Enquanto o novo filme de Jornada nas Estrelas não estréia, quem melhor do que uma escritora da série original para escolher os melhores episódios? A veterana roteirista D.C. Fontana, em entrevista ao site Sci Fi Pulse, comentou sobre os episódios que mais aprecia da Série Clássica. Ela fez comentários detalhados de cada um. Veja quais foram e se concorda com sua escolha.
Nos anos 60 não havia muitas escritores do sexo feminino e ainda mais de sucesso. Mas Dorothy Catherine Fontana foi certamente um desses raros exemplos. Ela já escreveu para outras séries não sci-fi, mas o seu amor pelo gênero da ficção científica continua até hoje. Dorothy prossegue ativamente escrevendo para games e quadrinhos. Nessa entrevista ela fala exclusivamente dos episódios que mais gosta em sua série favorita, Jornada nas Estrelas. A seleção está em ordem alfabética e não necessariamente na ordem de proximidade com o coração dela.
Amok Time (Tempo de Loucura), escrito por Theodore Sturgeon. “Esta é a primeira introdução ao mundo Vulcano. Suas cerimônias, rituais e história cultural. Ted Sturgeon surgiu com uma tradição rica e complexa para os vulcanos, representado, em grande parte, no local de cerimonia em Vulcano. O fato de se envolver profundamente Spock (Leonard Nimoy) nisso, que se comporta de uma maneira vastamente anti-Spockiana, é o que impulsiona toda a história. A introdução de uma jovem mulher Vulcana, T’Pring (interpretado por Arlene Martel), que foi para Spock prometida, quando ambos eram crianças, é uma grande surpresa para a platéia. Ela acaba sendo uma oportunista é também de um belo estilo. Se Spock ganha a competição física, ela ganha. Se Spock perder, ela ganha, porque ela já tinha um outro homem em casa, enquanto Spock estava afastado perseguindo sua carreira na Frota. T’Pau, uma mulher forte, líder de Vulcano, é outro elemento positivo. Naquela altura em que as líderes mundiais do sexo feminino eram escassas, Ted introduziu uma mulher poderosa liderando um planeta inteiro. A reviravolta de forma engenhosa, evidentemente, surge quando Spock tem que lutar com Kirk (William Shatner) , seu amigo íntimo e imediato oficial superior, em um combate com armas, no qual Kirk não tem conhecimento ou experiência. Esse foi um episódio barato, em que foi filmado inteiramente em dois cenários. Dessa maneira, não tínhamos necessidade de ir a um local para qualquer cena. Isso economizou orçamento e tempo, o que é semper uma vantagem para um estúdio de produção”.
City on the Edge of Forever (Cidade à Beira da Eternidade), escrito por Harlan Ellison. “Cidade foi o último episódio a encerrar a primeira temporada, embora tenha sido um dos primeiros roteiros comissionados. Para saber a história completa, eu recomendo o livro de Harlan, Cidade à Beira da Eternidade, com uma comparação ao script e um monte de histórias pessoais e pontos de vista. A história possui maravilhosos elementos: O Guardião da Eternidade num planeta em um vórtice de tempo, viagem temporal para Los Angeles na década de 1930; McCoy (DeForest Kelley) fora de controle e sob a influência acidental de uma droga; Kirk e Spock forçados a irem salvá-lo; uma real (e amaldiçoada) história de amor para Kirk. Seu relacionamento com Edith Keeler (magistralmente desempenhado por Joan Collins) é muito possivelmente a única verdadeira história de amor nunca sentida pelo nosso capitão. O fato de que ele tem de deixar morrer Edith é pungente e desolador. Filmado inteiramente numa grande área do estúdio com cenários de madeira e em nossos cenários próprios, Cidade tem uma aparência distinta em todos os seus aspectos. Joe Pevney fez um brilhante trabalho em dirigir um excelente elenco. Harlan ganhou o Writers Guild Award e um Hugo Award por esse script”.
Devil in the Dark (Demônio da Escuridão), escrito por Gene L. Coon. “Um dos primeiros scripts do Gene Coon. Teve muitas reviravoltas e surpresas para a audiência. O que à primeira vista parecia ser um assassinato misterioso (quem / o que está matando os mineiros em um importante planeta?) Tornar-se um estudo sobre a compreensão de formas de vida alienígena. A Horta fez sua primeira aparição no estúdio, quando, um dia, o nosso rapaz faz tudo de criaturas, Janos Prohaska, trouxe uma grande massa mole emborracha para o escritório, para demonstrar. Gene Roddenberry, Gene Coon e eu saímos para a rua do estúdio quando essa “coisa” foi criada. Janos colocou um frango de borracha na rua em frente a uma massa disforme, ele subiu nela e pôs o frango. A massa “comeu” o frango e deixou uma pilha de ossos de galinha na sua esteira. Gene Coon deu boas gargalhadas e disse – Eu tenho que fazer alguma coisa a respeito disso – A massa de borracha tornou-se a Horta. E, evidentemente, como todos sabem, em vez de ser um assassino serial, a Horta era apenas uma mãe defendendo seus filhos, descoberto através de um elo mental com Spock. Um maravilhoso conto provando que o que se percebe primeiro não é necessariamente a verdade”.
Jorney to Babel (A caminho de Babel), escrito por D. C. Fontana. “O favorito de todos os que eu escrevi sobre Jornada. Amok Time e The Naked Time abriram o caminho para contar histórias sobre Spock e Vulcano. Me lembro de John D.F. Black (roteirista). As palavras de Black em The Naked Time diziam sobre seus pais de Spock – O pai dele era um embaixador Vulcano e sua mãe era uma professora humana- Na segunda temporada, eu fui ao Gene Roddenberry e disse a ele que queria fazer uma história sobre os pais de Spock: quem eles eram, como eles se relacionavam com o Spock, tudo que fez Spock ser o que era. Eu intercalei uma aventura com um misterioso assassinato, mas tudo isso veio abaixo com o relacionamento entre três pessoas de uma unidade familiar. Além da magnífica performance de Leonard Nimoy como Spock, eu não poderia ter sido mais abençoada com a bela Jane Wyatt como Amanda e Mark Lenard como Sarek”.
The Trouble with Tribbles (Problema com os Pingos), escrito por David Gerrold. “Esse foi o primeiro roteiro que o David vendeu, escrito pouco depois dele ter-se graduado da USC. Nós não tínhamos feito muitas comédias sobre Jornada. Isso foi antes de tudo uma comédia. Eu gostei da história, mas em uma nota, eu observei que deveríamos deixar um “escritor profissional” fazer o script. Gene Coon sabiamente decidiu de outra forma e assinou um contrato para o David escrever uma história. A escolha do ator para fazer Cyrano Jones foi brilhante. Stanley Adams estava perfeito. E a equipe de efeitos fez um grande trabalho de criação de várias versões dos Pingos. Que posso dizer? Capitão Kirk, em uma pilha de Pingos, uma tripulação brigona e encabeçada por Scott, porque sua nave foi insultada, os Klingons sendo passados para trás não somente por nossa tripulação, mas também por uma pilha de animais peludos, com arrulhos. Assista ao episódio. Garanto que você rirá muito e verá um maravilhoso lado do nosso elenco, que se revelava muito raramente”.
Fonte: TrekToday