Ronald D. Moore revisita tempo em Jornada

Em entrevista ao jornal New York Times, o produtor Ronald D. Moore fez comentários sobre a influência de Jornada nas Estrelas em sua vida e o que pensa a respeito da franquia.

Falando sobre a importância de Jornada para a juventude, o produtor de A Nova Geração e Deep Space Nine afirmou que os filmes e séries apresentam uma visão do futuro nobre e heróica. Também revelou que a franquia ajudou em sua formação moral na adolescência, época marcada pelos debates sobre o conflito entre humanidade, tecnologia e a obrigação de uma sociedade livre em ajudar os mais necessitados. “Eu guardei Jornada, para mim, como um sonho de que meu país pudesse, um dia, tornar-se uma sociedade liberal e tolerante”, disse Moore ao jornal. “Nós somos seres humanos, com sangue de milhões de anos selvagens em nossas mãos. Mas podemos parar isso. Podemos admitir que somos matadores, mas não mataremos hoje”, disse o produtor, fazendo referência ao famoso diálogo entre Picard e Q no episódio-piloto de A Nova Geração, em que o capitão defende a capacidade de evolução da humanidade.

Para Moore, o personagem James T. Kirk, da Série Clássica, foi o símbolo do modelo sonhado por ele para o seu país. “Kirk, para mim, incorpora um ideal para os EUA. Sua missão era explorar a fronteira final, não conquistá-la”, explicou o produtor. “Semana após semana, ele confrontava os espectros da intolerância e da injustiça, e semana após semana ele encontrava o caminho para defendê-los”.

Ainda sobre o capitão da Enterprise, o produtor disse que por envolver-se às vezes com o lado obscuro do ser humano, o personagem sempre esteve na fronteira entre o bem e o mal. “Jim Kirk pode ter despertado sua parte dos ‘bad boys’. Mas você nunca poderia imaginá-lo torturando alguém”, afirmou.

O produtor descreveu seus dez anos de trabalho para a franquia como o marco entre a ficção sombria apresentada por outras séries e a mensagem de esperança para o futuro. “Jornada fixou um padrão de ouro para a visão idealista do amanhã e ninguém mais teve sucesso nesse desafio. Eu tento manter isso ao escrever os episódios de ‘Galática’”, revelou Moore. “Por dez anos, eu ajudei a impulsionar as encarnações de Jornada dentro de um novo território, enquanto mantinha vivos os princípios morais da série que eu guardei em meu coração. Inserindo as aventuras da Enterprise-D e as atribulações da Deep Space Nine, eu gradualmente tornei-me interessado em empurrar as fronteiras de Jornada e comecei a deixar os capitães Picard e Sisko encontrarem as nuances sombrias do universo de Kirk, que algumas vezes víamos apenas em preto e branco”.

Por fim, Moore revelou que trouxe muito do que aprendeu em Jornada para a sua nova série, “Hoje em dia, pode parecer que eu me tornei cego em relação à minha estrela guia, quando a tripulação da nave Galática comporta-se de modo que seria impensável no universo criado por Gene Roddenberry. Mas a série ‘Galática’ mantém muito das lições que eu aprendi desse homem ligeiramente barrigudo e da boa nave Enterprise”.

Fonte: TrekToday