DS9 3×02: The Search, Part II

Sequência erra ao “economizar” tempo para concluir história em dois episódios

Sinopse

Data estelar: 48213.1.

A Fundadora diz a Odo que, de fato, aquele é o seu planeta natal. Isso não traz sossego a Odo, que continua cheio de perguntas e insatisfeito com as respostas que ela está fornecendo. A Fundadora diz que ela, Odo e todos os demais transmorfos são parte do “Grande Elo”. Fundindo o seu braço com o dele, Odo experimenta uma breve e pequena amostra desse “elo” e finalmente tem certeza de ter chegado em casa. Kira é claramente a forasteira nesse cenário e diz que vai tentar contatar Sisko, mas a Fundadora diz que não pode permitir isso, porque a transmissão pode fornecer a localização do seu mundo. Mais tarde, Kira diz a Odo que vai tentar novamente, usando uma técnica que não pode ser rastreada (e que Sisko conhece).

Um casulo de fuga da Defiant ocupado por Sisko e Bashir voando às cegas é encontrado por uma nave de busca com Dax e O’Brien a bordo. Jadzia diz que conseguiu contatar os fundadores em seu cativeiro e que grandes mudanças estão em progresso na DS9. Um tratado de paz entre a Federação e o Dominion deve ser assinado em questão de dias, como confirma a almirante Nechayev, quando do retorno de Sisko à estação.

Tudo parece correr bem, mas Sisko está desconfiado da ostensiva presença de soldados jem’hadares na estação. Sisko se encontra com Borath, que se apresenta como um fundador. O fato de Borath ser da mesma espécie de Eris (de “The Jem’Hadar”) só preocupa mais o comandante. Quando Sisko descobre que os romulanos estão sendo excluídos das negociações, ele já tem certeza de que algo está errado, mas a almirante continua a dizer que tudo está correndo de acordo com os interesses da Federação.

De volta ao Quadrante Gama, Kira não consegue enviar a mensagem devido à interferência de uma fonte de energia artificial no planeta. Pesquisando o local de tal “fonte”, ela descobre uma porta com trava, algo sem utilidade para os transmorfos. Odo recebe lições sobre mudar de forma e sobre a história do seu povo. A Fundadora explica que, no passado, os transmorfos vagaram pelo universo, procurando meios para aumentar o seu conhecimento sobre o cosmos, mas só encontraram a desconfiança e a selvageria dos sólidos e terminaram por se isolar naquele mundo. Mas, ainda curiosos, enviaram 100 “bebês transmorfos” para o universo, a fim de expandir seu conhecimento através deles. Odo foi o primeiro desses a retornar ao lar. A Fundadora e Odo fundem completamente os seus corpos em uma demonstração completa do elo.

Na DS9, O’Brien é surrado pelos jem’hadares no Quark’s, e Eddington não os prende, alegando estar “cumprindo ordens” da almirante, que o instruiu pessoalmente a dar “espaço de manobra” aos jem’hadares. Sisko descobre que os seus oficiais estão sendo transferidos e que a Frota está deixando o setor bajoriano, deixando-o de mão beijada para o Dominion. As objeções de Sisko são tardias, a almirante diz que o tratado já foi assinado. Depois que uma desarmada T’Rul é morta por um jem’hadar, Sisko dá “um basta” na situação, organizando uma missão suicida com Bashir, Dax, O’Brien e Garak (que morre na fuga do grupo da estação). A missão: levar o explorador Rio Grande até a borda da Fenda Espacial e selá-la permanentemente com torpedos fotônicos para impedir a entrada das forças do Dominion no Quadrante Alfa. Eles têm sucesso na missão (ou será que não?).

De volta ao outro lado da galáxia, Odo diz que vai ficar com o seu povo, mas faz um último favor a Kira, abrindo a já citada “porta”. Para espanto deles, a dupla é encontrada e escoltada por soldados jem’hadares para o interior da instalação, em uma câmara onde Sisko, Bashir, Dax, O’Brien e T’Rul se encontram inconscientes e conectados a estranhos equipamentos.

