Alguns fãs não ficaram satisfeitos durante a convenção de sábado, quando foram informados de que Leonard Nimoy cobraria R$ 50 por autógrafo. Segundo Luiz Navarro, presidente do fã-clube paulista Frota Estelar Brasil, a determinação nada tinha a ver com os organizadores, mas era uma exigência do próprio ator.
Os poucos que já sabiam da má notícia eram os que adquiriram ingressos VIP e participaram de um coquetel com o ator na noite de quinta-feira, um evento que também não foi considerado particularmente memorável pelos que lá estiveram. Além de terem tido de pagar os R$ 50 por uma chamada “foto oficial” para conseguir um autógrafo naquela noite, os VIPs ainda tiveram de enfrentar um ambiente pouco confortável e mal planejado, que concentrou todos numa única região do salão, de modo a poderem ficar mais próximos do ator.
Os presentes ao evento, realizado na Zona Oeste de São Paulo, também não tiveram piedade de Leonard e pipocaram continuamente seus flashes sobre o ator, que parece não ter ficado muito satisfeito com a recepção. Enfrentando ainda os efeitos do “jet-lag” do vôo de Los Angeles a São Paulo, Nimoy não estava suficientemente disposto para passar muito tempo no local, embora tenha mantido a simpatia e a cordialidade em todos os momentos.
Ele encerrou prematuramente sua participação, saindo após 40 minutos. Sua atuação se resumiu a tomar seu lugar numa mesa e continuamente assinar “fotos oficiais” para os presentes. Dos 200 VIPs presentes (foram vendidos cem ingressos duplos, a R$ 300), várias dezenas não conseguiram seu autógrafo — e outras tantas não o quiseram, dada a novidade do preço.
É verdade que a cobrança por autógrafo é praxe em convenções americanas, e que o preço no exterior é US$ 50 (cerca de R$ 150). Mas o que mais irritou os fãs não foi o custo extra em si, mas a falta de aviso. Durante a venda dos ingressos, em nenhum momento circulou a informação de que seria preciso pagar por um autógrafo. Isso foi especialmente incômodo para os VIPs, que tinham como uma de suas prometidas “vantagens” a prioridade na obtenção de um autógrafo.
No dia da convenção, Richard Arnold informou ao Trek Brasilis que o ator atenderia a TODOS os pedidos de autógrafo, mas só sob a condição de compra da foto oficial — vendida em seu estande. VIPs e não-VIPs tiveram exatamente a mesma dificuldade para obter seus autógrafos durante o evento.
A cobrança acabou reduzindo muito o ímpeto dos fãs desejosos de uma lembrança de Nimoy. Estima-se que entre 150 e 200 pessoas tenham adquirido um autógrafo, de um público total de cerca de 1.000 pessoas. Nos corredores, via-se pessoas pedindo dinheiro emprestado a outras, para pagar o gasto imprevisto. Muitas ficaram indecisas e só compraram a foto no último instante.
Quem não pagasse pelo autógrafo não tinha sequer a chance de ver Nimoy assinando as fotos dos outros — os portões da sala eram mantidos fechados e controlados severamente pelos organizadores do evento. Nem mesmo fotógrafos profissionais, que estavam lá a trabalho, tiveram acesso ao local.