Como a mulher no comando de Voyager durante sua jornada de sete anos rumo à Terra, Kate Mulgrew desenvolveu uma relação bastante íntima com a capitã Janeway. Em uma nova entrevista, ela falou sobre o que trouxe para a personagem e para a série como um todo.
“Eu achei que ela foi sensacional. Mas você não pode nunca esquecer que fui eu que a criei”, disse Mulgrew à revista SFX. “No começo era basicamente uma definição. Eu tive de dar-lhe vida. E uma vez que estabeleci comando, o que eu acho que foi a tarefa mais difícil, depois disso o amor meio que evoluiu.”
Qual foi a principal coisa que ela trouxe à personagem? “Humanidade. Suas falhas”, ela disse. “Ela é um ser humano falho. A coisa comovente de Janeway é que ela poderia ser qualquer humana, exceto que em seu cerne ela é muito mais corajosa que a maioria. Mas ela está na constante busca por sua humanidade.”
Assim como a influência em sua personagem, a atriz também falou sobre outras coisas que trouxe para a série. “Eu fui muito para ‘Endgame'”, comentou. “Nesta última temporada estive bem envolvida. Eu teria que dizer que eu estive bem envolvida o tempo todo. Eu senti muito fortemente minha relação de respeito com os oficiais seniores na nave. E eu briguei muito para cada um desses relacionamentos. Foi assim que realmente gastei os últimos sete anos. Onde eu vou com B’Elanna? Onde vou com o sr. Paris? O que há com Tuvok? Essa grande amizade –mas nós não a vimos! Eu diria a eles, ‘Vamos vê-la’.”
“E com certas coisas eu fui insistente. Sua vida íntima. Eu disse, não vamos exagerar com essa aí. Não é quem Janeway é. Eles a colocaram numa situação extremamente perigosa. Ela sabia muito bem disso. Sua missão era levar essa tripulação para casa. Ela não pode satisfazer suas necessidades a todo momento. Na verdade, vemos uma sublimação dessas necessidades. E eu gostaria de ver a solidão dela como resultado. Por isso eles foram muito bons sobre isso, embora tenha sido um pouco controverso no início porque Janeway e CHakotay tinham uma boa química.”
Se Janeway não estivesse no comando da nave, com quem ela teria se envolvido romanticamente? “Oh, Chakotay… não era a prioridade máxima”, a atriz disse. “Embora fosse um subtexto muito importante para Janeway e para mim. O tempo todo. Eu estava muito interessada em que todo mundo tivesse uma vida rica e completa. E eu estava preparada para sacrificar isso.[…] E se há um episódio que está faltando é esse, um episódio em que ficaria claro para Janeway que ela nunca teria filhos, que perderia essa extraordinária oportunidade na vida dela. E que ela teria feito por todas as razões certas, mas apesar disso ela iria se sentir profundamente perturbada emocionalmente. E esse eu não tive porque os roteiristas acreditavam muito na heroína capitã. A capitã não poderia ser fraca.”
Mulgrew tinha seus próprios apelidos para muitos no elenco. “Eu chamo Robert Picardo [o Doutor] Roberto. Eu chamo Ethan Phillips [Neelix] de amor da minha vida. Eu chamo Tim [Russ, Tuvok] de tudo menos Tim porque ele está sempre me pondo em encrenca. Ele é uma pessoa muito, muito, muito safada. Robert Beltran [Chakotay] –eu sempre fui muito… era sempre Robert. Jeri Ryan [Seven of Nine] sempre foi Jeri. Garrett [Wang] sempre foi Garrett. Eu acho que os mais chegados foram Robbie [Duncan McNeill, Tom Paris], Robert Picardo e Roxann [Dawson, B’Elanna].”
O maior obstáculo no caminho de um capitão da Frota é a Primeira Diretriz, o protocolo primordial da Federação. Houve vezes em que Mulgrew queria jogá-la longe e fazer a escolha populista? “Sem dúvida sobre isso. E houve vezes como Janeway que eu achei que estavam fazendo asserções válidas”, ela respondeu. “Você sabe, ela é muito teimosa, muito vigorosa. E ela não permite comportamento insurbordinado. Então mesmo quando eu não acredito em minhas próprias teorias, provavelmente eu as levaria adiante. No fim é Janeway quem […] detona a Primeira Diretriz mais que qualquer outro. Ela se tornou uma exploradora bem apaixonada. E ela fez umas coisas bem, você sabe, interessantes e sem precedentes como capitão.”
Fonte: TrekToday