Borath também está presente e diz que os oficiais estavam sendo submetidos a um experimento de manipulação mental, sobre como eles reagiriam a uma tentativa de estabelecimento de uma presença do Dominion no Quadrante Alfa. Quando a Fundadora entra no local, Odo descobre que a sua raça é na realidade a dos fundadores do Dominion, que decidiram eras atrás impor ordem a um universo considerado por eles caótico e nocivo à sua existência: controlar a tudo e a todos, de forma que nunca mais pudessem ser feridos. Borath é um dos vortas (assim como Eris), que servem os fundadores, assim como os jem’hadares.

Odo não pode sancionar as atitudes de seu povo e decide retornar com o resto de seus companheiros para a DS9 a bordo da Defiant (que estava em órbita do planeta o tempo todo). A Fundadora concorda (relutantemente) e deixa Odo seguir seu caminho juntamente com os seus companheiros.

Comentários

O ambicioso cliffhanger da semana passada é concluído aqui de uma forma extremamente decepcionante com o grosso do episódio reduzido por uma triste “reviravolta” de trama (acima de tudo bastante esperada) a uma simulação em realidade virtual do Dominion (em um, de fato, reset button). Temos uma boa dose de senso de deslumbramento com Odo e a Fundadora, mas a decisão final de deixar o seu planeta natal parece ter ficado para os produtores e não para o chefe de segurança da DS9. Saibam mais detalhes, sem ter que selar nenhuma Fenda Espacial no processo, nas linhas abaixo.

Resolver em um contexto de ação-aventura o cliffhanger da semana passada seria provavelmente uma tarefa para mais de um episódio. Compactando o que deveria ser expandido e usando em partes os personagens mais como elementos de trama do que pessoas, o episódio deixa um gosto ruim na boca do fã. De fato, a escrita aqui parece mais preguiçosa do que de costume, com alguns belos furos.

Para começar, não é explicado como Odo conseguiu escapar na nave auxiliar ao final da primeira parte. Ele não é um bom piloto e havia pelo menos cinco naves jem’hadares no local. E mesmo que eles (reconhecendo-o como um fundador) o tivessem deixado partir, seria difícil que conseguissem fazer isso sem o comissário perceber o ocorrido. Entretanto, continuo não vendo problemas em ele chegar à nave auxiliar através dos corredores da Defiant carregando Kira.

(O fato de os soldados jem’hadares abordarem a Defiant de uma forma não letal na primeira parte fica bem explicado com a reviravolta do final da segunda.)

O fato de os “100 bebês enviados ao universo” terem sido programados com o desejo de voltar para casa não justifica por que justo agora Odo sentiu esse desespero para voltar ao lar, uma vez que ele já havia vindo anteriormente para o Quadrante Gama (ver “Shadowplay”). Tentar racionalizar que esta foi a primeira vez que ele se sentiu realmente sozinho e foi isso que desencadeou a sua lembrança é meio forçado e abrupto, mas parece ser essa a noção em que os produtores se basearam para desenvolver essa parte da história (se o roteiro da primeira parte tivesse deixado claro que o “gatilho” foi a visão da nebulosa Omarion, teria sido mais fácil de aceitar).

A “simulação em realidade virtual do Dominion” (TM) pode ser analisada sob a perspectiva da audiência e a do próprio Dominion. Como só tivemos tomadas de localização do planeta errante, isso indica implicitamente que toda a ação do episódio ocorre nele, daí decorre que algum tipo de cenário de realidade virtual estava em ação para sustentar as cenas de Sisko e cia. “na DS9” — simples assim. Além disso, pistas foram deixadas (com a sutileza de uma manada de mamutes em fúria, devo dizer) para indicar que se tratava realmente de “uma situação irreal”, sendo a morte de Garak e o colapso da Fenda Espacial as proverbiais “cerejas no bolo” dessa atitude do roteiro.

Gosto de pensar que o Dominion testou diversos cenários com eles (o que o roteiro não parece garantir). Julgando somente por esta simulação, os fundadores não parecem ser as mais pacientes criaturas ou mesmo as mais espertas, pois tudo que é apresentado parece pedir por uma atitude radical por parte de Sisko, o que definitivamente não é uma boa estratégia. Talvez o melhor cenário fosse fazer uma simulação que se desse ao longo de várias décadas, mostrando como o Dominion iria absorvendo gradualmente a Federação sem ela perceber. Provavelmente algo assim não foi tentado, por ser dificilmente compatível com o cenário de Odo e Kira no planeta errante.

