TNG 3×20: Tin Man

Encontro com criatura espacial tem duelo entre a Enterprise e os romulanos

Sinopse

Data estelar: 43779.3

A Enterprise se encontra com a Hood e recebe um passageiro, assim como uma missão: o betazoide Tam Elbrun vem a bordo para auxiliar no contato com uma estranha criatura que mais parece uma nave, em órbita da estrela Beta Stromgren, uma gigante vermelha prestes a detonar como supernova.

A missão causa apreensão pelo histórico de Elbrun, um betazoide que nasceu com habilidades telepáticas ampliadas e se envolveu com uma tragédia no passado, e pelo fato de que os romulanos já tentaram declarar posse de Beta Stromgren antes. A Enterprise viaja para seu encontro, e é perseguida por uma nave camuflada, que se revela e então avança para atacar a criatura, conhecida como Homem de Lata. Elbrun avisa telepaticamente o ser do perigo, que dispara uma onda de energia que destrói a ave de guerra romulana e danifica a Enterprise.

Outra ave de guerra segue no encalço, e Picard precisa decidir o que fazer. Elbrun insiste em ir a bordo do Homem de Lata, com quem está em contato telepático e diz chamar a si mesmo de Gomtuu. Troi acha arriscado, mas Data acredita que o betazoide não tem más intenções. Picard autoriza que Elbrun e Data vão juntos.

A bordo do Homem de Lata, o contato telepático da criatura com Elbrun se intensifica. Ele revela que o ser servia de nave para uma tripulação, com quem convivia simbioticamente e de quem cuidava. Quando a tripulação morreu, Gomtuu ficou sozinho. Elbrun, em compensação, encontra nele a paz que nunca teve. O betazoide então decide se unir simbioticamente ao Homem de Lata, e levá-lo para fora de perigo.

O ser então gera um novo pulso de energia, que atira para longe a Enterprise e a segunda nave romulana. Beta Stromgren detona como supernova, e Data é teleportado para a ponte, explicando a Picard que Elbrun partira com Gomtuu.

Comentários

“Tin Man” é um segmento que parece fora de lugar na terceira temporada. Não que isso seja necessariamente algo ruim, mas um aspecto marcante do trabalho de Michael Piller como showrunner de A Nova Geração foi priorizar o foco nos personagens da série, evitando deixar como protagonistas astros convidados. Uma exceção foi “The Survivors”, que Piller praticamente herdou da gestão anterior, e agora este episódio. Em ambos os casos, o foco principal está num personagem que não faz parte da tripulação da Enterprise.

Harry Groener até que faz um bom trabalho como Tam Elbrun, mas não o suficiente para fisgar a atenção do espectador. O episódio por vezes se arrasta, e o desfecho em que Elbrun se une ao Homem de Lata é bem telegrafado. A ideia de uma criatura-nave misteriosa é muito interessante, e a disputa com os romulanos serve como um instrumento de pressão para tornar a trama mais intensa, mas acaba que as ideias não são suficientemente desenvolvidas. Talvez o mais sofisticado, no fim, tenha sido a exploração do “betazoide psicótico”, em razão de um desenvolvimento precoce de suas habilidades telepáticas. Mas, fora isso, temos algumas frases jogadas sobre “local a que se pertence” e “propósito de vida”, sem grande profundidade.

Da mesma forma, o envolvimento da tripulação na história é mínimo, além de contar com uma “síndrome de mundo pequeno” para tentar envolver todo mundo na trama. Troi já conhecia Elbrun da época em que estudava psicologia em Betazed e ele era um paciente de hospital psiquiátrico, e Riker tinha uma rixa com Elbrun pelo envolvimento dele em uma tragédia que matou 47 pessoas, dentre elas dois colegas de Academia. Tudo encavalado demais para ser crível. A Picard coube tomar uma ou duas decisões, e La Forge, Worf e Wesley fazem papel figurativo. Apenas Data tem um pouquinho mais de trabalho, pelo fato de Elbrun não conseguir “ler” a mente dele.

Se no roteiro a coisa acabou sendo mais ou menos, na execução, o desempenho foi idem. Além de ser praticamente um “bottle show” (ambientado totalmente na Enterprise, salvo por uma sequência no interior da criatura, em cenários simplórios com jeitão orgânico não muito convincente), algumas cenas sofrem com o exagero. O capote da tripulação pela ponte após a onda de choque lembra os momentos mais espalhafatosos da Série Clássica, e o momento em que a Enterprise sai girando é intercalado com uma cena na ponte em que os próprios atores estão girando. Seria bizarro, se não fosse risível.

