TNG 1×19: Heart of Glory

No primeiro episódio klingon, Worf finalmente deixa de ser peça decorativa da Enterprise

Sinopse

Data estelar: 41503.7

A Enterprise resgata de um cargueiro talariano um trio de klingons. Eles dizem ter sido atacados por uma nave ferengi, mas na verdade são fugitivos tentando reconstruir os dias de passado de luta de seu império. Eles sequestraram a nave de carga e destruíram o cruzador klingon enviado para capturá-los.

Sem saber das intenções reais dos klingons, Picard instrui o tenente Worf a oferecer todas as comodidades aos visitantes. Enquanto isso, uma nave klingon se aproxima e seu capitão revela a Picard quem são seus “convidados”, exigindo extradição imediata.

Antes que Picard possa entregá-los às autoridades, um deles consegue fugir, e o outro é morto. O renegado sobrevivente, Korris, assume o controle da engenharia e ameaça destruir a Enterprise.

Tentando salvar sua nave e tripulação, Worf resolve conversar e Korris tenta convencê-lo a se juntar a ele, fugindo com a seção de batalha da Enterprise. Dividido entre sua nova vida e seus instintos guerreiros, Worf chega à conclusão de que o maior desafio de um guerreiro é interior. E então mata o renegado, convencido de que seu lugar é a bordo da Enterprise.

Comentários

Finalmente descobrimos o que Worf está fazendo na ponte da Enterprise! Esta é a sensação que fica após “Heart of Glory”, um dos melhores episódios do primeiro ano. A premissa do episódio é justamente esta: provar que colocar Worf a bordo da nave, à revelia do próprio Gene Roddenberry, foi uma boa.

E a conclusão é sintetizada na frase final de Picard a Worf: “A ponte não seria a mesma sem o senhor.” Não dava para dar dica maior.

Em termos de enredo, ele tem vários elementos que sustentam o interesse. Primeiro, temos uma chance de ver que a paz entre a Federação e o Império Klingon não é tão estável e segura como a presença de Worf na Enterprise sugeria. Segundo, podemos ver klingons “à moda antiga”, odiáveis, sedentos de batalha, guerreiros e hostis aos humanos.

Também começamos a ter lampejos sobre a cultura klingon, algo que viraria um elemento importante da série ao longo de suas sete temporadas. Mas a verdadeira meta aqui é explorar onde está a lealdade de Worf – com seu sangue guerreiro ou com os princípios da Frota. O que ele descobre é que seus dois lados não são contraditórios – a verdadeira sagração de um guerreiro é enfrentar a batalha que Worf estava enfrentando, ao decidir de que lado ele deveria ficar.

Ao manter o controle e ressaltar a seu colega Korris a importância de honra e lealdade para um guerreiro, Worf estava mais que solucionando o episódio, mas ditando a tônica da “nova” cultura klingon do século 24, baseada em um forte senso de honra, largamente ausente na Série Clássica.

É verdade que aqui Worf ainda está muito humanizado. Ao longo das próximas temporadas, ele acabaria por mostrar mais sua natureza klingon. Mesmo assim, “Heart of Glory” é um marco, sobretudo para um personagem que estava até agora servindo como peça decorativa na ponte.

Tecnicamente, o episódio mistura bons e maus momentos. Visualmente interessantes são os cenários a bordo do cargueiro talariano e o experimento que permite à ponte monitorar a visão de Geordi. Já um ponto negativo vai para o disruptor improvisado dos klingons. Depois de montada, a arma se mostra toda frouxa e torta. Só com muita boa vontade para achar que funciona.

Avaliação

Citações

“That is not our way. Cowards take hostages. Klingons do not.”
(Esse não é o nosso jeito. Covardes fazem reféns. Klingons não.)
Worf 

“My brother, it is you who does not see. You look for battles in the wrong place. The true test of a warrior is not without, it is within.”
(Meu irmão, é você que não vê. Você procura por batalhas no lugar errado. O verdadeiro teste de um guerreiro não está fora, está dentro.)
Worf

“How did they die?”
“They died well.”
(Como eles morreram?)
(Morreram bem.)
K’Nera e Worf 

Trivia

  • O episódio nasceu de uma premissa de D.C. Fontana e Herbert Wright, chamada “Once a Klingon”, que acabou radicalmente reescrita por Maurice Hurley. De acordo com o diretor Rob Bowman, Hurley fez o roteiro final em dois dias.
  • Na opinião de Larry Nemecek, autor de vários livros de referência de Star Trek, este episódio fez por Worf a mesma coisa que o episódio da Série Clássica “The Naked Time” fez para enriquecer o personagem Spock.
  • Robert Bauer, que aqui interpreta Kunivas, foi convidado a participar do episódio por ser o baterista da banda The Watch, que tinha na época Michael Dorn (Worf) no baixo.
  • Vaughn Armstrong, o klingon Korris, faz seu primeiro papel em Star Trek aqui. Ele teria ao todo 12 papéis, distribuídos entre A Nova Geração, Deep Space Nine, Voyager e Enterprise. O mais notório deles é o do almirante Forrest, personagem recorrente de Enterprise.
  • Embora o “klingonês” do episódio tenha sido baseado no Dicionário Klingon, de Marc Okrand, as frases escritas por Maurice Hurley não fazem sentido algum se você for tentar traduzir.
  • As cenas com a nave klingon classe K’t’inga foram recicladas de Jornada nas Estrelas: O Filme.

Ficha Técnica

História de de Maurice Hurley e Herbert Wright & D.C. Fontana
Roteiro de Maurice Hurley
Dirigido por Rob Bowman

Exibido em 21 de março de 1988

Título em português: “O Âmago da Glória” 

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William T. Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Gates McFadden como Beverly Crusher
Marina Sirtis como Deanna Troi
Wil Wheaton como Wesley Crusher
Denise Crosby como Natasha “Tasha” Yar

Elenco convidado

Vaughn Armstrong como comandante Korris
Charles H. Hyman como tenente Konmel
David Froman como comandante K’Nera
Robert Bauer como Kunivas
Brad Zerbst como enfermeiro
Dennis Madalone como Ramos

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Edição de Maria-Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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