DSC 2×11: Perpetual Infinity

A tragédia de Gabrielle Burnham, em sua luta contra o tempo

Sinopse

Michael Burnham acorda na enfermaria, depois de um pesadelo — a lembrança do dia em que perdeu os pais, no ataque klingon a Doctari Alfa. Assustada, ela está em recuperação após sua quase morte em Essof IV. Burnham pensa que viu sua mãe sair do traje do Anjo Vermelho, mas julga que não passou de uma alucinação. O choque vem quando Culber confirma que de fato a mãe dela, Gabrielle Burnham, está detida na instalação no planeta.

Tilly foi capaz de baixar os dados contidos no traje — 841 registros de missão feitos por Gabrielle. Michael quer descer ao planeta imediatamente, mas Pike diz que ela precisa se recuperar. Além disso, a mãe dela está inconsciente. O capitão encarrega Michael de analisar os diários da mãe e descobrir o que puder.

A bordo da NCIA-93, nave da Seção 31, Leland está preso a uma cadeira. O Controle é capaz de criar múltiplos hologramas, mas decidiu que será preciso mais que isso para que ele possa obter os dados da Esfera. Daí a injeção de nanites em Leland a fim de controlá-lo. O capitão da Seção 31 resiste, mas é informado por um holograma de si mesmo: “Lutar é inefetivo”.

Na Discovery, Michael começa a analisar os diários e descobre que o primeiro salto no tempo do Anjo Vermelho aconteceu na fuga de Gabrielle de Doctari Alfa. O plano era voltar uma hora atrás no tempo e salvar sua família. Algo deu errado e ela foi parar bem longe dali, 950 anos no futuro.

Tentativas posteriores de voltar a sua própria época fracassaram porque cada salto só permitia pequenas estadias, mas Gabrielle era sempre puxada de volta para o futuro distante. Além disso, ela descobriu que toda vida na galáxia foi destruída por detonações de antimatéria causadas pelo Controle: Vulcano, Andória, Tellar I, Deneva e a Terra tornaram-se planetas mortos.

Na ponte, a tripulação da Discovery faz uma descoberta dramática — há uma instabilidade gravimétrica na instalação de Essof IV, como se o Universo estivesse tentando levar o Anjo Vermelho de volta ao futuro distante. Saru estima que o campo de contenção só conseguirá manter Gabrielle por lá por mais uma hora ou duas, no máximo. Com isso, Pike ordena que Culber vá despertar Gabrielle.

Na nave da Seção 31, Leland — agora dominado pelo Controle — diz a Tyler que os parâmetros da missão mudaram. Afirmando ter visto o cadáver de Gabrielle em Doctari Alfa, ele diz que a pessoa que está no planeta é uma impostora. Ele tenta convencer seu agente a ir a bordo da Discovery e roubar os dados da Esfera, para que a Seção 31 possa protegê-los. Tyler não gosta nada da ideia.

Burnham continua a analisar os diários da mãe e descobre que ela é a responsável pelo transporte da igreja de Richmond, Indiana, em 2053, para Terralísio. Era sua tentativa de provar que seria possível alterar a linha do tempo e, ao mesmo tempo, criar uma nova comunidade de humanos que estivesse livre do Controle, pela ausência de tecnologia. Nos diários, Gabrielle também registra que foi incapaz de impedir que o Controle pegasse os dados da Esfera. Até mesmo uma tentativa de destruir a Esfera fracassou. Ela então decidiu colocar a Esfera no caminho da Discovery, de forma que a nave pudesse manter os dados em segurança.

Em Essof IV, Gabrielle despertou, mas ela quer falar apenas com o capitão Pike. Michael fica furiosa, mas não tem escolha senão acatar. Pike conversa com Gabrielle e encontra uma mulher frustrada, paranoica e fatalista — ela parece ter perdido o apego por tudo e por todos, vivendo apenas em função de sua missão: impedir o colapso da vida na galáxia. Ela revela a Pike que não tem qualquer relação com os sinais vermelhos e diz que o único modo de salvar o futuro da civilização seria destruindo os dados da Esfera.

