Na primeira parte da entrevista concedida ao site The Trek Movie, o escritor Roberto Orci comentou a respeito de ser fã de Jornada, da perspectiva quanto ao futuro da franquia e o que espera trazer com esse novo filme. Agora, nesta segunda parte, Orci vai mais fundo e traz revelações importantes sobre o script, o elenco, o cânon, os designs, a possibilidade de uma continuação e se Shatner tem chances ou não de aparecer. Veja abaixo, os trechos mais importantes da segunda parte dessa intrevista.
Já completaram o segundo rascunho do script? Ficou diferente do primeiro? “Sim. É bem melhor. Mais curto. O vilão é muito melhor. No primeiro rascunho nós tendemos a focar sobre os heróis. E digo que muitas das coisas que lemos no site The Trek Movie contribuiu para a revisão do script”, disse o roteirista, acrescentando. “Isso é uma coisa coletiva. Nós pegamos tudo isso (na internet). Não estou brincando quando digo que leio todos os comentários no fórum, assim como o Alex Kurtzman (co-roteirista)”. Orci disse ainda que a possibilidade de greve por parte dos roteiristas não afetará o trabalho de produção, uma vez que as filmagens já terão começado e o roteiro estará pronto, a não ser que os atores também venham a aderir à greve.
Além de Zachary Quinto e Leonard Nimoy, temos Zoe Saldana como Uhura e Anton Yelchin como Chekov para o elenco do filme. E quanto aos demais personagens, novos artistas já foram contratados que não sabemos? “Não ainda. Nós temos idéias (dos candidatos) e alguns dos rumores que rolam por aí, também estamos considerando. Não estamos escondendo nada, como algumas pessoas na internet estão especulando. Isso não é incomum de acontecer. Nós estamos produzindo o melhor elenco possível e conseguir reuni-los para as filmagens, é tudo que nos interessa”.
Já que oficialmente confirmaram a presença dos personagens Kirk, Spock, Uhura e Chekov, vocês também confirmariam MacCoy, Scott e Sulu no filme? “Eu não sei como você pode ter a Uhura sem o Magro (apelido de MacCoy). Essa é a tripulação original”.
J. J. Abrams disse que o filme será centrado nos Spocks. Kirk terá uma grande participação também? “Totalmente. É como Lennon e McCartney. Contudo, o personagem Spock será a chave da trama. Digo outra vez que Kirk é Jornada e ele é essencial”.
E sobre o Dr. MacCoy? O trio foi essencial na série original com MacCoy sendo o contraponto entre Kirk e Spock. Qual seria a sua importância no filme? “Essa é a grande parte do que estamos fazendo. Você está correto quando diz que as interações deles e como eles enfrentam o impossível é a essência de Jornada e não será diferente em nosso filme”.
Além dos personagens principais poderemos ver alguns coadjuvantes conhecidos como a alferes Rand, a enfermeira Chapel, por exemplo? “Sim. Eu não posso dizer qual ou quais deles. Estamos cientes de todos, mas temos em mente que não se pode tentar entulhar todos no primeiro filme, apenas para rechear. Nossa esperança é que esse seja o filme número um de vários outros e se alguém for omitido (no primeiro) estará imediatamente na lista do próximo filme. Esse é um fator do que um filme pode tolerar e como pode um personagem ser bem servido. Se eles não puderem ser servidos corretamente nessa história, nós preferimos fazer isso mais tarde do que inseri-lo de forma pobre agora”.
Uma das curiosidades de todos os trekkers refere-se ao anunciado “Capitão da Federação”. Seria o personagem Christopher Pike ou um outro? “Não seria necessariamente o Pike. Uma das coisas que estamos tentando fazer nesse filme é introduzir a grande audiência na chamada Frota Estelar. O capitão Pike não foi o único capitão da Frota”.
Nos filmes anteriores tivemos capitães de personalidade fraca, como o Styles de “Jornada III – A Procura de Spock” ou o Harriman de “Jornada VII – Generations”, talvez como forma de dar mais visual ao capitão Kirk. Como seria esse capitão? “Sim. Eu concordo com você e nós não teremos isso no filme. Ser um capitão da Frota Estelar deve significar alguém de uma posição especial e nós não achamos que um outro capitão tenha de ser diminuído de maneira a elevar o capitão Kirk. Se você é um capitão da Frota, você é um filho da mãe muito bom”.
Falando de capitães, e quanto às chances do ator William Shatner participar da história? “O que o J. J. Abrams disse na convenção da Comic Com é verdadeiro. Estamos ativamente lendo com atenção (o script) e procurando por um modo do Shatner fazer parte do filme, o que seria digno dele. O que não quer dizer que estamos apenas realizando os desejos dele ou dos fãs”.
Vocês têm resistido em rotular o filme como um reboot, um remake. Prequel não seria uma definição mais correta? “Mas, ainda assim, não está inteiramente correta. Num certo sentido é um prequel, mas a palavra que eu usaria, com a qual o Damon Lindelof (produtor) o descreve, seria uma revigoração ou uma revitalização”.