Os efeitos visuais, em compensação, são muito bons. Tanto a recriação de Gomtuu no espaço como os encontros e ataques contra a nave romulana e a Enterprise foram bem efetivos (menos a destruição da primeira ave de guerra, mas, vá lá, havia limites tecnológicos). De forma geral, cenas muito bonitas.

Entre acertos e erros, temos um episódio que, apesar de não ser terrível, está abaixo da média da forte terceira temporada.

Avaliação

Citações

“Through joining, they have been healed. Grief has been transmuted to joy. Loneliness to belonging.”
(Pela união, eles foram curados. Sofrimento foi transmutado em alegria. Solidão em pertencimento.)
Data, sobre Elbrun e Gomtuu

Trivia

  • Os escritores Dennis Russell Bailey, David Bischoff e Lisa Putman White basearam este episódio em um conto chamado “Tin Woodman”, que Bailey e Bischoff haviam escrito em 1976 e publicado na revista Amazing Stories e indicado ao prêmio Nebula no ano seguinte. Mais tarde, ele serviu de base para um romance de mesmo título, publicado em 1979.
  • De acordo com Bailey, o trio foi inspirado a escrever um roteiro especulativo para a série depois de assistir a “Samaritan Snare”, da segunda temporada, que ele considerou “a mais abismal história de Star Trek já filmada”.
  • Lisa Putnam White também trabalhou no roteiro, mas não foi creditada porque, à época, apenas dois roteiristas poderiam assinar como uma equipe. Para compensar, Bailey usou o nome do meio de sua amiga Lisa, assinando como Dennis Putnam Bailey.
  • O capitão Robert DeSoto aparece aqui neste episódio, embora sua primeira citação remeta ao piloto “Encounter at Farpoint”. Riker teria servido como primeiro oficial dele na USS Hood, antes de ser selecionado por Picard para a Enterprise. Em uma fala do roteiro, há a sugestão de que Picard e DeSoto serviram juntos antes como tenentes.
  • Os sons do interior de Gomtuu foram derivados de ruídos gravados do estômago do editor de efeitos sonoros Jim Wolvington com a ajuda de um estetoscópio, enquanto ele comia uma pizza.
  • A cadeira que cresce a bordo de Gomtuu foi criada com um vídeo de time-lapse reverso de uma cadeira de cera derretendo.
  • A música deste episódio é um dos destaques e leva a assinatura de Jay Chattaway, em sua primeira colaboração para a série. “Como resultado de ter composto músicas para Jacques Costeau nos últimos cinco anos, eu tenho uma incrível biblioteca de sons, que nós sampleamos digitalmente e usamos em ‘Tin Man’. Nós também usamos um Instrumento de Válvula Eletrônica para criar aqueles sons antigos de flauta. Acho que usamos dois players para a eletrônica. Peter Levin foi nosso especialista de baleia em ‘Tin Man’. Eu uso sintetizadores para fazer certas coisas que uma orquestra não consegue. O som orgânico para o Homem de Lata foi feito por dois sintetizadores, ambos tocando loops de ‘didjeri-doo’ australiano.”
  • Se o efeito do ataque de Gomtuu parece familiar, é porque ele foi reutilizado a partir do que representou a “evolução” de V’ger em Jornada nas Estrelas: O Filme.
  • Este episódio é o primeiro a estabelecer o nome da classe das aves de guerra romulanas vistas em A Nova Geração: D’deridex.
  • O diretor Robert Scheerer ficou um pouco desapontado com “Tin Man”. “Era um episódio interessante, mas não acho que consegui apresentar suficientemente o lance da nave viva. Deus sabe que tentei. Lutamos e lutamos com aquilo, mas não sendo muito satisfatório — eu achei. Um episódio interessante, mas não acho que fiz meu melhor trabalho nele.”
  • Este episódio foi indicado a um Emmy de Melhores Efeitos Visuais.

Ficha Técnica

Escrito por Dennis Putman Bailey & David Bischoff
Dirigido por Robert Scheerer

Exibido em 23 de abril de 1990

Título em português: “Homem de Lata”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher
Wil Wheaton como Wesley Crusher

Elenco convidado

Colm Meaney como Miles O’Brien
Michael Cavanaugh
como Robert DeSoto
Peter Vogt como comandante romulano
Harry Groener como Tam Elbrun

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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