Easter eggs e referências de “There Is A Tide…”

ATENÇÃO: ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS!

O 12º episódio, penúltimo da 3ª temporada de Star Trek: Discovery“There Is A Tide…”, contém muitos easter eggs e referências das demais séries e filmes de Star Trek. Veja a seguir os que encontramos.

Contando os 787 episódios das séries, inclusive “The Cage” e 13 filmes, este é o 800º lançamento de Star Trek.

Foto de @GeekFilter

Este é um dos três episódios desta temporada de Discovery dirigido por Jonathan Frakes. Ele também dirigiu “The Sanctuary” e “People of Earth”. No total, Frakes já dirigiu 22 episódios de Star Trek: 8 de Star Trek: The Next Generation, 3 de Deep Space Nine, 3 de Voyager, 2 de Picard, e 6 de Discovery.

O título do episódio vem da peça Júlio César (Ato IV, Cena III), de Shakespeare, onde Brutus explica a Cássio que “Há uma maré nos assuntos dos homens. O que, tomada na enchente, leva à fortuna”, o que é uma metáfora para reconhecer e aproveitar uma oportunidade na hora certa. O original de Shakespeare e a tradução para português, feita por um especialista, estão abaixo.

There is a tide in the affairs of men.
Which, taken at the flood, leads on to fortune;
Omitted, all the voyage of their life
Is bound in shallows and in miseries.
On such a full sea are we now afloat,
And we must take the current when it serves,
Or lose our ventures.”

William Shakespeare, Julius Caesar Act 4, scene 3, 218–224.

Os negócios humanos apresentam
altas como as do mar: aproveitadas,
levam-nos as correntes à fortuna;
mas, uma vez perdidas, corre a viagem
da vida entre baixios e perigos.
Ora flutuamos na maré mais alta.
Urge, portanto, aproveitar o curso
da corrente, ou perder nossas vantagens.

Osyraa manda Viridian atirar na Discovery para garantir sua entrada na área da Frota Estelar. O truque de capturar uma nave e atirar nela para entrar em um lugar foi usado há apenas duas semanas no final da temporada de The Mandalorian, com a Slave I perseguindo uma nave modelo Imperial Shuttle para entrar no cruzador de Gideon. Veja a cena aqui

 

Enquanto a Discovery está perto do QG da Federação, a comandante Willa (Vanessa Jackson) diz ao almirante Vance (Oded Fehr) que o resíduo bariônico da Discovery e da Viridian, nave de Osyraa, correspondem ao da nebulosa Verubin. Resíduo bariônico refere-se à varredura de baryon; um ciclo de manutenção que remove grandes quantidades de radiação que se acumulam nos cascos das naves estelares. Essa ideia foi introduzida pela primeira vez no episódio “Starship Mine” de Star Trek: The Next Generation. Burnham tem sua própria aventura, que lembra Picard tomando de volta a Enterprise durante a varredura bariônica.

Osyraa pergunta pelos dados extras que não podem ser excluídos do computador da Discovery. Quando manda descartá-los, , vemos um par de olhos aparentemente escondidos em uma das telas do computador. Os olhos são de Buster Keaton, o famoso ator de filmes mudos. O computador da Discovery estava mostrando à tripulação filmes de Buster Keaton no episódio “Forget Me Not”.

Kanak (Lisa Berry), a reguladora que conversa com Osyraa, é da mesma espécie desconhecida da jovem Kima e de sua mãe, no episódio “Children of Mars” dos Short Treks.

Os dispositivos da Corrente Esmeralda usam a escrita da linguagem Orion.

Enquanto atravessam o túnel transdobra na nave do Book, cheia de detritos e partes de naves estelares destruídas, Michael chama atenção para uma nave da classe Wanderer. A classe Wanderer foi uma nave de bloqueio classe V utilizada pelos Orions antes ou durante a década de 2360. Esse túnel é semelhante ao espaço subespacial Vaadwaur do quadrante Delta, visto no episódio “Dragon´s Teeth” de Voyager.

