termos uma grande seqüência de
"vencedores" como a dos oito últimos episódios da
temporada anterior.
Para introduzir essa nova temporada, seguimos agora com uma breve
descrição do conflito (sem entrar em maiores detalhes) entre a
Federação e o Dominion ao longo da série, os principais
destaques entre os personagens e os detalhes por trás das câmeras
que levaram a produção desta temporada.
Temos em seguida uma descrição episódio a episódio da
temporada (com direito a algumas curiosidades sobre os segmentos).
O que promete o arco de história envolvendo o Dominion?
Esta nova temporada posiciona o Dominion como a raça antagônica
principal da série. Em particular foi tomado um certo cuidado em
deixar Sisko e cia. sempre atrás em qualquer aspecto do conflito
neste início, uma situação que foi se modificando muito
lentamente ao longo das temporadas (afinal do que adianta
introduzir um "super-inimigo" em um episódio se já no
episódio seguinte "nossos heróis" conseguem dar cabo
dele com um punhado de tecnobaboseira?).
Desde o último episódio da segunda temporada, todas as
subsequentes iniciaram e terminaram com enfoque na superpotência
do quadrante Gama. Nas temporadas 3, 4 e 5 tomamos conhecimento do
lado extremamente manipulativo do Dominion, à medida que ele ia
colocando as potências do quadrante Alfa umas contra as outras e
assinando tratados e pactos de não-agressão mútua quando e com
quem fosse conveniente.
Um
ótimo exemplo de continuidade em DS9 é o seguinte: Em "The
Die is Cast", um Fundador (se passando por um Romulano)
diz a Odo e Garak que (após os eventos daquele episódio) as únicas
reais ameaças restantes ao Dominion no quadrante Alfa seriam a
Federação e o Império Klingon, e mesmo essas não o seriam por
muito tempo. Mais à frente, através de Fundadores infiltrados,
que semeiam desinformação e paranóia, o Dominion consegue levar
os Impérios Klingon e Cardassiano a um conflito e colocar a
Federação no meio dele, como visto em "The Way of the
Warrior" (que abre a quarta temporada e está disponível
em vídeo no Brasil já faz algum tempo) e melhor explicado no
começo da quinta temporada, em "Apocalypse Rising".
Em meados da quinta temporada, no duplo "In Purgatory's
Shadow" & "By Inferno's Light", uma
enfraquecida Cardássia acaba fazendo uma aliança com o Dominion,
dando aos Fundadores uma base de operações em pleno quadrante
Alfa. A guerra entre o Dominion e a Federação só começa
realmente no último episódio da quinta temporada, "Call
To Arms", e continua durante as duas últimas temporadas
inteiras.
O arco envolvendo o Dominion descreve um conflito que iria
redesenhar o mapa do quadrante Alfa inteiro e uni-lo, como nunca
antes, contra o maior inimigo da sua história. Se você leitor,
quiser realmente saber o papel que os federados, os Klingons, os
Romulanos, o Dominion (Fundadores, Vortas e Jem'Hadars), os
Cardassianos, os Breen (aguardem), os Maquis, a Seção 31
(aguardem), os Bajorianos, os Profetas, e os Pagh-Wraiths
(aguardem) desempenham em tal conflito, você não pode perder
tempo e começar a assistir a um episódio atrás do outro, sem
perder nenhum (o que, convenhamos, não é difícil, com múltiplas
reprises semanais). Ainda faltam 130 episódios inéditos,
contendo alguns dos mais premiados e bem produzidos segmentos da
ficção televisiva americana de todos os tempos, de uma saga que
vai deixar saudades (tenho certeza) em muitos de vocês.
Os destaques, dentre os personagens nesta temporada, vão para Odo
(que o estúdio apontou como o personagem mais popular e sobre o
qual os fãs gostariam de saber mais a respeito) e Sisko.
Odo
ganha com a descoberta de que a sua raça é exatamente a dos
Fundadores do Dominion. E o nosso comissário tem que lidar com a
primeira parte do seu dilema pessoal, fazer parte de uma raça
responsável por incomensurável destruição e morte (situação
pessoal que só piora ao longo da série, com a guerra entre a
Federação e o Dominion). A segunda parte, e ainda mais delicada,
vem de encontro ao fato de que, apesar de tudo que o Dominion
representa, ele ainda assim retornaria para o seu povo se não
fosse por seu amor por Kira. Odo tem que lidar com tudo isso até
o último episódio da série.
