Num prelúdio para o final, a calmaria antes da tormenta
Sinopse
Data Estelar: 1051.8.
Sarek está numa praia em Vulcano, meditando. Amanda vem a seu encontro. O marido então abre os olhos, num súbito pressentimento. Ele diz apenas: “Michael.”
Na Discovery, seguem as preparações para a evacuação da nave. Os sensores de longo alcance indicam que os veículos da Seção 31 dominados pelo Controle estão para fechar o cerco. A inteligência artificial também se apoderou dos retransmissores da rede subespacial da Frota Estelar, eliminando a possibilidade de um pedido de reforços.
A Enterprise chega e começam os procedimentos de acoplagem com a Discovery, por meio da extensão de corredores de evacuação de emergência. Michael Burnham está angustiada e se pergunta se esta é mesmo a única solução possível. Ela lembra a fé que o capitão Pike tem num projeto maior para eles e lamenta não sentir a mesma coisa.
Os dois discutem a situação, e Pike encarrega a oficial de ciências de pegar o cristal para levá-lo à Enterprise. Antes do desembarque, Michael baixa o campo de força que protege o mineral e o toca. Ela então tem uma visão do futuro — uma batalha, e um torpedo alojado no casco da Enterprise.
Últimos a deixar a nave, Pike e Saru ativam o sistema de autodestruição remota da Discovery. Após chegarem à Enterprise, ambos se reencontram com Michael e sobem para a ponte, onde são recebidos pela almirante Cornwell. A primeira oficial de Pike, Número Um, reporta que a Enterprise está totalmente funcional, e o sistema de comunicação holográfica foi completamente extraído. Ao mesmo tempo, uma nave com Georgiou se aproxima, e a capitão solicita autorização para vir a bordo.
A Enterprise se afasta da Discovery para acionar a autodestruição. Mas, ao fim da contagem regressiva, nada acontece. Pike ordena o disparo de torpedos fotônicos na nave. Mas a Discovery subiu automaticamente os escudos. Uma nova salva de torpedos, e nada. Spock conclui que os dados da Esfera se uniram à Discovery para assumir o controle da nave e garantir sua sobrevivência.
Enquanto isso, surge o relatório de que a nave de Leland se aproxima. Burnham tem mais um flashforward e vê uma batalha a bordo da ponte da Discovery, com Saru no comando. Nela, Leland aborda a nave e mata toda a tripulação, inclusive a própria Michael.
Ao voltar do flashforward, Michael avisa que as tentativas de destruir a Discovery falharão. Leland está a uma hora de distância. Fugir parece ser inviável no longo prazo, já que o Controle jamais desistirá da perseguição. Então Michael tem a ideia de enviar a Discovery para o futuro, a fim de impedir de forma definitiva que a inteligência artificial malévola obtenha os dados da Esfera.
Na sala de reunião da Enterprise, a tripulação refina o plano. Eles decidem construir um novo traje do Anjo Vermelho e usá-lo como guia para levar a Discovery ao futuro distante. Pike sugere que o traje seja construído para ele, mas Michael diz que ele foi projetado especificamente para a mãe dela, e ela seria a candidata mais adequada em razão da semelhança genética.
Diante do mistério dos sete sinais, e o fato de que a identificação do sinal bioneural original do Anjo Vermelho apontava realmente para Michael, Spock concorda. Ele desconfia até mesmo que sua irmã, no futuro, seja a responsável pelos tais sinais.
Resta o desafio de como ativar o cristal, de modo a permitir a viagem para o futuro. Georgiou chega a sugerir uma detonação estelar artificial, matando toda vida num raio de 12 anos-luz, mas obviamente ninguém concorda com isso. E eis que, nas profundezas do espaço, surge mais um sinal vermelho.