Apesar de toda frustração que a simulação traz ao espectador ao seu final, tivemos boas cenas como as de Sisko e Borath e Sisko e Garak, ambas bastante bem dirigidas por Frakes. Já a “piada da semana” de Quark — justiça seja feita, uma recriação do Dominion — foi bem ruim desta vez.

O “outro lado da história” (ou seria da galáxia?) funcionou melhor, sendo um dos poucos problemas ver Kira falando com uma floresta (que poderia ser facilmente um bando de fundadores disfarçados) e descrevendo todo o seu plano de ação. Todos os momentos entre Kira e Odo foram genuinamente tocantes e as cenas entre o comissário e a Fundadora foram preenchidos com um bem-vindo senso de deslumbramento.

A história dos fundadores foi interessante, com seu ressentimento e paranoia com relação aos “sólidos” (cuja memória deve ser integralmente preservada no Grande Elo), levando ao longo do tempo à formação de um imbatível império com tanto poder que nunca surgiu nenhuma situação que os fizesse reavaliar (de uma forma ou de outra) a sua atitude com relação aos “sólidos”. De fato interessante, mas bem básica em termos de vilania.

O frustrante é que a revelação final de que o seu povo, de fato, é o dos fundadores do Dominion não dá margem a nenhum tipo de escolha a Odo. Se ele não escolhesse partir, a série literalmente não poderia continuar, pois todo o elenco iria permanecer prisioneiro do Dominion. É sempre péssimo quando um personagem é usado dessa forma (isso sem falar que a demissão de Odo e o conflito dele com Eddington foram convenientemente varridos rapidamente para debaixo do tapete).

Gostei quando a Fundadora jogou que Odo busca trazer a ordem ao universo, assim como todos os outros do Grande Elo, e não justiça. Aliás, gostaria que um maior tempo (sempre o “tempo”) tivesse sido dado para Odo permanecer entre os de sua espécie (e continuar seu aprendizado da história e dos costumes do seu povo) antes de se dar a “grande revelação” (a qual em conceito é interessante), o que levaria a uma escolha real do comissário, não à forçada de barra apresentada aqui. Para ser bastante sincero, os produtores só colocariam essa questão (escolher viver entre os de sua espécie ou na DS9) de uma forma realmente justa e equilibrada para Odo em “Chimera”, da sétima temporada da série (para referência futura: Odo decidiu ficar no planeta, com Kira partindo, antes de descobrir que a sua espécie era a dos fundadores do Dominion).

As “vozes” dos personagens voltaram ao normal depois das instabilidades da semana anterior. A direção de Frakes foi muito boa (especialmente por termos um cenário de realidade virtual em andamento) nas cenas na “estação” (excluindo a da “morte” de T’Rul). Uma parte especialmente bem dirigida foi a cena final da fuga de Sisko e seus oficiais (a música de Chattaway também ajudou). Entretanto, o alter-ego de Riker pisou feio na bola nas cenas do planeta errante. Os grotescos, toscos e incrivelmente falsos cenários do planeta tiveram as suas “melhores” qualidades amplificadas pelas tomadas amplas de Frakes, de tal maneira que as cenas chegam a ser constrangedoras. Parece um óbvio palco de teatro com uma descarada parede azul ao fundo. Uma lástima só!

Brooks se saiu muito bem. Um cenário de crescente tensão e antagonismo sempre favoreceu o ator. O destaque fica para Auberjonois, talvez o maior responsável pelo episódio não ter ido totalmente para a privada. Sai tanta emoção e subtexto debaixo de toda aquela borracha que chega a ser desconcertante às vezes. Visitor trabalhou muito bem com Auberjonois (como usual) e o resto do elenco honrou o pagamento e só.

Robinson roubou a cena dentre os convidados (como usual) e acredito que ele fez um esforço de fazer um Garak virtual sutilmente diferente do real, sendo um belo trabalho (Garak é sempre um trunfo em termos de excelentes diálogos potenciais, entretenimento e imprevisibilidade). Jens foi outra excelente presença e sua leitura clara e suave é sempre um prazer de ouvir (um contraste perfeito para os seus funestos desejos de trazer “ordem ao universo”). Os demais convidados ficaram na neutralidade, menos Dennis Christopher, que patinou feio como o real Borath no final (além de soar totalmente desrespeitoso com relação a Odo — o que não faz muito sentido para um vorta).

