Isso parece um assunto “menor” a primeira vista… mas não é. Infelizmente, a FC é um gênero que ainda sofre alguns preconceitos. Um deles que seria difícil tornar a FC popular pois está cheia de termos “difíceis e complicados” que o publico médio não entende . Na TV isso se torna ainda mais aborrecido porque, aparentemente, roteiristas devem se preocupar em lidar com as expectativas de um publico muito grande e diversificado que não estaria pronto para tanto “cientificismo” tão comum na FC.
Bem… este colunista encara com prazer a desmoralização completa dessa teoria diante do sucesso da franquia “C.S.I.” na TV atual. As três series “C.S.I.” obviamente não são FC… mas usam e abusam do “cientificismo” na sua abordagem da investigação policial. Tal como nas séries de FC, em “C.S.I.” o publico deu uma banana para a “teoria da complicação” e a tornou a franquia o maior sucesso da atualidade na TV americana.
Mas, voltando ao ponto inicial dessa nossa conversa, e curioso ver como as pessoas, com pouco ou nenhum contato com FC, reagem a certos termos que nela são usados em filmes e séries de TV. Algo que para um fã de Jornada nas Estrelas soa normalíssimo, como o termo “velocidade de dobra”, e uma esquisitice sem tamanho para a sua tia Cotinha ou aquele seu primo chato que acha a novela das oito a oitava maravilha do mundo. Estou me referindo ao publico brasileiro de Jornada nas Estrelas que tem de encarar situações como essa, claro, mas tal situação se parece com a que ocorre em outras partes do mundo, em menor ou maior grau.
Só recentemente a TV brasileira passou a exibir programas estrangeiros com som original, em sua maioria nos canais pagos e raramente nas emissoras abertas. Por isso temos gerações inteiras que só viram Jornada e outros seriados famosos na sua versão dublada. Sem querer criticar a dublagem brasileira, que teve méritos e conseguiu realizar alguns ótimos trabalhos, o fato e que muita coisa pode ter se perdido nessa longa caminhada pela FC televisiva na hora de tornar a linguagem das series e filmes do gênero mais adequada para o publico daqui. Talvez isso explique a passagem do bom e velho “campo de forca” para o pedante “campo de contenção”. Isso talvez não tenha se tornado um fator decisivo para que esses seriados fossem um sucesso ou não por aqui. Mas a tradução e a dublagem brasileiros sempre sofrem críticas dos fãs pois muitas vezes não levaram em conta certos aspectos dessas produções. É comum ver que alguns termos usados na dublagem de Jornada nas Estrelas foram absurdamente alterados (geralmente para pior) nos filmes para o cinema da franquia.
Isso se torna mais complicado quando tocamos no assunto “tecnobaboseira”, tão comum em seriados de FC, que já causou algumas discussões divertidas entre os fãs. Mas a “tecnobaboseira” tem mais a ver com com as “traquinagens” que certos roteiristas inventam para passar por cima da ciência do que com a linguagem propriamente usada pelos personagens. Um exemplo de “tecnobaboseira” simplesmente hilário é a famosa “vacina anti-radiação”, vista em um episódio de um dos seriados Trek. Mas seria, claro, absurdo e mesmo desonesto desqualificar a FC televisiva por escorregões infames como esse.
A seguir, deixo para vocês o que talvez seja o comentário mais preciso e “bem mal humorado”
sobre a linguagem usada nos filmes e séries de FC. Com a palavra, ninguém menos que o doutor Zachary Smith, direto do episódio “Blast Off Into Space”, que abre a segunda temporada de “Perdidos no Espaço”:
“Ah, isso outra vez. Poeira cósmica, ferro em lava, raios gama…Toda uma terminologia de terror para assustar crianças. Ah, como isso é cansativo!”
Esse é o velho Smith de sempre…
Alfonso Moscato escreve com exclusividade para o TB