VOY 3×18: Darkling

Doutor vira o “sr. Hyde” e Kes larga Neelix e ganha um novo namorado

Sinopse

Data estelar: 50693.2

Quando a USS Voyager visita um posto avançado dos viajantes Mikhal, a tripulação encontra um grupo de exploradores dispostos a dividir seu conhecimento sobre o território que a nave está prestes a entrar. Enquanto Kes acompanha a transferência de suprimentos médicos para o grupo, ela se interessa por Zahir, um piloto Mikhal.

Paralelamente, o Doutor está empenhado em um novo projeto: adicionar subrotinas das personalidades de figuras históricas famosas, como Gandhi e lorde Byron, a seu próprio programa, a fim de aumentar a sua performance. B’Elanna o alerta de que as novas subrotinas podem interagir de forma imprevisível e oferece ajuda para revisar o programa dele.

Quando Kes se mostra cada vez mais atraída por Zahir, o Doutor avisa que ela está negligenciando seus deveres na enfermaria. Mais tarde, a Ocampa conta a Janeway que Zahir lhe pediu para deixar a Voyager para acompanhá-lo em uma viagem. Enquanto a jovem pondera a decisão, Zahir é seriamente ferido por uma figura camuflada misteriosa.

No dia seguinte, Kes, perturbada, fala sobe os ferimentos de Zahir com o Doutor. Eles são interrompidos por B’Elanna, que encontrou um problema potencial no programa do médico. Mais tarde, Tuvok e Janeway encontram B’Elanna desmaiada no chão da enfermaria. O Doutor atribui a condição dela a algo que a tenente comeu, mas depois que Tuvok e Janeway saem, fica claro que ele é o responsável. O holograma tenta sem sucesso forçá-la a remover a personalidade original tranqüila da mistura de subrotinas, a qual se desestabiliza rapidamente.

Enquanto Tuvok investiga o atentado a Zahir, o Doutor seqüestra Kes. A descoberta de assinaturas holográficas residuais perto do local do ataque alerta a tripulação de que o médico é o culpado. Ele arrasta Kes pela trilha montanhosa onde atacou Zahir, mas é confrontado por Tuvok e Chakotay. Recusando-se a desistir, ele se atira do penhasco levando Kes consigo. A Voyager consegue transportá-los durante a queda. Em seguida, B’Elanna apaga as perigosas subrotinas, restaurando a personalidade normal do Doutor e Kes decide permanecer na nave com os amigos.

Comentários

Em primeira instância, “Darkling” tenta explorar a personagem sub-utilizada de Jennifer Lien, mas na verdade ele se salva apenas pela boa atuação de Robert Picardo. De resto, não parece enriquecer em nada a série.

Fatos interessantes: ficamos sabendo que Kes agora tem três anos de idade. Ela diz ser adulta, mas se assemelha mais a uma adolescente. Aqui fica oficialmente estabelecido que seu relacionamento com Neelix chegou ao fim. Isso já tinha ficado meio implícito em “Warlord”, mas Jeri Taylor, a produtora da série, achou que seria melhor que o rompimento acontecesse fora das telas. Não é um choque a notícia, porque os dois nunca realmente agiram como um casal.

É interessante ver como os personagens vêm dando indícios do que está por vir nos próximos episódios. Assim como B’Elanna tinha levantado a hipótese de uma raça mais poderosa do que os Borgs em “Unity”, Kes começa a demonstrar insatisfação em permanecer a bordo. Estamos nos aproximando do final da terceira temporada e as mudanças implementadas em Voyager ainda não são suficientes para conter a queda nos índices de audiência. A produção já leva em conta alterações maiores.

Pelo ciclo de vida Ocampa, Kes já chegou a um terço de sua vida, e o que fez na série até agora? Para a personagem, ela conquistou amigos, terminou um namoro e criou um jardim sozinha. Agora precisa de desafios maiores na vida. Para o público, é praticamente a mesma de “Caretaker”. A questão das habilidades telepáticas – o grande diferencial da personagem – é tão pouco explorada que a atriz poderia tranqüilamente ser figurante.

Quanto ao Doutor, ele não é exatamente trabalhado. Apenas vemos uma outra faceta de Picardo. Ele interpreta um personagem totalmente diferente, e convence mais por causa da atuação. O que não dá para acreditar muito é no jeito como as novas subrotinas tomam o comando do médico holográfico. Por que a personalidade má tinha mais controle sobre a matriz que o Doutor? Por que não houve uma luta do tipo que aconteceu com Kes em “Warlord”? Mais importante, por que o holograma mau tinha ciência do Doutor e o contrário não acontecia?

Outra coisa forçada foi a cena do holograma louco atirando-se no abismo com Kes. A seqüência não causou espanto algum, pois todos sabiam que os dois seriam salvos. Agora, como foi que o transporte restaurou o programa original do Doutor? Milagrosamente, só pode ser. Isso sim foi surpreendente…

Surpreendente também perceber que Neelix praticamente não aparece no episódio! Ele não participa da história de forma alguma. Sobre ele, só me vem uma pergunta à mente: por que Tuvok não o colocou entre os suspeitos do crime contra Zahir? Faz sentido, já que seu relacionamento acabou recentemente e ele foi o substituído. Teria sido uma complicação interessante no roteiro. Mas como o tema de hoje é “oportunidades perdidas”…

Essa semana pudemos ver com atenção mais um rosto na tripulação da Voyager. É interessante notar que a alferes não-identificada está na série desde o piloto e que a atriz é nada mais nada menos que a dublê de Kate Mulgrew (Janeway).