Ben Sisko também recebe inúmeros desenvolvimentos interessantes,
nesta que é a "temporada da virada" para o personagem.
Falaremos mais disso adiante.
Mudanças atrás das câmeras
Os roteiristas Peter Allan Fields (o melhor da série nas duas
temporadas iniciais) e James Crocker são substituídos por Ronald
D. Moore (hoje em dia em "Roswell") e René Echevarria
(hoje em dia em "Dark Angel", após uma passagem pela ótima,
porém cancelada em sua primeira temporada, "Now and
Again"), vindos de A Nova Geração.
O cinegrafista Jonathan West (hoje em dia em "C.S.I")
substitui Marvin H. Rush, que estava de saída para Voyager
(e hoje trabalha em Enterprise). West passou a utilizar um
diferente tipo de lente que permite ver com mais detalhe o
"fundo" de cada tomada.
A terceira temporada marca também a saída do co-criador Michael
Piller (hoje em dia preparando a estréia de sua nova série,
"The Dead Zone") das suas funções como
produtor-executivo, passando a atuar apenas como consultor (o que
curiosamente ocorreu durante a produção do duplo "Improbable
Cause" & "The Die is Cast"). Com
isso, Ira Steven Behr (o real mentor da série, hoje em dia
preparando um novo projeto, após o fracasso da comédia "Bob
Patterson") recebeu "carta branca" para liberar
todo o potencial de DS9, daquele momento em diante.
A TEMPORADA, EPISÓDIO A
EPISÓDIO
01 - The Search, Part I -- Com a chegada da Defiant à estação,
Sisko e Cia. partem em uma missão ao quadrante Gama para contatar
os Fundadores do Dominion, o que acaba levando a um eletrizante
encontro com os Jem'Hadars, do qual escapam apenas Odo e Kira. Os
dois acabam descobrindo, em uma cena final de cair o queixo, o
planeta habitado pela raça de Odo. A partir deste episódio, Ben
Sisko passa a considerar verdadeiramente a estação como o seu
lar.
02 - The Search, Part II -- Enquanto Odo tenta achar as
suas "raízes familiares", no planeta errante dos
Fundadores no quadrante Gama, Sisko e cia. presenciam negociações
(feitas a toque de caixa) entre a Federação e o Dominion que
literalmente entregam o sistema Bajoriano de bandeja à potência
do quadrante Gama. O final é muito mais decepcionante que
surpreendente, pondo por terra boa parte do que veio antes. Ainda
assim o episódio permanece como uma eficiente plataforma de lançamento
para futuras histórias envolvendo Odo e, é claro, o Dominion.
03 - The House of Quark -- Quark mata por acidente um
Klingon bêbado e herda a "casa" do Klingon e a sua
esposa (de nome Grilka). Após ajudar a Klingon a resolver uma
disputa com uma "casa" rival, Quark recebe o "divórcio"
e os dois permanecem amigos. O episódio é de fato engraçado e
consegue fazer a interação entre Klingons e Ferengis sem ferir
as duas culturas. Participação de Gowron, Chanceler do Império
Klingon.
04 - Equilibrium -- Um desequilíbrio entre o hospedeiro e
simbionte coloca Jadzia a beira da morte. Alucinações da Trill
apontam para memórias suprimidas de um outro hospedeiro (até então
desconhecido) e para um segredo guardado a "sete chaves"
da população Trill. No teaser deste episódio, Ben Sisko cozinha
(uma tradição familiar) para toda a sua tripulação. O mundo
natal Trill é visitado pela primeira e única vez neste episódio.
05 - Second Skin -- Kira é raptada pela Ordem Obsidiana (o
serviço secreto Cardassiano) e acorda com as feições de uma
Cardassiana. A Ordem quer convencer Kira que de fato ela é uma
agente Cardassiana que sofreu uma profunda transformação física
e lavagem cerebral para trabalhar em Bajor nos tempos da ocupação.
Kira fica na casa do pai de tal agente, um importante Cardassiano
de nome Ghemor. Um episódio que poderia ter facilmente degenerado
em um total fracasso, deve grande parte do seu sucesso as atuações
sinceras de Nana Visitor e Lawrence Pressman como o Legado Ghemor.