De volta à Discovery, o capitão decide que este é mesmo o melhor curso de ação — a despeito dos protestos de Saru, que compara o apagamento ao ato de queimar a Biblioteca de Alexandria ou a Bibliotheca Corviniana. Contudo, as tentativas de apagar os dados fracassam. Eles parecem ser capazes de tomar medidas autoprotetoras para impedir a deleção, como criar múltiplas partições na memória do computador e bloquear o acesso por criptografia.

Spock também analisa os diários de Gabrielle, para descobrir por que o Anjo Vermelho o procurou, e descobre que foi o escolhido por ser o único capaz de entender as informações do futuro trazidas na mente dela — sua capacidade de articular lógica e emoções, suas habilidades telepáticas vulcanas e sua dislexia (L’tak Terai) tornam-no singularmente habilitado para a tarefa. Burnham aponta que o que ele considerava suas fraquezas eram na verdade sua força. Ela também diz que precisa ver a mãe, e Spock diz que eles devem ir juntos ao capitão Pike para convencê-lo a autorizar que ela desça.

Com tão pouco tempo disponível até que eles percam o “cabo de guerra” com o Universo e Gabrielle volte para o futuro, Pike concorda. Michael desce e encontra a mãe, mas as coisas não vão como o esperado. Gabrielle age de forma bruta e só quer saber se os dados da Esfera foram apagados. Ao saber do fracasso, ela insiste em ser libertada para que possa continuar tentando impedir o Controle de destruir a vida pela galáxia afora.

A bordo da Discovery, o relógio continua correndo: segundo Stamets, faltam 43 minutos para o campo de contenção falhar. No laboratório da engenharia, a equipe discute como proceder, e surge a ideia de descarregar os dados da Esfera para o traje do Anjo Vermelho e mandá-los para o futuro distante, onde não poderão fazer mal. Além disso, talvez eles pudessem desconectar o elo entre Gabrielle e o traje, resgatando-a de forma definitiva para o presente. O plano é usar as partículas de matéria escura do asteroide interestelar em conjunto com aprimoradores de transporte para realizar este feito.

Leland fica sabendo do plano por meio de Tyler e resolve apelar a Georgiou. Se ela colocasse um dispositivo próximo ao traje, a Discovery pensaria estar transferindo os dados para o Anjo Vermelho, mas na verdade os estaria entregando para a Seção 31. Georgiou está desconfiada das ações desse “novo Leland”, mas ele sugere que Gabrielle é mais poderosa que Georgiou, e seria do interesse dela que os dados fossem capturados e que o Anjo Vermelho fosse destruído. Georgiou aparentemente aceita e desce até o planeta para conversar com Gabrielle e colocar o plano em movimento.

Os dados começam a ser enviados para a nave da Seção 31, mas Georgiou não pretende seguir com ele. Ela corta a transmissão e pede a Tyler que vá ver o que Leland está fazendo. Quando o agente chega lá, contudo, ele vê que o capitão está tomado por nanites, mas não consegue agir em tempo de impedir um ataque. Leland o esfaqueia na barriga com um caco de vidro e em seguida percebe que a transmissão dos dados parou. Ele decide descer a Essof IV para reativar o download, enquanto Tyler consegue abrir um canal com a Discovery e, mesmo ferido, avisá-los do perigo representado por Leland.

 

De volta ao planeta, Michael está determinada a salvar a mãe, e finalmente Gabrielle se abre com a filha, revelando que viu todos os momentos importantes da vida dela. O trabalho prossegue, até que Leland chega atirando. Seus disparos destroem o cristal do tempo no traje do Anjo Vermelho. Georgiou tenta enfrentá-lo no corpo a corpo, mas a tarefa é inglória. Diante do iminente fracasso, a única solução é derrubar o campo de contenção e deixar o traje ir embora, junto com Gabrielle. Caso contrário, Leland acabaria matando a todos. Michael resiste de início, já que o traje, sem o cristal, não permitiria que Gabrielle fizesse novas viagens no tempo. Mas sua mãe diz que não há outra escolha, e assim eles procedem.