A Enterprise entra em alerta vermelho, e Pike decide devolver a tripulação da Discovery à sua nave, para saltar direto para o local do sinal com o motor de esporos, enquanto a Enterprise procede em dobra. Quando eles chegam ao destino, é Xahea, o planeta governado pela rainha Me Hani Ika Hali Ka Po — uma pessoa que, de forma intrigante para o resto da tripulação, a alferes Tilly parece conhecer muito bem. A alferes conta que Po é uma engenheira brilhante e chegou a desenvolver uma técnica para recristalizar dilítio — talvez ela possa ajudar com o cristal do tempo.
Na engenharia, Culber e Stamets discutem planos para o futuro. O cientista diz que, uma vez superada a atual crise, ele pretende buscar um emprego em uma estação em algum lugar, e o médico revela seu plano de pedir transferência para a Enterprise. Ambos parecem de acordo que é hora de cada um seguir em frente com sua própria vida.
Na sala de transporte, Tilly traz sorvete de espumone para receber a rainha Po. Michael e Pike ficam surpresos com a intimidade das duas. Em seguida, no laboratório, a tripulação mostra o cristal do tempo a Po, que pensa num jeito de energizá-lo. Ela bola um jeito, mas a energia teria de vir do motor de esporos, que por conta disso ficaria 12 horas inativado. E, para piorar tudo, a tecnologia só serviria para energizar o cristal uma vez, mas depois ele acabaria queimado e inutilizado. Michael poderia usar o traje para guiar a Discovery para o futuro, mas ficaria presa lá, sem a possibilidade de retornar.
Na ponte, Burnham assume a responsabilidade e apresenta o plano à tripulação. A Enterprise está a 57 minutos da Discovery, e o Controle apenas 10 minutos atrás. Michael agradece aos colegas pelos melhores momentos de sua vida a bordo.
Po e Tilly conversam enquanto trabalham no energizador do cristal. Mas a alferes está frustrada, claro, pela perspectiva de dar adeus a Michael. Po diz que ficará a bordo para ajudá-los — se tiver que morrer, morrerá por seu planeta.
Georgiou, por sua vez, tenta convencer Michael a não se sacrificar. Mas Burnham está decidida. E fica surpresa ao receber a visita de Sarek e Amanda, para uma tocante despedida. A rede de comunicação subespacial da Frota Estelar continua derrubada, mas Sarek sabia dos apuros de Michael pela conexão kátrica que compartilha com ela. Amanda manifesta sua admiração pela filha adotiva, e Sarek pede desculpas a ambas pelos erros que pode ter cometido. Ele admite não ter sido sempre um bom pai. Michael naturalmente o perdoa e pede que ele faça as pazes com Spock. Sarek diz que estará lá sempre pelo filho, mas que respeita o desejo dele para que se mantivesse afastado.
Em seus últimos momentos a bordo, Michael estuda os diários de sua mãe biológica, Gabrielle, para saber o que fazer com o novo traje. Ela é chamada à ponte, mas antes de sair encontra Tilly. E a alferes diz que não haverá despedida — no corredor, vários tripulantes, entre eles Stamets, Detmer, Owosekun, Reno, Saru e Spock, dizem que farão isso com Michael e permanecerão a bordo da Discovery, mesmo que signifique ficarem presos no futuro distante.
Após essa tocante reunião, Tyler chama Michael de canto e diz que não irá com a nave. Em vez disso, ficará na Seção 31 para impedir que algo como o que aconteceu com o Controle se repita. Os dois se despedem com um beijo.
Todos os tripulantes — Saru, Tilly, Owosekun, Detmer, Stamets — escrevem mensagens para seus entes queridos antes da partida para o futuro. Nhan decide permanecer com a Discovery. Na ponte, Pike se despede e se prepara para voltar à Enterprise, deixando Saru no comando temporariamente. “Depois disso…”, ele diz, mas o kelpiano interrompe e diz que o novo ocupante da cadeira do capitão da Discovery pode ser discutido num momento futuro.
