TNG 7×18: Eye of the Beholder

Trama sinistra a bordo da Enterprise leva Troi a confrontar seus sentimentos por Worf

Sinopse

Data estelar: 47632.2.

O tenente Daniel Kwan, responsável pela manutenção dos tubos das naceles da Enterprise, comete suicídio ao mergulhar no fluxo de plasma. Riker fica frustrado por não conseguir impedi-lo, e Picard encarrega Troi e Worf de investigarem o caso. Eles não encontram nenhuma evidência de que Kwan estivesse pensando em tirar a própria vida, seja em seus diários, em seus pertences, ou entrevistando a alferes Maddy Calloway, sua namorada. Troi decide visitar o lugar em que ele morreu e tem uma sensação terrível.

Na enfermaria, Crusher diz a Troi para evitar voltar ao local por algumas horas, pois está com níveis elevados de psilosinina, um neurotransmissor ligado a telepatia.

Data reflete com La Forge sobre a perda de Kwan, enquanto a Enterprise chega à Base Estelar 328 para receber suprimentos médicos que serão levados a Barson II.

Worf acompanha Troi de volta à sala de controle da necele, e a conselheira, após pedir para que abram a porta de manutenção, tem uma série de visões – a de um casal rindo e a de um rosto sinistro de um homem. Ela vê no chão uma caixa marcada com os dizeres “Utopia Planitia”. Com isso, começa a desconfiar que está recebendo uma impressão telepática de eventos ocorridos há oito anos, quando a Enterprise ainda estava em construção no estaleiro em Marte.

Troi usa o computador para identificar o homem envolvido no que vira – é o tenente Walter Pierce, que trabalhou em Utopia Planitia e agora serve na Enterprise. Troi e o Worf o questionam, mas ele diz não lembrar nada sobre Kwan ou algo que pudesse ter acontecido durante a construção da nave que fosse digno de nota. Troi nota que Pierce é capaz de bloquear sua percepção empática e parece estar escondendo algo.

Worf acompanha Troi até seus aposentos e os dois acabam se envolvendo romanticamente, passando a noite juntos. A conselheira então recebe um inibidor de psilosinina de Crusher para evitar ter novas visões perturbadoras, mas repara que Worf se mostra incomumente simpático com a alferes Calloway.

Troi volta à sala de controle da nacele com La Forge, Data e a tenente Nara, chefe do setor, e ela menciona que Kwan, um dia antes de morrer, estava trabalhando numa antepara que Troi vira aberta em sua visão. La Forge sonda o painel e descobre restos humanos nele, pertencentes a Marla Finn – a mulher da visão de Troi. Ao analisar a folha de serviço de Kwan, a conselheira constata que suas visões não podem ser dele, mas do homem que vira – na verdade um reflexo de seu próprio rosto.

Worf supõe que Pierce pode ter matado Marla e o outro homem que estava com ela, numa crise de ciúmes. Ele e Troi decidem interrogar o tenente novamente, mas a conselheira se mostra perturbada, perguntando se Worf está arrependido de ter passado a noite com ela e sentindo-se estranha pelo efeito do inibidor de psilosinina. Worf se oferece para ir sozinho interrogar Pierce, e ela aquiesce. Mas logo depois que Troi chega a seus aposentos, Pierce aparece por lá. Revoltada, ela tenta localizar Worf, e o computador informa que ele está com a alferes Calloway. Quando ela chega lá, os dois estão se beijando, e ambos começam a rir dela – exatamente como o casal da visão. Furiosa, Troi pega um feiser e mata Worf. Ao passar pelo corredor, encontra Pierce, que diz “você sabe o que tem de fazer”. Ela então corre para o controle da nacele.

Chegando lá, ela cogita se matar, como Kwan fez. Prestes a fazê-lo, é interpelada por Worf, e ela sai de um transe. Todos os eventos desde a morte de Kwan foram uma alucinação dela. Vendo que Worf está vivo e bem, Troi o abraça aliviada.

A investigação é concluída com Troi chocada por saber que tudo que ela vivenciou na alucinação levou apenas alguns segundos. Data confirmou as identidades de Pierce, Finn e seu amante secreto, William Hodges, e que Pierce era parte betazoide. Oficialmente, todos os três foram mortos numa descarga de plasma acidental há oito anos, e seus corpos jamais foram encontrados.

Troi acredita que Pierce encontrou Finn o traindo com Hodges e matou os dois, lançando-os no fluxo de plasma, e depois pulando nele. De alguma forma, a assinatura psiônica ficou impregnada em um painel da sala de controle da nacele, influenciando primeiro Kwan (que também tinha habilidades telepáticas) e depois Troi.

Comentários

“Eye of the Beholder” é um episódio estranho por dois motivos: primeiro, porque mostra elementos completamente atípicos para uma tripulação da Frota Estelar do século 24, envolvendo homicídio passional e suicídio. Segundo, porque a maior parte dele não aconteceu de fato, passando-se apenas na imaginação de Deanna Troi.

