Embora o filme Além da Escuridão tenha recebido comentários críticos positivos, uma parte do fandom o classificou como o pior filme da franquia e até mesmo entrou em uma guerra online com o roteirista Roberto Orci. Agora outro roteirista, Alex Kurtzman, saiu em defesa do filme e da polêmica cena da morte de Kirk.
Uma grande parte do descontentamento decorre da versão alternativa da história de Khan e da cena da morte de Kirk, que para esses fãs seria um momento sagrado e intocável. Para Kurtzman sua cena favorita é a cena da morte de Kirk.
“É uma das, se não, a cena mais emblemática de sempre no cânon de Jornada”, disse ele ao site Blastr em uma entrevista exclusiva . “Sabendo que íamos estar indo para aquele lugar, mas por razões totalmente diferentes e ter os papéis completamente revertidos foi este estranho ímã em que fomos atraídos para o que estávamos escrevendo. Sabíamos que tínhamos de fazer aquele momento ser crível e convincente. O que fez chegarmos a esse trabalho conceitualmente foi a idéia de que Spock era incapaz de entender a definição de amizade de Kirk. Ele não sabia o que significava. O que Kirk estava dizendo era ” A razão pela qual eu arrisquei minha vida por você é porque você é meu amigo, e isso é o que você faz pelo outro”. A mente vulcana de Spock simplesmente não era capaz de processar isso, e não foi até ele experimentar a perda de seu amigo que ele finalmente veio a entender o que significa a amizade como Kirk a definiu. Nesse momento, ele foi capaz de expressar a emoção que não foi capaz de entender. Temos uma escrita emocional dessa cena. A forma como ela foi feita em A Ira de Khan foi brilhante, e é tão amada, e sabendo que você está mesmo entrando nesse território é muito complicado, mas eu acho que nós sentimos que conseguimos o que queríamos. E quando eu assisti agora fiquei orgulhoso do que esse momento representa”.
Para Kurtzman, essa reação de alguns fãs não causa espanto a equipe de roteiristas. “Eu acho que já era esperado. Nós certamente sabíamos que ao entrarmos em Jornada não iríamos agradar a todos. Ficamos muito felizes em ver quantos críticos gostaram do filme, e que o filme foi bem. No final, ficamos muito orgulhosos dele. Sabíamos que não ia agradar a todos, especialmente quando você está tomando uma história de Khan, que é o mais amado de todos os vilões. Nos sentimos no final das contas muito bem sobre o modo como funcionou, mas todo mundo tem direito à sua opinião.”
Kurtzman está muito feliz com os dois filmes de Jornada porque conseguiram finalmente convencer o público internacional a ficar interessado na franquia como o público dos Estados Unidos. “Nós amamos a nossa Jornada e foi afinal uma série muito americana e com uma série de filmes. Ela não chegou a traduzir isso fora dos EUA. Parte da razão pela qual acabamos tomando o tempo que levou foi porque tivemos que ir em uma campanha no exterior para educar as pessoas sobre Jornada e mostrar-lhes que não é necessariamente o que eles achavam que era, e mostrar-lhes porque nós amamos isso. Estamos super satisfeitos que tenha funcionado, e agora os números no exterior têm sido fenomenais”.
O sucesso do último filme também garantiu a Kurtzman e Orci o trabalho de escrever o terceiro, e ele diz que estão apenas começando o trabalho de roteiro, embora em uma nova dinâmica.
” As coisas mudaram um pouco”, explica Kurtzman. “Damon (Lindelof) está trabalhando em outras coisas agora . J.J. Abrams, (que só vai produzir o próximo filme ) está, obviamente, fazendo Star Wars, mas ainda está muito envolvido no processo de Jornada e quer ter a certeza de que a história está indo corretamente. É o seu bebê também, e eu sei que ele olha para ele desse jeito. Por isso, será diferente desta vez , mas estamos OK, porque estamos no terceiro filme e agora estamos OK para agitar as coisas”.
Quanto a nova história, que começa formalmente a missão de cinco anos nesta linha de tempo para a USS Enterprise, Kurtzman diz que não tem certeza qual será o foco, porque há um monte de opções. “É impressionante e assustador, porque cada vez que penso que nós reduzimos uma passagem, saímos do outro lado e percebemos que há mais de dois trilhões lá fora. Você quer escolher as pessoas certas. Mas sempre imaginei que estávamos criando uma linha de tempo alternativa para que pudéssemos jogar em harmonia com o cânon. Podemos ver coisas que eram familiares, mas também os próprios eventos podem ter pequenas diferenças, e às vezes grandes diferenças. Eu acho que nos deixa espaço para irmos num caminho seja ele qual for e sermos imprevisíveis, que é o ponto de criação de uma linha de tempo alternativa. Certamente nossos ouvidos estão abertos para o que os fãs estão dizendo sobre a série, os filmes e os nossos filmes, de modo que tudo vai para o forno”.
Fonte: TrekWeb