ENT 4×22: These Are the Voyages…

Episódio final preguiçoso coloca a NX-01 no holodeck da Enterprise-D

Sinopse

Data estelar: 47457.1

A bordo da Enterprise-D, o comandante William Riker acompanha no holodeck a última viagem da Enterprise NX-01 sob o comando do capitão Archer, em 2161, pouco antes da fundação da Federação. Riker está sob pressão por conta da chegada de seu antigo comandante, almirante Erik Pressman, que traz de volta o fantasma da USS Pegasus, nave em que ambos serviram 12 anos antes.

Naquela missão malfadada, a Pesasus foi perdida e quase toda a tripulação morta. Isso porque a nave estava conduzindo um experimento ultrassecreto de desenvolvimento de um dispositivo de camuflagem para a Federação, contrariando o Tratado de Algeron, firmado com os romulanos. Agora, surge a chance de reencontrar a Pegasus, e Riker sofre sobre revelar ou não o segredo ao capitão Picard.

Riker numa simulação do holodeck da ponte da Enterprise

Para se inspirar, Troi recomenda que Riker assuma o papel do chef da Enterprise NX-01, de forma que ele possa conversar abertamente com todos os tripulantes simulados. Na história recriada no holodeck, Archer está preparando seu discurso para a cerimônia de fundação da Federação quando ele é contatado por Shran, que pede ajuda para resgatar sua filha sequestrada por ex-associados que o acusam de roubar algo.

Archer concorda em ajudar, e a NX-01 vai a Rigel X, o primeiro planeta que a nave visitou logo após deixar a Terra, em 2151. Lá, eles encontram os ex-associados de Shran e procedem com a troca da filha dele por uma réplica de uma ametista tenebiana. Um tiroteio se desenrola, mas todos conseguem escapar com vida e voltar à nave, que parte em dobra 7. Apesar disso, os bandidos acabam interceptando-a e abordando-a. Para proteger a vida de Archer, Trip se oferece para levá-los até Shran. Mas é tudo uma armadilha e ele detona um painel depois de produzir um curto-circuito. Os alienígenas são capturados, mas Trip também morre em razão da explosão.

Tucker causando explosão para salvar Archer e a Enterprise, e morrendo na sequência

Arrasado, Archer ainda precisa fazer o discurso da cerimônia de fundação. Riker e Troi assistem ao evento no holodeck, e o comandante decide que precisa abrir o jogo e dizer a verdade a Picard.

Comentários

“These Are the Voyages” é o pior fechamento de uma série de Star Trek desde o medonho “Turnabout Intruder”, que encerrou a Série Clássica em 1969. Ele tenta cumprir um papel duplo (e amplamente justificado) de apresentar a última aventura da tripulação da NX-01 culminando com a fundação da Federação e, ao mesmo tempo, servir como desfecho mais amplo para 18 anos ininterruptos de produção televisiva de Jornada, iniciados com A Nova Geração em 1987. Acaba que não faz bem nem uma coisa nem outra.

Title Card Enterprise "These Are the Voyages…"

O formato é claramente de um episódio de Enterprise envelopado por um de A Nova Geração. A estratégia usada para juntar as duas coisas é, por si só, interessante e original, com o pessoal no século 24 visitando registros históricos do século 22 no holodeck. E até mesmo a escolha de ambientar o segmento de A Nova Geração em um episódio conhecido (o excelente “The Pegasus”) ajuda a economizar tempo e viabiliza que se faça tudo isso aí em apenas um episódio.

O problema é a preguiça com que tudo é realizado. Claramente, a essa altura do campeonato, Rick Berman e Brannon Braga estavam sem paciência ou inspiração para escrever, e o roteiro (baseado em ideia que tiveram ainda na terceira temporada) só pode ser definido como preguiçoso. As cenas na Enterprise-D não se encaixam bem com o que acontece em “The Pegasus”, e a história que Riker acompanha a bordo da NX-01 não informa suas decisões vistas em A Nova Geração de forma significativa. Na prática, para achar minimamente bem resolvido, é preciso não prestar muita atenção na lógica da coisa toda.

Riker e Deanna Troi no holodeck numa simulação da fundação da Federação vista em Enterprise

Do ponto de vista de Enterprise, chega a ser ofensivo. O elenco principal, embora tenha mais tempo de tela que a trama do século 24, acabou reduzido a uma simulação de holodeck em seu último episódio. A aventura para resgatar a filha de Shran é, na melhor das hipóteses, ok, e a morte de Trip é de uma falta de inspiração profunda. Parece quase protocolar, sem se justificar de forma satisfatória, e serve apenas para causar choque.

Aliás, “protocolar” parece ser a melhor expressão para definir as participações de todos os personagens. Está todo mundo batendo ponto, mas o episódio não explora de forma significativa ninguém – exceto, talvez, Trip, com sua lealdade apaixonada por Archer. Mas é muito pouco.

T'Pol e Shran pagando o resgate da filha de Shran

Como a estrutura e a trama não ajudam, isso acaba realçando outros problemas de difícil superação, como o fato de que Jonathan Frakes e Marina Sirtis estão uma década mais velhos que suas versões de “The Pegasus”. Os cenários da Enterprise-D foram bem recriados (apenas um turboelevador tem diferença gritante), mas os personagens não se alinham adequadamente. Talvez tivesse sido melhor se a história se passasse pós-Nêmesis, a bordo da Titan, com os dois mais velhos, e uma trama “de moldura” que casasse melhor com a história mostrada da NX-01.