Numa despedida tocante, Michael vê primeiro o traje e depois sua mãe serem sugados pelo microburaco de minhoca que leva de volta ao futuro distante. Então Burnham solicita teletransporte para o grupo de descida e ordena que a Discovery destrua a instalação com torpedos fotônicos. Leland consegue se teleportar para a nave da Seção 31 e sai de órbita, mascarando sua assinatura de dobra. Spock constata que o Controle chegou a obter 54% dos dados, mas Pike continuaria a lutar. Ash Tyler é resgatado com vida num módulo de fuga. Michael está desolada, mas seu irmão a relembra de que o futuro ainda não está escrito e que eles ainda poderão vencer, usando instinto e lógica. Para reanimá-la, ele prepara o tabuleiro de xadrez tridimensional — e Michael faz o primeiro movimento.

Comentários

“Perpetual Infinity” é um episódio competente, que delineia bem alguns dos mistérios da temporada e deixa algumas coisas ainda em aberto, porém já bem encaminhadas. Contudo, seu forte mesmo é a jornada emocional de Michael Burnham no reencontro com a mãe. E nesse quesito não há decepção.

Sonja Sohn faz um excelente trabalho como Gabrielle Burnham, vivendo uma figura verdadeiramente trágica. O uso dos diários foi uma forma inteligente de apresentar a personagem e seu encaixe na trama geral sem produzir diálogos expositivos e permitindo que vivenciássemos, junto com Michael, como esta mulher foi da confiança à desilusão — ponto em que a encontramos pessoalmente.

Gabrielle a essa altura identifica o próprio tempo como seu inimigo. Para ela, ele conspira a fim de permitir que o Controle pegue os dados da Esfera e provoque o colapso da civilização pela galáxia. Nisso, ela parece alinhada com outros personagens vistos antes em Star Trek, como Annorax, de “Year of Hell” (Voyager), e Soran, do filme Jornada nas Estrelas: Generations. Mas em nenhuma dessas instâncias anteriores o drama estava tão “perto de casa”, ou seja, envolvia um dos protagonistas. A tragédia de Gabrielle ecoa a de Michael, algo central para a principal personagem de Discovery. É uma montanha-russa emocional, e Sonequa Martin-Green mais uma vez transborda os sentimentos de sua personagem de maneira muito convincente.

Viagem no tempo é sempre um elemento complicado para histórias, porque ele basicamente permite qualquer coisa. Ao usá-lo, é preciso, primeiro, aceitar que haverá paradoxos de difícil solução e, segundo, que as regras sejam bem estabelecidas de modo a colocar certas amarras que impeçam um “vale-tudo” total. Aqui, vemos que essas amarras foram estabelecidas a contento: o Anjo Vermelho não pode fazer o que quiser; a tecnologia de viagem no tempo é falha e, após o primeiro salto mal-sucedido em Doctari Alfa, Gabrielle fica presa como um ioiô a um futuro distante, 950 anos depois de Discovery. Ela só pode voltar por breves momentos, não pode sair do traje, nem se comunicar com facilidade com quem quer que encontre. Isso torna a missão de impedir o Controle verdadeiramente complicada, mesmo com a possibilidade “mandrake” de viajar no tempo.

Os dados da Esfera, claro, se tornaram o “MacGuffin” da temporada. Este é o termo usado entre roteiristas para designar um objeto atrás do qual todo mundo corre, sendo que a principal função dele é meramente existir. Daí que não vale muito a pena ficar pensando como ou por que eles conseguem prevenir qualquer apagamento. Vírus de computador fazem isso com frequência, e lembremos que a Discovery foi “infectada” pela Esfera antes de a tripulação sacar que havia ali uma tentativa de transmitir uma base de dados.