Vocês têm dito que respeitarão o cânon e que preencherão as lacunas existentes, mas, ao mesmo tempo, estão tentando fazer o filme para uma nova audiência. Por que não apagar tudo e começar algo novo como o filme “Batman Begins” e evitar críticas a violação da continuidade? “A razão de não apagarmos e começarmos algo novo é por causa das pessoas envolvidas, tanto fãs quanto as pessoas atrás das cenas (roteiristas, designs), que trabalharam muito para especificarem o cânon que é hoje. Então, simplesmente ignorá-los seria desnecessário. Existe muito sobre a série original que vale a pena continuar. Não é como o filme “Batman Begins” em que você pode ignorar tudo. Digo, de novo, que existem algumas coisas que nunca foram especificadas no cânon que nos dão a liberdade de fazermos algo”.
Em relação ao respeito pelo cânon como ficarão os designs nesse filme? “Muitas das decisões sobre design estão sendo fiéis ao que era antes, muito mais fiel ao original do que você possa imaginar. Nós estamos tentando ser autênticos com a Série Clássica tanto no visual quanto nas caracterizações. E o design da Enterprise é impressionante”.
Esse filme ainda será para os fãs? “Obviamente que a resposta é sim. Se você é um verdadeiro trekker sabe que existe uma linha comum em cada série que é encontrar o impossível e superar as diferenças para enfrentá-lo. Mas você não precisa ser um fã da série original ou mesmo de ficção científica para gostar deste filme. Não se trata de vender para uma audiência de scifi”.
Vocês disseram uma vez que colocarão no filme “pepitas de continuidade” para os fãs. A história terá alguma relação com algum filme ou série anterior? “Nós pusemos algum material de A Nova Geração nela, com certeza. E haverá um pouco de cada (série), mas para mim, é tudo sobre A Nova Geração e a Série Clássica, porque essas são as séries que realmente registraram as regras para Jornada e que as demais séries captaram. Nós também estamos tentando fazer muito do que a série Enterprise esteve fazendo em termos de um prequel e alguns dos ângulos de Jornada, que foram primeiramente definidos por Deep Space Nine, estão sendo tratados num certo grau”.
Então essas referências poderiam ser como a nave USS Archer mencionada no filme “Nemesis”? “Nossas referências são maiores do que essa e mais importantes para a história. Mas eu adoro esses pequenos lembretes e estamos fazendo isso também”.
Você disse que estão fazendo Jornada ser relevante outra vez, como farão isso?
“Eu acho que muitas pessoas quando pensam sobre Jornada, acreditam que seja algum tipo de mundo da fantasia. O que nós queremos que as pessoas vejam é que o futuro que Gene Roddenberry criou: a Frota Estelar, a Academia e a Federação, são extensões do que poderá acontecer, talvez amanhã. Uma das coisas que nós estamos tentando fazer com esse filme é conectá-lo de volta aos dias de hoje. Como nós chegamos daqui (atual civilização) para como nós chegamos ao capitão Kirk da Enterprise”.
Com relação às personagens femininas, podemos esperar mais do que atendendo ao comunicador? “Totalmente. Em minhas observações não científicas, Jornada parece atrair mais as mulheres do que as outras séries de ficção, contudo há claramente espaço para elas crescerem. Um dos principais ingredientes que estamos considerando é conectar todo o gênero de Jornada, particularmente quando diz respeito à igualdade e aos direitos das mulheres. Essa é uma das coisas que tem de ser reenfatizada. Todas as nossas esposas, a minha, a do Alex, do Damon, ficaram contentes em saber que o roteiro será acessível para a mulher”.
Nos demais filmes de Jornada, todos já sabiam antecipadamente o que ocorreria no filme. Por que neste tem havido muito segredo em torno do roteiro? “Nós temos um plano para revelar as coisas na hora certa, já que não seria justo ficar esperando até o fim. Mas para explicar o porquê de todo o segredo, eu cito como exemplo o filme do ‘Exterminador do Futuro 2’. Nós já sabíamos que o Schwarzenegger era um exterminador do bem. De modo que, na cena em que o jovem John Connor é surpreendido pelos exterminadores, se você não soubesse que o Arnold era do bem, você poderia achar que o garoto estaria morto e depois ao revelar que o Schwarzenegger era do bem, causaria muita surpresa. Então, uma das razões para o segredo é que estamos esperando que a audiência sinta todo o impacto nas reviravoltas da história. Isso foi algo que realizamos em ‘Transformers’. Os fãs querem saber quando a surpresa fará parte da festa. O segredo não é por sermos recatados ou tímidos, mas sim por nós querermos maximizar esses momentos de surpresa para a audiência. Nós achamos que não estamos ocultando dos fãs, mas tentando dar a eles essa festa surpresa”.
Vocês já estão pensando em alguma continuação para esse filme? “Nosso único propósito é fazer um bom filme de Jornada, mas contando com o fato de que se ele for bem, então, seqüências virão por si mesmas. Não estamos poupando coisa alguma para mais tarde. Nossa esperança é que esse filme nos dê a administração de futuros filmes, mas não somos arrogantes para contar com isso. Eu tenho sempre dito que se essa for a minha escolha, eu farei Jornada para o resto de minha vida”, finalizou o roteirista.
Fonte: The Trek Movie
Edição: Nívea Doria