O cristal está se energizando mais devagar do que deveria. Jett Reno se oferece para acelerar o processo, mas isso a exporia às visões induzidas pelo mineral. Stamets e Tilly se manifestam contra, mas ela insiste. Nessa, ela vê a mesma batalha do futuro visualizada antes por Burnham.
Na ponte, Saru aciona o alerta vermelho. Georgiou ficará na Discovery, enquanto Pike parte para a Enterprise, e Tyler pede autorização para partir numa nave auxiliar. Eis que chegam as naves da Seção 31. Tudo está pronto para uma grande batalha…
Comentários
“Such Sweet Sorrow” é claramente a calmaria antes da tormenta — a primeira parte do que foi na verdade estruturado como um episódio duplo. Mas por vezes a calmaria nele é demasiada, com uma boa porção de conveniências para acompanhar.
A ideia aqui é sentirmos a crescente pressão do relógio correndo contra nossos heróis assim que o plano de destruir a Discovery fracassa — algo extremamente previsível, por sinal — e começa a tomar forma aquela que parece ser a derradeira tentativa de derrotar o famigerado Controle. No entanto, temos momentos que parecem contradizer isso, sobretudo após a primeira meia hora.
O auge desse sintoma talvez seja a aparição de Sarek e Amanda na Discovery, enquanto a nave está prestes a entrar numa grande batalha. É um ótimo exemplo de como os roteiristas deste episódio — Michelle Paradise, Jenny Lumet e Alex Kurtzman — trabalharam com uma (inefetiva) técnica de engenharia reversa para conceber certas sequências. Eles claramente queriam colocar Sarek e Amanda numa cena de despedida. A partir disso, imaginaram um meio de fazer isso acontecer. Comunicação subespacial não ia funcionar, já que para manter a Discovery e a Enterprise isoladas na batalha final foi preciso estabelecer que o Controle sabotou a rede de retransmissores subespaciais da Frota Estelar. Então eles decidiram explorar a conexão kátrica entre Sarek e Michael. Mas nada pode explicar como o casal chegou lá tão depressa, nem como eles sabiam onde a Discovery estava, muito menos por que, sabendo algo sobre a situação em que Michael estava envolvida, eles não avisaram a Frota Estelar de imediato e requisitaram apoio.
É o tipo de incongruência que aparece com frequência em Star Trek e que poderia ser perfeitamente tolerado — mas só se fosse pelo bem do episódio, o que não é o caso aqui. Apesar de a cena em si ser bonita, ela é o começo de uma sequência quase interminável de despedidas, e nessas coisas às vezes menos é mais.
Uma solução melhor e mais orgânica para isso seria trazer a despedida de Michael e Sarek via contato telepático de longa distância, a exemplo do que foi feito em “Battle at the Binary Stars”, onde, por sinal, as circunstâncias eram muito parecidas — o drama de uma batalha e Michael especialmente em apuros. O preço de incluir Amanda foi alto em termos de ritmo e coerência.
Esta cena em particular deu início à fase “vamos arrumar as peças no tabuleiro para a próxima temporada”, de uma maneira óbvia demais. Quão convincente é que os principais tripulantes todos decidam ir com Michael numa viagem sem volta para o futuro? Embora isso evoque o tradicional espírito da Frota Estelar — ninguém deixa ninguém para trás —, a forma como foi apresentado torna tudo fácil demais. Nossos personagens passam mais tempo se despedindo de seus entes queridos do que refletindo sobre o que fazer numa situação dessas. Teria sido encantador ver Tilly indo atrás deles e convencendo-os a ficar.
Igualmente conveniente é a decisão de Tyler de não ir com a Discovery. Para um personagem que supostamente é apaixonado por Michael e, ao mesmo tempo, não tem grandes laços com nada — um pária entre dois mundos —, faria sentido ele abraçar um novo começo como este. Mas não, ele decide ficar para reformular a Seção 31 e evitar novas catástrofes como a do Controle. Ou será que ficou para garantir lugar no spinoff da Seção 31? São pequenas coisas que incomodam.
