ATENÇÃO! ESSE ARTIGO CONTÉM SPOILERS DO EPISÓDIO 10 DA PRIMEIRA TEMPORADA DE PICARD!
Nos anos 2000, com o anúncio de que Star Trek (2009) traria Kirk e sua tripulação de volta às telonas, o editor do TrekMovie.com Anthony Pascale começou a cobrar do corroteirista do filme Roberto Orci uma maneira de os personagens de A Nova Geração “passarem o bastão” de volta aos originais.
Dessa forma surgiu Star Trek: Countdown, uma minissérie em quadrinhos que prometia conectar as duas gerações e criar terreno para o décimo primeiro filme de Jornada nas Estrelas.
Assim como a primeira temporada de Star Trek: Picard, que teve seu fim na última quinta-feira (26), o ponto de partida da história em quadrinhos é a destruição do planeta Romulus, em 2387. Porém, o caminho até lá é muito diferente nas duas obras.
Apesar de a HQ nunca ter sido considerada canônica, era a mais confiável na tarefa de preencher o vazio entre os acontecimentos de Nêmesis, que se passa em 2379, e o trágico acidente no planeta natal dos romulanos, oito anos depois. Isso se deve ao fato de que não apenas Orci estava envolvido, como também Alex Kurtzman, corroteirista de Star Trek (2009) e hoje no comando da franquia em seu braço televisivo.
Foi o que “valeu”, até Picard chegar às telas para esclarecer tudo e dar o veredito canônico do que aconteceu com Jean-Luc e seus amigos durante o período. Hora de mergulhar nos paralelos entre a série e a revista em quadrinhos.
A descoberta e as proporções da tragédia
A primeira diferença entre Countdown e o cânone começa no descobrimento de uma supernova fatal. Na HQ, é a estrela de Hobus que está se transformando em uma supernova. Spock aborda o senado romulano em 2387 para explicar o que estava por vir naquele mesmo ano.
Já em Picard, o que está se transformando em uma supernova é o sol romulano. Os esforços para resgatar os romulanos que poderiam ser vítimas começam ao menos dois anos antes, ou seja, oficialmente tanto a Federação quanto o Império Romulano já tinham em 2385 ciência da tragédia iminente.
Na série, fica muito claro que a supernova só é capaz de destruir Romulus e planetas vizinhos, visto que ao menos catorze espécies da Federação foram contra o resgate aos romulanos, segundo a almirante Kirsten Clancy em “Maps and Legends” (PIC 1×02).
Porém em Countdown as proporções são outras. Spock e Picard explicam ao Alto Conselho Vulcano que, caso a matéria vermelha desenvolvida pelos vulcanos não seja utilizada contra a supernova, ela poderá atingir tanto Vulcano quanto a própria Terra em questão de semanas.
Os anos pós-Enterprise
Jean-Luc Picard serviu durante anos como capitão da USS Enterprise-E até que, em algum ponto dos anos 2380, ele teve que abdicar do posto. Em “Remembrance” (PIC 1×01), vemos que o capitão deixou a nave para se tornar almirante da Frota Estelar e assim liderar a missão de resgate aos romulanos.
A missão ia bem até que sintéticos se voltaram contra a Frota e atacaram Utopia Planitia, em Marte, causando um completo banimento de sintéticos no espaço da Federação. Como visto em “The End is the Beginning” (PIC 1×03), Picard pediu baixa de seu posto em oposição à ideia e exilou-se em sua vinícola na França.
Em Countdown, o capitão não apenas deixa a Enterprise como também a Frota Estelar. Jean-Luc se torna embaixador da Federação no planeta Vulcano e, em 2387, se torna a ponte entre Spock e Geordi La Forge.
Seu ex-companheiro de Enterprise-E também já havia deixado a nave e fora viver em Vulcano para desenvolver naves como um cidadão comum. Uma delas, a Jellyfish, foi a escolhida pelos embaixadores Spock e Picard para levar a matéria vermelha até a supernova, devido a seu design singular.
O legado de Data
Em Nêmesis, B-4 ficou vivo, mas logo foi desativado pelo Instituto Daystrom. Data se sacrificou para salvar a vida de seu capitão e foi dado como morto, porém em Picard o cérebro do androide acaba sendo reconstruído por Alton Soong, que a partir dele deu vida a uma nova geração de sintéticos.
Em 2399, enquanto Soong e a doutora Agnes Jurati reconstruíam o cérebro de Picard para seu novo corpo sintético, o ex-almirante teve um encontro com Data em uma simulação quântica. O androide pediu que Picard destruísse o que restava dele, pois queria vivenciar a morte de verdade, como qualquer ser vivo. Seu desejo foi concedido.
Na história em quadrinhos Countdown, Data permanece vivo de outra maneira. Suas memórias são implementadas em B-4, que assume a alcunha e o legado de Data. Dessa forma, ele pôde ser integrado à Frota Estelar e posteriormente tornar-se capitão da USS Enterprise-E, graças a saída de Picard para se tornar embaixador.
Inicialmente, a missão de Data e sua tripulação em meio à crise de Romulus era evitar que a estrela de Hobus se tornasse uma supernova.
Perguntas ainda não respondidas
A capitania da Enterprise no quadrinho é de Data, porém no universo canônico isso ainda é um grande ponto de interrogação. O livro “The Last Best Hope”, lançado em fevereiro desse ano, traz Worf como o novo capitão após a saída de Jean-Luc, porém a obra também não pode ser considerada canônica apesar de levar o selo da série. Em Countdown, Worf é um general do Império Klingon.
De certeza, sabemos que Riker não é o capitão da NCC-1701, já que ele está no comando da USS Zheng He, como visto em “Et in Arcadia Ego, Part II” (PIC, 1×10).
Outro fator ainda sem uma resposta concreta é o destino de Geordi La Forge. A única informação que temos é que ele está vivo, visto que Zhaban menciona seu nome para Picard como uma possível ajuda na missão para encontrar Maddox, em “Maps and Legends” (PIC, 1×02).
“The Last Best Hope” conta que La Forge deixou a Enterprise para liderar a construção de naves de resgate aos romulanos em Utopia Planitia, Marte. Assim como vimos o retorno de Riker e Data na primeira temporada da série, existe a possibilidade de vermos Geordi na segunda para, quem sabe, nos dar estas respostas. O ator LeVar Burton aposta nesse retorno.
A jornada de Jean-Luc e seus amigos continua no segundo ano de Picard. Nosso eterno capitão, agora em um novo corpo sintético, ainda parece ter muito a viver.