A plausibilidade científica do planeta errante não pode ser discutida porque nós não sabemos o quanto de tecnologia foi incorporado a ele pelos fundadores. Ele deve ter um mecanismo de interferência bastante eficiente para impedir que os sensores da nave auxiliar detectassem as atividades dos transportes dos prisioneiros ou pelo menos a Defiant orbitando o planeta.

Os fundadores, enquanto cultura, ganharam um bocado. “Ser uma coisa é conhecer essa coisa”. Uma perfeita definição do modo de vida dos transmorfos que Odo mal consegue começar a entender. Ficam claras aqui as limitações das habilidades de Odo quando comparadas às dos seus irmãos, o que daria assunto para episódios posteriores.

Nunca foi explicado durante a série por que os demais transmorfos assumem sempre uma forma humanoide básica similar à de Odo (além de servir de indicador para a audiência da série, é claro). O que é mais curioso é que as feições de Odo vêm de uma emulação parcial do rosto de “certo” cientista bajoriano que o ajudou em seu desenvolvimento inicial (dr. Mora Pol, visto em “The Alternate”). Temos um pilar similar àquele de “The Alternate” no cenário do planeta dos fundadores, sinal de que a pista daquele episódio era mais quente do que pareceu ser, quanto à origem do povo de Odo.

Nunca ficou muito claro durante a série o que quer dizer “recém-formado” para um transmorfo. Também nunca foi esclarecido como Odo foi “enviado ao universo” pelo seu povo, como chegou à Fenda Espacial e como ele foi encontrado no Cinturão Denorios. Nunca foi mostrada em tela a definitiva designação oficial da Defiant para DS9. Nem foi explicado por que T’Rul voltou para Romulus e deixou o dispositivo de camuflagem na Defiant.

A simulação do Dominion (apesar da frustração que sua utilização acabou por produzir no espectador aqui) levou a alguns pontos interessantes que afetariam alguns episódios mais tarde na série: o Dominion tem conhecimento e tecnologia absolutamente inacreditáveis no tocante ao entendimento da mente de qualquer criatura (definitivamente, os fundadores têm uma perspectiva única sobre o assunto, devido ao seu modo de vida). Eles fizeram registros das respostas dos participantes da simulação. Garak parece introduzir um elemento de imprevisibilidade que nem os fundadores parecem entender muito bem. Os romulanos são claramente um elemento crítico para a estratégia do Dominion, que considera os cardassianos mais previsíveis do que os primos distantes dos vulcanos. E fica claro para o Dominion a potencial estratégia de fechar a Fenda Espacial por parte da Federação, se uma invasão se fizer iminente.

Levar os prisioneiros (Sisko e cia.) para serem interrogados no seu planeta natal não parece uma medida muito inteligente dos fundadores (sem falar em deixá-los partir com a localização do seu mundo — aliás, com a tecnologia que eles mostraram, não deveria ser muito difícil apagar da mente de nossos heróis e dos computadores da Defiant todo o incidente).

O Borath virtual parece indicar que Eris continua viva e contou a ele sobre o incidente de “The Jem’Hadar”, o que é inconsistente com o restante da série. Provavelmente o real Borath conhece melhor essa história.

“The Search, Part II” é um fraco episódio de DS9, quebrando uma série que já acumulava nove episódios “vencedores” desde a temporada anterior. Apesar dos óbvios furos do roteiro, o que incomoda mais é o mau tratamento dado aos personagens aqui. Não bastasse a irreal (em mais de um sentido) simulação do Dominion, a decisão final de Odo deixar o seu planeta natal e voltar à DS9 parece mais uma decisão do roteirista, para restabelecer o status quo da série, do que do nosso comissário. Obviamente, a semente para vários episódios futuros sobre o Dominion e Odo foi plantada aqui, mas, no fundo, é um segmento que suporta pouco escrutínio.

