Star Trek: Countdown é a história em quadrinhos prequel do filme Star Trek. Criada por Roberto Orci, Alex Kurtzman e J. J. Abrams, a história teve adaptação dos escritores Mike Johnson e Tim Jones. Eles falaram sobre o vilão Nero e Data num painel durante a convenção da Wondercon. Veja os pontos mais importantes dessa entrevista.
O bate-papo se deu com o site TrekMovie. A dupla, inicialmente, contou como se deu a gênese de Star Trek Countdown e seu laço com a série A Nova Geração. Alguns spoilers.
Mike: “Nós trabalhamos com Alex Kurtzman e Bob Orci, por isso quando eles conversaram sobre o que podemos fazer de especial, eles estavam falando de algo que possa honrar A Nova Geração. Somos todos grandes fãs e crescemos vendo essa série. Descobrimos uma forma de ligar o elenco de A Nova Geração com o filme e você vai ver exatamente o que acontece na edição 4 com o início do filme. A edição 4 desta série é literalmente um cliffhanger e vai continuar nos primeiros minutos do filme. E nós tivemos sorte o suficiente para sermos capazes de ter Alex e Bob ali para guiar-nos e certificar-nos de que fluiu sem descontinuidades. Eles estavam muito envolvidos nesta história em quadrinhos”.
Tim: “Parte do filme terá lugar no universo de A Nova Geração, e foi desse modo que decidimos fazer essa ligação”.
Mike: “Nós demos uma espécie de adeus ao elenco de A Nova Geração no final da série e nos filmes. Mas isso não terminou e o que estamos fazendo é manter esses personagens vivos e não é realmente um “adeus para todos” nesse sentido. Eles são participantes muito ativos. E você vai ver que a edição 4 termina em um verdadeiro cliffhanger. Eles fazem parte da ação, eles estão muito envolvidos na história”.
Nota: Vale ressaltar que surgiram rumores a respeito de alguma participação do elenco de A Nova Geração no filme, quando os escritores se recusaram a fornecer qualquer informação sobre o assunto. Mas fontes do site Trek Movie informaram que essa possibilidade não ocorreu.
Os escritores fizeram uma comparação, em termos de conhecimento da franquia, em relação aos demais membros da equipe de J. J. Abrams.
Mike: “Eu seria provavelmente um 7 ou 7,5 Orcis (brincadeira com o roteirista Roberto Orci que consideram um sabe tudo de Jornada ). Estou 75% acima do (Brian) Burk”.
Tim: “Não há ninguém mais acima do Orci, mas eu diria que estou na escala 9. Orci e eu assistimos muito Jornada juntos”.
Sobre seus episódios favoritos.
Tim: “O cliffhanger de The Best of Both Worlds, Part 1 é o mais dramático da televisão. Eu não creio que os filmes de Jornada tenham capturado esse incrível momento de suspense … eu diria que é o melhor”.
Mike: “Eu me lembro que estava sentado na nossa sala de estar, em 1990, quando eu gritei ao ver a frase no fim desse episódio “Continua” e minha mãe perguntou por que eu estava assim, e eu respondi – “você não compreende! Locutus!” – Mas eu diria que Measure of a Man (Medida de um Homem) é o meu episódio favorito”.
Vocês leram o script e viram partes do filme antes de começarem a produzir Countdown?
Mike: “Sim, especialmente partes do filme que estão relacionadas com o Nero, pois ele foi fundamental. É realmente a história do Nero. Por muito que quisessem ser sobre A Nova Geração, é, em última análise, a história de Nero”.
A respeito de Nero, o primeiro problema é que ele parece ser um personagem simpático. Será que foi o objetivo torná-lo mais relacionado ao público?
Tim: “Nós sentimos que assim acrescenta muito mais profundidade ao personagem, para mostrar uma virada do personagem, mostrar que ele não nasceu bandido, ele se torna bandido. Ele é o vilão, então ele é mau, mas o que fez ele se transformar em um vilão? Pareceu-me mais divertido dessa forma, ao invés de ser apenas um cara ruim, desde o início”.
Mike: “O melhores caras maus são aqueles em que há uma parte que você possa ver de onde vem seu comportamento. Como Zod (Superman II) ou Darth Vader, que é muito mais interessante quando você descobre que ele é o pai de Luke”.
De certa forma, existem linhas de diálogo no filme em que vemos que ele está chateado, onde ele fala sobre o que aconteceu antes. É isso que estamos vendo neste quadrinhos?
Mike: “Isso é correto. Cada cena que ele tem no filme, e não apenas o diálogo, tem fonte em Countdown. Também a sua nave e tripulação e como eles interagem. Existe uma história por trás do porque a Narada se parece assim (no filme), e que estará na edição 3 …. Existe uma ligação entre a nave que vemos nas edições 1 e 2 e a nave que você viu no trailer, e a edição 3 vai revelar essa ligação, mas não quero dizer mais nada”.
Falando de Nero e sua tripulação, você sabia que isso ia ser polêmico?
Mike: “Bem, colocar isso no comic foi algo diferente, você não vê muito nos quadrinhos de Jornada“.
