Depois de dois meses de ansiedade por parte dos trekkers, Nêmesis, a mais recente aventura de Jornada nas Estrelas para o cinema, enfim chega ao Brasil. Você que acompanhou pelo Trek Brasilis simplesmente tudo, desde o começo da pré-produção até as notícias sobre o futuro DVD do filme, saberá no texto abaixo, que não contém spoilers, o que lhe espera nesta última aventura da Enterprise-E para os cinemas. Leia e depois divirta-se!
Dirigido pelo ex-montador de “Superman” e “Máquina Mortífera”, o inglês Stuart Baird (“U.S. Marshalls – Os Federais”), e com roteiro de John Logan (“Gladiador”), o filme tentou manter rentável a franquia de Jornada, porém não teve sucesso. A produção teve uma arrecadação baixa nos Estados Unidos, perdendo na estréia para o filme “Maid in Manhattan” de Jennifer Lopez, e arrecadando até o momento pouco mais de 40 milhões de dólares. Péssimo resultado para um filme que custou 60 milhões para ser feito e mais 33 milhões em publicidade.
É nítido que a série Jornada nas Estrelas, com seus 36 anos, está desgastada nos Estados Unidos. E o fato da Paramount, estúdio proprietário da marca, lançar Nêmesis apenas uma semana antes do mega-sucesso “O Senhor dos Anéis – As Duas Torres” não ajudou em nada seu produto. Claro que, com a renda do lançamento em outros países e a venda de DVDs e produtos relacionados ao filme, Nêmesis deverá equilibrar seu saldo e até conseguir obter algum lucro, mas nada que justifique uma décima-primeira aventura cinematográfica no concorrido mundo de Hollywood.
Data Estelar 56844.9
Depois de dois filmes dirigidos por Jonathan Frakes, a mão de um diretor “de fora” pode ser sentida. Stuart Baird traz inovações na fotografia, nas coreografias das lutas e nas belíssimas tomadas da USS Enterprise-E. Outra mudança é a inclusão de algumas cenas um pouco mais “calientes”, centradas na conselheira Deanna Troi. Quanto aos atores, não havia muito o que fazer, afinal, desde 1987 que Patrick Stewart (Picard), Jonathan Frakes (Riker), Brent Spiner (Data) e os demais sabem muito bem como interpretar seus personagens.
Quando foi anunciado que John Logan assinaria o roteiro junto ao produtor e chefão da franquia Rick Berman e Brent Spiner, a animação entre os fãs foi geral. Com um roteiro cheio de ação e compreensível para quem nunca viu Jornada nas Estrelas na vida, Logan, fã confesso da série, tratou de colocar também muitas citações que farão a festa dos trekkers. Kirk é citado brevemente, assim como a “Guerra Dominion”, de Deep Space Nine. Janeway, a ex-capitã da USS Voyager, nave da série que leva o mesmo nome, faz uma aparição como almirante e até Enterprise, exibido no Brasil pelo canal pago AXN, recebe uma citação (rápida como um piscar de olhos).
Dois lados da mesma moeda
Como nos filmes anteriores, a ação é centrada em Picard e Data, deixando Riker, teoricamente o segundo personagem em importância, em terceiro plano. A conselheira Troi tem um pouco mais a fazer do que o tradicional, enquanto o engenheiro-chefe Geordi La Forge (LeVar Burton), a Dra. Crusher (Gates McFadden) e o klingon Worf (Michael Dorn) são, mais uma vez, coadjuvantes de luxo.
O tal “nêmesis” que dá título ao filme é o novo líder do Império Romulano, Shinzon (Tom Hardy), um jovem que conquistou o poder no planeta Romulus através de um bem-sucedido golpe. Atraída até o planeta, a tripulação da Enterprise acaba se deparando com um intrigante mistério: A poderosa ligação entre o capitão Picard e Shinzon, uma das chaves da trama.
Apesar de interessante a princípio, o roteiro perde força nas tramas paralelas a fim de deixar algum gancho para uma possível continuação. Além disso, convence pouco nas explicações políticas para o golpe e na relação entre Shinzon e Picard. Melhor é o início do filme, com o casamento do comandante Riker e da conselheira Troi, um verdadeiro deleite para os fãs por trazer de volta Whoopi Goldberg à série. Whoopi, fã de Jornada, atuou em vários episódios de A Nova Geração e no filme Jornada nas Estrelas: Generations como Guinan, conselheira e grande amiga do capitão.
Futuro
Patrick Stewart (que já conta com outra série cinematográfica em seu currículo, “X-Men”), disse que para ele acabou. E sem Picard não há continuação. Claro que nada impede um longa-metragem de Enterprise, ou um remake da Série Clássica com outros atores, porém é consenso entre os trekkers que uma pausa ou mudança no comando da franquia se faz necessária.
De qualquer maneira, Nêmesis é uma boa diversão que emocionará os fãs de Jornada. Não é o melhor filme da série, título ainda pertencente a Jornada nas Estrelas II – A Ira de Khan, e nem mesmo o melhor com o elenco de A Nova Geração (Primeiro Contato segue no topo). Mas o filme, que foi vendido pelo estúdio como “a jornada final de uma geração”, pode tornar-se, de fato, o último capítulo das aventuras da Enterprise no século 24. Um encerramento digno para a série que inaugurou a moderna ficção científica na televisão.
Este mesmo texto também foi publicado hoje, 14 de fevereiro, no site Omelete.