Espera-se dos dublês que assumam muito da performance dos atores, sem receber tempo de tela ou crédito ou mesmo a chance de interpretar. Mas isso não incomodou Henley. “Eu a amo [Kate Mulgrew] de coração, ela me ajudou muito. Já fui dublê de outras atrizes e não quero citar nomes, mas a maioria delas não é muito gentil. Mas Kate é sempre fantástica. Ela diz, ‘Obrigada, Susie, muito obrigada’ quando entra para fazer as cenas. Ela me deu uma garrafa de uma champagne muito boa no Natal. O elenco inteiro é muito aberto e amigável e caloroso – tenho a foto de todos eles na parede. John [Ethan Phillips] é mais engraçado do que qualquer coisa, Jennifer [Lien] é um amor, o ambiente no set é ótimo – nós rimos o dia todo, e fora das câmeras eles fazem piada o tempo todo (…) Mas quando entram no personagem, é uma grande mudança. Eles se concentram totalmente”, comentou.

O curioso sobre a atriz é que sua carreira em Voyager começou antes mesmo que a de Mulgrew. “Eu estava trabalhando em Deep Space Nine, e tive uma entrevista para ser a dublê de Genevieve [Bujold]. Graças a Deus eu não consegui. Eu me parecia com ela em altura et cetera, mas outra pessoa conseguiu o emprego. E, bom, todos sabem o que aconteceu depois disso [Bujold desistiu do papel]. Alguns dias depois eu ouvi que haveria outra capitã, então perguntei a alguém na rua – é assim que falamos sobre a distância entre as plataformas de DS9 e Voyager — e ele disse, ‘Ela é ruiva, você deve ter o peso dela, devia perguntar a eles!’. Eles me disseram para ir na segunda, e eu já era dublê dela naquele primeiro dia, e tem sido um ótimo trabalho desde então. Kate tem um rosto muito mais forte, cinzel do que o meu — o meu é muito polpudo. Ela tem uma bochecha bem forte”, contou.

Sue Henley normalmente tinha que chegar por volta das 8:30, meia-hora antes de a equipe chamar, mas quando no local ou agendada para aparecer como figurante, deveria estar no estúdio ainda mais cedo, às vezes às 5:30. Ela fazia dois tipos de trabalho na frente da câmera: era dublê de Kate e aparecia como um tripulante ao fundo. “Eu não apareço muito no fundo porque pareço demais com a Kate com o meu cabelo preso no estilo da Frota. Quando o faço, tenho que usar uma peruca preta horrível que mais parece um rato morto (…)”.

Ela pode ser vista com o próprio cabelo em “Caretaker”, na fazenda holográfica, onde é uma das pessoas andando perto do cachorro, logo antes de a mulher falar Tom Paris e Harry Kim. É dela a tacada na sinuca de “The Cloud”, mas as bolas caindo nas caçapas são de tomadas diferentes. A própria Kate Mulgrew acertou a bola 8 na caçapa, depois do que todos aplaudiram. Sue Henley pode ser vista usando o uniforme amarelo e a “peruca horrível” ao lado de Tom Paris e Sandrine. Interpreta a alferes sem nome que divide uma cena com o Doutor no turboelevador em “Darkling”. Aparece ao fundo quando Tom e B’Elanna são materializados no ambiente artificial de “Displaced”. Retorna também para “The Raven” e em “Year of Hell, Part I” interpreta a alferes Brooks.

O operador do transporte também está a bordo desde o início. Em vez de tirar tripulantes da cartola e matá-los semanas depois, seria legal se a produção conseguisse desenvolvê-los mais solidamente de vez em quando. Caio aqui na velha questão da verossimilhança, do senso de realismo da série.

Enfim, o roteiro foi muito mal fechado, com resolução da trama central (Kes) ignorada ou tomada muito superficialmente. “Darkling” é sem sombra de dúvida um dos mais fracos da temporada.

Avaliação

Citações

“Your pulse is lovely. Does that feel good?”
“Doctor, unless you want me to knock you into the middle of the next millennium you’d better back off.”
(Seu pulso é adorável. Isso é gostoso?)
(Doutor, a menos que queira parar no próximo milênio é melhor se afastar.)
Doutor e B’Elanna

“Everyone seems to be treating me like I’m still a child. I’m three years old now. If I’m attracted to someone it’s my business not the whole ship’s.”
(Todos parecem me tratar como se eu ainda fosse uma criança. Eu já tenho três anos. Se estou atraída a alguém isso é da minha conta e não da nave inteira.)
Kes

“I’ve lived almost through my life now. I’ve been asking myself if I want to spend the rest of it on Voyager.”
“That’s certainly a legitimate question.”
(Eu já vivi boa parte da minha vida. Venho me perguntando se quero passar ela inteira na Voyager.)
(Com certeza é uma pergunta válida.)
Kes e Janeway

Trivia

  • Stephen Davies (Nakahn) apareceu em Deep Space Nine como um oficial tático no episódio piloto da série, “Emissary”, e como Arak’Taral em “Hippocratic Oath”, da quarta temporada.
  • Neste episódio descobrimos que Kes e Neelix romperam com seu relacionamento. Mesmo depois dos eventos em “Warlord” isso não estava claro.
  • O episódio conta com aparições de personalidades famosas, como Gandhi e lorde Byron. T’Pau e Sócrates jogam Kel-to.

Ficha Técnica

História de Brannon Braga & Joe Menosky
Roteiro de Joe Menosky
Dirigido por Alex Singer

Exibido em 19 de fevereiro de 1997

Título em português: “Lado Negro”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

David Lee Smith como Zahir
Stephen Davies como Nakahn
Noel de Souza como Ghandi
Christopher Clarke como lorde Byron
Sue Henley como alferes

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Edição de Ricardo Delfin

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