O antigo roteirista e produtor de Jornada Ron Moore voltou a falar de sua carreira na franquia e do relacionamento com os produtores executivos Brannon Braga e Rick Berman.
Em longa entrevista concedida ao site IGN, Moore descreveu a sua colaboração com Braga em A Nova Geração como “ótima”, explicando que Michael Piller os reuniu pela primeira vez para o trabalho em “Reunion”, da quarta temporada.
“Ele era um estagiário se esforçando para se tornar roteirista”, Moore lembrou. “É difícil encontrar parceiros roteiristas com quem se possa trabalhar. Você tem que trabalhar com eles intimamente, tem que existir uma tremenda confiança entre dois roteiristas – porque você tem que sentar de verdade em uma sala e dizer, ‘Isso está horrível. Não funciona,’ sem que o cara leve para o lado pessoal. E eles têm que ser muito honestos entre si, e não podem competir sobre quem vai escrever mais”.
Comparando essa colaboração a um casamento, Moore explicou que a dupla tinha forças diferentes. “Eu tinha um bom senso de estrutura e Brannon tinha um senso do bizarro e do fantástico, e do inesperado, e de surpresas nas histórias”, notou. “Era uma fluxo realmente positivo que ia e voltava entre nós”.
Embora Moore tenha se negado a tentar analisar o trabalho e a posição de Braga em relação a Enterprise, alegando que os roteiristas tendem a ressaltar o lado positivo de seus seriados, ele especulou se o antigo colega ainda se interessa por Jornada. “Eu não sei se ele ainda está feliz no trabalho. Ele já está fazendo isso há mais tempo do que eu, e eu o fiz por 10 anos – e isso é muito tempo para se trabalhar em um universo e uma idéia”.
Moore contou ainda que pensou em ir para Voyager quando A Nova Geração se aproximava do fim, animado com a idéia de trabalhar em uma série desde sua concepção. Mas, ele se encontrou com o produtor executivo Ira Behr e se animou mais com o prospecto de trabalhar em Deep Space Nine:
“Era um universo mais sombrio. Era um universo mais ambígüo. Os personagens eram mais complicados. Tínhamos mais liberdades na hora de contar as histórias. Não era algo verdadeiramente serializado, mas se movia inevitavelmente nessa direção. Todos sabiam desde o início que a força da série seria a continuidade das histórias, porque isso era a série… eventualmente você teria que lidar com o fato de que os Bajorianos ainda estão lá. O que acontecerá com eles esta semana? Então meio que se tornou uma história contínua, e isso é algo que sempre me atraiu. Eu queria escrever uma história contínua, e queria longos arcos e desenvolver os personagens, não apenas coisas isoladas.
O roteirista disse ainda que, à medida que Berman e Piller se envolveram mais com Voyager, Behr ganhou mais controle sobre Deep Space Nine. “Ele ganhou, eu diria, a batalha dos leões na qual decidiu lutar – e o seriado, em conseqüência disso, se tornou melhor e realmente encorpou o que Deep Space Nine poderia ser”.
A equipe de DS9, acrescentou, “amava a série original. Nós, os roteiristas, crescemos todos com a série original, admirando-a e amando-a, por isso sacudíamos os ossos sempre que possível”.
Contudo, a evolução do seriado foi um ponto de divergência entre os produtores, segundo Moore. “Eu me lembro de que quando chegamos à Guerra Dominion, Rick queria que ela durasse apenas três ou quatro episódios no máximo, e nós dissemos, ‘Claro!’ Nós mentimos”, ele admitiu.
Moore riu sobre DS9 ser considerada o filho bastardo da franquia e brincou dizendo que a Paramount nem lhe deu uma cópia dos DVDs depois da seção de entrevistas e comentários.
“Com o passar do tempo”, ele revelou, “as opiniões passaram a ser mais conservadoras. ‘Não se arrisque tanto.’ ‘Tome mais cuidado.’ ‘Cuidado, nós ainda gostamos desse personagem.’ ‘Não deixe o personagem cometer tantos erros.’ ‘Não enlouqueça com as idéias.’ Eles eram sempre conservadores. Você estava sempre desistindo de algo. Você nunca recebia uma sugestão do tipo, ‘Vá além. Isso precisa chocar mais’.”
A entrevista completa pode ser lida aqui.
Fonte: Trektoday