TNG 2×18: Up The Long Ladder

Família Buscapé da Irlanda e clones se encontram na Enterprise

Sinopse

Data estelar: 42823.2

A Frota Estelar detecta um pedido de socorro enviado do setor Ficus, num antigo código terrestre, e a Enterprise é enviada para investigar. A bordo, Worf tem um piripaque e desmaia na ponte.

Uma investigação das bases de dados do século 22 acaba revelando que o sinal deve estar vindo de descendentes da nave SS Mariposa, lançada em 2123 com duas cargas distintas, uma altamente tecnológica, outra rústica.

Pulaski diagnostica Worf com rop’ngor, uma espécie de sarampo klingon. A médica não revela a doença ao capitão. Grato pela discrição, Worf realiza com ela a tradicional cerimônia do chá klingon.

Chegando ao planeta Bringloid V, a Enterprise encontra a fonte do sinal automático de perigo, disparado por alta atividade estelar. Riker desce ao planeta e encontra os remanescentes de uma colônia humana. Descendentes de fazendeiros irlandeses, eles são trazidos a bordo. Seu líder, Danilo Odell, pergunta a Picard sobre o paradeiro da outra colônia, indicando que a Mariposa transportava dois grupos distintos.

Enquanto Riker desfila seus dotes de cavalheiro para Brenna Odell, filha de Danilo, a Enterprise encontra a segunda colônia, Mariposa, num sistema a meio ano-luz de distância de Bringloid. Altamente tecnológica, ela é feita apenas de clones dos cinco sobreviventes originais. Mas sua capacidade de replicar sua população está se esgotando.

O líder de Mariposa, primeiro-ministro Wilson Granger, pede a Picard que ceda o material genético de sua tripulação para a criação de novos clones. Quando todos se recusam, os mariposanos clonam Riker e Pulaski contra a vontade deles. Ao saber do ocorrido, Riker destrói os clones em fase de cultivo, o que parece condenar a colônia à extinção.

Então surge a ideia de reunir as duas colônias. O pessoal de Danilo Odell certamente pode ajudar os mariposanos a se reproduzir por meios naturais, ainda que a nova sociedade deva ser poligâmica para aumentar a diversidade genética da população. Relutantemente, Granger concorda, e as duas populações são integradas.

Comentários

“Up the Long Ladder” parte de uma premissa interessante, envolvendo drama sci-fi numa situação dramaticamente plausível, mas nada consegue disfarçar algumas das inadequações da história. Talvez tenha a ver com o fato de que ele é em sua maior parte escrito para ser engraçado – e nem sempre consegue.

O conceito “família Buscapé no espaço”, trazido pelos colonos irlandeses, soa forçado. O constrangimento se eleva ainda mais com Riker bancando o galã para a durona e carismática Brenna Odell.

Igualmente descartável para o episódio é toda a sequência envolvendo o piripaque de Worf. A impressão que dá é que esse pedaço da história foi criado com o único propósito de gerar algum suspense no teaser. Tanto que a trama é despachada ainda no primeiro ato, numa interação simpática entre o klingon e Pulaski, e não se fala mais no assunto depois disso.

Nada contra a apresentação de situações de “convívio” na Enterprise, mas chega a ser quase uma trapaça a forma como isso é feito aqui.

A história melhora quando encontramos a segunda colônia, e ela é totalmente composta por clones. É quando o episódio engrena e traz algumas de suas noções mais interessantes. Chega a impressionar como a roteirista Melinda Snodgrass chegou perto de apontar um problema ao se fazer clones de clones de clones.

Não tem a ver com erros de replicação, como diz o episódio, mas com o encurtamento dos telômeros, estruturas na ponta dos cromossomos que protegem o material genético de se desmanchar. Os telômeros vão encurtando ao longo da vida, e cada nova clonagem partiria de material genético com telômeros mais e mais encurtados, até possivelmente inviabilizar a cópia. Tudo isso, contudo, só seria descoberto após a clonagem da ovelha Dolly, nos anos 1990. A Nova Geração estava à frente de seu tempo aqui.