06 - The Abandoned -- Odo encontra um bebê Jem'Hadar em
uns destroços comprados por Quark. Rapidamente o bebê cresce e
quer dar vazão à sua natureza guerreira. Odo decide tentar
ensinar o Jem'Hadar a lidar com seus instintos como uma maneira
dele próprio lidar com o fato de ser um dos Fundadores do
Dominion. Bastante bem intencionado e relevante, porém muito ingênuo
e não tão competente em sua execução.
07 - Civil Defense -- Um antigo programa do computador da
estação, dos tempos da ocupação, é reativado por engano,
confundindo a nova tripulação com trabalhadores Bajorianos em
fuga. Um radiante Dukat chega à estação, querendo "mundos
e fundos" para liberar o computador. Aí o feitiço vira
contra o feiticeiro e o computador acaba por considerar Dukat um
traidor. Daí todos têm de se juntar para resolver o problema.
Ainda que o fechamento não seja nenhuma maravilha, é diversão
garantida a maior parte do tempo, com o bônus de esmiuçar mais a
rivalidade entre Dukat e Garak.
08 - Meridian -- É um dos piores momentos da série. Nele
Sisko e cia. encontram um planeta que vai e volta de nosso
Universo, permanecendo um breve espaço de tempo aqui e uma
literal eternidade em "outro lugar". Dax (no curso de
uma hora de televisão) se apaixona perdidamente por um nativo,
decide jogar tudo pro alto (inclusive a sagrada vida do seu
simbionte) e arruma um meio de voltar com o seu amado e o seu
planeta para este "tal lugar". Obviamente o plano falha
e Dax termina o episódio inconsolável, para não lembrar de nada
no resto da série. Perfeito!
09 - Defiant -- O tenente Thomas Riker (uma duplicata exata
do primeiro oficial da Enterprise que foi criada por um bizarro
acidente de transporte em "Second Chances", da sexta
temporada de A Nova Geração), se passando pelo comandante
William Riker, rouba a Defiant como parte de uma missão dos
Maquis. Sisko e Dukat devem novamente se unir, para evitar que tal
missão acabe levando a uma guerra entre os seus dois governos.
10 - Fascination -- É também um dos piores episódios da
série, um verdadeiro (e tristemente realizado) "DS9
apresenta: Sonhos de uma noite de verão". A embaixadora
Lwaxana "Queima tubo de imagem" Troi (interpretada por
Majel "Quem foi que deu autorização pra esta mulher
trabalhar como atriz?" Barrett) visita a estação, para
estar com Odo durante o festival de gratidão Bajoriano. Ela começa
a ter problemas com suas habilidades telepáticas, fazendo todos
os personagens ficarem apaixonados por alguém. O resto vocês
podem imaginar. Uma amostra: imaginem um Bareil, no cio, tentando
agarrar Dax e agredir Sisko (por quem a Trill fica apaixonada) e
acabar sendo nocauteado por Jadzia. Perfeito ao quadrado!
11 - Past Tense, Parts I & II -- A caminho de uma reunião
no comando da Frota Estelar na Terra, Sisko, Bashir e Dax sofrem
um acidente de transporte que os coloca na São Francisco de 2024,
em um dos períodos mais negros da história dos Estados Unidos e
da Terra. Nesta época, doentes, desempregados e sem-teto são
(literalmente) amontoados pelo governo em verdadeiros campos de
concentração urbanos e sujeitos a condições desumanas. Sisko e
Bashir vão parar em um destes "santuários", poucos
dias antes de uma rebelião dos "detentos" que tomaram a
administração e fizeram os funcionários de reféns. Tal situação
terminou em tragédia quando a Guarda Nacional invadiu o local,
com a perda de centenas de vidas. Entretanto as ações de um
"detento", Gabriel Bell, que não permitiu a morte de
nenhum dos reféns, sensibilizaram o país e o mundo, levando ao
banimento dos "santuários" e a uma total reforma
social. Entretanto, em uma reviravolta do destino, Bell acaba
sendo morto e Sisko decide tomar o seu lugar, apesar de os
registros históricos indicarem que Bell não sobrevive ao
confronto. Talvez o mais direto e cru dos episódios de Jornada
com relação a questões sociais e o ponto alto de Ben Sisko até
aquele ponto na série.