Tim: “Mas estas pessoas são mineiros, são caras que trabalham duro, não são militares. Fiquei surpreso por isso, mas animado, uma vez que eu adoro a controvérsia”.
Mike: “Foi muito importante eles mostrarem ser pessoas normais, uma vez que concorrem para a jornada de Nero. Ele vai de um cara normal a um vilão”.
Então, se você ler os quadrinhos, vai mudar a maneira de ver o filme?
Mike: “Eu diria que é a intenção de todos os envolvidos nesse trabalho. Os quadrinhos não vão alterar no sentido de que se você não o ler e ver o filme, vai entender menos o filme. Mas nas cenas com o Nero, há mais um subtexto do que está acontecendo. Você vê as coisas no filme, cujas origens não são explicadas no filme, mas elas são explicadas nos quadrinhos”.
No trailer que acabamos de ver, existe uma linha onde o Nero responde quando alguém fala sobre James T. Kirk, “mas isso foi em uma outra vida”. Ele estava claramente falando da cronologia de um Kirk. Houve uma cena em Countdown # 2, em que vemos o Nero fazer uma investigação e você pode vê-lo olhando para imagem de Kirk. No filme, as pessoas vão saber como o Nero sabe de Kirk?
Tim: “Esse é o ponto desta cena nos quadrinhos”.
Mike: “O Nero é fascinado pela nave, ele também está interessado na tecnologia de Spock, e é por isso que quando ele olha nos bancos de dados, há um monte de coisas que é restrito. O Nero é um cara esperto. Ele está estudando a nave e sua história. Ele diz a Picard em um ponto “Eu li muito sobre você”, então ele fez a sua investigação”.
Vocês também trouxeram Data. Por que fizeram isso?
Mike: “O comic conta a história de Nero e Spock, é por isso que os quadrinhos existem. Mas, ao mesmo tempo, estamos decididos a mostrar os personagens de A Nova Geração, após Nemesis. Onde estão eles? O que eles estão fazendo? E naturalmente o primeiro passo é Picard e se ele não é o capitão da Enterprise, então quem é? Não é apenas uma invenção da nossa parte que Data esteja restaurado através de B-4, penso que isso está muito claramente apontado no final de Nemesis. Estamos apenas partindo desse ponto para mostrar qual seria o caminho mais interessante para Data, e não apenas para Data, mas para a Frota, digamos “este é um indivíduo único, é o mais capaz estrategista, capitão e líder que temos na Frota, de modo que vamos colocá-lo na Enterprise”.
Tim: “Nós gostaríamos de fazer mais. Essa é uma daquelas coisas em que nós adoraríamos contar a história”.
Isso me lembra um episódio de Voyager (Tuvix), onde Tuvok e Neelix são combinados em um novo indivíduo. Se Data foi um indivíduo, não era para B-4 também ser um indivíduo? E se assim for, então você fez o mesmo que assassinar B-4 imprimindo Data sobre ele?
Mike: “É a história que queremos contar e ainda está para ser contada. O centro emocional desta história (do filme) é o modo como o Nero se tornou um bandido. O centro emocional daquela história (de Data) é o que aconteceu com o B-4, e como é que se sente Data sobre ele, como fez Data voltar, enormes problemas”.
Existe alguma coisa que ficou de B-4 em Data?
Tim: “Esta é uma pergunta que será respondida e estamos fechando os detalhes, Mike e eu estamos nisso”.
Então não é a última palavra de vocês, neste universo?
Tim: “Definitivamente não”.
Mike: “Nós estamos agora em discussão sobre fazer mais do mesmo enredo e do mundo que fizemos para Countdown”.
Quando é que os quadrinhos tomam lugar?
Mike: “Cerca de oito anos após Nemesis“.
Bem, há uma linha onde se fala de Spock estar em Romulus há quarenta anos, mas se você voltar a fazer a matemática e retornar ao episódio Unification (Unificação) não parece somar correto.
Mike: “A questão básica é: qual é a sua definição de “Romulus tem sido a minha casa?”. Nós não temos uma data específica para a primeira chegada de Spock em Romulus”.
Tim: “Bem, tem sido apontado que, em Unification, ele deixou Vulcano três semanas antes, mas se ele tinha ou não dupla cidadania antes disso, não está claro”.
Mike: “E ele vai e volta entre Romulus e Vulcano. Por isso, é uma zona sombria”.
Então você considera Countdown canônico?
Mike: “Bem, eu considero. Eu penso que é importante que o escritor considere. O escritor tem que pensar que o que eles estão fazendo é parte do que veio antes e que está por vir”.
Quanto está perto o final da página dos quadrinhos para o início do filme?
Tim: “Está muito perto”.
Mike: “É imediato. É causa e efeito. É um cliffhanger no mesmo espírito de The Best of Both Worlds. Ele acaba e você precisa ir ver o filme agora. E desta vez não serão três meses mais tarde”.
Tim: “O que é muito legal”.
A terceira edição de Star Trek Countdown será lançada provavelmente no início de abril e a quarta e última parte um pouco antes da estréia do filme. Fique ligado no TB, porque faremos um review assim que surgir.
Fonte: TrekMovie