O ator e diretor Leonard Nimoy foi entrevistado pelo site The Trek Movie, após o anuncio oficial de sua presença no filme de Jornada nas Estrelas. Nesse bate-papo, Nimoy falou sobre seu retorno à franquia, sobre seu companheiro Zachary Quinto, o produtor J. J. Abrams e teceu alguns comentários a respeito do roteiro. Veja aqui alguns pontos mais importantes dessa entrevista.
Nimoy conta como foi sua reação ao ler o roteiro e a conversa que teve com J. J. Abrams sobre o novo filme. “Quando eu, primeiramente, li o script, há dois meses atrás, imediatamente contatei J. J. Abrams e disse a ele que achei maravilhosa a história e que os rapazes fizeram um trabalho muito bom. É certo que ainda existe mais coisa a ser feita, mas está bem claro que ele e seus roteiristas sabem o que estão fazendo, sabem como fazer esse filme e sobre o que deve ser. Eu realmente estou muito interessado”, comentou o ator. “Nós conseguimos ficar bem com a Paramount, durante todos esses anos, no entanto, a coisa mais importante que surgiu (para a franquia) foi J. J. Abrams e o roteiro do filme. Eu posso dizer que eles têm um script magnífico e que J. J. é um diretor impressionante. Eles fizeram um bom trabalho ao encontrarem o Zachary Quinto, que não apenas se parece comigo, como também é o ator perfeito para o papel. Estou muito satisfeito com ele e muito à vontade por saber aonde isso tudo está indo. O pessoal tem um real senso dos personagens e do coração de Jornada. Creio que nós teremos uma chance de fazer realmente um filme admirável”, disse o ator, confiante.
Qual a essência de Jornada que Abrams e sua equipe conseguiram captar para o filme? “É a da camaradagem”, afirmou Nimoy. “Eu estou falando da série original. Não posso falar de A Nova Geração ou Enterprise ou Deep Space Nine ou de qualquer outra série. Eu estou falando do conceito original da amizade entre as pessoas. O profissionalismo desses personagens, seu senso de humor, o qual creio ser terrivelmente importante e a idéia de que essas pessoas são muito profissionais, que trabalham juntas para resolverem os problemas. Os problemas que não estão nelas ou contra elas, mas que são de forças externas de vários tipos, que elas se depararam e enfrentam. E é também do conhecimento de todos que quando eles brincam um com o outro é por respeito. Eles se respeitam, se admiram e contam um com o outro. Todos esses elementos, creio eu, estão disponíveis e tanto Orci quanto Kutzman entendem isso, assim como Abrams”.
Sobre o humor dos personagens, o filme será engraçado como foi Jornada IV: A Volta Para Casa? “Eu acho que o filme terá a sua cota de humor. Ele será uma grande aventura. Creio que a idéia da origem desses personagens lida maravilhosamente com o grande senso de respeito, em um leve toque. Eu espero que eles consigam fazer isso muito bem”.
A respeito de algumas críticas de fãs sobre o receio de que o filme poderá não respeitar o que já foi mostrado anteriormente, ou o canônico de Jornada, comentou Nimoy. “Eu não sinto qualquer abalo sobre isso. Esses roteiristas têm feito grande esforço para mostrar que eles honram a história da franquia e o cânon de Jornada. Eu não creio que haverá problemas com isso tudo. Eu tenho visto críticas pesadas na internet de pessoas muito preocupadas, dizendo: ‘Quem poderia fazer Kirk ou Spock? Isso não é possível’. Bem, isso é possível sim. Uma vez que vejam o filme e percebam o quanto é bom, essas críticas irão sumir. Eles estão atropelando a história de Jornada? O cânon não ficará intacto? Nada desse negócio irá acontecer. Não se preocupem”.
Sobre sua participação na franquia, primeiramente, por que não aceitou trabalhar no filme Jornada nas Estrelas VII: Generations? “Porque não havia o personagem Spock no roteiro. Havia cinco ou seis linhas atribuídas a ele na cena com Chekov, Uhura e Kirk, que estavam lá, mas nada tinha a fazer com o personagem. Eu disse ao Berman: ‘Você poderia distribuir essas linhas para qualquer um dos demais personagens e mesmo assim, não faria diferença’. E foi exatamente o que fiz, não aceitei. Não havia função para Spock no roteiro. Eu sempre tentei dar uma contribuição para esses filmes. Não havia contribuição a ser feita nesse caso. Seria algo do tipo ‘vamos trazer o Nimoy para cá também’. Então eu disse que não havia nada que pudesse fazer, agradeci e fui embora”.
O que o fez tomar a decisão de voltar a fazer Jornada dessa vez? “Essa é uma situação especial. Primeiro, porque é Jornada, de modo que eu tenho de prestar a atenção nela. Afinal, eu devo isso a Jornada. Segundo, por causa de J. J. Abrams, que acredito ser um cara muito talentoso. Então, vem o roteiro e ficou muito claro que eu poderia dar uma contribuição nele. O personagem Spock, que eu estarei interpretando, o Spock original, é essencial e importante para a história. Então, com base nesses três elementos foi fácil tomar uma decisão favorável. Então são essas três coisas: Jornada, Abrams e um papel interessante para Spock”.
