O site do jornal “Northwest Herald” publicou uma entrevista com o ator/diretor Leonard Nimoy (Spock), que falou sobre seu trabalho em Star Trek e os filmes de ficção científica de hoje.
Nimoy comentou sobre sua passagem de ator para diretor durante seu trabalho na franquia. “Eu nunca planejei ser um diretor. Me pediram para dirigir ‘Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock’, após a morte de meu personagem. Esse filme foi bem e então veio ‘Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa’, que foi um grande sucesso, seguido de ‘Três Solteirões e um Bebê’. Aí eu trabalhei em seis filmes”, disse o ator.
Quando perguntado se o sucesso que obteve em Star Trek foi uma bênção ou uma maldição, Nimoy comentou: “Não há nenhuma maldição, embora existam limitações. É claro que eu sou um typecast [ator marcado pelo personagem], mas estar nessa condição não tem sempre uma conotação negativa. Isso significa que as pessoas da indústria do entretenimento sabem como usar você. Eles descobrem o que em sua personalidade daria certo para sua carreira de ator, e aí você se torna identificado com um certo tipo de personagem.”
A respeito de Spock, Nimoy comentou que algumas das características do personagem foram criações dele. “Sobre certos aspectos o personagem foi muito empolgante”, disse o ator. “Com uma parte Vulcana e uma parte humana, isso fez o personagem multidimensional. Também os produtores e roteiristas encontraram características em mim que puderam ser trazidas ao personagem. Eu tinha o hábito de levantar minha sobrancelha como modo de questionar alguém. Isso se tornou uma característica de Spock. Também introduzi o toque neural porque eu não queria ficar levando soco das pessoas. E finalmente fiz a saudação com os dedos abertos. E o público foi receptivo. Se os telespectadores achassem que eu estava maluco ao introduzir essas coisas, eu teria abandonado”, revelou.
Nimoy falou também sobre a amizade que ainda mantém com um dos atores do elenco da Série Clássica. “Bill Shatner (Kirk) e eu somos amigos bem próximos. É uma coisa boa, porque não acaba”, disse o ator.
Sobre o sucesso da série original, Nimoy dá a receita. “Não havia muito dinheiro para efeitos especiais e grandes cenários. Nós filmamos tudo muito rápido e barato. Então a ênfase vinha dos roteiros e das histórias que nós contamos. Eles tinham de ser apertados e significativos, o máximo possível”, disse.
Para o ator, os fãs que cresceram acompanhando a série continuam a assisti-la porque passaram a observá-la sob outra perspectiva. “Havia monstros. Para as crianças havia bastante apelo visual, mas elas ficaram mais velhas e descobriram que havia elementos na história que não haviam percebido e que ela merecia ser vista novamente”, disse Nimoy, acrescentando que nos tempos de hoje há histórias cheias de efeitos especiais, mas sem dramatização.
“Hoje, consegue-se fazer filmes de ficção muito caros, que são totalmente esquecíveis. Você não está sendo tocado fundo, de um modo pessoal. É algo superficial e para entreter, com exceção ao trabalho de George Lucas e ocasionalmente com Spielberg”, finalizou.
Fonte: TrekWeb