O produtor e diretor J. J. Abrams concedeu uma entrevista exclusiva ao site TrekMovie, onde foram discutidos assuntos como DVD/Blu-ray, cenas deletadas e o próximo filme. Veja também um comentário de Abrams a emissora G-4, sobre os Klingons.
Que aspecto do DVD e Blu-ray deixou você mais animado? Que coisas gostou de ver lá?
Abrams: “Muitas. Acho que o segmento de Ben Burtt (sonoplasta) é maravilhoso, e como um grande fã dele, é uma emoção que tenha uma parte lá. Acho que olhando para o trabalho, os efeitos visuais são, obviamente, uma grande parte disto, de modo que ver os detalhes do que foi a coisa é incrível. As gafes realmente me fizeram rir. Todo o processo de escalar o elenco, encontrar as pessoas e ver as seções de teste foi divertido… mas quando você começa a dividir o tipo de trabalho com pessoas como (Designer da Criatura) Neville Page e (llustrador) James Clyne, sob a supervisão de (Designer de Produção) Scott Chambliss, é algo magnifico de se ver. Você tem uma noção de quanto trabalho foi para eles, e não apenas na construção e execução, mas na concepção e no design. Foram milhares de horas gastas nisso, e se o trabalho for bem feito, é invisível. Então, para começar a vê-lo destacar-se desta maneira, e como um fã de filmes, eu realmente aprecio”.
Você mencionou as gafes, que são hilárias, e notei que começou com Chris Pine fazendo o clássico “Space, the final frontier …”. Foi algo que vocês registraram como uma alternativa para o final do filme, ou foi apenas uma brincadeira?
Abrams: “Não, isso foi algo que nós gravamos, porque pensamos: – “Isso tem de ser Kirk, certo?” – E isso foi mesmo algo que Kevin Smith disse que teria de ser Kirk no final. Mas, no final das contas, apenas achamos justo dar a Nimoy, dar a Spock Prime, a última palavra”.
“Para mim, honestamente, quando você ouve (a fala ao fundo), parece mais uma despedida do que o momento de Kirk. Entendi assim, e acho que qualquer um dos dois teria funcionado, mas há uma coisa, especialmente levando em conta o legado de Nimoy e seu envolvimento com isso, que de alguma forma me fez sentir bem. E, francamente, sua voz é tão evocativa, que me deu uma sensação mais forte emocionalmente”.
Sobre as cenas excluídas. Seu ponto era de que pudessem ser de interesse para nós Trekkies, mas que não funcionariam para um público geral, especialmente a parte Klingon, que foi muito legal. Agora, depois de observá-los, eu concordo com isso, mas no mundo do DVD, você sugeriu que talvez fosse possível, nós termos uma versão ampliada. O que você acha dessa idéia?
Abrams: “É engraçado. Eu nunca me comovi, ainda, em montar uma versão que fosse alguma coisa estendida ou corte do diretor. Sempre trabalhei em algo que tenha sido transferido para o DVD, eu, de certa forma, sinto que ‘O filme foi o filme’ e deve ser deixado como está. Certamente, há momentos em que o diretor tem conflitos com o estúdio e é uma maneira de dar a última palavra e a sua versão, eu posso ver isso, e quando acontecer comigo, tenho certeza de que serei movido a fazê-lo. Mas quanto a isso, francamente, pareceu que perder essas cenas foi o de melhor para o filme. E uma versão estendida certamente poderia existir, e alguém poderia chegar e editá-las, mas acho que o filme está mais bem servido sem essas cenas. Embora eu adorasse os aspectos de tudo o que foi cortado, em última análise, elas foram cortadas por uma razão”.
Olhando para toda a avaliação sobre o filme, houve algo que tenha deixado você muito orgulhoso? E também, qualquer possível avaliação negativa que você considerou, coisas que você poderia querer mudar?
Abrams: “…a coisa que me fez mais feliz foi que muitos estavam dizendo que era intransponível, “como é que você de uma maneira possivel vai reformular este filme, como você de uma maneira possivel terá esses personagens vivendo sem estes atores originais interpretando-os?”. Que esse desafio parece ter sido cumprido. Que este elenco era agradável de assistir, simpático, relacionável, e os atores eram talentosos o suficiente, que a crítica foi silenciada e fomos capazes de permitir que a tripulação da Enterprise viva com uma nova geração de atores. E isso para mim é a maior conquista, que vai totalmente para os atores e o trabalho que eles fizeram”.