Este episódio traz o  tão esperado retorno do ator convidado recorrente Kenneth Mitchell, que fez os papéis dos klingons Kol, Kol-Sha e Tenavik  e na 1ª e 2ª temporadas de Discovery Mitchell também fez três vozes diferentes no episódio “Veritas”, em Star Trek: Lower Decks. Assim, este novo personagem, um humano chamado Aurellio, cientista da Corrente Esmeralda, em Discovery, é seu sétimo personagem de Star Trek. O ator revelou publicamente que está sofrendo de esclerose lateral amiotrófica (ELA) desde 2018.

Um das naves da Frota Estelar, estacionada na sede, é a USS Song (NCC-325084), uma nave do tipo 5 (ver os tipos de naves aqui). Uma inspeção minuciosa, no entanto, revela que a USS Song também foi a nave tipo Song vista no final de “Die Trying”.

Foto original de Jörg Hillebrand @gaghyogi49

Embora tenhamos visto imagens dos novos feisers do século 32 desde o início da 3ª temporada, este é o primeiro episódio de Discovery em que estamos realmente vendo esses feisers serem utilizados. Burnham primeiro usa o feiser para cauterizar uma de suas feridas, e mais tarde usa-o para atordoar os guardas na seção do cubo de esporos da nave. Esses novos feisers têm um feixe azul sólido, que é muito semelhante ao da Série Clássica.

Enquanto estão presos, Bryce (Ronnie Rowe Jr.) e Rhys (Patrick Kwok-Choon) se comunicam em código morse. Owo (Oyin Oladejo) menciona que isso é algo que eles aprendem em seu primeiro ano na Academia da Frota Estelar. Isso lembra Scotty usando o código morse em Star Trek V: A Fronteira Final. Ele usa “fique atrás” (“stand back” em inglês), em código morse , momentos antes de explodir um buraco através da parede da prisão, libertando Leonard McCoy, Spock e James T. Kirk. enquanto a Enterprise era controlada por Sybok, que é o outro meio-irmão de Burnham. Veja a cena a seguir.

Enquanto o almirante Vance conversa com Osyraa, Eli, um holograma, serve como detector de mentiras biométrico. Eli é interpretado por Brendan Beiser, que os fãs de Arquivo X podem lembrar como o agente Pendrell e que apareceu  também como Eli, um holograma médico no episódio “Dye Trying” (veja aqui).

Quando Aurellio (Kenneth Mitchell) fala com Stamets, este menciona que adoraria ouvir ópera andoriana, mas seu amor pela ópera vem diretamente de seu amor por Culber. Na 1ª temporada, Paul admitiu que odiava ópera, mas que iria suportá-la porque amava Culber.

Stamets menciona que o tipo de DNA dele é de uma versão extinta de um tardígrado mutante. Isso se refere ao Ripper da 1ª Temporada da Discovery, que, presumivelmente, está morto há muito tempo. Se considerarmos os eventos do episódio “Ephraim e Dot” dos Short Treks como cânone, alguns tardígrados podem se mover através do tempo e do espaço muito rapidamente.

Burnham envia um pedido de socorro para sua mãe, que está em Ni’Var, solicitando ajuda de todo Qowat Milat . Isso pode resultar na chegada de forças vulcanas/romulanas combinadas no próximo episódio, o último da temporada. Se eles vierem salvar o dia, será o quarto final de temporada de Star Trek consecutivo com um resgate no último momento, com ajuda externa: klingons e kelpiens em “Such Sweet Sorrow, Part 2”, o episódio final da 2ª temporada de Discovery; Riker e a armada da Frota Estelar em “Et in Arcadia Ego, Parte 2”, o episódio final da primeira temporada de Star Trek: Picard e Riker e a USS Titã em “No Small Parts”, o episódio final da 1ª temporada de Star Trek: Lower Decks.

Burnham usa o protocolo de supressão interna de fogo da USS Discovery para ativar uma câmara de ar, para se livrar de Kanak (Lisa Berry), a reguladora que a está atacando nos tubos Jefferies. Lisa Berry é conhecida pelos fãs de Supernatural como Billie.