Nem tudo é tragédia narrativa, claro. Falemos agora das coisas que de fato funcionaram no episódio, e não foram poucas. A reintrodução de Me Hani Ika Hali Ka Po é uma surpresa bem-vinda, dando sentido e valor ao primeiro dos Short Treks, “Runaway”, e apresentando uma solução inesperada — e, claro, recheada de tecnobaboseira — para como ativar o cristal do tempo na réplica do traje. Muito leves e divertidas as sequências que envolvem Po e Tilly.
Jett Reno também aparece neste episódio, e aparentemente não existe algo como “Tig Notaro demais”; o humor seco dela funciona muito bem em qualquer circunstância e as falas dela têm sido escritas sob medida. Adorável adição à tripulação.
Como de costume, o foco emocional do episódio é Michael Burnham, e Sonequa Martin-Green não decepciona. Convenhamos: há duas temporadas vemos um rolo compressor após outro avançando por cima dela, e meu único desejo é que a personagem possa encontrar alguma medida de paz de espírito na próxima temporada, porque definitivamente não é nada fácil ser Michael Burnham.
Outra cena fantástica é a despedida do capitão Pike da Discovery. Anson Mount fez um incrível trabalho com o personagem e a reverência que ele recebe da tripulação ali é plenamente merecida pelo que se viu ao longo desta temporada.
E um ótimo exemplo de como menos é mais é a cena em que Georgiou se revela a Pike como oriunda do universo do Espelho. A resposta dele, dissimulada, acompanhada por uma piscadela, é perfeita. A cena fala muito da astúcia de Pike sem dizer quase nada. Genial.
Para além do bom capitão, os fãs da velha guarda têm muito com que se encantar aqui: finalmente embarcamos na Enterprise, numa sequência muito bacana de evacuação com corredores retráteis ligando as duas naves. Todos os cenários internos da venerável nave estelar — corredores, turboelevador, sala de reuniões e, claro, a ponte de comando — são uma repaginada inspirada, que combina na dose certa homenagem à Série Clássica e a estética televisiva moderna. Claramente não houve economia na criação desses ambientes.
Olatunde Osunsanmi faz mais uma vez um bom trabalho na direção, valorizando os bons momentos de personagem presentes. Mas, no fim, fica aquela sensação de que vimos apenas um prelúdio — e ainda por cima um prelúdio artificialmente alongado para que a quebra entre as duas partes do episódio duplo se dê exatamente no início da batalha. A sensação que dá é que eles tinham história demais para um único episódio, mas história de menos para dois. A boa notícia é que a encheção de linguiça parece ter sido gasta toda neste aqui. Que venha a conclusão!
Avaliação
Citações
Po – “One of the fun things about becoming queen of the most politically relevant planet in the galaxy is that I don’t have to listen to any snark. I made it an actual law.” (“Uma das coisas divertidas de se tornar rainha do planeta mais relevante politicamente na galáxia é que não tenho de ouvir nenhum sarcasmo. Eu coloquei isso na lei.”)
Burnham – “I wish there was more time. There isn’t. I love you… all of you. Thank you for the greatest moments of my life.” (“Gostaria que houvesse mais tempo. Não há. Amo vocês… todos vocês. Obrigada pelos melhores momentos da minha vida.”)
Saru – “Commander, our families accepted the possibility of this moment when we joined Starfleet. Committing to a life amongst the stars is, in itself, a resolution to leave some things behind.” (“Comandante, nossas famílias aceitaram a possibilidade deste momento quando nos juntamos à Frota Estelar. Comprometer-se com uma vida entre as estrelas é, em si mesma, uma resolução de deixar algumas coisas para trás.”)
Pike – “What mirror universe?” (“Que universo espelho?”)