Não há esforço da equipe técnica que salve um roteiro em que faltou esmero e inspiração. Mas, se fosse possível, a produção de Enterprise teria conseguido. Tanto que a única cena realmente preciosa e memorável de todo o episódio é a sequência final que mostra a Enterprise-D, a Enterprise clássica e a NX-01 em sucessão, com falas de Picard, Kirk e Archer complementando o célebre monólogo a descrever a missão da Enterprise. É uma tomada de efeito visual com uma fala praticamente de arquivo.

Cena final de Enterprise

Fora isso, não sobra muito a ser comemorado. “These Are the Voyages” é o retrato mais fiel do desgaste criativo pelo qual a franquia passou após quase duas décadas ininterruptas de produção. É verdade que Manny Coto chegou à quarta temporada como showrunner e trouxe uma energia nova à série (fazendo-a até merecer um renovação para um eventual quinto ano), mas o episódio final, escrito por Berman e Braga, é o retrato de por que o estúdio decidiu dar um descanso à saga na televisão após o cancelamento de Enterprise.

Avaliação

Citações

“Here’s to the next generation.”
(Um brinde à nova geração.)
Archer, com Trip

Trivia

  • Este é o episódio final de Enterprise, e o primeiro finale de série a não ter duração de filme, desde “The Counter-Clock Incident”, da Série Animada. Ele foi também o encerramento de 18 anos de produções televisivas ininterruptas de Star Trek, iniciadas com A Nova Geração em 1987.
  • O episódio se passa em 2370, a bordo da Enterprise-D, e tudo que acontece no século 22 (em 2161) é uma simulação de holodeck.
  • Rick Berman descreveu este episódio como um “presente para os fãs”. Ele realmente achava que iam gostar. A história foi bolada como um possível final para a terceira temporada, caso a série não fosse renovada para o quarto ano. Mas o roteiro em si foi escrito somente na quarta temporada.
  • Mesmo que Enterprise fosse renovada para um quinto ano, este seria o finale do quarto, segundo Rick Berman. Como ele salta no tempo para 2161, caso houvesse uma temporada 5, Trip poderia aparecer nela, já que ela retomaria a partir de “Terra Prime”, em 2155. Mas Berman chegou a dizer em entrevistas posteriores que talvez eles mudassem alguns elementos do episódio, como a morte de Trip, em caso de renovação.
  • Uma versão preliminar do roteiro terminava o episódio com Riker e Troi deixando o holodeck e a Enterprise-D se deslocando pelo campo de asteroides. Foi o escritor Mike Sussman que sugeriu a montagem com as três Enterprises para fechar a série.
  • Este episódio estabelece que a NX-01 ainda existe no século 24, em um museu da Frota Estelar.
  • Uma cena do bar panorâmico gravada para “Ménage à Troi”, da terceira temporada de A Nova Geração, foi aproveitada neste episódio e foi o primeiro material daquela série a ser remasterizado em alta definição.
  • O diretor Allan Kroeker foi responsável pela direção dos episódios finais de Deep Space Nine e Voyager.
  • O astronauta Mike Fincke faz uma ponta neste episódio como engenheiro. E Brent Spiner gravou uma fala como Data, embora ele não apareça em tela.
  • Os cenários da NX-01 para este episódio foram modificados para denotar a passagem do tempo. As telas ganharam mais botões coloridos para lembrar mais o design da Série Clássica, e a ponte ganhou duas colunas que primeiro foram vistas na Columbia NX-02.
  • Os cenários da Enterprise-D (holodeck, bar panorâmico, quarto de oficial e corredor) tiveram de ser reconstruídos do zero para o episódio. Apenas a sala de reunião contou com materiais originais.
  • O episódio revela que Shran teve uma filha com Jhamel, a aenar do episódio “The Aenar”.
  • A data estelar que Riker dá em seu diário aqui é a mesma que Picard dá em “The Pegasus”, embora elas reflitam momentos diferentes daquele episódio.
  • A Enterprise-D vista aqui foi um modelo CGI, embora em A Nova Geração ela fosse apresentada com uma maquete.
  • O episódio foi filmado entre 25 de fevereiro e 5 de março de 2005, terminando no dia do aniversário de Jolene Blalock. Jonathan Frakes e Marina Sirtis, contudo, voltaram ao estúdio em 9 de março para completar filmagens com fundo verde.
  • Segundo Brannon Braga, este episódio foi a única ocasião em que Scott Bakula ficou bravo com ele por causa de um roteiro.
  • Nos romances de Enterprise publicados após o episódio, os autores tomaram licenças poéticas com a história. Em Last Full Measure, escrito por Andy Mangels e Michael A. Martin, é revelado que Trip não morreu de fato. E em The Good That Men Do, dos mesmos autores, temos uma conversa entre Nog e Jake no século 25 que revela os erros naquela gravação, parte de uma conspiração da Seção 31 para ocultar o que teria acontecido de fato. (A “morte” de Trip teria sido simulada e teria ocorrido em 2155, para que ele se tornasse um agente da Seção 31.) Tudo isso, claro, não é canônico.

Ficha Técnica

Escrito por Rick Berman & Brannon Braga
Dirigido por Allan Kroeker

Exibido em 13 de maio de 2005

Títulos em português: “Estas São as Viagens…”

Elenco

Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato

Elenco convidado

Jeffrey Combs como Thy’lek Shran
Jonathan Schmock como alienígena
Marina Sirtis como Deanna Troi
Jonathan Frakes como William T. Riker
Solomon Burke Jr. como alferes
Jef Ayres como técnico médico
Jasmine Anthony como Talla
Majel Barrett como voz do computador
E. Michael Fincke como engenheiro

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Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Susana Alexandria

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