JJ Abrams tecla com os fãs na ponte da Enterprise

Esta vai ficar na memória dos fãs. Na noite de ontem, o diretor e produtor J.J. Abrams, juntamente com o elenco e a equipe que estão produzindo o próximo filme de Jornada nas Estrelas, participaram de um bate-papo on-line, via TrekMovie.com, com os fãs da franquia. Além das respostas interessantes, os trekkers foram brindados com a primeira espiada na nova ponte de comando da USS Enterprise. Ou pelo menos num pedacinho dela…

Participaram, além de Abrams, o produtor-executivo Bryan Burk, o escritor Roberto Orci, o supervisor de efeitos visuais Roger Guyett, o produtor-executivo Jeffrey Chernov e o gerente de unidade de produção David Witz. Do elenco, apareceram John Cho (Sulu), Karl Urban (McCoy), Zoe Saldana (Uhura), Anton Yelchin (Chekov), Chris Pine (Kirk) e Zachary Quinto (Spock). Eles foram escrevendo suas respostas entre as tomadas, durante um dia de filmagens na ponte da Enterprise!

Aliás, foi um dia muito especial: as últimas cenas na ponte, que coincidem com o final do filme (para otimizar a produção, os filmes costumam ser rodados fora de ordem, facilitando a logística de cenários e locações). Confira logo abaixo uma transcrição do bate-papo.

Bronson: Quanto você sente o peso da responsabilidade que vem ao carregar a tocha da franquia de Jornada nas Estrelas?

Abrams: É engraçado que você tenha colocado deste modo — carregar a tocha — porque é exatamente como a gente sente. Jornada significa muito para muita gente, e eu aprecio totalmente essa responsabilidade. Mas eu nunca me senti sobrecarregado por esse fardo. Bem ao contrário. Os fãs têm sido parte da inspiração. Essa experiência tem se mostrado, desde o início, uma oportunidade realmente incrível. Estamos apenas na metade da fotografia principal, mas a tocha está queimando com brilho e estamos correndo com vigor!

Marian Ciobanu: Quando veremos clipes mais detalhados do novo filme…?

Burk: A não ser que algo seja roubado de nosso escritório, estamos trabalhando em nosso primeiro trailer neste momento, que esperamos colocar nos cinemas no começo até o meio do verão [no hemisfério Norte].

Josh: Qual foi o maior desafio que você enfrentou ao decidir cuidar de Jornada?

Abrams: Esta pode não ser uma resposta justa, mas houve dois maiores desafios: o primeiro foi pegar essa visão do futuro. O fato de que a maior parte da tecnologia que usamos hoje no cotidiano foi modelada com base na — e é na verdade mais avançada que a — série original fez com que fosse difícil encontrar um meio de tornar o mundo do nosos filme muito mais avançado do que onde estamos agora, e ainda assim consistente com a série original.

O outro desafio foi, obviamente, escalar o elenco. Como diabos iríamos encontrar atores que pudessem suceder aquele memorável elenco original? Era difícil em teoria e mais ainda na prática. Não poderíamos ter — e não teríamos — iniciado a produção com um elenco que não FUNCIONASSE.

Com os esforços incríveis de April Webster e Alyssa Weisberg (nossas diretoras de elenco), nós de algum modo conseguimos. Esse elenco é muito talentoso, esperto demais, engraçado e dedicado a habitar completamente esses papéis. Vocês verão. Kirk ESTÁ VIVO. Spock está AQUI, neste momento. Posso vê-lo. Uhura e Magro e Chekov e Sulu e Scotty estão NA PONTE e estão maravilhosos.

Em resumo, UAU.

The Vulcanista: Pergunta para alguém do elenco — qual foi seu melhor momento no set até agora? Melhor brincadeira do set? (As respostas devem vir sem spoilers, claro!)

Quinto (Spock): Sem dúvida a primeira vez que Leonard e eu estávamos ambos com nossos figurinos, ao mesmo tempo, para o teste de figurinos.

Erehwonnz: Escrever o filme trouxe alguma nova perceção sobre Jornada, suas histórias ou as pessoas que trabalharam nelas para trazê-las à tona?

Orci: Escrever esse filme com meu parceiro de colegial Alex Kurtzman me lembrou de quão solidamente construído o paradigma para Jornada realmente era. Nosso trabalho era apenas fazer a lição de casa. Nós não apenas nos voltamos para nossos episódios e livros e filmes favoritos, mas também lemos teses de graduação sobre o significado de Jornada nas Estrelas. Foi como voltar à escola de Jornada, e nos fez apreciar Jornada ainda mais, o que eu achava que não era possível.

Orci: Só para estabelecer o cenário, o início dos trabalhos hoje foi às 13h. Então o JJ está neste momento preparando a primeira tomada na ponte da Enterprise — acompanhe com a gente…

Charles Trotter: Vocês têm uma data marcada para finalizar as filmagens?

