B’Elanna enfrenta o dia mais desafiador de sua vida
Sinopse
Data estelar: Desconhecida
Seven of Nine encontra dificuldades em passar o tempo na área de cargas, por estar desacostumada a ficar sozinha. Chakotay a designa para trabalhar na Engenharia. O grande problema é que Torres está tendo um dia difícil. Dormiu demais e perdeu o horário, sua ducha sônica pifou, não teve tempo de tomar o café da manhã e, para completar, alguns dos engenheiros faltaram ao trabalho por estarem doentes. Assim, ela não reage muito bem à presença da ex-Borg por perto, que vem para assisti-la na criação de um conduíte de transdobra.
Definitivamente, não está com humor para celebrar o Dia da Honra, um ritual Klingon de auto-exame das ações. Paris tenta encorajá-la, mas ela o afasta, temendo uma aproximação mais íntima. Enquanto isso, a Voyager encontra uma nave com refugiados Caatati em busca de suprimentos. Os Caatati explicam que a maior parte da raça foi assimilada pelos Borgs e que quase nada lhes restou. Janeway lhes oferece parte das reservas de alimentos.
Mais tarde, o líder dos alienígenas fica indignado ao descobrir que a tripulação humana inclui uma ex-zangão. Na Engenharia, Seven of Nine continua trabalhando no conduíte, mas durante os primeiros testes ocorre um acidente e Torres é obrigada a ejetar o núcleo do reator de dobra.
Torres e Paris partem em uma nave auxiliar para recuperar o núcleo, mas ao chegarem às coordenadas deparam-se com uma nave Caatati que tenta resgatá-lo para si. Durante um confronto, os alienígenas disparam contra a nave auxiliar, destruindo o seu campo de integridade estrutural. Torres e Paris se transportam para o espaço em trajes especiais. Eles ligam seus sistemas de comunicação e geram uma onda que, esperam, chegará à Voyager antes que fiquem sem ar. Na Voyager, a capitã questiona Seven of Nine sobre o acidente na Engenharia e fica feliz que a nova tripulante não tenha sido responsável por ele.
A nave recebe o chamado de socorro de Torres e Paris, mas antes que possa resgatá-los, os Caatati chegam com o núcleo do reator. Eles ameaçam destruir a Voyager a menos que Janeway lhes dê mais suprimentos e entregue Seven of Nine. A ex-zangão se oferece para ir, mas a capitã recusa. Seven então oferece para construir uma matriz de energia para os Caatati, que produzirá todo o thorium de que eles precisam para manter seus sistemas. Os Caatati aceitam e devolvem o reator. Quando a crise termina, a Voyager consegue resgatar os oficiais e Torres descobre, diante da possibilidade de morrer, que está apaixonada por Paris.
Comentários
O episódio é bom, mas não chega a ser extraordinário, como a trilogia anterior. A boa notícia é que pela primeira vez o telespectador tem uma amostra concreta de continuidade na série. A trama começa quando a Voyager encontra os Caatati, uma raça praticamente destruída pelos Borgs.
Talvez o grande mérito da história tenha sido esse feeling convincente do Quadrante Delta sob a sombra da Coletividade. Em pouquíssimos momentos, Voyager foi capaz de criar com originalidade aquela região longínqua do espaço. Aqui, vê-se os estragos deixados depois da passagem da tempestade. Tudo é incerto. Centenas de Caatati estão refugiados, famintos, confinados a algumas naves. Não há energia para manter os sistemas.
Aparece o primeiro questionamento: quão dura é a realidade da tripulação da USS Voyager? Eles o tempo todo ressaltam a precariedade da sua condição, limitam o uso dos replicadores e racionam as reservas de alimentos. Mas as semanas e temporadas passam e os vemos em seus uniformes impecáveis, bem nutridos e trabalhando em uma nave limpa. Quem sabe, os Caatati representem mais o que Voyager deveria ter sido, mas nunca foi.
A sub-trama envolve os experimentos da tripulação com a tecnologia de transdobra. Janeway designa Seven para trabalhar na Engenharia e a ex-zangão enfrenta caras feias dos oficiais — notadamente Torres. É preciso que se diga: embora B’Elanna tenha o típico temperamento forte Klingon e esteja atravessando um dia especialmente ruim, nada justifica seu comportamento em relação a Seven. A engenheira de forma alguma parece sentir aversão à nova tripulante por seu histórico como Borg. Fica a impressão de que ela está com uma birra infantil. Às vezes, seus comentários preconceituosos e agressivos beiram ao ridículo. Como profissional e oficial de alta patente tinha que simplesmente obedecer às ordens superiores. Talvez a dura de Chakotay deveria ter sido mais incisiva.
Apesar de o roteiro iniciar o desenvolvimento de Seven, é dedicado à engenheira-chefe em vários níveis. B’Elanna enfrenta o pesadelo de todo engenheiro: a ejeção do núcleo do reator. Quando parte com Paris em missão para recuperá-lo, enfrenta os Caatati e tem sua nave auxiliar destruída (a propósito, é o terceiro episódio da temporada e já se vai uma segunda nave auxiliar). Os dois acabam se transportando para o espaço em trajes pressurizados.