13 - Life Support -- Um acidente em uma nave auxiliar fere
mortalmente o vedek Bareil poucos dias antes da assinatura de um
importante tratado entre os Bajorianos e os Cardassianos, ato que
pode não se oficializar sem a participação efetiva de Bareil. O
doutor Bashir realiza um virtual milagre que permite a sobrevida
do líder religiosa, porém com inúmeras seqüelas.
14 - Heart of Stone -- Enquanto procurando por um membro
dos Maquis em um planeta ermo, Kira se vê aprisionada em uma
estrutura cristalina que ameaça envolvê-la por completo e levá-la
a morte. Odo tem que achar um meio de libertar a major antes que
seja tarde demais. Neste episódio também o Ferengi Nog (sobrinho
de Quark e filho de Rom) decide ser o primeiro de sua espécie a
entrar na Academia da Frota Estelar.
15 - Destiny -- Nas vésperas da primeira missão científica
conjunta Bajoriana-Cardassiana, um vedek procura Sisko e conta
sobre uma antiga profecia que, segundo a interpretação dele,
aponta para a possível destruição da Fenda Espacial (o
"Templo Celestial" segundo os Bajorianos) no curso de
tal missão. Inicialmente cético Sisko acaba tendo que refletir
sobre a sua condição de Emissário dos Profetas, à medida que
mais e mais evidências apontam para a realização de tal
profecia. Com um final absolutamente perfeito, que coloca Sisko
mais próximo de aceitar o seu papel na religião Bajoriana, o
episódio levanta interessantes questões filosóficas e as trata
com grande inteligência. Participação de Tracy Scoggins, a
capitão Lockley de "Babylon 5", como uma Cardassiana.
16 - Prophet Motive -- O Grande Nagus Zek tem uma experiência
com os Profetas, que o transformam em um ser mais esclarecido.
Este novo Zek está decidido a reformar toda a sociedade Ferengi,
transformando-a em uma mais generosa e bondosa. Quark fica
horrorizado e acaba por convencer os Profetas a desfazer o
ocorrido com o Grande Nagus e as cópias das Regras de Aquisição
rescritas por Zek são todas destruídas. Apesar de não chegar a
ponto de classificar o encontro dos Ferengis com os Profetas como
"herético", o episódio não faz nada por mim, é muito
ruim mesmo. A obviedade é a "força motriz" do episódio
e apesar do confronto final entre Quark e os Profetas acabar tendo
os seus méritos (por mais incrível que possa parecer), não
consegue redimir tudo que veio antes.
17 - Visionary -- Nenhuma temporada de DS9 seria
completa sem um episódio do tipo "vamos torturar
O'Brien", uma das marcas registradas da série. Nesta clara e
bem escrita história envolvendo paradoxos temporais, O'Brien
visita, ao longo do episódio, por breves períodos de tempo,
diferentes possíveis realidades algumas horas no futuro,
vislumbrando acontecimentos que ajudam a resolver uma complexa
situação de tensão política envolvendo Klingons, Romulanos e a
destruição de DS9.
18 - Distant Voices -- Bashir sofre um ataque telepático e
entra em coma em uma situação terminal. O único modo de se
salvar é confrontar a si próprio nos confins de sua mente
utilizando diferentes facetas de sua personalidade, as quais tomam
a forma de seus colegas de tripulação. Somente a excelente atuação
de Siddig El Fadil como Bashir se salva deste episódio, que
parece tentar redefinir o termo "falta de sutileza".
Episódio ganhador do prêmio Emmy de maquiagem.
19 - Through the Looking Glass -- Sisko tem de tomar o
lugar da sua falecida contraparte do "universo do
Espelho" para tentar convencer a Jennifer Sisko daquele
universo (que é também esposa de sua falecida contraparte e uma
cientista conceituada) a se unir aos rebeldes. No caminho ele tem
de demonstrar um grande jogo de cintura e "oferecer serviços
de alcova" às contrapartes de Jadzia e Kira. Participação
especial de Tim Russ como o Mirror-Tuvok.
