O evento Simply 70 (mm) Star Trek Summer movies series teve com um dos convidados ilustres o produtor Ralph Winter. Num bate-papo com o público, ele falou sobre o orçamento dos filmes, a diferença com Star Wars, seu trabalho na franquia após o desentendimento de Harve Bennett com a Paramount, o sucesso de Star Trek IV e o fracasso do quinto filme de Jornada sob a direção de William Shatner.
Ralph Winter começou sua carreira em Hollywood na Paramount como supervisor de pós-produção em Star Trek II e ficou com a franquia até que produziu Star Trek VI, em seguida, passou a produzir uma série de outros filmes, incluindo Missão de Alto Risco, Hackers, Poderoso Joe, Inspetor Bugiganga, e os quatro filmes da franquia X-Men.
Veja abaixo um resumo do que foi abordado por ele.
• Diz que começou sua carreira como produtor, porque “Harve Bennett deu uma chance para mim … Eu não tinha nada a haver com este negócio, eu era especializado em História”;
• A forma de manter os custos baixos nos filmes pós-Star Trek I era filmar (quase) tudo nos estúdios de gravação;
• Entre os primeiros filmes de Jornada Winter observa que “estes filmes são de uma época diferente, eles são mais adultos no tema e menos sobre correr e rodopiar e saltar …” e, portanto, era mais fácil filmá-los neste orçamento;
• Contou um episódio engraçado sobre Bill Shatner ainda com roupa de cenário, ajudando a apagar um começo de incêndio no set, durante as filmagens, “absolutamente … Nunca perderei esse momento”;
• Quando os primeiros filmes de Jornada estavam sendo feitos durante a mesma época dos primeiros filmes de Star Wars, ambos usaram a ILM, eles foram diferenciados de Jornada por esta ser “mais como uma ópera, grandes galeões no espaço … (Star Wars) tinha minúsculas naves correndo … de alguma forma, estas filmagens (de Jornada) eram mais difíceis, porque eles precisavam examinar bem à longa distância, muito mais difícil de fazer do que filmagens curtas (como Star Wars);
• Winter diz que os primeiros filmes de Jornada foram pioneiros de várias táticas para manter os segredos do filme, incluindo a codificação de scripts, que também tinha códigos secretos nas Datas Estelares (cada data estelar no script era específica para quem o script era), que funcionaram, com exceção de um que foi perdido pelo chefe de estúdio, Michael Eisner;
• Winter achou nítido o contraste entre o filme que fez nos anos 80, e os de hoje, dizendo que aquela era terminou com Star Trek VI: A Terra Desconhecida (1991), antes da bilheteria global tornar-se tão importante;
• Observou Winter, “os estilos mudam, o público mudou. Parte do que é o relacionamento das empresas com os estúdios empurrou para o sucesso desta mentalidade blockbuster. Eu penso (a priori) que antes havia simplesmente um amor por esses filmes. Tenho a certeza que Harve Bennett foi o único que recebeu crédito de roteiro (Star Trek III), e não dez rapazes. Fizemos algo antiquado, escrevemos o roteiro e filmamos”;
• Ao assumir como produtor de Star Trek VI após Harve Bennett sair (porque ele queria fazer um prequel, em vez de outro filme com a tripulação original), “Eu acho que isso foi doloroso, mais para Harve. Ele queria que eu a caminhasse com ele e eu não … Ele tinha uma idéia particular e o estúdio queria algo que pudesse introduzir no mercado com o 25 º aniversário da franquia e fazê-lo com o elenco original”;
• Sobre a produção de Star Trek VI para Gene Roddenberry, pouco antes de sua morte, “Ele sempre tinha alguns comentários, alguma coisa para consertar … mas ele não era muito a favor (de Star Trek VI);
• Perguntado se trabalharia com o diretor de X-Men, Bryan Singer, num filme escrito por eles, após Nemesis, “Bryan é um grande fã de Jornada e passamos muitas noites e refeições falando sobre histórias de Jornada e os recursos, mas … Eu não estava realmente ciente de que ele tinha escrito alguma coisa”;
• Sobre o filme de J. J. Abrams, Star Trek, perguntado se estaria interessado em produzir depois de J.J. Abrams, “Eu acho que J.J. fez um ótimo trabalho com este último filme, eu só tenho dosi comentários: algumas das coisas com Spock e eu queria que Chris Pine fizesse o discurso final, em vez de Leonard. Eu achei que foi maravilhoso, foi revigorante, acrescentou uma nova vida e leva-o até os dias de hoje … Aguardo pelo que J.J. vai fazer e tenho as minhas próprias aventuras”;
• Sobre o sucesso dos filmes A Ira de Khan e A Volta para Casa, “Star Trek II é um dos meus favoritos. Nick (Meyer), foi divertido trabalhar com ele e eu amei Time After Time (Um Século em 43 Minutos) , por isso foi o meu primeiro filme em que fiquei realmente envolvido, por isso foi muito divertido. Mas, em Star Trek IV estávamos trabalhando à todo o vapor. Tivemos que seguir em locação. O roteiro foi um pouco mais despreocupado, Star Trek III foi uma história muito pesada. Eu só acho que (o diretor) Leonard [Nimoy] aprendeu muito, ele estava trabalhando à todo o vapor. Terminamos um pouco mais cedo. Nós vimos o filme poucos dias depois que o concluímos e ficamos todos incentivando uns aos outros dizendo “isso é muito bom, isso vai funcionar”. Chegamos abaixo do orçamento. Todas as estrelas se alinharam para Star Trek IV”.
• Sobre o fracasso de A Fronteira Final, “Nós nos divertimos muito e me senti bem com o IV, que não foi o caso do V. Creio que em Star Trek V que estavam fumando nossos próprios comunicados à impresa. Cometemos o erro de procurar Deus. Isso foi o que o primeiro filme fez. O que nós pensamos que iríamos encontrar? O que podíamos esperar? Nós nos concentramos e escrevemos um bom roteiro. O ator Larry Luckinbill (Sybok) foi ótimo. Havia um monte de coisas boas sobre ele. Acho que não fomos delirantes, mas quase matamos a franquia”.
“E, infelizmente, quase matamos a franquia em termos de efeitos visuais. Nós sentimos como se tivéssemos aproveitado da ILM e assim nós manipulamos as imagens para irmos a outros lugares. Nós encontramos um rapaz em Nova York, Bran Ferren, que tinha uma abordagem muito boa para fazer os efeitos, mas no final ficaram horríveis. E a combinação de uma história que não estava funcionando, apenas não era comercial, os efeitos foram terríveis – que quase matou a franquia, ela quase morreu”.
William Shatner afirmou que alguns dos problemas com Star Trek V foi devido a Paramount não ter dado ao filme um orçamento adequado. Foi perguntado a Winter se ele sentiu que o estúdio não tenha dado chance ao filme, “Eu não concordo que a Paramount não tenha dado chance ao filme. Eles não deram (a Shatner) tanto dinheiro para a história quanto ele queria, mas lembre-se que Star Trek II foi feito por US $ 12 milhões, e Star Trek III foi feito abaixo de $ 16 milhões, e Star Trek IV veio no orçamento de $ 21 milhões – Eu tenho uma carta na casa do presidente do estúdio que mostra isso. E eu acho que fizemos o quinto filme em torno ou um pouco menos de US $ 30 milhões, então foi mais. Mas o que ele queria fazer era uma coisa grandiosa. Mas eu não acho que mais dinheiro teria feito o filme melhor”. O teste do Rock Man (figura a direita) para a sequência de Star Trek V foi cortado do orçamento.
Fonte: TrekMovie