Como será a presença de Spock no filme? Fará uma ponta (pequena participação especial)? “Eu não me referiria a isso como uma ponta. Essa situação tem sido veiculada por toda a mídia e eu não descreveria desse modo. Fazer ponta é uma breve aparição em cena. Ele é um personagem funcional no filme. Ele estará em várias cenas”.
Sobre seu companheiro de elenco Zachary Quinto, comentou o ator. “Quando J. J. me enviou uma compilação do trabalho de Zach em DVD, eu fiquei impressionado. Ele é um ator muito sólido. Encontrar alguém que pareça certo para o papel é delicado, mas encontrar alguém que pareça certo e é talentoso, como ele é, eu acho que é duplamente efetivo. O perigo seria achar alguém que se parecesse comigo, mas que não tivesse o senso de vida interior que é necessário para o personagem de Spock”.
A respeito dos rumores de que teria sido necessário o aval dele e de William Shatner para a criação dos novos Kirk e Spock, Nimoy explicou que não existe o direito contratual sobre os personagens. “Eu não acho que seja exato dizer que nós demos aprovação devido à lei dos direitos autorais. J. J. me consultou e foi uma conversa fácil. Eu não sei o que teria acontecido se eu disse a J. J. que isso não funcionaria para mim. Teria sido uma bandeira amarela, senão vermelha (em relação ao projeto), mas não contratualmente. Isso é apenas uma questão de mútuo respeito e entendimento do que nós estamos tentando trazer para esse projeto”.
Quanto ao fato de que William Shatner comentou sobre sua possível ausência no filme, disse Nimoy. “Bem, Eu não o provoquei”, comentou, referindo-se à notícia que deu a Shatner por telefone. “Mas o que ele disse foi exato. Nós conversamos por telefone e eu já havia lido o roteiro. Quando ele me perguntou se estaria no filme eu disse ‘não’. E foi isso que aconteceu. É certo que ele brincou comigo dizendo que estava enforcando o telefone como se fosse meu pescoço. Esse tipo de coisa é próprio do Bill. Eu sei que ele ficou desapontado. Não sei o que vai acontecer agora daqui para frente. Não tenho idéia de quais são os planos de J. J.. Só sei que ele disse que estão tentando achar um jeito de pôr Shatner no filme, mas não sou a pessoa indicada para falar sobre isso”, desconversou.
Você chegou a conversar com Abrams sobre Shatner estar ou não no filme? “Eu disse a J. J. que estive com Bill, na Filadélfia, semana passada e que ele estava desapontado por saber que, no momento, não estaria no filme. Abrams me falou que a notícia que veiculava na mídia dizia que Shatner estava furioso sobre isso, o que não foi verdade. Eu acho que ele está apropriadamente desapontado, mas creio que ele tem um tipo de compreensão. Afinal de contas, o fato é que seu personagem (Kirk) morreu em ‘Jornada VII: Generations’. Shatner chegou a argumentar que meu personagem (Spock) já havia morrido, mas eu disse a ele que Spock ressuscitou e essa é a diferença entre eles”, brincou Nimoy acrescentando, “Eu também disse a ele que se eu estivesse trabalhando em ‘Generations’, não teria deixado Kirk morrer. Eu achei a morte do personagem desnecessária. Não vi o porquê, qual o motivo dessa morte. Creio que foi um desperdício para um personagem muito importante”.
As mais recentes séries e filmes de Jornada, a partir de A Nova Geração, utilizaram uma linguagem mais técnica (a tecnobabble) em detrimento de soluções engenhosas que os personagens da série original usavam? Você acha que isso foi um dos pontos de queda da audiência? Você acha que Abrams vai utilizar essa forma também no filme? “Eu concordo inteiramente. Num momento, durante a apresentação de A Nova Geração, eu contatei o pessoal da Paramount e disse que estava assistindo à série, mas não estava entendendo o que eles diziam. Essas cenas de tecnobabble, onde as pessoas se sentam em volta de uma mesa e põe informações, não tem nenhum impacto dramático. Isso não é o personagem. São apenas pessoas pondo informações para tentar explicar o que está acontecendo, mas isso não explica. É apenas cansativo. Abrams não fará isso. Ele manterá a história em movimento e algumas das cenas são absolutamente emocionantes. Quando ele capta uma cena, ele sabe como explorar o drama dela e esse é um dos seus grandes talentos. Eu não estou preocupado com a tecnobabble nesse filme”.
Nimoy disse, por fim, que sua preocupação principal em Jornada é para com os personagens e o desenvolvimento deles. Para o ator, a compreensão e o desenvolvimento destes personagens no roteiro são excelentes. “Existem muitas maneiras da fazer uma aventura de Jornada. Eu estou certo que eles irão fazer uma aventura significante”.
Fonte: The Trek Movie
Edição: Nívea Doria