É curioso que, em uma série de ficção-científica como Jornada, raríssimas vezes a ação com os personagens se desenvolva no vácuo do espaço. Em “Day of Honor”, a produção foi capaz de criar uma ambientação bem convincente. Aliás, a equipe dos efeitos especiais merece aplausos. A seqüência da perda do reator foi muito boa. Não só ela, mas a batalha e o confronto com os Caatati. Neste quarto ano, o visual de Voyager só tende a melhorar.
Convincente também foi o diálogo entre Tom e B’Elanna. O suprimento de oxigênio está no fim e eles sabem que provavelmente morrerão antes que a Voyager possa encontrá-los. Sem mais rodeios, têm aquilo que acreditam ser a sua última conversa entre duas pessoas que vêm tendo uma certa tensão sexual já há algum tempo. O romance é improvável, mas funciona. É ótima a cena em que B’Elanna admite a tendência de afastar as pessoas. Pronta para morrer, ela se arrepende do comportamento e, em pleno “Dia da Honra” Klingon, sente que foi covarde a vida inteira.
O fã só fica com o pé atrás em relação a uma coisa: Voyager declaradamente segue uma linha anti-arcos longos de histórias. Por que, então, os produtores decidiram investir em um romance a bordo? Riker e Deanna, Worf e Dax… todos tiveram os seus momentos. Basta esperar em que dará a explosiva relação entre um ex-renegado e uma Klingon.
Avaliação
Citações
“Wouldn’t you prefer to be called by your Human name… Annika?”
“I have been Seven of Nine for as long as I can remember.”
“Allright. But maybe we could streamline it a little. How would you feel about… Seven?”
“Imprecise, but acceptable.”
(Você não preferiria ser chamada pelo seu nome humano… Annika?)
(Tenho sido Seven of Nine até onde consigo me lembrar.)
(Tudo bem. Mas talvez pudéssemos resumir isso um pouco. O que acha de… Seven?)
(Impreciso, mas aceitável.)
Janeway e Seven
“Tell me something. When you hear about people like the Caatati, do you have any feelings of remorse?”
“No.”
“That’s it? Just… no?”
“What further answer do you require?”
(Me diga uma coisa. Quando ouve sobre pessoas como os Caatati, você sente algum sentimento de remorso?)
(Não.)
(É isso? Apenas… não?)
(Que resposta adicional você precisa?)
B’Elanna e Seven
“Torres to Janeway.”
“Go ahead”
“We’ve dumped the core… Welcome to the worst day of my life.”
(Torres para Janeway.)
(Prossiga.)
(Ejetamos o núcleo do reator… Bem-vinda ao pior dia da minha vida.)
B’Elanna e Janeway
Trivia
- O episódio tem uma pequena ligação com o filme “Primeiro Contato”. Um dos figurantes da Ponte da Enterprise-E é visto aqui pela primeira vez em Voyager. Ele retorna em outros episódios, sendo um dos personagens-chave no segmento “Good Sheperd”, do sexto ano.
- A série de quatro livros chamada Day of Honor foi lançada na mesma época deste episódio. Os romances envolvem histórias que se passam na Série Clássica, Nova Geração, Deep Space Nine e Voyager – todos enfocando o feriado Klingon de avaliação da honra.
- Essa é a sexta vez que Voyager perde uma nave auxiliar, tendo perdido anteriomente naves auxiliares nos seguintes episódios: “Initiations”, “Non Sequitur”, “Parturition”, “Unity” e “The Gift”.
- Em “The Swarm” vemos o início do flerte entre Torres e Paris. Aqui em “Code of Honor” finalmente vemos um desenvolvimento significativo da relação dos dois. Sobre isso, Jery Taylor disse: “Tom e B’Elanna parecem ter uma relação quase contraditória. Você sabe, eles não começaram do jeito certo, o que é ok, mas eu comecei a pensar que frequentemente esse tipo de conflito pode estar escondendo sentimentos que não são de conhecimento de nenhum dos dois participantes. Eles podem estar sentindo outra coisa, não querem lidar com isso, então sai em forma de conflito. Então, para mim, parece um crescimento natural do que estava acontecendo com eles anteriormente. Então foi em “Day of Honor”… Mais uma vez eles estavam presos, isolados. Coloque duas pessoas numa ilha deserta e coisas acontecem! Então eles estavam flutuando no espaço e finalmente a admissão foi feita.”
- Esse episódio estava previsto para ser o quarto da temporada, e foi produzido dessa forma, mas acabaram invertendo a ordem e “Nemesis” acabou sendo exibido depois de “Day of Honor” que acabou ficando como sendo o terceiro episódio dessa quarta temporada.
Ficha Técnica
Escrito por Jeri Taylor
Dirigido por Jesus Salvador Trevino
Exibido em 17 de outubro de 1997
Título em português: “Dia de Honra”
Elenco
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim
Elenco convidado
Alan Altshuld como Lumas
Michael A. Krawic como Rahmin
Kevin P. Stillwell como Moklor
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
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