Michael Westmore é considerado um dos maiores maquiadores que já passou pela franquia. Na primeira parte da entrevista ele falou de sua carreira e o ingresso em Jornada, através da série A Nova Geração. Ganhador de vários Emmys por melhor maquiagem, Westmore fala agora, nesta segunda edição pelo Star Trek.com, da sua equipe vencedora, de suas ligações com o J.J. Abrams em Star Trek e seus últimos projetos, entre eles um livro de memórias.
Vamos olhar para trás, A Nova Geração, Deep Space 9, Voyager e Enterprise. Dê-nos um pensamento ou dois em cada uma dessas séries, talvez uma maquiagem que se destaque por ter sido um desafio ou uma fonte de orgulho ou até mesmo um busto total …
“Para A Nova Geração, o personagem Lal (do episódio “The Offspring” e interpretado por Leonard Crofoot e Hallie Todd) é absolutamente o meu favorito de todos os tempos de cada série. Eu achei que foi maravilhoso. Em Deep Space 9, eu acho que o desenvolvimento dos Cardassianos foi muito interessante. Voyager, acho que indo para os Borgs e desenvolvê-los ainda mais do que vimos em Star Trek VIII: Primeiro Contato foi um desafio e muita diversão, e conseguimos excelentes resultados. E houve duas coisas que eu gostei de fazer em Enterprise. Tivemos de voltar a desenvolver os personagens da série original, os Orions. E eu achei que o Xindi, os lagartos como o funcionamento de personagens, eram fascinantes. As cabeças, com espinhos de porco-espinho saindo delas, foi lindo. Eu não posso dizer algum que tenha sido o meu favorito, porque tudo foi um desafio e apenas vendo tudo junto o tempo todo, era como fazer uma pintura e vê-la ser trazida à vida.”
“E só há um personagem em que eu posso pensar, sobre a totalidade desses 18 anos, que … eu nem quero ver hoje. Foi o episódio “The Most Toys”, em que um homem estava indo pelo universo roubando coisas, e roubou Data (Brent Spiner). Para começar, tivemos uma pessoa bem pequena (David Rappaport) como o nosso alienígena, e demos-lhe toda a maquiagem, e ele tentou cometer suicídio no meio das filmagens. Eles tiveram que reformular o papel (com Saul Rubinek) e não tivemos tempo para transformar essa outra pessoa em um alienígena. Então, bastou colocar uma tatuagem na lateral do rosto. Mas a mulher dele (Jane Daly como Varria), eu tive de achatar seu rosto e fiz antenas que saiam de sua testa, que teceu em um penteado muito estranho. Ela detestava o penteado e não gostava de usar maquiagem, então ela falou para Gene (Gene Roddenberry) para deixar-nos mudar o cabelo para o que ela queria e tirar as antenas. Então o que eu tinha deixado era uma mulher com um rosto liso e um penteado estilo Annette Funicello. Eles, literalmente, colocaram uma linha no episódio em que o cara tinha operado seu rosto e destruído sua aparência. Quero dizer, eles tiveram que dar uma desculpa porque ela se parecia mais com uma vítima de acidente de automóvel do que um alienígena. Até hoje eu não consigo ver esse episódio.”
NOTA DE EDIÇÃO: O ator David Rappaport continuou em depressão profunda e dois meses após sair de A Nova Geração, faleceu atirando em si mesmo.
Está semi-aposentado depois que Enterprise terminou. O que você tem feito desde então?
