Nicholas Meyer não sabia nada sobre Jornada antes que fosse contratado como diretor para o segundo filme da franquia – o que ainda é considerado pela maioria como o melhor. O TrekMovie conversou com Meyer, que falou sobre suas esperanças para uma montagem do diretor em Blu-ray, e sua opinião a respeito de Star Trek e Além da Escuridão.
A entrevista foi concedida durante sua participação na convenção Destination Star Trek 3, em Londres
Star Trek II foi um filme muito diferente de ‘The Motion Picture”. Foi um grande desafio para você assumir o papel de diretor (e escritor não-creditado) em A Ira de Khan?
Nicholas Meyer: Eu tive liberdade para fazer o que eu queria, porque eles não sabiam o que aconteceria com o trabalho depois de Star Trek: The Motion Picture. Então, de uma forma engraçada – além de cortar o orçamento – realmente me deixou com meus próprios recursos. E fui encorajado pelo elenco. E eu acho que a coisa maior foi que todos realmente gostaram do script. E uma vez que eles gostaram do roteiro todo mundo disse: “OK, faça isso”. Então foi isso que eu fiz. Ninguém estava pensando em como salvar a franquia, nós estávamos pensando em fazer um filme.
Você estava ciente do impacto que matar Spock iria causar?
Nicholas Meyer: Bem, houve uma série de boatos e sim eu recebi cartas ameaçadoras – “Se Spock morre, você morre” e esse tipo de coisa. Mas eu não acho que as pessoas sabem o que realmente querem. As coisas que soam mal em teoria, podem não ser tão ruins quando você vê-las funcionar na prática. E assim a morte de Spock foi um ato heróico como de auto-sacrifício, eu acho que muita gente não teve problemas para aceitar isso.
Você sabe se existe a possibilidade de um lançamento em Blu-ray do diretor para A Ira de Khan?
Nicholas Meyer: Eu não sei. Eu gostaria que houvesse, porque eu gosto de minha versão – as poucas mudanças que eu fiz eu acho que melhoraria o filme, e fiquei desapontado quando não liberá-lo em Blu-ray com as minhas alterações.
Você estaria aberto a conversar com a Paramount sobre lançá-lo em Blu-ray?
Nicholas Meyer: Oh, eu estou aberto a conversar com a Paramount. A questão é, se a Paramount está aberta a falar comigo.
Você também já falou no passado sobre coisas de “reparo” no filme e eu sei que você não gosta particularmente das correções em Star Wars. Mas o que dizer da cena da caverna Genesis em Star Trek II? Você mencionou no passado que você não achou que ficou bem feita.
Nicholas Meyer: Bem, nós não tínhamos o dinheiro para fazer o que era necessário lá. Mas não, eu realmente não acredito nos filmes reescritos. Os filmes são de alguma forma parte do registro histórico. Acho que as coisas ficam confusas quando você começa mexendo com eles e transformá-los. Este (ele segura um livro que fala sobre uma lista negra de Hollywood na década de 1940 e 50) é um livro sobre a lista negra. Recentemente – e quando digo recentemente, quero dizer, nos últimos 25 anos – eles começaram a restaurar nomes sobre esta lista negra de filmes, quem realmente escreveu. E eu acho que, por um lado, é uma coisa muito louvável de fazer. Se você escreveu Lawrence da Arábia, o seu nome deve estar nele. Por outro lado, se você restaurar esses nomes sem nenhuma explicação lá, você está mudando a história e as pessoas nunca vão saber sobre esse episódio particularmente vergonhoso na história americana e da história de Hollywood. Então, eu fico muito desconfiado. É como se você voltasse a editar um filme de Shirley Temple e não gostasse de como uma pessoa negra faz uma empregada suspeita de olhos arregalados, porque é um estereótipo racista, e é, mas não devemos esquecê-lo. Não devemos esquecer que nós fizemos isso. Se você cortá-lo, vai estar alterando o registro. Eu não quero mudar meu filme com efeitos especiais atualizados é uma longa resposta a sua pergunta.
Nota: Na década de 40 e 50, a lista negra de Hollywood acusou muitos artistas, roteiristas, músicos e seus trabalhos de serem partidários do comunismo e considerados nocivos ao país, resultando em prisões e emprego negado, assim muitos roteiristas acusados creditaram seus trabalhos por meio de pseudônimos, e artistas saíram dos EUA para tentarem sobreviver.
Você já foi ver a nova safra de filmes de Jornada por J.J. Abrams? Você tem uma opinião sobre eles?
Nicholas Meyer: Sim, eu tenho. Minha maior opinião é que eu estou tendo um momento difícil para compreendê-los. Posso estar velho demais para entendê-los. Mas eu não entendo Spock por aí batendo nas pessoas. Isso não parece o personagem com Spock. E às vezes eu não entendo o que eles estão fazendo – qual é o tema – além de fazer um outro filme de Jornada.
Como você se sente sobre a cena da morte entre A Ira de Khan e o de Além da Escuridão? Alguns fãs acharam que foi um pouco de cópia da cena em Star Trek II. Você viu isso como uma homenagem a Star Trek II? Você se sentiu privilegiado que a cena tenha sido recriada, de tal maneira?
Nicholas Meyer: Bem, você tem que ficar lisonjeado que alguém queira fazer esta espécie de tentar e fazer o seu filme de novo. Mas a diferença é que entre uma cópia e uma homenagem você deveria acrescentar algo.