Abrams: Atualmente o cronograma marca o fim das dilmagens para o começo de abril. O que significa que estaremos filmando até setembro. Brincadeira. Espero. Não, brincadeira mesmo.

RoobyDoo: Sr. Abrams, quão importante é o humor na sua visão de Jornada? E que tipo de humor você gosta mais?

Abrams: Tenho medo de responder a essa pergunta, porque Os Que Nos Odeiam vão pensar que estou olhando para Jornada como uma comédia. Não estou. Mas humor é imensamente importante. Humor e humanidade caminham lado a lado — esse é o tom do roteiro (parabéns, Kurtzman/Orci), e os atores trazem essa inteligência e humor, e o meu trabalho é só manter a coisa REAL. Muito dramático, mas também com RISADAS. Sem comédia (meu episódio favorito da série original tinha grande humor), a audiência encontra seus próprios momentos para rir. E num mundo de humanos e alienígenas, isso pode ser desastroso. Então a resposta curta é? É muito importante.

Mawazitus: Para Roberto Orci: Sério, quantas vezes você teve de se beliscar para ter certeza de que não estava sonhando? Um trekker de carteirinha tendo a oportunidade de adicionar à mitologia. Deve ser incrível. Quantas páginas de idéias você já tem para as sequências?

Orci: Sem brincadeira. Acho que falo por muitos de nós quando digo que nos beliscamos todos os dias, e ainda assim não funciona. Eu pediria a Quinto ou Nimoy para me beliscar, mas eu acho que isso ia tornar tudo ainda mais surreal…

Gibnerd: Pergunta aleatória de roteiro… qual é a décima palavra na décima página do roteiro?

Burk: “…e…”

Questions for Burk and Lindelof: Em seus papéis de produtores, como vocês estão documentando o processo de criação do filme?

Burk: Desde o começo houve uma equipe de DVD de bastidores capturando todas as fases de pré-produção e produção. Houve conversa de ter também livros, mas isso dependerá do interesse por eles.

EuroTrashTrekker: O teaser do filme era muito focado nos Estados Unidos, com sons do programa espacial americano (e nenhum de ninguém mais). Jornada muitas vezes pareceu americana demais. Como vocês vão garantir que Jornada seja um filme global que tenha apelo na Europa, Ásia, América Latina etc?

Burk: Houve versões diferentes do teaser no mundo todo para lidar exatamente com isso.

Michael (the real one in Texas, by way of Afghanistan): Sou grande fã seu, mas também do seu amigo e suposto amuleto, Greg Grunberg. Você pode nos dizer se ele vai aparecer no filme, e se sim que tal uma dica do papel dele?

Abrams: Estou pê da vida com o Grunberg. Era para o cara estar no filme — tinha um ÓTIMO PAPEL –, mas teve de sair fora por causa de uma PORCARIA DE FILME QUE ELE ESTÁ FAZENDO.

Certo, estou meio que brincando e apenas desapontado: Grunny IRIA aparecer no filme, e ESTÁ fazendo outro filme, por isso não pode estar no nosso — mas seu filme não é uma porcaria, é divertido, e ele está produzindo e co-escrevendo, e o colaborador de longa data Larry Trilling está escrevendo com ele e dirigindo, então eu desejo a eles o melhor. Embora eu odeie Greg agora. Quem sabe, talvez ele acabe fazendo um pingo.

Yammer: Você pegaram algo dos livros? Meu filme de Jornada de sonho seria uma adaptação de Diane Duane, de cujos romances combinavam ficção científica hard com elaborações vívidas dos personagens clássicos, e eram tão bem escritos que você pode ler em público sem sentir vergonha.

Orci: Fomos absolutamente inspirados pelos livros. Mencionamos antes como amamos “Prime Directive” e muitos outros como um grande exemplo do que a série original tinha em seu melhor.

Battletrek: Quantas tomadas de efeitos visuais o filme terá?

Guyett: Estamos esperando umas 1.000.

Lawrence Boucher: Houve algum momento em particular em que a filmagem pegou você despreparado e fez você recuar e dizer “uau” ou simplesmente fez pensar “que legal isso”?

Chris Pine (Kirk): Para mim, ainda me dá arrepio toda vez que eu me sento “NA” cadeira, e toda vez que eu digo quem eu sou no filme.

Mike J. Hafezi: Meu professor de inglês, Sr. Zimmerman, não gosta de Jornada e não quer que esse filme aconteça. O que você diria a ele?

Orci: Por favor, diga ao Sr. Zimmerman que haverá um monte de inglês falado no filme.