“Eu continuei e fiz um musical. A mulher (Anna Hamilton Phelan), que escreveu o filme O Máscara, que foi um filme em que eu trabalhei (e no qual Westmore ganhou o Oscar), re-escreveu-o em um musical, e eles fizeram no teatro de Pasadena (em 2007 ) com a esperança de levá-lo a Nova York. Isso não aconteceu, mas a música (por Barry Mann e Cynthia Weill), é absolutamente fantástica. Eles eram aplaudidos de pé todas as noites. Então, eu realmente fiquei chocado que alguém não financiasse (a temporada na Broadway), mas sei quantos milhões de dólares são precisos para fazer algo assim. Outro amigo meu, Kamal Hassan, é um ator indiano com quem trabalhei por décadas. Ele é um dos atores mais proeminentes na Índia e é o único que realmente gosta de fazer a coisa funcionar. Então eu fiz um dos maiores filmes de maquiagem (Dasavatharam, lançado em 2008) que já se fez na Índia, onde apareciam 10 personagens diferentes, e para cada um dos personagens, tinha um nariz de borracha ou um rosto cheio. Ele fez um asiático, um europeu, diferentes raças na Índia, de todas as formas de pele muito clara a pele muito escura. Então eu passei, oh rapaz, de 18 meses a dois anos, juntando as coisas e então o filme foi gravado por mais um ano.”
Eu também estive tentando entrar na outra ponta do negócio. Estou envolvido na produção de um reality show. Um amigo meu, que eu conheci por anos, trabalhou para a CIA, é sua história de vida, basicamente. Estaremos colocando-o em episódios. Ele levava uma vida fascinante e ele e eu nos reconectamos após muitos anos e fizemos alguns scripts juntos. Estamos tentando fazer um piloto agora e reunir um pacote. Então, estou começando a me envolver fora da maquiagem. Eu também estive escrevendo por alguns anos. Eu nunca percebi o corpo do meu trabalho até que eu comecei a tentar colocá-lo no papel, para escrever um livro. Eu tenho cerca de cinco centímetros (em pilha de papel escrito) de material e não há nada ainda sobre Jornada. É basicamente sobre a minha carreira desde 1961 até finais dos anos 80, foi quando eu me envolvi em Jornada. Eu passei muito tempo com Stallone (Westmore criou a maquiagem para os filmes Rocky Balboa, Rocky II, Rocky III, o Paradise Alley, F.I.S.T., Vitória, Rambo II e Rocky V) e com De Niro (Westmore trabalhou com De Niro em Touro Indomável e Confissões Verdadeiras). Estas são as histórias por trás das cenas que eu estou colocando. E depois que eu terminar isso eu quero fazer um livro só sobre Jornada.”
Um monte de gente que trabalhou com você ao longo dos anos mudou-se para outros projetos. Você manteve contato? Será que algum deles trabalhou no filme de J.J. Abrams, Star Trek?
“Eu ainda tenho muito bons amigos com estes artistas de maquiagem. No filme que J.J. Abrams fez, eles iriam me chamar. Havia supostamente um edital publicado que não queria ninguém lá que tivesse trabalhado em Jornada antes, mas eu contei uma vez e quase 40 por cento das pessoas que eles contrataram nesse filme tinham trabalhado para mim. Portanto, é parte da razão pela qual a tatuagem (dos romulanos) e coisas desse tipo foram maravilhosas, porque as pessoas do tempo de Jornada estavam lá para ajudar.”
Alguns de seus primeiros créditos como maquiador foram nos programas de televisão, Os Monstros e A Terra Perdida. Como foi ver A Terra Perdida refeita como um filme? E já ouviu falar que um escritor conhecido de Jornada, Bryan Fuller, está produzindo um remake de Os Monstros para a NBC?
Os Monstros foi um dos meus primeiros empregos. Bryan está fazendo (um remake)? Oh meu Deus. Na verdade, eu ainda falo com Butch Patrick, que interpretou Eddie, uma ou duas vezes por ano. Ou quando ele está na cidade ele me liga e diz: – “Ei, eu posso ir aí falar com você?” Eu fiz a maquiagem dele quando ele era um garotinho. Eu coloquei as orelhas nele e fiz uma ponta do cabelo na testa e fazia todas as manhãs. Há remakes de tudo. Adorei o que fizeram com meus projetos no filme A Terra Perdida. Eles o melhoraram, mas na verdade ainda mantiveram o conceito original.”