Trivias
- O título deste episódio vem de “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare: “Parting is such sweet sorrow that I shall say goodnight till it be morrow.” (“A despedida é uma tristeza tão doce que eu direi boa noite até que seja amanhã.”)
- Aqui é a primeira vez em que a produtora Jenny Lumet aparece creditada como co-autora de uma história na série. Antes, ela co-escreveu, ao lado do showrunner Alex Kurtzman, o episódio “Runaway”, de Short Treks, que introduziu a personagem Po.
- Já para Michelle Paradise, é o segundo episódio da temporada em que ela leva crédito na história. Paradise já foi anunciada como co-showrunner de Discovery para o terceiro ano da série.
- Olatunde Osunsanmi dirige aqui seu quarto episódio na série, sendo o segundo nesta temporada. Ele também é produtor executivo de Discovery.
- Uma tela no episódio parece mostrar que a USS Enterprise tem um alcance de armas maior do que a USS Discovery, ou do que as dezenas de naves da Seção 31. O que faz certo sentido, considerando que a Classe Constitution é considerada o carro-chefe da Frota Estelar.
- Tilly cumprimenta Po com uma tigela de sorvete spumoni, que ela tomou pela primeira vez em “Runaway“. Po revela que, mesmo com todas as suas habilidades de engenharia, ela não conseguiu replicar o spumoni em Xahea.
- Po diz que ela precisa de energia”nível de Planck” para seu plano, referindo-se a Max Planck, físico teórico do século 20 que é o pai da teoria quântica, indicando que ela está familiarizada com a história da ciência da Terra. Planck também é uma unidade de medida na física de partículas.
- A ponte da Enterprise ficou bem fiel à antiga, mas claro, com o visual totalmente atualizado com o que vemos em Discovery. Reparem que, ao lado do turboelevador, há a placa de batismo da nave, e está escrito Starship Class, em vez de Constitution Class, exatamente como na ponte da Enterprise de Kirk nos anos 60.
- E a bordo da ponte da Enterprise, são vistos e mencionados os tenentes Amin, Mann e Nicola, mas não os tripulantes que vimos em “The Cage“, como o navegador José Tyler, por exemplo. Porém os créditos mostram que a ordenança Colt, que aparece em “The Cage“, está na ponte e é interpretada pela dublê e atriz Nicole Dickinson. Ela não tem falas ou é citada, mas está lá!
Ficha técnica
Escrito por Michelle Paradise & Jenny Lumet & Alex Kurtzman
Dirigido por Olatunde Osunsanmi
Exibido em 11/04/2019
Produção: 213
Elenco
Sonequa Martin-Green como Michael Burnham
Doug Jones como Saru
Anthony Rapp como Paul Stamets
Mary Wiseman como Sylvia Tilly
Wilson Cruz como Hugh Culber
Shazad Latif como Ash Tyler
Anson Mount como Christopher Pike
Michelle Yeoh como Philippa Georgiou
Elenco convidado
Jayne Brook como Katrina Cornwell
James Frain como Sarek
Yadira Guevara-Prip como Me Hani Ika Hali Ka Po
Mia Kirshner como Amanda Grayson
Tig Notaro como Jett Reno
Ethan Peck como Spock
Rebecca Romijn como “Número Um”
Sonja Sohn como Gabrielle Burnham
Alan van Sprang como Leland
Rachael Ancheril como Nhan
Emily Coutts como a tenente Keyla Detmer
Patrick Kwok-Choon como a tenente Gen Rhys
Oyin Oladejo como a tenente Joann Owosekun
Ronnie Rowe Jr. como o tenente R.A. Bryce
Sara Mitich como a tenente Nilsson
Julianne Grossman como o computador da Discovery
Samora Smallwood como a tenente Amin
Hanneke Talbot como a tenente Mann
Chai Valladares como a tenente Nicola
Nicole Dickinson como a ordenança Colt