Remasterizar a Série Clássica foi algo bastante complicado. Para o chefe da equipe, Dave Rossi, significava tomar decisões difíceis sobre o que poderia e o que não poderia ser mudado. Apesar das dificuldades, Rossi e o casal Mike e Denise Okuda conseguiram um feito notável, homenagear os 40 anos da maior franquia da TV.
Para quem ainda não sabe, remasterizar significa fazer um novo master, uma nova matriz a partir do original, realçando e eliminado (se possível) falhas das antigas imagens e ruídos de áudio. O projeto começou em 2006 com a autorização pela CBS Paramount Television para restauração dos 79 episódios da Série Clássica. Eles foram atualizados digitalmente com efeitos especiais e música totalmente novos. Esse trabalho coube ao produtor Dave Rossi e aos especialistas em arte cênica Michael e Denise Okuda.
Em entrevista ao site alemão The Zero Room, Rossi lembrou um pouco desse trabalho. Ele disse que uma das primeiras mudanças propostas pela equipe, que não ocorreu, foi no episódio Where No Man Has Gone Before. Eles propuseram mudar o “R” na lápide de James R. Kirk por um “T”, pois o sobrenome “Tibério” foi adotado ao personagem, “Você tem de mudar isso”, opinou a favor Rossi. “Absolutamente não”, manifestou contrário Denise Okuda. O trio discutiu sobre esse ponto por um bocado de tempo, mas no fim perceberam que a empresa de efeitos não poderia alterar todas as cenas como eles queriam, “Então nós tivemos que deixá-la de lado”, lamentou Rossi.
A reação dos fãs ao projeto mudou ao longo do tempo. No início, alguns ficaram descontentes porque temiam que as mudanças descaracterizassem a série. Rossi e os Okudas preocupavam-se com isso e queriam manter a tripulação de Jornada sem retoques, mas não os efeitos especiais. “Toda a nossa crença, quando começamos isto, foi sobre o fato de que nunca queríamos fazer o espectador esquecer que a tripulação estava em perigo”, disse Rossi. “Nós nunca quizemos que eles esquecessem que o Capitão Kirk e Sr. Spock estavam passando por algum tipo de dificuldade e foi esse o nosso sentimento. Se você fizer a Enterprise girar, e todas essas coisas, então ela se transforma apenas nos efeitos, e nós queríamos evitar isso. Com o tempo, os fãs disseram – “Você tem de ir mais longe” – E eles tinham sido contra as mudanças”, disse Rossi.
A equipe estava consciente da reação dos trekkers e procurou interagir diretamente com eles. “Um dos erros que cometemos no início foi ir a um desses sites de fãs”, comentou Rossi. “Se você realmente quiser ser pressionado…”, brincou, “Nos primeiros episódios, nós tínhamos criado nomes falsos, para que pudéssemos interagir com as pessoas. Estávamos sempre no bate-papo … mas depois de um tempo, você percebe que são as mesmas vinte pessoas postando. E ficou engraçado para nós depois disso, porque foi como se ainda odiasse a série, mas continuava assistindo. Isso é bom, mantem sintonizado. Você não pode culpar um monte de gente, eles têm uma visão de como eles querem vê-lo feito”.
E quanto a possibilidade de se remasterizar A Nova Geração? “O problema em fazer com A Nova Geração é que todos os efeitos foram feitos em vídeo”, disse ele. “Isso tornaria um projeto de oito anos e o dinheiro necessário para fazê-lo seria muito, muito louco”.
Fonte: TrekToday