Jornada introduziu o conceito de “Infinita Diversidade em Infinitas Combinações”, e foi elogiada por quebrar barreiras éticas e sociais no início na década de 60, mas até hoje ainda não introduziu um personagem homossexual. Pelo menos, é assim que pensa o ator Goerge Takei. Em uma entrevista ao PrideSource, Takei disse que tentou convencer o criador da série original, Gene Roddenberry, a fazer isso durante a série e os filmes e que agora seria a hora de pensar sobre o assunto.
Você acha que ainda veremos um ser humano LGBT (sigla que identifica todas as orientações sexuais existentes) em Jornada?
Eu acho que agora é hora. Eu fiz isso muito calmamente, trazendo o assunto para Gene Roddenberry quando estávamos começando a nossa série de filmes e ele disse que com a televisão tinha que andar em uma corda bamba muito estreita. Você sabe, nós estávamos lidando com questões naquela época – o movimento dos direitos civis, a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria – e esse episódio onde Kirk beijou Uhura, um homem branco beijando uma mulher negra, foi censurado em todos os Estados do Sul: Georgia, Alabama, Mississippi e Louisiana. Nossa audiência despencou!
Gene disse que sabia que a questão LGBT é uma questão de direitos civis, mas também tinha que manter o programa no ar como uma série de televisão, e se ele empurrasse o tema longe demais, não seria capaz de lidar com qualquer um dos problemas que iriam surgir. A série estaria cancelada. A mesma coisa com os filmes: orçamento maior, maior risco. E ele disse que estaria qualificando um século 23, quando a questão LGBT não seria um problema, mas é um problema dos nossos tempos, que estamos lidando, mesmo sendo metaforicamente em termos de ficção científica. Ele gostaria de lidar com isso e ainda ser capaz de fazer nos filmes. Disse que esperaria um tempo em que seria capaz de fazê-lo.
Infelizmente, Gene passou. Foi em 91, e foi há mais de 20 anos. Nós já avançamos (no tema) com velocidade inimaginável, e acho que agora é hora de Jornada levar a questão da igualdade LGBT. Agora, existem atores que estão assumindo. Zachary Quinto, que interpreta Spock na reinicialização, assumiu, e eu assumi. Com dois de nós assumindo, agora é seguro para Jornada lidar com a igualdade LGBT.
A questão da introdução de um personagem LGBT em Jornada foi debatido por muito tempo. Em 1987, o escritor David Gerrold, de “Trouble With Tribbles”, tentou quebrar a barreira com um episódio intitulado “Blood and Fire” para a primeira temporada de A Nova Geração, mas foi rejeitado devido à natureza controversa – levando Gerrold a deixar a série (ele acabaria por usar uma versão do roteiro para a série de fãs Star Trek Phase II ). A possibilidade surgiu novamente uma década depois durante as temporadas posteriores de Voyager, mas novamente nunca foi ao ar. No momento em que a franquia saiu da TV em 2005, personagens gays tinham se tornado comuns nas redes de televisão, o que pode ser uma das razões que levou o produtor Brannon Braga a criticar Jornada por não ter “visão de futuro” sobre esta questão.
O diretor e produtor J.J. Abrams mostrou-se aberto a isso, mas não aconteceu em quaisquer dos seus dois filmes. Por sua parte, Orci, também manifestou-se a favor do tema e que gostaria de ver isso acontecer, embora nada tenha dito se faria algo neste terceiro filme.
Embora, alguns critiquem que as séries de Jornada nunca tiveram um personagem explicitamente homossexual, os roteiristas contornaram questões desse tema em alguns episódios. Como por exemplo, “The Outcast” de A Nova Geração, onde havia um alienígena de raça andrógina que se envolveu com Riker ou em “The Host”, com Beverly Crusher se apaixonando por um Trill masculino, cujo hospedeiro morre e o simbionte é transplantado para uma fêmea. Temos também o episódio “Rejoined” em Deep Space Nine, quando Jadzia Dax se encontra com um ex-amante que agora estava em um corpo feminino. Há também a versão bi-sexual de Kira Nerys, no universo espelho, entre outros.
Fonte: TrekMovie