Organianos visitam a Enterprise e nem se dão ao trabalho de trazer corpos
Sinopse
Data: Desconhecida
Duas entidades alienígenas tomam os corpos de Mayweather e Reed. A missão deles é observar, sem interferir, o que acontecerá à tripulação da Enterprise após a visita a um planeta que abriga um patógeno mortal.
Trip e Hoshi Sato formam um dos grupos de descida e retornam à nave infectados. Eles são isolados na sala de descontaminação, enquanto Phlox inicia a investigação do caso. A condição de saúde dos dois vai se deteriorando, e o médico identifica a causa: um vírus baseado em silício. Não há cura conhecida, e os dois têm cerca de cinco horas para viver.
Enquanto os dois alienígenas alternam entre os corpos de diversos tripulantes para melhor observar as reações da tripulação, Phlox descobre que uma forma de radiação pode desestabilizar o vírus, mas também matando o paciente. Ele refina o tratamento a ponto de permitir uma tentativa de ao menos conter o avanço do patógeno, e vai com Archer, em trajes espaciais, levar os dois doentes à enfermaria. Na ansiedade de tentar salvar Hoshi, o capitão tira as luvas e o capacete. Mas o esforço é inútil e ela morre. Trip morre pouco depois, e Archer está contaminado.
Os alienígenas então habitam os corpos de Trip e Hoshi a fim de conversar com Archer e entender por que ele se expôs ao vírus mortal para tentar salvar sua tripulante. Eles se identificam como organianos e de início se recusam a interferir, mas o capitão os convence de que merecem viver. As entidades de energia então partem, após curar Trip e Hoshi e apagar as lembranças de todos, e a Enterprise deixa uma boia sinalizadora para que ninguém mais seja contaminado no planeta.
Comentários
“Observer Effect” é o segundo episódio em sequência que economiza até não poder mais no orçamento. A exemplo de “Daedalus”, ele se passa totalmente a bordo da Enterprise, no que se convencionou chamar de bottle show (usando apenas os cenários pré-existentes). Indo além, ele dispensa até mesmo atores convidados, usando o elenco principal como receptáculo para os alienígenas incorpóreos. O resultado é um pouco melhor que o anterior, mas não muito.
Claro, há o apelo à nostalgia, com a revelação de que os misteriosos seres são dois organianos, em seu primeiro contato com humanos (embora apagado da memória de Archer ao fim do episódio, para manter a cronologia intacta). Esses alienígenas seriam visitados por Kirk e sua tripulação em “Errand of Mercy”, episódio que introduziu os klingons na Série Clássica, em que a revelação de que são criaturas de energia pura apenas se fingindo de humanoides tem grande impacto dramático.
Aqui, francamente, eles parecem completamente descaracterizados. É verdade que cem anos separam este episódio de “Errand of Mercy”, mas os organianos são criaturas de energia pura, altamente evoluídas, há muitos séculos. Nesse contexto, a diferença de tempo parece pouco relevante. E se no episódio clássico eles se revelam misericordiosos e pacifistas ao extremo, aqui eles parecem frios e até mesmo sádicos, monitorando espécie após espécie que se depara com o vírus de silício do planeta, em sua corrida até a morte.
Se a tentativa é de sugerir que a atitude dos organianos mudou após o encontro com Archer (e esse parece ser o caso, a julgar-se as últimas falas dos alienígenas), é pretensioso e ineficaz. Se a ideia é redefinir os alienígenas clássicos, idem. Não há boa justificativa para seu uso nesse episódio. Exceto talvez pelo fato de que seja a única coisa a tornar essa história um pouco menos que totalmente desinteressante, ainda que seja uma informação jogada no final, sem impacto ou relevância para o episódio em si.
A melhor parte de “Observer Effect” é ver como Trip e Hoshi lidam com sua situação, conversando entre eles e revelando fatos sobre suas vidas pregressas. Mas também aqui por vezes soa como um exercício de retcon, estabelecimento retroativo de continuidade, já que a oficial de comunicações foi apresentada a série inteira como insegura, inexperiente e respeitadora das regras. Aqui, do nada, ela vira uma rebelde que promovia jogos à revelia de seus oficiais superiores, faixa preta em arte marcial que foi expulsa da Frota por insubordinação antes de voltar em razão da alta demanda por linguistas. Não que pessoas não possam manter aspectos de sua história e personalidade ocultos por anos até mesmo de seus amigos mais próximos. Mas soa pouco convincente.
Fora eles, os personagens que protagonizam a história são os próprios organianos, divididos apropriadamente em bonzinho e malvado, e nada mais complexo que isso. Archer tem alguma presença na história para viabilizar o desfecho. Mas nada que agregue ao personagem ou à história.
No fim, estamos falando de mais um episódio concebido para ser tão barato quanto possível, de modo que a série pudesse gastar mais nas tramas épicas que viriam a seguir. Olhando no contexto, valeu a pena. Mas “Observer Effect” tem muito pouco a ser celebrado por suas realizações individuais.
Avaliação
Citações
“We’re much more advanced than Humans.”
“Not from where I’m standing.”
(Somos muito mais avançados que os humanos.)
(Não é o que estou vendo.)
Organiano (no corpo de Sato) e Archer
Trivia
- Tucker faz comparações entre a situação dele e de Sato e o filme O Enigma de Andrômeda, dirigido por Robert Wise, que mostra uma situação em que a Terra é infectada por um patógeno baseado em silício e de forma hexagonal, similar à que foi vista no episódio.
- Este episódio mostra a única vez em que Reed aparece na estação de comunicações da ponte, normalmente ocupada por Hoshi Sato.
- Durante seu delírio, na violação da quarentena, Sato fala alemão, russo, espanhol, francês, japonês, turco e árabe.
Ficha Técnica
Escrito por Judith Reeves-Stevens & Garfield Reeves-Stevens
Dirigido por Mike Vejar
Exibido em 21 de janeiro de 2005
Títulos em português: “Observador”
Elenco
Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Susana Alexandria