Manny Coto comenta seu trabalho na série

“A graça de Enterprise tem sido mostrar a realização dos episódios que nós fizemos crescer”, disse Manny Coto, um fã confesso da série original que agora é um produtor executivo na mais recente encarnação da franquia. “Os debates sobre continuidade são um grande desafio e as testas lisas dos Klingons criaram dois grandes episódios”.

Falando com Lisabeth Shatner no site TheFandom.com, um dia antes do anúncio oficial do cancelamento, Coto explicou como seus deveres como um produtor cruzam com os de Rick Berman e Brannon Braga, discutiu os episódios futuros e deu alguns detalhes sobre o que os telespectadores podem esperar pelo restante desta (última) temporada, “Realmente há três diretores na série. Meus trabalhos básicos são mais direcionados ao departamento de roteiros: enviando as histórias e os episódios que nós estaremos contando. Eu também estou envolvido com o elenco, escolhendo o material e consultando sobre o trabalho da produção. Rick manipula muito com os anuncios e o término dos episódios. Brannon está envolvido no departamento de história também, mas não está tão envolvido como no ano passado. Um diretor de série é usualmente uma pessoa que faz todas essas coisas, mas neste caso nós somos uma espécie de “tag team” (grupo de lutadores que lutam em equipe)”.

Em termos de roteiro, Coto disse que fez alguns roteiros para Enterprise, antes de se tornar produtor executivo. Ele disse que particularmente gostou muito de “Similitude”, “Eu, na realidade, não fiz uma história sobre clonagem”, disse Coto explicando que ele pensou no conceito durante sua primeira semana na série, “apenas tentava trazer uma interessante idéia e um gancho (para a série)”. Ele trouxe uma idéia do Phlox produzir uma criatura que poderia imitar entidades biológicas.

“Isto virou um típico debate, eu imagino, mas trouxe mais da idéia do nascimento de um ser, a vida e morte em seis dias”, disse Coto. “O que significou para a tripulação aprender a amar este indivíduo, e depois colher seus órgãos para trazer de volta um amigo? Houve realmente muitos debates dentro deste episódio, não apenas sobre clonagem. A questão moral foi, é certo matar um para salvar bilhões?”

O episódio “Chosen Realm”, foi um outro episódio com debate orientado, neste caso, ao fanatismo religioso, que teve menos sucesso, na opinião de Coto. “Infelizmente, algumas pessoas levaram somente para o julgamento da religião; foi realmente um julgamento sobre a recusa em aceitar outros pontos de vista e até onde ele pode levar você. Já “Similitude” foi mais um drama, acho que “Chosen Realm” tornou-se moralizante. Nos episódios da série original, eles sempre se concentraram sobre a história e o entretenimento, e os debates que eles produziram foram como uma conseqüência das histórias que eles contaram. Em primeiro e acima de tudo, a série significa ser de entretenimento”.

Segundo o próprio Coto, os fãs se ligaram menos com a ideologia da série original do que com a caracterização de Kirk, Spock e McCoy. “Você se sente apaixonado por estes indivíduos e suas interações”, observou Coto, brincando com a entrevistadora, que é irmã de Bill Shatner (Kirk), dizendo que Kirk foi ‘o homem’.

O desafio para as séries futuras (pós-Série Clássica), em sua opinião, foi criar uma interação de personagens que seria igualmente introduzida, mas não de forma idêntica a original. “Eu me lembro que eu assisti a estréia da A Nova Geração, e não gostei. Eu estava esperando por Kirk, Spock e McCoy interagindo, mas encontrei personagens muito educados”. Mais tarde, ele disse que tirou dele mesmo “o esnobismo da velha série” e começou a assistir a nova série porque “eles estavam contando grandes histórias…eles fincaram sua própria bandeira, começando com três temporadas”.

Trabalhar com um tema canônico já estabelecido na série anterior tem sido complicado para Coto, mas também um dos seus grandes brinquedos. “Você precisa de uma enciclopédia na mente para criar em Jornada. Em Enterprise….os romulanos têm sistema de camuflagem que eles provavelmente não teriam tido (na série anterior). Qualquer um que conhece a velha série sabe que nós não podemos encontrar os romulanos, nós não podemos vê-los face a face, então nós criamos um cenário onde dois personagens, Trip e Reed, ficam presos numa nave romulana que é operada por controle remoto”. Esta história chega a uma conclusão com “The Aenar”.

Quanto ao resto da temporada, Coto acrescentou que o próximo arco Klingon encaixa ambos, a Série Clássica e a continuidade na série A Nova Geração e com o arco dos Augments passado anteriormente nesta temporada. Quando a nave dos super-homens eugênicos foi destruída acima do planeta Klingon, Coto teve uma percepção: “Por que os Klingons não poderiam ficar impressionados com a capacidade de luta dos super-homens eugêncios (Augments) e tentariam criar seus próprios super-Klingons com material genético dos super-homens eugênicos humanos?”.

Ele então decidiu que a tentativa dos Klingons poderia levar a uma diferença entre os Klingons da série original e os Klingons das séries posteriores. “Isto não foi ignorado em DS9. Worf disse – ‘É algo que nós não queremos falar’. A próxima história levará ao tema de uma experiência fora de controle e que tem como resultado as testas dos Klingons.

“Este é um mundo maravilhosamente coerente”, concluiu o escritor da atual série de Jornada, cuja franquia já produziu cinco séries com cinco diferentes tipos de escritores e produtores. “Creio que o que é espantoso é como ela se mantém”, finaliza Coto.

Fonte: TrekToday