Akiva Goldsman, produtor executivo e Michael Chabon, showrunner de Star Trek: Picard conversaram sobre os easter eggs em cada episódio da primeira temporada, e contaram algumas histórias interessantes sobre a gravação dos episódios.
Inicialmente, definem o que consideram ser um easter egg: tem que ser escondido, não pode ser explicito, nem obvio e não é necessário no roteiro. Deve ser uma surpresa e não vai ser encontrado por quem não estiver procurando. Eles ficaram muito felizes de colocarem easter eggs, antecipando a alegria dos fãs.
Como exemplo de coisa explícita, citam o jogo de pôquer no primeiro episódio “Remebrance”, uma referência ao episódio final de A Nova Geração, “All Good Things”, quando Picard se junta ao jogo de pôquer da tripulação que ocorria no quarto de Riker, que consideram uma referência e não um easter egg.
Nos créditos existe um easter egg, um pedacinho da música que Picard toca na flauta, no episódio “Inner Light” de A Nova Geração.
No primeiro episódio, o primeiro easter egg é o nome do cachorro de Picard, Number One, como ele chamava Riker em A Nova Geração. Afirmaram ainda que, no jogo de pôquer do sonho de Picard, as cinco damas seriam um easter egg, se tivessem a ver com o Q, mas não tem.
A sala de arquivo de Picard é uma cesta de easter eggs; a mais fácil de ver é a faixa do “Dia do Capitão Picard”, do episódio “Pegasus” de A Nova Geração, feito pelas crianças a bordo da Enterprise, que celebravam o dia de Picard uma vez por ano. Os exemplares de Shakespeare que ficavam no quarto de Picard foram um dos mais importantes easter eggs, pois foi o primeiro dia de filmagem de Sir Patrick Stewart, um dos grandes atores de Shakespeare. Quando ele entrou na sala de arquivos, ele gostou muito de ver esses livros lá. Citam ainda o modelo da Stargazer, a primeira nave que Picard comandou e o bat´leth klingon. Afirmam que os demais easter eggs precisam de uma pesquisa com pausas quadro a quadro para serem identificados. Eles estão citados na trivia do nosso guia de episódios.
“No segundo episódio “Maps and Legends”, informaram que o nome original da personagem da Dra. Jurati seria Sarton, que é um estudioso de robôs do livro de Isaac Asimov, “As Cavernas de Aço”, mas isso foi descartado. Patrick Stewart, que não é fã de ficção científica, disse que seria engraçado se Picard falasse isso, o que ocorre quando a Dra. Jurati pega o livro “The Complete Robot”, de autoria de Isaac Asimov.
Vasquez Rocks certamente é um easter egg múltiplo, pois foi usado em vários episódios de Star Trek e mesmo de outros seriados, sempre servindo como diferentes planetas alienígenas, mas nunca havia sido usado com seu nome original, como foi nesse episódio.
Akira e Chabon relatam que em todos os episódios tentaram colocar algo sobre o Gorn, um dos personagens favoritos dos dois, mas sem muito sucesso. Só conseguiram, na verdade, três. Um, no segundo episódio, “Maps and Legends”, em que aparece um quadro atrás de Soji e Narek, no bar do cubo borg. Uma pintura em veludo, feita por John Eaves, ilustrador que trabalhou em vários seriados e filmes de Star Trek. A pintura foi coberta por caracteres romulanos, tornando esse um easter egg impossível de ser visto. O segundo easter egg sobre o Gorn foi no terceiro episódio “The End Is the Beggining”, na tela do computador de Raffi, quando ela presta atenção em uma transmissão de Free Cloud, criptografada pelo programa ovo do Gorn, significando que o ovo do Gorn era realmente difícil de quebrar. A terceira menção ao Gorn foi no nono episódio “Et in Arcadia Ego, Part I”, citando os reptilóides assassinos, conforme explicado aqui.
Ainda em relação ao segundo episódio, o cartaz de dias sem assimilação, no cubo borg, é um easter egg divertido, colocado quando estavam tentando fazer o cubo borg, controlado por romulanos, parecer um local de trabalho, com regras, uniformes e crachás.
No terceiro episódio “The End Is the Beggining”, a fala do holograma médico, citando as conquistas de Picard, era dirigida diretamente aos fãs. Também consideram a palavra de Picard “Engage” um easter egg, que é também a última palavra de Picard ao final da série.
No quarto episódio “Absolute Candor”, Jolan Tru, o cumprimento romulano é canon bem como os diálogos em romulano, criados pelo linguista Trent Pehrson, com base na linguagem vulcana. Este considerou que romulanos e vulcanos tem uma origem comum e estudou como teria evoluído a linguagem romulana a partir da vulcana.
O tilt de cabeça que Soji faz, igual ao que Data fazia é considerado por eles como um easter egg. O nome da nave com a qual Soji acha que chegou ao cubo borg, Ellison, é uma homenagem ao autor de ficção científica e do episódio “The City on the Edge of Forever”, Harlan Ellison. Este é o episódio da Série Original favorito de Akiva Goldsman. Os nomes das naves são tradicionalmente um local para esconder easter eggs, como a classe Wallenberg, as naves da Frota responsáveis pelo resgate dos romulanos, explicada aqui.
No quinto episódio, são considerados como easter eggs a citação do implante cortical de Icheb, que só tem significado para quem assistiu a série Voyager, onde ele doou seu implante para Sete de Nove. Outro easter egg seria o drink Tranya, uma referência ao episódio “The Corbomite Maneuver” da Série Original, começou com a ideia de que a personagem Bjayzl fosse da mesma espécie de Balok, mas a complicação de ter que contratar uma criança, fazê-la com voz de adulto, com horários restritos, fez os produtores executivos desistirem da ideia, sobrando, deste episódio, só a tranya. Os anúncios em hologramas de Free Cloud e todos os anúncios da rua são easter eggs, assim como a conversa de Rios dentro do bar e o drink que ele pede, baseado em uma lagoa de Risa, conforme explicado aqui.
No sexto episódio, “The Impossible Box” o transporte sicariano e a lancheira de Soji foram easter eggs colocados por Kristen Beyer, produtora do seriado e especialista em Voyager, e são explicados neste link.
No sétimo episódio, “Nepenthe”, Riker cita os kzinti, criados por Larry Niven, de quem Akiva e Chabon são fãs. Contaram que na época, Niven foi contactado para escrever um episódio da Série Animada, e colocou um personagem de uma estória sua de “Known Space” no episódio “The Slaver Weapon”. O nome de Kestra também foi pensado como easter egg, como explicado no link.
No oitavo episódio “Broken Pieces”, são considerados easter eggs: o nome do Instituto Daystron, o sotaque escocês do holograma de engenharia, o nome Marta Batanides, amiga de Picard na Academia e o livro na estante de Rios “Surak e o Existencialismo”, de autoria de Nicolaus Notabene, que é um dos pseudônimos de Søren Kierkegaard, autor de outros livros na estante. Akiva e Chabon não consideram easter egg o tracker de veridium que a Comodoro Oh colocou na Dra. Jurati, como explicado aqui.
No nono capítulo “Et in Arcadia Ego, Part I”, o antigo tricorder médico é considerado um easter egg. Outro, que não foi identificado anteriormente por nós, é quando a tripulação chega a Coppelius, onde uma moça praticando Suus Mahna, um tipo de luta marcial vulcana, usado por T´Pol no episódio de Enterprise “The Marauders” e por Michael Burnhan no episódio “Context is for Kings” de Discovery.
Os easter eggs do décimo episódio não foram discutidos por Akiva e Chabon, mas podem ser encontrados neste link.