O pessoal do site Star Trek The Continuing Mission conseguiu recuperar arquivos em áudio referentes às antigas entrevistas com os atores e produtores da série Jornada nas Estrelas, entre eles o seu criador, Gene Roddenberry, onde comentou os planos iniciais para o desenvolvimento do primeiro filme da franquia, Jornada nas Estrelas: O Filme, e as mudanças que gostaria de fazer.
Com a ajuda da empresa Totally Creative Media, o site recuperou algumas entrevistas em áudio feitas por Tim Renshaw (capitão Edwards do fanfilm Continuing Mission). Na época, Tim trabalhava num programa de rádio e teve a oportunidade de conversar com os atores DeForest Kelley (McCoy) e James Doohan (Scott), além do produtor e criador da série, Gene Roddenberry. As entrevistas se deram por volta de julho de 1976, durante a pré-produção do primeiro filme de Jornada no cinema. O produtor discute os planos iniciais de desenvolvimento de uma nova história para o filme, a razão de mudar o design da Enterprise e outros aspectos da antiga série.
O livro “The Art of Star Trek” escrito por Judith e Garfield-Reeves Stevens, em 1997, comentou que as primeiras palavras de Gene Roddenberry sobre o filme foram durante a convenção World Science Fiction Convention, em 1968 (após o cancelamento da série), onde revelou seus planos futuros para uma história que contaria como Kirk e sua tripulação encontraram-se na Academia da Frota.
Na entrevista de Renshaw, Gene confirmou os pensamentos iniciais de fazer do filme um prequel da Série Clássica, “Nós conversamos e inicialmente achávamos que poderíamos contar a história de como toda a tripulação da Enterprise veio a se reunir anos atrás. Mas nós (elenco e produção) estamos todos sete anos mais velhos e poderia tornar-se um problema de maquiagem, fazendo a coisa ficar impossível”, disse o criador que resolveu apostar em outro caminho, embora não tivesse idéia ainda de como desenvolveria a história. “Desse modo, provavelmente caminharemos na direção do fim da missão de cinco anos e que por alguma razão existe uma emergência e toda a tripulação envelhecida é reunida outra vez numa reconstruída e poderosa Enterprise”, concluiu o produtor. O filme chegou a se chamar, “Star Trek: Planet of the Titans” (Planeta dos Titãs), cuja história falava sobre um planeta de uma raça extinta e poderosa. Roteiro esse que foi abandonado, fazendo surgir a entidade V’Ger e o título Star Trek: The Motion Picture (O Filme).
O criador de Jornada justifica uma possível mudança no design da Enterprise para o filme, “Isso teria acontecido de qualquer maneira. A versão da série na televisão foi feita para um orçamento de TV. Nós fizemos um trabalho tão bom quanto pudemos, mas estávamos usando material precário e não tínhamos dinheiro para fantásticas tomadas. Claro que produzir um filme e particularmente fazer em formato wide screen (tela cheia), onde se vê tudo em muitos detalhes, mesmo que você tenha a velha ponte de comando, teria de refazê-la para que ficasse mais sofisticada”, disse Gene. Nos primeiros esboços para desenhar a nova Enterprise, o design Ralph McQuarrie chegou a fazer um rascunho inicial da nave (figura a esquerda), que depois foi abandonado. Mas esse mesmo modelo foi mostrado, mais tarde, no episódio de A Nova Geração (Unificação), como uma nave descomissionada da Frota.
Gene também planejava convidar artistas famosos, da época, para fazer ponta como forma de atrair a atenção do público não trekker, “Como figurantes e convidados especiais esperamos ter seis nomes de estrelas, de modo que estaremos fazendo propaganda para os donos de cinema e para o público em larga escala, esse filme não é apenas uma coisa de dentro de Jornada. Daremos a você um pedaço de entretenimento que valerá o seu ingresso, sendo ou não fã de Jornada”.
O filme recebeu três indicações ao Oscar, em 1979, nas categorias: Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Especiais e também uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Trilha Sonora.
Fonte: Trek Movie.