Entrevista com Malcolm McDowell

Malcolm McDowell interpretou o último vilão que enfrentou o capitão James T. Kirk no filme Star Trek VII: Generations e levou à morte um dos maiores ícones da franquia.  McDowell, numa entrevista ao Star Trek.com, falou de sua carreira e do papel como o toliano Soran. McDowell também comentou sobre a cena da morte de Kirk, dizendo que a odiou.

Malcolm McDowell é um ator veterano e apareceu em filmes famosos: If, Laranja Mecânica, O Lucky Man!, Um Século em 43 minutos, Retratos de uma Realidade, O Livro de Eli, além de séries televisivas como Ilha da Fantasia, Halloween, Heroes, O Mentalista, entre outros. McDowell foi também dublador de desenhos animados Superman, Homem Aranha, Capitão Planeta. Foi indicado ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Ator, por sua atuação em Laranja Mecânica.

Já que você está atuando por tanto tempo, qual é o melhor filme que você já esteve?

“If”.

Qual é o filme mais subestimado ou menos apreciado que você já estivesse?

O Lucky Man! Foi subestimado na época. E se você quiser mencionar um mais recente, eu vou dizer Evilenko.”

Independentemente da qualidade do filme, qual foi sua melhor experiência de cinema?

“Hmm … Bem, honestamente, eu sempre tenho uma boa experiência ao fazer um filme. Eu adoro isso. Mas o melhor … Eu digo que foram O Lucky Man! e Britannia Hospital com o meu querido amigo Lindsay Anderson.”

Vamos falar de Jornada. Qual foi sua reação imediata quando se apresentou a oportunidade de fazer Soran em Gerações?

“Eu pensei: – “Bem, esse é bom papel”. Eu acho que isso é o que eu senti imediatamente. Eu não sabia, até ler o roteiro completo, que ia ser o mesmo que matou Kirk. Bill Shatner é uma força da natureza, não é? Eu gosto dele. Eu acho que ele é extremamente talentoso. E sinceramente sinto que os outros do elenco que vieram depois deveriam ficar de joelhos e adorá-lo – e Leonard (Nimoy) e todos aqueles caras do original – porque mantiveram a franquia em cima quando não havia muito dinheiro e eles tinham apenas contos de ética e moralidade. Eles fizeram um trabalho brilhante, eu acho. Enfim, quando vieram fazer A Nova Geração com Patrick (Stewart) e todos eles, foi uma série muito boa. As pessoas adoram Jornada. Então, eu fiquei feliz em dizer que sim.”

Você ouviu a história que os produtores inicialmente estenderam a mão para Marlon Brando para fazer Soran?

“Não. Isso teria sido interessante, se Brando tivesse feito isso. Muito interessante.”

Então, o que lhe interessou mais sobre Soran como um personagem?

“Bem, ele é um megalomaníaco e um personagem divertido de atuar. Além disso, visualmente, eu amei a roupa preta com cabelo branco espetado. Acho que essa foi a primeira vez que eu espetei meu cabelo assim. Eu tinha uma cabeleireira maravilhosa nesse filme e eu não consigo lembrar o nome dela, mas ela mudou o olhar do todo para mim. Mas ela era grande e eu a adorava. E Mike (Westmore), o homem da maquiagem, foi brilhante. Eu disse, no entanto, “Se eu vou fazer esse papel, eu não quero uma cicatriz. Não quero parecer um mutante. E não vou levantar às quatro da manhã para começar a maquiagem. Eles disseram: – “OK, então. Nós não queremos isso”.

O que você lembra das filmagens?

“Eu só me lembro de estar preso em uma montanha fora de Las Vegas durante semanas, no calor insuportável. Mas eles eram uma grande equipe e eu conheci John Alonzo (falecido em 2001 aos 66 anos), que foi esse grande cineasta. Ele segurou essas câmeras sangrentas. E que artista ele era. Eu gostei de (diretor) David Carson, mas ele fez muitas tomadas, muitos set-ups (preparação). Eu pensava: – “Meu Deus, quantos mais set-ups você precisa nesta cena?”

Hoje em dia dia, muitas vezes você é referido como o “homem que matou Kirk”. Quais foram seus pensamentos sobre esta seqüência do filme?

“A pergunta é a seguinte (para os donos do poder): Se você tem esse ícone da televisão americana, por que diabos não lhe dão uma morte espetacular? Porque dar-lhe uma morte realmente insignificante? Atirar em mim na ponte ou algum lugar que fosse? Eles deveriam ter despachado-o de forma gloriosa, e não fizeram. Eles perderam uma oportunidade.”