Também tivemos aqui uma apresentação melhor do que afinal aconteceu ao Leland. E isso está fazendo muita gente pensar que talvez tenhamos visto a origem dos borgs. Posso dizer aqui que não, com certeza não vimos a origem dos borgs? Isso violaria o que foi estabelecido em Voyager, e os produtores têm sido extremamente cuidadosos com o cânone. Além do mais, acho mais provável que causa e efeito estejam invertidos nessa premissa. Parece natural que a Esfera, vagando por aí por 100 mil anos, tivesse em algum momento encontrado os borgs. Com isso, pode ter registrado muitas informações sobre tecnologias borgs, e lembremos que o Controle está especialmente interessado em dados que a Esfera colheu sobre inteligência artificial. Sem dúvida, o capítulo “Coletividade Borg” é leitura obrigatória aí. E aí o Controle pode ter adquirido algumas tecnologias ligadas a essa civilização cibernética, como os nanites que vimos “assimilando” Leland. Mas lembremos que os objetivos dos borgs e do Controle são bastante diferentes. Enquanto os borgs são uma combinação entre orgânico e sintético, cujo objetivo é incorporar à coletividade as “distinções tecnológicas e biológicas” das espécies que encontra, o Controle quer simplesmente extinguir toda e qualquer forma de vida inteligente de natureza orgânica, para garantir assim a sobrevivência de uma forma de vida superior — ele mesmo.

E quanto ao “Lutar é inefetivo”, que é basicamente “Resistir é inútil” com outras palavras? Tem dois jeitos de ver isso, e em ambos gosto da solução dada pelos roteiristas.

Pelo lado ficcional, parece um fenômeno de “evolução convergente”, ou seja, de criaturas diferentes que desenvolvem comportamentos similares por passarem por um processo evolutivo similar. (Para efeito de ilustração, aqui vai um exemplo de evolução biológica convergente — o surgimento de asas. Ele aconteceu em diversos ramos da vida, dos insetos aos mamíferos, passando pelos répteis e pelas aves, e ninguém diz que a mosca é a origem do morcego. São características similares que evoluíram de maneira independente, diante de desafios ambientais semelhantes. O mesmo processo poderia explicar por que os borgs e o Controle podem ter chegado a um modo parecido de pensar.)

Pelo lado dos bastidores, é uma óbvia piscadela para os fãs — uma provocação para gerar exatamente essas discussões sobre uma possível conexão com os borgs. Isso é marketing do bom, que gera interesse da audiência. O que teve de gente na internet discutindo essa possibilidade não está no gibi. Mas, claro, eu ficarei muito surpreso (e decepcionado) se levarem essa conexão mais adiante e fizerem alguma ligação explícita com os borgs.

Do ponto de vista de execução, as cenas do Controle são efetivas, e Alan van Sprang consegue vender com sucesso sutis diferenças entre o Leland humano e o Leland dominado pelo Controle. Também parece um passo natural, considerando que tudo isso começou com o Controle comprometendo Airiam — uma entidade biológica que já tinha interface cibernética pronta.

A opção por vilanizar Leland também facilita o trabalho de redimir Tyler e Georgiou aos olhos do público. Quando eles mudam de lado, neste episódio, aceitamos como natural. Aliás, esse talvez tenha sido o melhor uso de Tyler na temporada.

Georgiou, por sua vez, continua aprofundando sua relação com Michael — o universo prime vagarosamente vai redimindo a personagem. É um processo inevitável (dado que os produtores pretendem lançar uma nova série com Michelle Yeoh como protagonista), mas não muito convincente. Estamos falando de uma pessoa que vimos dizimar uma base rebelde, comer kelpianos e matar todo o seu conselho só para evitar que uma informação vazasse. Como comprá-la como heroína agora? Difícil. Mas aqui ela dá uns sopapos no Leland, desmascara a nova identidade do Controle e salta claramente para o lado dos “mocinhos”.