“Em termos de críticas, concordo com quase todas as críticas que eu li. É difícil não ser duro com o trabalho que você faz. Então, quando eu ouço alguém dizer “Nero não era suficientemente complicado” Eu digo “sim, isso é certo.” Ou, se eu ouvir “há alguns momentos – esta coincidência louca que Kirk encontra Spock na caverna de gelo e que o levou para fora dela”, eu posso ver isso. Eu realmente não ouvi muita coisa que eu não concordasse. Se alguém diz “a música Giacchino não funciona” Eu concordo, mas essa é uma questão de gosto e você não pode se explicar sobre isso. Assim, na maior parte, estou extraordinariamente orgulhoso com o elenco, realmente honrado de estar envolvido neste filme. Foi uma experiência incrível”.
Você e os escritores falaram sobre como gostariam de ir mais fundo na sequência de Star Trek, contando uma história alegórica como na velha escola de Jornada. Você está prevendo para o próximo filme ter uma mensagem, como Star Trek IV teve haver com ‘salvar as baleias?
Abrams: “Ainda é muito cedo para falar sobre o que próximo filme será ou o que nós estamos imaginando, uma vez que estamos apenas começando. Mas, eu diria que devido ao primeiro filme ser sobre esses personagens que se reuniram, há uma inerentemente mais imediata e, de certa forma ingênua, qualidade para esse tipo de história de origem. Acho que a chave para Star Trek avançar é manter o senso de aventura e diversão e emoção, e ao mesmo tempo, ir um pouco mais fundo. Agora que essas pessoas se conhecem, como qualquer amizade que você tem, o primeiro mês de conhecer essa pessoa não vai ser a mesma coisa que no primeiro ano, ou no ano quinto ou décimo ano. Ninguém quer um filme que seja de ‘lição moral’. Ninguém quer um filme que pareça ser moralista ou algum manifesto, mas eu sinto que ele tem de ir um pouco mais fundo. Eu não acho que isso é algo que você realmente possa argumentar. Não é mais esta reunião de pessoas diferentes, pela primeira vez. São pessoas que tem estado juntas por dias, semanas ou meses, este é um grupo que não está mais apenas começando a conhecer uns aos outros. Parece que, espontaneamente, o filme tem de ir mais fundo. A idéia de que seja algum tipo de alegoria não é para dizer que estamos procurando fazer o filme para algum tipo de filme de mensagem, mas seria legal se depois de sair do cinema, após ver o segundo filme, você sentisse que passou por algo significativo. Estamos apenas tentando oferecer uma história que seja tão rica quanto possível, e divertida quanto possível, mas não estamos esperando por um debate apaixonado”.
Outros assuntos foram abordados por Abrams na entrevista que passamos a resumir abaixo:
- Espera que o DVD/Blu-ray vá ajudar a criar “convertidos” para impulsionar as vendas no exterior para uma sequência (como aconteceu com Batman Begins e The Dark Knight);
- “Ter no elenco uma estrela internacional”, seria realmente uma boa ideia para ajudar a sequência fora dos EUA;
- Abrams diz que “não sabe se poderá ter” o amigo Greg Grunberg no próximo filme, “seria adorável vê-lo como um redshirt”;
- A nova linha temporal para a sequência, permitirá à equipe “usar um pouco do que foi feito antes, de uma nova maneira”, mas eles “nem mesmo descobriram” o que podem usar a partir do original;
- Ainda está considerando dirigir um filme, ainda sem nome, para 2010, o que o “impede” de ser capaz de dirigir MI:4 (que também deve entrar em produção em 2010);
- Como a sequência de Star Trek está agora programada para lançamento em 2012, ele estará disponível para dirigi-la “em teoria” e “que seria divertido fazer”, mas não pode decidir até que haja um script;
J. J. Abrams apareceu no programa Attack of the Show da emissora G4, onde falou um pouco mais sobre os Klingons. Ele admitiu que foi difícil cortar a cena da prisão Klingon. “Eu odiei não ter que colocá-la no filme”, disse Abrams, que passou a descrever os Klingons após ser perguntado se eles eram iguais aos da Série Clássica, ou de A Nova Geração. “Foi uma espécie de truque, porque você não vê seu rosto completo nestes capacetes”, disse ele. “E foi, literalmente, feito de forma parcial por essa razão. Foi simplesmente porque não queríamos ir para esse lado porque não estávamos indo para lá, mas você vai ver que mesmo os capacetes tem este tipo de cristas em cima, desse modo é um pequeno sinal”.
E quanto a ter Klingons em Star Trek 2? “Eu acho que seria difícil não fazer isso”, finalizou.
Fonte: Trek Movie e TrekToday