Da mesma maneira, Snodgrass acerta ao apresentar os problemas de uma população originada a partir de apenas cinco indivíduos. A baixa diversidade genética ocasionada pelo cruzamento entre parentes ao longo das gerações acabaria por produzir muitas doenças e levar ao colapso da colônia. De fato, a única solução para o povo de Mariposa seria a clonagem.

Por fim, a solução de misturar as duas colônias é perfeita, tanto do ponto de vista biológico como do filosófico. É um argumento em favor da importância de equilíbrio entre o natural e o artificial em uma sociedade.

Contudo, “Up the Long Ladder” em nenhum momento escapa da autossabotagem, com diálogos fracos, humor escrachado e personagens caricatos. A despeito das boas inspirações e intenções, o segmento fica bem longe dos melhores episódios da temporada.

Avaliação

Citações

“Sometimes, Number One, you just have to… bow to the absurd.”
(Algumas vezes, Imediato, você tem de simplesmente… se render ao absurdo.)
Picard

Trivia

  • De acordo com a roteirista Melinda Snodgrass, essa história foi pensada como uma crítica à política de imigração americana. “Eu queria que fosse algo que diria que algumas vezes esses forasteiros que você acha que são tão fedidos e da cor errada podem trazer enormes benefícios à sua sociedade, porque trazem vida e energia. Era isso que eu queria expressar. Agora, meu chefe à época, era Maury Hurley, que é um grande irlandês e lidera o desfile do Dia de São Patrício. Quando eu estava descrevendo a ele o que eu queria fazer, eu estava tentando achar uma analogia, e eu falei que seria como uma pequena vila de ferreiros irlandeses, e ele amou tanto que me fez fazê-los ferreiros irlandeses. Eu disse, ok, e foi assim que a história surgiu.”
  • Apesar das intenções originais, Snodgrass admite que reescritas e restrições orçamentárias impediram que a crítica original aparecesse claramente na história.
  • O título do episódio vem de uma expressão popularizada numa canção irlandesa, “up the long ladder and down the short rope” (Acima pela longa escada e abaixo pela corda curta). A expressão, como usada, parece fazer referência à questão genética, já que a molécula de DNA tem o formato de uma longa escada torcida.
  • Originalmente, o episódio se chamaria “Send In the Clones”, uma brincadeira com a canção “Send In the Clowns”, de Stephen Sondheim.
  • A palavra irlandesa “Brionglóid” significa “sonho”.
  • Wil Wheaton não aparece neste episódio.
  • Os bodes usados nas cenas com os blingloidis eram criados pelo chefe de objetos de cena Alam Sims e sua família.
  • O episódio recebeu diversas críticas, segundo Snodgrass. “Eu fui bombardeada pela coalizão do direito à vida, porque eles destruíram os clones. Eles acharam que eu estava defendendo o aborto. De fato, eu coloquei uma fala na boca de Riker que era muito pró-escolha e a coalizão do direito à vida ficou maluca. Ele diz: ‘Eu disse que você não pode me clonar e você o fez contra a minha vontade, e eu tenho o direito a ter controle sobre meu próprio corpo’. Esse é meu sentimento e era a minha causa, e tive de defendê-la. Fui apoiada por Maurice o tempo todo.”
  • O diretor Rick Kolbe curtiu o trabalho. “Foi muito divertido. Não precisei me sentar lá e falar para as pessoas não exagerarem. Eu queria um contraste entre os nossos caras, que são rígidos e sérios, e os irlandeses do episódio, que eram doidinhos.”

Ficha Técnica

Escrito por Melinda M. Snodgrass
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 22 de maio de 1989

Título em português: “A Espiral da Vida”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi

Elenco convidado

Diana Muldaur como Katherine Pulaski
Barrie Ingham como Danilo Odell
Jon De Vries como Wilson Granger/Victor Granger
Rosalyn Landor como Brenna Odell
Colm Meaney como Miles O’Brien

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Roberta Manaa

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