Agora, “Perpetual Infinity” exagerou na quantidade abissal de tecnobaboseira sem sentido. Ok, é viagem no tempo, vai ter de ter uma boa dose de nonsense, mas por vezes o uso exagerado e/ou inapropriado incomoda e prejudica a experiência. Já virou clichê da série usar “matéria escura” como curinga para qualquer efeito que se queira, em mais um daqueles casos em que está faltando consultor científico. Quase dá saudade daquele mar de partículas elementares inventadas que Voyager costumava usar — é sempre melhor criar ciência fictícia do que usar ciência real com efeitos fictícios, e isso é algo que Star Trek sabia desde que Gene Roddenberry recebeu o conselho do consultor científico para trocar lasers por feisers…

Entre cenas tocantes e sequências de ação, a diretora Maja Vrvilo faz um ótimo trabalho, realçado pela ótima trilha musical de Jeff Russo. E chegamos ao fim de “Perpetual Infinity” com quase todas as peças do grande mistério da temporada em seus lugares. Resta apenas saber quem produziu os sete sinais, elemento que certamente será fundamental para dar forma final à trama. Aguardemos.

Avaliação

Citações

Gabrielle Burnham – “People think time is fragile. Precious. Beautiful. Sand in an hourglass, all that. But it’s not. Time is savage. It always wins.” (“As pessoas pensam que o tempo é frágil. Precioso. Bonito. Areia na ampulheta, aquilo tudo. Mas não é. O tempo é selvagem. Ele sempre vence.”)

Leland – “Struggle is pointless.” (“Lutar é inefetivo.”)

Spock – “I like science.” (“Eu gosto de ciência.”)

Trivia

  • Esse é o segundo episódio co-escrito por Alan McElroy, que se juntou à equipe de Discovery na segunda temporada. Ele já havia feito o roteiro de “An Obol for Charon”. O outro co-autor, Brandon Schultz, fez sua estreia aqui como autor de um episódio completo para televisão, depois de trabalhar na série desde seu primeiro ano como assistente dos escritores.
  • Maja Vrvilo dirige aqui seu primeiro episódio de Discovery, mas ela já havia comandado o curta “Runaway“, dos Short Treks.
  • O pai da Michael Burnham, Mike, é interpretado pelo marido da atriz Sonequa Martin-Green, Kenric Green. Mike é apelido para Michael Burnham Senior, fazendo a protagonista da série ser a Michael Burnham “Filha”.
  • Pelo Controle, ficamos sabemos que há mais de 7 mil naves ativas na Frota Estelar. Dessas, como falado em “Tomorrow is Yesterday“, da Série Clássica, apenas 12 são da classe Constitution, ou seja, 0,1714% do total.
  • As câmeras que a tripulação da USS Discovery armou para monitorar as coisas em Essof IV lembram bastante o design da interface de Zora, vista em “Calypso“.

Ficha técnica

Escrito por Alan McElroy & Brandon Schultz
Dirigido por Maja Vrvilo
Exibido em 28/03/2019
Produção: 211

Elenco

Sonequa Martin-Green como Michael Burnham
Doug Jones como Saru
Anthony Rapp como Paul Stamets
Mary Wiseman como Sylvia Tilly
Shazad Latif como Ash Tyler
Wilson Cruz como Dr. Culber
Anson Mount como Christopher Pike

Elenco convidado

Michelle Yeoh como Philippa Georgiou
Ethan Peck como Spock
Alan van Sprang como Leland
Sonja Sohn como Gabrielle Burnham
Kenric Green como Mike Burnham
Rachael Ancheril como Nhan
Emily Coutts como a tenente Keyla Detmer
Patrick Kwok-Choon como o tenente Gen Rhys
Oyin Oladejo como a tenente Joann Owosekun
Ronnie Rowe Jr. como o tenente R.A. Bryce
Sara Mitich como a tenente Nilsson
Arista Arhin como a jovem Michael Burnham

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