Seguindo a linha aberta de forma mais clara em “Parallels”, vemos mais uma vez a conselheira se envolvendo romanticamente com Worf. E, mais uma vez, é apenas um truque, já que na primeira ocorrência o relacionamento dos dois pertencia a uma linha do tempo alternativa, e nesta agora o romance todo aconteceu apenas na mente alucinada de Troi.

O esforço, contudo, mostra que Deanna de fato está atraída por Worf, ou provavelmente essa história não se manifestaria para ela como um reflexo da “lembrança psiônica” deixada por Pierce na sala de controle da nacele da Enterprise. O aprofundamento da relação entre os dois ainda seria retratado no episódio final da série, “All Good Things…”, desta vez como parte da linha do tempo “real”.

Tanto Marina Sirtis como Michael Dorn fazem um bom trabalho ao retratar esse novo casal, ainda que no contexto de uma alucinação de Troi. Ele faz uma cena divertida ao tangenciar a questão perguntando a Will Riker se há alguém em particular com quem ele não gostaria que Worf flertasse. E mostra sutileza ao iniciar sua aproximação romântica a Troi (num lance que acaba sendo muito mais humano que klingon, sem rosnados e arranhões). Sirtis por sua vez vai muito bem ao vender com delicadeza o início da relação de ambos, bem como o crescente ciúme que surge nas entrelinhas de seus diálogos. É verdade que tudo isso é meramente o “replay” do que teria acontecido a Pierce, Finn e Hodges, mas o desenrolar dos eventos é convincente a ponto de só termos a certeza de que tudo não passou de uma alucinação quando Worf surge rindo com Calloway, e Troi furiosa mata o klingon com um disparo de feiser.

Como truque narrativo, funcionou muito bem. Mas não deixa de trazer certa frustração o fato de que passamos metade do episódio vendo eventos fictícios. Chega a ser tão confuso para a audiência quanto é para Troi, e temos de nos perguntar o que era imaginação e o que era realidade em tudo que vimos. Só nos damos conta disso quando nos é explicado em diálogo ao final. A solução expositiva para a história não é a melhor, mas foi o preço de enganar com sucesso a audiência durante tantas cenas.

O episódio não gasta muito com efeitos visuais, mas é divertido observar o interior da nacele da Enterprise-D pela primeira vez. A direção de Cliff Bole é efetiva em transmitir a aflição de Kwan (e depois de Troi), construindo um mistério com um desfecho totalmente inesperado (e proporcionalmente pouco crível).

No fim das contas, o resultado é um episódio mediano, que mesmo fugindo à realidade ainda consegue trazer algo de relevante para Worf e Troi em seu crescimento como personagens.

Avaliação

Citações

“Counselor. When I pulled you from the plasma stream you seemed… surprised I was alive.”
“Well, actually… in my hallucination, you were killed.”
“May I ask by whom?”
“Well, you know what they say, Mr. Worf. ‘Hell hath no fury like a woman scorned.’”
(Conselheira. Quando eu a puxei do fluxo de plasma você pareceu… surpresa por eu estar vivo.)
(Bem, de fato… na minha alucinação, você foi morto.)
(Posso perguntar por quem?)
(Bem, você sabe o que dizem, sr. Worf. ‘O inferno não tem uma fúria como a de uma mulher rejeitada.’)
Worf e Deanna Troi

Trivia

  • A versão final do roteiro ficou pronta em 21 de dezembro de 1993. O título do episódio foge a uma repetição ao evitar o “The”, já que “The Eye of the Beholder” foi usado como título de um episódio da Série Animada.
  • O episódio revela pela primeira vez como é o interior de uma nacele de uma nave da Frota Estelar. Só voltaríamos a ver isso em “The Catwalk”, de Enterprise, e, ainda mais tarde, em “That Hope Is You, Part 2”, de Discovery.
  • A atriz Nora Leonhardt costumava servir como stand-in de Marina Sirtis na série. Mas como neste episódio ela esteve ocupada gravando cenas como Marla Finn no galpão 8 da Paramount, Arlene Fukai, segunda diretora assistente, teve de usar uma peruca e substituí-la no ajuste de iluminação do galpão 9, como stand-in de Sirtis.
  • O episódio retoma a ideia dos roteiristas de explorar um romance entre Worf e Troi, embora por meio de uma ilusão, já que boa parte do episódio se passou apenas na imaginação da conselheira.
  • Normalmente, cenas imaginárias são criadas apenas do ponto de vista de quem as está imaginando, mas este episódio quebra a convenção ao mostrar Crusher na enfermaria ao contatar Troi e Worf na manhã seguinte ao início do relacionamento amoroso dos dois.
  • Enquanto Troi e Worf discutem sobre o avô dela, Worf diz já ter buscado visões no fogo, em alusão aos eventos de “Rightful Heir”, da sexta temporada.

Ficha Técnica

História de Brannon Braga
Roteiro de René Echevarria
Dirigido por Cliff Bole

Exibido em 28 de fevereiro de 1994

Título em português: “O Olhar do Observador”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Mark Rolston como Walter Pierce
Nancy Harewood como Nara
Tim Lounibos como Daniel Kwan
Johanna McCloy como Maddy Calloway
Nora Leonhardt como mulher
Dugan Savoye como homem
Majel Barrett como voz do computador

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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