Daniel Broadway: Roger Guyett — Primeiro, deixe-me dizer, sou fã do seu trabalho. Sou um artista de efeitos visuais (compositor) aspirante. Estava me perguntando que tipos de software vocês estarão usando para a animação em 3D, mas também para a composição. Eu sei que vocês têm muitas ferramentas da casa também.

Guyett: Estaremos usando muitos softwares diferentes, muitas ferramentas criadas pela ILM, mas também usaremos Maya, Renderman e Shake (o software de composição). Boa sorte com sua carreira em efeitos visuais!

Captain April: A ILM está fazendo os efeitos do filme. Será tudo CGI ou eles construíram um modelo físico da nova Enterprise? E quando veremos uma foto da Enterprise finalizada?

Abrams: Eu tive a felicidade de trabalhar com a ILM em “Missão: Impossível III”. Roger Guyette e Sherri Hanson são gênios com quem tive o prazer de trabalhar também. A ILM sempre foi a melhor — mas em anos recentes eles se tornaram — incrivelmente — ainda melhores, criando o virtual fotorrealista.

Tendo dito isso, minha meta é fazer Jornada REAL — ou seja, não pode parecer tosco, não pode parecer enganação, não pode parecer que tela verde foi usada em tudo. Claro, isso é Jornada nas Estrelas. Estamos usando todas cartas na manga. Mas, SEMPRE QUE PODEMOS, estamos filmando em cenários — ou construídos em palcos ou expandindo em locações que escolhemos. Isso é importante. Isso significa que o filme não terá aquela sensação de “atores fingindo num vazio verde ou azul e então colocados num cenário de espaçonave” que me deixa louco. Uma das nossas designers de talento recentemente comentou on-line como filmamos num cenário de tela verde e que chato foi aqui, já que podíamos ter construído algo incrível. E ela tinha razão — para aquela cena, que durará talvez 30 segundos na tela, construímos apenas peças e estávamos cercados de verde. Mas essa foi a exceção. Não podemos construir TUDO, e precisamos fazer este filme dentro do orçamento (em parte porque é o dinheiro que temos, e em parte porque eu quero que o estúdio veja Jornada como viável!). A Enterprise será uma mistura do físico e do virtual. Uma foto aparecerá em breve!

Jon1701: Várias boas perguntas até agora, mas eu não acho que a pergunta-chave tenha sido respondida. AS PORTAS VÃO FAZER SWOOSH QUANDO ABREM?

Abrams: Rapaz… e como!

Raffie: Existe algo que eu possa dizer à minha namorada para convencê-la a ver um filme comigo cujo título é “Jornada nas Estrelas”? Se houver, isso seria de muita ajuda.

Abrams: Primeiro de tudo, estou aliviado por você ter uma namorada. Em segundo lugar, esse filme não está sendo feito só para os trekkers — isso não quer dizer que não estamos dando aos convertidos o que eles querem –, mas também estamos fazendo um filme para pessoas (homens E mulheres) que nunca viram Jornada antes, em nenhuma encarnação.

O que finalmente me fez dirigir e não só produzir Jornada foi a reação da minha mulher, Katie. Ela amou os personagens. Ela confirmou minhas profundas suspeitas de que eu deveria dirigir este filme. A história é dramática e engraçada e emocional e romântica e cheia de aventura. Eu sei que tenho um viés — mas eu acho que as pessoas vão amar essa experiência. Para alguns, talvez, APESAR de se chamar “Jornada nas Estrelas”. Quem sabe? Talvez sua namorada veja o filme e se torne fã da série.

Segunda parte do bate-papo

Lawrence Boucher: Houve algum momento em particular em que a filmagem pegou você despreparado e fez você recuar e dizer “uau” ou simplesmente fez pensar “que legal isso”?

John Cho (Sulu): Foi andar na ponte da Enterprise pela primeira vez. Foi como experimentar algo do meu passado, que foi incrível, enquanto a via totalmente reformada e atualizada. Foi uma experiência única.

Anton Yelchin (Chekov): Para mim, foi extraordinário passar meu último dia de filmagem na Enterprise. Caiu a ficha de quão épico era… E SERÁ.

Karl Urban (McCoy): Para mim, o momento “uau” foi ouvir a voz de Nimoy, e vê-lo como sr. Spock pela primeira vez em anos, e ver isso ao vivo.

Zoe Saldana (Uhura): Meu momento “uau” foi passar tempo com Nichelle Nichols quando ela visitou o estúdio e saber que estávamos filmando no mesmo lugar em que a série original era filmada, nos anos 60.

Darryl: Eu tenho uma tatuagem da Enterprise. Terei de mudá-la agora?

Abrams: Qual delas? Enterprise A, B, C, D ou E?

ensign joe: Pergunta para todo mundo — se houvesse uma coisa que vocês gostariam que os fãs parassem de reclamar, qual seria?