La Forge e Crusher fizeram algo semelhante no episódio “Disaster” de Star Trek: The Next Generation. Esta  foi ativada manualmente, e aconteceu porque eles queriam mesmo apagar um incêndio.

Consideramos este episódio uma homenagem ao filme Duro de Matar, com Bruce Willis como John McClane. São muitas as semelhanças: os heróis entram em um lugar tomado por terroristas, que tem reféns, estão se escondendo em dutos (de ar no caso de McClane e tubos Jefferies no caso de Michael), ficam sem as botas, mostram os pés ensanguentados, mandam alguém para fora (McClane para fora do prédio, Michael através da comporta de ar) e falam com os bandidos através do rádio. Pelo menos ela não teve que andar em cima de vidro quebrado. Outros episódios de Star Trek que prestaram homenagem a Duro de Matar  incluem “Starship Mine” de Star Trek: The Next Generation,  “Civil Defense” de Deep Space Nine e “Macrocosm” de Voyager.

O almirante Vance diz que as matrizes dos replicadores de comida usam “merda” como matéria prima, que é reorganizada para fazer comida de verdade.  Trip Tucker tinha uma fala semelhante no episódio “Breaking the Ice” de  Star Trek: Enterprise, quando a tripulação da ponte estava respondendo perguntas de alguns alunos de uma escola na Irlanda.

A data estelar do documento de armistício de Osyraa diz “Stadate 29141429.1”, colocando este episódio aproximadamente no ano 31403, que está bem fora da faixa correta de datas estelares do século 32.

O logotipo no armistício, na tela e na cadeira de Aurellio, visto durante toda a temporada, é mesmo o logotipo da Corrente Esmeralda.

Michael aplica uma pinça vulcana em Stamets, para colocá-lo em uma cápsula de fuga. Ela foi vista pela última vez usando essa pinça vulcana na capitão Georgiou em “The Vulcan Hello”, o primeiro episódio de Star Trek: Discovery. Veja aqui alguns não vulcanos que foram capazes de aplicar a pinça vulcana.

Bunrham usa uma sobrecarga do feiser para fazer um buraco na lateral da nave, que enviará Stamets para o QG da Federação. A primeira vez que vimos uma sobrecarga de feiser foi no episódio “The Conscience of the King” da Série Clássica.

Os feisers da Frota Estelar do século 32 disparam feixes de energia azul. Com algumas exceções em episódio e filmes da Série Clássica (veja acima), a grande maioria de todos os feixes de feiser da Frota Estelar, eram na cor vermelho-laranja. Como os feisers manuais de anos passados, os novos feisers da Frota Estelar também podem ser definidos para sobrecarregar; as luzes normalmente azuis na seção superior da arma mudam de verde para amarelo para vermelho, piscando à medida que o acúmulo de energia atinge níveis explosivos.

No final do episódio, Tilly e a tripulação percebem que a consciência emergente da USS Discovery se escondeu nos novos bots Dot-23. Estas são as versões mais recentes do século 32 dos bots Dot, que vimos pela primeira vez em “Such Sweet Sorrow”. O trio de unidades DOT-23 tem olhos coloridos, que combinam com as divisões padrão de atribuição da Frota Estelar: vermelho, azul e dourado. Também fazem a saudação vulcana com 3 dedos.

As vozes desses robôs são feitas por Annabelle Wallis, que é a voz de Zora, no episódio “Calypso” dos Short Treks, escrito por Michael Chabon. Esta é a segunda vez que ouvimos a voz de Wallis na 3ª temporada de Discovery. Em “Forget Me Not”, os dados da esfera (dublados por Wallis) falam diretamente com Saru, e sugere fazer uma noite de cinema para a tripulação, especificamente com filmes de Buster Keaton (veja aqui).

Estes são os easter eggs e as referências que encontramos. Se você encontrar mais alguma, coloque nos comentários.