VOY 1×05: The Cloud

Remake de episódio clássico tenta focar nos personagens, mas tem recheio de tecnobaboseira

Sinopse

Data estelar: 48546.2

Querendo levantar o moral da tripulação, Janeway se anima a explorar uma nebulosa que emite altos níveis de partículas ômicron, úteis para as reservas de energia da nave. Mas, assim que a Voyager entra na nuvem, encontra uma barreira de energia que a leva a uma parada total. Forçando a entrada com feisers, a nave continua em direção ao centro da anomalia, até ser bombardeada com glóbulos peculiares que se prendem ao casco. A capitão ordena a saída da nebulosa.

Com o fim da diversão, Paris convida Kim a juntar-se a ele em um novo programa do holodeck, uma recriação do bar francês Chez Sandrine, que frequentava nos tempos da Academia. Enquanto isso, Torres passa seu tempo analisando um dos glóbulos que se prenderam ao casco. O estudo revela que os glóbulos são elementos orgânicos de uma forma de vida muito maior. Em outras palavras, a nebulosa é na verdade uma entidade viva e os fenômenos que encontraram fazem parte de seus sistemas naturais de defesa. Preocupada que o encontro com a Voyager possa ter ferido gravemente uma forma de vida inocente, Janeway propõe que eles retornem e reparem o mal causado.

A Voyager então se prepara para irradiar a “ferida” com um raio nucleônico. Logo antes de fechá-la, a Voyager consegue escapar da nuvem e traça um curso para um planeta onde pode recuperar as reservas de energia perdidas. No percurso, a capitão acompanha Paris e seus outros oficiais no Chez Sandrine, onde todos se surpreendem com sua habilidade na sinuca.

Comentários

“The Cloud” é quase um remake de um dos clássicos da série original de Jornada nas Estrelas: “The Immunity Syndrome”. Só que o original é muito melhor.

Na versão dos anos 1960, Kirk, Spock e cia. encontram uma enorme criatura espacial que estava vagando pelo espaço. A ameba gigante tinha como passatempo predileto jantar naves da Federação. Isto é, até encontrar a Enterprise, que acabou explodindo a criatura.

Em Voyager, série adepta do tom “vamos preservar a natureza”, a nave encontra uma nebulosa e só depois descobre que se trata de um alienígena gigante. Em vez de fazer o papel de exterminadores espaciais, como na Série Clássica, os tripulantes da Federação decidem ajudar a criatura alienígena, que foi involuntariamente machucada pela própria invasão “cirúrgica” da Voyager.

De resto, muita tecnobaboseira, empacotada com desenvolvimento da interação entre os personagens. Paris mostra seus interesses holográficos, Janeway se aproxima da tripulação, por intermédio de Harry. Chakotay mostra mais sua cultura indígena.

Todos esses desenvolvimentos não têm a menor relação com a história, fazendo com que o trabalho de roteiro se aproxime mais do estilo “novela”. Ou seja, grande parte das cenas não servem para desenrolar os eventos, mas apenas para “mostrar” o cotidiano dos personagens.

Pode parecer “encheção de linguiça”, mas, como os personagens ganharam mais textura graças a esses pequenos interlúdios, no fim, valeu a pena.

Resumindo, trata-se de uma história fraca e esquecível. Mas vale a pena conferir este episódio sob a luz da Série Clássica, notando as diferenças operadas em Jornada durante mais de trinta anos, “civilizadamente” indo aonde ninguém jamais esteve. Os caubóis do programa original dão lugar a pessoas muito mais cientes de seus arredores e de suas responsabilidades como exploradores. O que, claro, nem sempre propicia as maiores emoções. O episódio todo parece cozido em banho-maria. E dá-lhe tecnobaboseira!

Avaliação

Citações

“Well, uh, lets see if we can’t find some space anomaly today that might rip us apart.”
(Bem, uh, vamos ver se não conseguimos encontrar alguma anomalia espacial hoje que possa nos partir em pedaços.)
Neelix

“Somebody picked your pocket, on Earth?”
“Oh, they just do it for the tourists. They give it back, usually.”
(Alguém bateu sua carteira, na Terra?)
(Oh, eles fazem isso para os turistas. Eles devolvem, normalmente.)
Kim e Paris

Trivia

  • Neste episódio ficamos sabendo mais sobre Tom Paris e Harry Kim, inclusive conhecendo um salão de bilhar francês que Paris criou no holodeck, elemento que permaneceria com a série por algum tempo no futuro. Também ficamos sabendo mais sobre a ansiedade de Neelix e o espírito de aventura de Kes, além do conhecimento de Chakotay sobre seus ancestrais nativo-americanos.
  • É interessante também a dúvida da capitão Janeway: do que a tripulação precisa nesse momento difícil? De uma capitão “maior-que-a-vida”, ou de uma capitão “amiga”? Na cena final, no salão de bilhar de Tom Paris, descobrimos a resposta. Cenas como essa mostram que esse episódio, “The Cloud”, é mais sobre pessoas do que sobre a premissa em que a aventura é assentada.
  • A premissa original partiu do roteirista Brannon Braga, que sugeriu uma história sobre “a gente ferindo essa criatura e tendo de ajudá-la”. “Minha noção original era de que essa grande nebulosa se revela uma forma de vida; basicamente Viagem Fantástica com a Voyager presa no sistema dessa forma de vida, e no fim usando a nave como um marca-passo para reparar os danos produzidos.”
  • Coube ao showrunner Michael Piller dar forma final ao roteiro, reescrevendo-o praticamente do zero. “Eu me sentei na máquina de escrever sabendo que tínhamos a parte da nuvem da história. Foi um episódio interessante de efeitos especiais nesse sentido, mas era tão caro que não podíamos gastar muito tempo nisso, então tivemos de bolar mais material”, disse. “Para ser honesto, eu só me sentei um dia, não planejei como ia resolver os problemas e apenas comecei a escrever.”
  • O alto custo dos efeitos visuais é parcialmente compensado pelo fato de que se trata de um “bottle show”, ou seja, um episódio inteiramente filmado nos cenários fixos da Voyager (com a criação do Chez Sandrine, que seria usado novamente)
  • A curta sequência de Janeway com seu “animal-guia” foi feita no estúdio 16 da Paramount, num pequeno set para emular uma praia. A cena incorpora uma filmagem do oceano que foi feita pelo coordenador de efeitos visuais Ronald B. Moore.

Ficha Técnica

História de Brannon Braga
Roteiro de Tom Szollosi e Michael Piller
Dirigido por David Livingston

Exibido em 13 de fevereiro de 1995

Título em português: “A Nuvem”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Larry Hankin como Gaunt Gary
Angela Dohrmann como Ricky
Judy Geeson como Sandrine
Luigi Amodeo como “o gigolô”

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Susana Alexandria

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