Orci: reclamar significa que você ainda se importa… então não queremos que você pare nunca de reclamar.

starbase63: Por favor acabem com a discussão que começou desde a exibição do teaser, que mostra a Enterprise sendo construída no solo (alguém parece ter levado uma foto de brincadeira a sério). Embora não seja oficial, já se fala desde “The Making of Star Trek” e aparece listado na “Star Trek Encyclopedia” de Mike Okuda e na Biblioteca do Startrek.com que a nave foi montada em órbita. Até mesmo na série Enterprise, ambientada 85 anos da original, vemos naves sendo construídas em órbita. Nós veremos a 1701 concluída na Doca Orbital San Francisco, ou essa idéia foi jogada fora? Afinal, durânio será tão duro em órbita quanto na Terra…

Orci: Sem revelar nada, nada no teaser impede uma montagem final no espaço.

Craig: Sr. Abrams. O que fez você escolher o período da série original? Eu li em outros fóruns de Jornada os fãs dizendo que o novo filme deveria ter sido pós-Nêmesis. Você acha que a era do século 24 ou 25 acabou? Eu acho que escolher a série original é legal, embora eu gostasse de A Nova Geração e Deep Space Nine. Não posso esperar para ver como a nova 1701 vai ficar.

Abrams: Alex, Bob, Bryan, Damon e eu sempre quisemos fazer a história Kirk/Spock/tripulação original. Foi isso o que nos atraiu para o projeto. Novos períodos foram explorados numerosas vezes no universo de Jornada. O que queríamos fazer dependia da cronologia da Série Clássica.

PM: Vocês chegaram a discutir o projeto com [o ex produtor de Jornada] Rick Berman? Se sim, como ele se sente com relação ao projeto?

Orci: Nós não falamos com ele, mas temos o mais profundo respeito por todas as versões anteriores e seus criadores nessa grande franquia, e esperamos sinceramente ter o apoio dele quando tudo for revelado.

Scott: Qual é seu filme favorito de Jornada?

David Witz (Gerente de Produção): “Star Trek II: A Ira de Khan”.

AJ: Que categoria da MPAA vocês esperam obter? Planos de merchandising estão sendo planejados para trazer uma audiência mais jovem, como Star Wars?

Chernov: Estamos mirando PG-13. Estamos trabalhando num incrível gancho intergaláctico… mas não posso falar nada ainda.

Zachary Quinto: (para nenhuma questão em particular) Ao vivo do centro da ação. Passo pelo Bob o dia todo — ele esteve na frente do computador por horas falando com todos vocês. Então eu tive que aparecer e gritar, mandando um obrigado gigante para todos os fãs que têm sido tão entusiásticos e apoiadores do que estamos fazendo aqui. A energia no set é empolgante. Realmente. Especialmente hoje. Literalmente filmando a última cena do filme enquanto eu escrevo (claro, nós filmamos fora de ordem — ainda há mais de dois meses de filmagem pela frente). Então estamos perto de terminar toda a nossa fotografia principal na ponte da Enterprise (e Scott Chambliss fez ela ficar viva como nunca). Nós apenas nos despedimos dos outros membros do elenco que ocuparam as estações e os postos durante o calor desta missão. Eu me vejo enfrentando um poço de emoções com a sensação dessa experiência chegar ao fim para alguém — imagine para mim mesmo. Eu ainda tenho um bocado até terminar o filme — mas após tanto tempo separado de minha resposta emocional às coisas — eu imagino que o fim disso vai ser uma avalanche. Mas aí começa uma fase nova e de alguns modos mais empolgante, porque começamos a partilhar e celebrar isso uns com os outros — e com todos vocÊs. E eu sei que é algo que estamos todos esperando com ansiedade. Então, fiquem bem e espero vê-los no Natal. Obrigado novamente. Vida longa. E próspera. Claro.

Rod (Dunedin, Nova Zelândia): Para Karl Urban: Vai fundo, parceiro! Você está longe de ‘Out Of The Blue’ agora, eh? Abraço!

Karl Urban: Parceiro, eu podia assassinar um Spieghts agora, sinto falta do surfe de Dunedin
Abraço,
Seu parceiro,
Karl

OR Coast Trekkie: Para JJ e/ou a equipe: Há pessoas que estão irritadas que as coisas parecem diferentes, e acham que se vocês fizerem as pequenas coisas “erradas” então farão as grandes erradas também, e levar a mensagem “errada” de Jornada. Como vocês reagem a esse tipo de crítica?

Orci: Nós certamente entendemos a preocupação. Eu só posso dizer que nenhuma decisão foi feita sem conhecimento do cânone ou dos detalhes — qualquer coisa que você ache que desvia do cânone terá uma razão inspirada pelo cânone.

E uma mensagem final do elenco e equipe da Enteprise: Obrigado por passarem o dia conosco…
Ponte desliga.