Stewart diz que achava fazer Picard algo maluco

Um dos atores que melhor encarnou seu personagem na franquia foi Patrick Stewart. Muitos se perguntavam, naquele tempo, por que um ator de meia-idade, com inspiração shakesperiana, toparia ser o novo capitão de uma série que teria a incumbência de substituir a original de Gene Roddenberry. Em uma nova entrevista, Sir Stewart admite que ele também achou que a idéia foi uma loucura na época.

Aos 70 anos, Patrick Stewart conseguiu seguir numa carreira misturando teatro clássico com cultura pop televisiva e sendo no final muito aclamado. Este ano, ele foi indicado para um Emmy por seu desempenho como Claudius and the Ghost, na peça Hamlet.

O site Deadeline Hollywood conversou com Stewart sobre a sua indicação ao Emmy e sobre Jornada. O reporter admitiu que foi um dos críticos que questionaram a escolha de Stewart para fazer Jean Luc Picard, e o ator admitiu que também questionou esse papel.

Isso ecoou em meus próprios sentimentos, naquele momento também. Por que eles lançariam um ator de meia-idade, shakespeariano, inglês, careca neste papel icônico como o capitão da Enterprise? Não fazia sentido. Mas eu acho que Gene Roddenberry tinha algum tipo de instinto para ele, e seu produtor Rick Berman foi meu defensor. Mesmo assim, isso tudo parecia uma linha divisória louca na época. Levei um bom tempo para ficar à vontade nesse papel. Eu sei que a minha experiência com o clássico de Shakespeare foi de uma grande ajuda para encontrar essa linguagem elevada que foi maior que a vida e extremamente épica.

Apesar de ter sido, em última instância, a decisão de Gene Roddenberry para lançar Patrick Stewart, foi o produtor Robert Justman quem trouxe ao conhecimento do Roddenberry e da Paramount o ator. Justman recordou a história em uma entrevista à BBC:

Minha esposa e eu estávamos fazendo um curso na UCLA sobre humor nas artes. A palestra daquela noite era para ser uma leitura feita por duas pessoas – uma delas era Patrick Stewart. Ele leu com a mulher – passou a ler alguma coisa de Shakespeare. E leu a sua primeira linha e fiquei louco. Virei para minha esposa e disse, –  “eu acho que encontramos nosso novo capitão”. Nós nos conhecemos na casa de Gene Roddenberry, Patrick chegou em seu carro alugado e passamos cerca de 45 minutos juntos, conversando. Nós vimos Patrick, em seu carro alugado, ir ao aeroporto e Gene fechou a porta, virou-se diante de mim e disse, “não vou ter ele”. Gene não queria ele e não quis me dizer o porquê. Mas eu sabia o porquê. Eu sabia que ele havia concebido um francês. E, você sabe, que o personagem era para ser masculino, viril, e ter um monte de cabelo. E Patrick não se encaixava em nada disso. Patrick não era tão bonito, era diferente, e era bastante careca. Completamente careca.

Eu estava muito, muito entusiasmado com Patrick no papel. E eu continuei depois a insistir com Gene e ele manteve-me fora de combate até que um dia tivemos um novo produtor em cena, era Rick Berman. Rick viu o filme de Patrick e se apaixonou por ele. Como fez o nosso diretor de elenco. Então, nós três éramos aliados na luta para conseguir Patrick como o capitão. Gene ficou em sua própria luta para não tê-lo. Então, finalmente, percebi que quanto mais eu puxava, mais ele fincava os calcanhares. Fiz um anúncio, um dia, em uma reunião quando o assunto foi trazido e eu disse que não queria ouvir o nome de Patrick Stewart nunca mais. “Acabou com Patrick Stewart, esqueça-o”. Eu fiz isso de propósito para fazer Gene pensar que eu desisti. E toda vez que alguém mencionava o nome de Patrick Stewart para mim, eu explodia e dizia: ‘Eu não quero ouvir isso. Não me fale mais de Patrick Stewart”. Finalmente nosso último possível candidato fez um teste para nós. E o cara leu para nós, conversou com a gente e saiu da sala, a porta se fechou e estávamos todos em silêncio. Não houve um som a ser ouvido. E, finalmente, Gene Roddenberry soltou um grande suspiro. Ele disse: ‘Tudo bem, eu vou com Patrick”.

Fonte: TrekMovie