Avaliação

Citações

“The link is the very foundation of our society. It provides a meaning to our existence. It is the merging of thought and form, the sharing of idea and sensation.”
(O elo é a fundação de nossa sociedade. Ele fornece um significado à nossa existência. É a união de pensamento e forma, o compartilhar de ideia e sensação.)
Fundadora

“I don’t believe it; I’m talking to a tree.”
(Não acredito; estou falando com uma árvore.)
Kira

“The only explanation I can find it that our leaders have simply gone insane.”
(A única explicação que posso encontrar é que nossos líderes simplesmente ficaram malucos.)
Garak

“It’s a little foolish to worry about your careers at a time like this, when there’s a good chance we’re all about to be killed.”
(É um pouco bobo se preocupar com suas carreiras em uma hora como essa, em que há uma boa chance de que sejamos todos mortos.)
Garak

“Didn’t anyone tell you? You see, I pretend to be their friend, and then I shoot you.”
(Ninguém disse a vocês? Veja, eu finjo ser amigo deles, e então eu atiro em vocês.)
Garak

“No Changeling has ever harmed another.”
(Nenhum transmorfo jamais feriu outro.)
Fundadora

“We will miss you, Odo. But you will miss us even more.”
(Sentiremos sua falta, Odo. Mas você sentira a nossa ainda mais.)
Fundadora

