Luiz Castanheira
Editor de Deep Space Nine
Deep Space Nine encerra com uma sequência de oito episódios vencedores sua segunda temporada no canal USA, prometendo deixar os fãs brasileiros ansiosos (para não dizer desesperados) por mais inéditos.
A sequência se iniciou no sábado passado (24/3), com a exibição do episódio “Blood Oath”, em que Jadzia Dax se une aos famosos Klingons da série original, Kor, Koloth e Kang, em uma épica batalha para vingar a morte do filho de Kang, afilhado de Curzon Dax. O episódio traz totalmente à vida a personagem de Jadzia, sendo considerado por muitos o melhor episódio da Trill na série.
Nossa viagem continua no próximo sábado (31/3), com a exibição da primeira parte do episódio duplo “The Maquis”. Quando as atividades paramilitares de colonos da Federação e de Cardássia ameaçam pôr em risco um tratado de paz recentemente estabelecido entre estes dois governos, o comandante Sisko e gul Dukat devem unir forças para manter a paz na região. Ao longo deste episódio duplo, Dukat se torna (para muitos) o mais complexo e melhor atuado antagonista da história de Jornada.
Na conclusão de “The Maquis” (a ser exibida em 7/4), Ben Sisko, em seu melhor momento até então na série, emerge como um herói complexo, tendo que pesar cuidadosamente a amizade de um querido e velho amigo, seu dever como oficial da Frota Estelar e o seu póprio senso de justiça, de forma a impedir que o conflito entre os colonos da Zona Desmilitarizada possa se tornar uma guerra aberta entre a Federação e Cardássia. Um clássico discurso do comandante Sisko neste episódio fornece a melhor definição da série até então.
Seremos brindados depois com uma das mais intensas horas produzidas por DS9, o episódio “The Wire” (a ser exibido em 14/4), onde descobrimos, paradoxalmente, “tudo” e “nada” sobre o único Cardassiano residente na estação, Garak. Considerado por muitos (incluindo aí o próprio ator, Andrew Robinson) como o melhor episódio do nosso querido alfaiate Cardassiano (e melhor atuação de Robinson) em toda a série, “The Wire” nos faz dar um mergulho na torturada mente desse enigmático ser, nos perturbando e nos fascinando no processo. Marca presença a aparição do excelente ator Paul Dooley, como o misterioso chefe da Ordem Obsidiana, Enabram Tain. Algumas sementes plantadas aqui encontraram uma devastadora contrapartida no legendário episódio duplo da terceira temporada (“Improbable Cause” e “The Die Is Cast”) e além.
Em “Crossover” (a ser exibido em 21/4) Kira e Bashir acabam visitando por acidente o mesmo universo alternativo (“universo do espelho”) do episódio da Série Clássica “Mirror, Mirror”. Nesse universo alternativo uma aliança entre os Klingons, os Cardassianos e os Bajorianos mantém os humanos como escravos. Uma versão alternativa de Terok Nor orbitando Bajor é uma importante base para esta aliança. Em seus quadros, perturbadoras versões alternativas de várias faces conhecidas, sendo um dos destaques a presença de um certo “capitão Sisko”, um nótavel oportunista e boa-vida, com direito à melhor atuação de Avery Brooks na série até então. O destaque porém fica para Nana Visitor, que interpreta Kira e sua versão alternativa (a bissexual “Intendente”, comandante da sua própria versão de Terok Nor) com uma perfeição de arrepiar. Tudo isso sem falar na sobrenatural direção de David Livingston, passando um senso de irrealidade a cada tomada.
Finalmente iremos conhecer o sucessor de Kai Opaka no posto de líder espiritual de Bajor: Vedek Bareil ou Vedek Winn? Com um vívido uso do relacionamento de Kira e Bareil e excruciantes revelações, com inúmeros tons de cinza, dos tempos da ocupação Cardassiana, “The Collaborator” (a ser exibido em 28/04) traz mais uma vez a espritualidade Bajoriana para debate, com grande propriedade.
Seguindo a tradição iniciada nesta mesma segunda temporada (com “Armageddon Game” e “Whispers”), novamente os roteiristas decidem que é hora de, adivinhem: “Torturar o chefe O’Brien!” Desta vez, em “Tribunal” (a ser exibido no dia 5/5), ele é levado a Cardássia para julgamento, acusado de ser um colaborador Maquis. Aprendemos um bocado sobre a sociedade Cardassiana neste episódio, especialmente sobre o seu sistema de justiça.
E, finalmente, em 12 de maio de 2001, termina a segunda temporada de DS9, com o episódio “The Jem’Hadar”. Com a introdução do braço militar do Dominion, os soldados Jem’Hadar –de uma forma impactante e visceral, com excelentes valores de produção e efeitos visuais nomeados ao prêmio Emmy (o Oscar da TV)– uma reação por parte dos Produtores (ou seria da Federação?) se torna necessária. E ela chegaria, na próxima temporada. Como diria Eris, a primeira Vorta (raça membro do Dominion também introduzida no episódio) de Jornada, “vocês não têm idéia do que começa aqui”. Então… que venha a USS Defiant!