Você está falando sobre o que ficou na tela na edição final, após as refilmagens. Você originalmente atirou nele pelas costas …

“Sim, eles refilmaram. O que eles refizeram? Foi tão ruim quanto o primeiro. E eles gastaram vários milhões de dólares (nas refilmagens). Se você está me perguntando, eu pensei que foi pobre, muito pobre, mesmo refazer isso. Eles deveriam ter se despedido de Shatner em grande estilo.”

Voltando ao filme Gerações, havia um clamor para o estúdio de Shatner, Stewart, Carson, – argumentando que a morte original simplesmente não estava funcionando e que a cena deveria ser reescrita, mas só aconteceu após um teste de triagem que o estúdio deu o OK para mudar o final … 

“Eu não me importo de quem foi a culpa. Seja quem for que veio com a sua morte no final, eu achei de péssimo gosto. Eu só acho que para o homem, se você gosta dele ou não, deveria ter sido dada uma morte ardente. E eu, claro, teria sido feliz por ter fornecido isso. Olha, eu só acho que foi uma oportunidade perdida para este grande ícone que todos amaram ou odiadram. Ele foi um dos grandes vultos que causou discórdia e debate e argumentação.”

O que aconteceu a seguir é bem conhecido para os fãs de Jornada … 

“Logo que eu tinha matado ele, Bill Shatner puxou a cadeira e disse: – “Você se importa se eu faça uma pequena entrevista?” Eu disse: – “Por que?” Ele continuou, “Eu estou escrevendo um livro”. Pensei:- ” Meu Deus, ele realmente vai ficar todo convencido. E eu não o culpo”. Então, sua primeira pergunta para mim foi:” Qual é a sensação de ter matado esse ícone da televisão?”. Pensei: – ” Bem, ele está falando sério sobre isso”. Então eu respondi:- ” Bem, Bill, Pelo que me diz respeito estou preocupado de que 50 por cento das pessoas vão me amar e 50 por cento das pessoas vão me odiar”. E ele disse: -” Quem é que vai amar você?”. Repliquei: – “Bem, as pessoas que perderam a paciência de 35 anos com você, Bill, são essas!” E ele deu uma gargalhada. Eu estava brincando com ele, claro, mas o que você poderia dizer? O que você poderia dizer?”

Seria verdade que você teve ameaças de morte depois do filme? 

” É verdade. Foi na infância da Internet, então foi fácil fazer uma ameaça vazia. Ninguém pode verificar, realmente. Mas, sim, foi isso que aconteceu.”

Vamos falar de seus projetos atuais. Franklin & Bash estreou na TNT. Dê-nos a criação da série e uma introdução ao seu personagem, Stanton Infeld. 

“Stanton é o cabeça da Infeld & Daniels (escritório de advocacia), e eu contrato esses dois advogados renegados de 30 e poucos anos (Breckin Meyer e Mark-Paul Gosselaar) para entrarem e darem uma perspectiva diferente, de uma visão de fora do que está acontecendo, a fim de dar uma nova energia para a empresa. E nós temos todas as peripécias que passamos. Tudo vai pousar sobre se o público vai gostar destes dois caras. Eles são ótimos. Eu gosto do roteiro. Eu acho que é um espetáculo maravilhoso. Eu não estou dizendo que vai ser popular. Quem sabe? Eu não sou um profeta. Mas eu estou dizendo que é um bom show.”

Vamos ler uma lista: Kill Zone 3, LA Phil Live, The Artist, Suing the Devil, L.A., I Hate You, Vamps, The Unleashed, Mischief Night, Death Method, Zombex, Silent Hill: Revelation 3D and Mind’s Eye. Isso é o que tem no IMDB para você como concluído ou em curso projetos de filmagem para 2011. Isso parece certo, e há alguns lá que você está particularmente intrigado? 

“Sim, está correto. Kill Zone 3 é um jogo grande. Esse já está em atividade. Eu amo Suing the Devil. É um script fabuloso. Death Method; script muito interessante. The Artist é um filme incrível. Não tem nada a ver comigo. É apenas um filme brilhantemente dirigido e interpretado. É um filme mudo feito em preto e branco e é absolutamente encantador. Eu acho que encantará o público de uma forma maravilhosa, eu realmente faço. Foi uma sensação no Festival de Cannes.”