20 - Improbable Cause & The Die is Cast -- Este
episódio em duas partes é o ponto alto da temporada e
provavelmente o melhor episódio duplo da história de Jornada
nas Estrelas. Uma investigação de Odo sobre um atentado
contra a vida de Garak acaba por revelar uma verdadeira teia de
intriga política, que acaba conduzindo (através de uma sucessão
de fascinantes desdobramentos) o comissário e o
"alfaiate" a bordo de uma Frota conjunta dos serviços
secretos de Romulus e Cardássia, sob o comando do antigo mentor
de Garak, Enabran Tain. Sua missão, destruir o planeta natal dos
Fundadores do Dominion no quadrante Gama. Baseado em uma trama
incrivelmente sofisticada (que utiliza elementos introduzidos
desde pelo menos "The Wire" da segunda temporada), com
direito a excepcionais diálogos e uma caracterização muita mais
complexa do que aquela normalmente encontrada em Jornada. O episódio
é uma verdadeira obra-prima. Como "bônus", o episódio
apresenta o primeiro combate entre Frotas de naves da história de
Jornada; mostra Sisko desobedecendo a uma ordem direta e
mostrando a melhor forma da Defiant em combate e transforma o
Dominion em um inimigo absolutamente formidável. Entretanto o que
fica ao final do segmento, como sempre é o objetivo nesta série,
é o drama dos seus personagens, aqui representado pela solidão
(um dos maiores males de nossa era) compartilhada entre Odo e
Garak. "Improbable Cause" foi indicado ao prêmio de
penteados.
(Em tempo: este episódio duplo é tão importante para a saga de DS9
quanto o episódio "The Coming Of Shadows" o é para
a saga de "Babylon 5").
22 - Explorers -- Sisko constrói uma réplica de uma
antiga "nave solar" Bajoriana com o intuito de provar
que os Bajorianos conseguiram chegar a Cardássia, 800 anos atrás.
Levando Jake na aventura, o episódio se mostra um substantivo
vencedor por mostrar de forma efetiva a relação entre pai e
filho e apresentar inúmeros elementos que teriam desenvolvimentos
futuros (tais como o futuro de Jake como escritor e o
relacionamento de Sisko com a capitão Yates). Em uma trama secundária,
O'Brien e Bashir terminam bêbados e cantando o clássico
"Jerusalem" em uma cena absolutamente antológica. O
episódio recebeu o prêmio "Melhor visão do futuro" de
1995 da "Space Frontier Foundation".
23 - Family Business -- Quark é levado ao planeta natal
dos Ferengis (que aparece pela primeira vez em Jornada)
para responder a acusações feitas contra sua mãe, tais como
obter lucros e usar roupas, ambas proibidas pelas leis Ferengis.
Após muita confusão e para ficar de bem com o "Leão"
Ferengi, Ishka acaba confessando os seus "crimes" e
devolvendo os seus lucros (porém Quark não sabe que ela devolveu
apenas parte deles). Mais um péssimo episódio que não sabe se
é uma comédia ou um drama familiar leve (falar da interação
entre irmãos e entre mãe e filhos) e termina por não ser nenhum
dos dois, uma perda de filme. Neste episódio Ben Sisko conhece a
sua futura esposa, a capitã Yates.
24 - Shakaar -- A pedido de Kai Winn (recém-nomeada líder
do governo provisório em virtude da morte do líder anterior),
Kira tem que retornar à sua província natal em Bajor e convencer
os seus antigos companheiros (dos tempos da resistência
Bajoriana) a devolver equipamento agrícola do governo para que
este possa ser colocado para uso comunitário. A intransigência
de Winn aponta para uma guerra civil em Bajor.
25 - Facets -- Jadzia realiza o seu Zhian'tara, um ritual
Trill que permite que ela possa interagir com os hospedeiros
anteriores (do simbionte Dax), revividos nos corpos de seus vários
amigos. Uma boa idéia prejudicada pela falta de foco no início,
alguns óbvios furos e uma fatal falha na atuação de Terry
Farrell como Jadzia Dax. O destaque fica para René Auberjonois
como um surpreendente "Odo-Curzon".
26 - The Adversary -- Sisko é promovido a capitão e
durante a cerimônia é procurado por um embaixador da Federação
que comunica que ele deve partir imediatamente em missão para
investigar um possível golpe de Estado no governo de uma raça não-aliada
com a qual a Federação já guerreou no passado. Entretanto tudo
não passa de uma manobra do Dominion para provocar uma nova
guerra entre a Federação e os Tzenkethi, usando a Defiant como
seu instrumento.
Luiz
Castanheira é editor do Trek
Brasilis
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