Trivia

  • Durante toda a segunda temporada, Ira Steven Behr e Robert Hewitt Wolfe brincavam entre si sobre a possibilidade de os fundadores serem, de fato, a raça de Odo. Certo dia, Michael Piller confidenciou aos dois algo que ele julgava como “uma ideia muito louca”: “Não seria interessante se os fundadores fossem o povo de Odo?” Os três riram um bocado antes e depois das explicações serem dadas e apresentaram o conceito a Rick Berman, que gostou muito da ideia. Em seguida, eles chamaram Rene Auberjonois para uma conversa e contaram a ideia, assegurando que Odo não iria deixar a série (o ator sempre teve uma certa noção de que, no momento em que fosse estabelecida a raça de Odo, o personagem perderia o seu principal apelo e deixaria de participar de DS9). Auberjonois ficou meio cético no início, mas logo percebeu que tal manobra, ao invés de diminuir a complexidade do personagem, de fato a aumentava, fornecendo muito material para que ele pudesse trabalhar como seu intérprete dali em diante.
  • O coprodutor-executivo (feito produtor-executivo ao final da temporada) Ira Steven Behr admite que a mudança de estilo da primeira parte para a segunda parte de “The Search” foi proposital, uma maneira de subverter a expectativa da audiência, segundo ele. Behr garante que a sua intenção (enquanto roteirista do episódio) foi apresentar um pequeno drama envolvendo Odo e utilizar a trama envolvendo Sisko e cia. como um mero enfeite (fireworks and mirrors, nas palavras dele). Quanto ao protesto dos fãs pelo frustrante desfecho do episódio que muitos consideraram apenas mais uma variação do batido “era tudo um sonho”, Behr diz que esse não foi o caso aqui e que a forma que os fundadores manipularam nossos heróis (através de implantes de pensamentos e não “sonhos”), não deveria transmitir nada além de medo à audiência. Medo de um inimigo absolutamente além de Sisko e cia. em todos os sentidos, um inimigo que pode manipulá-los dessa forma e com essa facilidade.
  • Segundo o editor-executivo de histórias, Robert Hewitt Wolfe, o episódio apresenta claramente o modus operandi do Dominion. Se eles puderem conquistar acesso a territórios através de tratados e manobras diplomáticas e absorver civilizações inteiras de modo extremamente gradual e lento em seu modo de vida, eles assim o fazem. Somente se essa rota se mostrar completamente inócua é que eles partem para a utilização da força bruta. E, quando chegam a este ponto, eles o fazem com extrema indiferença, rapidez e eficiência.
  • Behr ficou extremamente despontado com o visual final do planeta dos fundadores, que ele considerou falho em conceito e execução (ainda que o visual do Great Link tenha agradado a todos). O cenário “bastante escuro e cheio de coisas esquisitas” não funcionou de forma alguma, segundo o produtor. Entretanto, Behr acredita que, apesar de todos os problemas, o episódio foi um belo veículo para Odo (Rene Auberjonois) e funcionou principalmente pelos assuntos que abordou.
  • A fala “nenhum transmorfo jamais feriu outro” voltará para “assombrar” Odo no episódio final da temporada, “The Adversary”.
  • O episódio introduz mais um vorta, Borath, ainda que parte do tempo ele seja referido (como parte da estratégia do Dominion no episódio) como fundador. Os produtores pensaram inicialmente em trazer de volta Molly Hagen, a Eris de “The Jem’Hadar”, mas, quando a atriz se mostrou não disponível, eles utilizaram Dennis Christopher como Borath. Enquanto os jem’hadares e os fundadores continuarão a aparecer de forma frequente em um futuro próximo na série, os vortas só serão vistos novamente em “To the Death” (quando seria também apresentado o seu principal representante: Weyoun, vivido magistralmente por Jeffrey Combs), quase no final da quarta temporada (uma bobeada em termos da organização da série por parte dos seus produtores).
  • Com o final de A Nova Geração, Jonathan Frakes teve tempo para várias participações nesta temporada de DS9. Ele dirigiu este “The Search, Part II”, além de “Meridian” e Past Tense, Part II”. Vale destacar que foi justo uma fita contendo “Past Tense, Part II” e “Cause and Effect” (da quinta temporada de A Nova Geração) que acabou levando à aprovação pela Paramount de Frakes como diretor do filme Primeiro Contato. Frakes participa desta temporada de DS9 também como ator, em “Defiant”.
  • De acordo com as normas do Sindicato dos Diretores da América (DGA), os dois diretores de “The Search”, Kim Friedman e Jonathan Frakes, tiveram de estar presentes e dirigir conjuntamente o final da primeira parte e o começo da segunda. Frakes já havia dirigido anteriormente Salome Jens, no episódio “The Chase”, de A Nova Geração, além de já ter (obviamente) trabalhado com Colm Meaney, Natalija Nogulich e Armim Shimerman na sua antiga série. O diretor também conhecia toda a equipe atrás das câmeras durante as filmagens.
  • Foi o editor (montador) Robert Lederman que apontou que Frakes tem uma espécie de “assinatura pessoal”, pois gosta de colocar a câmera em lugares bastante altos nos cenários, mesmo “desafiando tetos existentes em cena”. Tal “assinatura” pode ser conferida na cena em que Kira está sozinha no planeta dos fundadores, totalmente isolada, uma verdadeira forasteira.
  • Frakes não foi o único “diretor não nascido diretor” a trabalhar nesta temporada de DS9. Avery Brooks continuou sua carreira na direção de episódios da série (iniciada na temporada passada com “Tribunal”), com as seguintes entradas adicionais: “The Abandoned”, “Fascination” e “Improbable Cause”. Rene Auberjonois seguiu os passos de Brooks e começou a dirigir também: “Prophet Motive” e “Family Business”. Mesmo o cinegrafista Jonathan West fez o seu debut na direção nesta temporada, em “Shakaar”.
  • DS9 manteve a coroa de série mais assistida em syndication, com números 20% superiores aos do segundo lugar, da série (pasmem) Baywatch, durante esta terceira temporada. A introdução da série Hercules: The Legendary Journeys não afetou muito a audiência de DS9 inicialmente, mas a futura competição conjunta de Hercules e de Xena: The Warrior Princess tornou-se significante em anos posteriores.

Ficha Técnica

História de Ira Steven Behr & Robert Hewitt Wolfe
Roteiro de Ira Steven Behr
Dirigido por Jonathan Frakes

Exibido em 3 de outubro de 1994

Título em português: “A Busca, Parte II”

Elenco

Avery Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O’Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko

Elenco convidado

Salome Jens como Fundadora
Andrew Robinson como Elim Garak
Natalija Nogulich como almirante Nechayev
Martha Hackett como T’Rul
Kenneth Marshall como Michael Eddington
William Frankfather como um fundador
Dennis Christopher como Borath
Christopher Doyle como um oficial jem’hadar
Tom Morga como um soldado jem’hadar
Diaunté como um guarda jem’hadar
Majel Barrett-Roddenberry como a voz do computador

Balde do Odo

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Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria

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