A edição número 23 da revista Star Trek Magazine traz um artigo especial sobre a comemoração do 30º aniversário do primeiro filme da franquia no cinema, Star Trek The Motion Picture. Veja os trechos mais importantes das entrevistas com o produtor assistente John Povill e o ator Walter Koenig, que interpretou o personagem Pavel Chekov.
O filme Star Trek The Motion Picture foi lançado em 1979, há 30 anos, e a revista traz uma recordação especial para esse grande momento da Série Clássica. O filme recebeu três indicações ao Oscar nas categorias: Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Especiais e também uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Trilha Sonora.
O envolvimento do produtor Jon Povill com Gene Roddenberry começou muito antes do primeiro filme. Em 1972, quando recém-saído da escola de cinema de UCLA, Povill escreveu uma adaptação para o cinema do conto de ficção científica por Robert Sheckley, Ticket to Tranai.
Roddenberry ficou impressionado com o trabalho de Povill e o convidou a apresentar uma idéia para história de sua série televisiva, Questor. Embora Questor não tenha passado do piloto, Povill continuou a trabalhar com Roddenberry, fazendo pesquisa para um romance que nunca terminou, mas que tornou-se a base para The God Thing, a primeira de muitas tentativas frustradas de reviver Jornada no cinema.
Como fã da série original, Povill recorda que nos anos seguintes, ajudou a trazer novamente a franquia à vida, “Eu estava lá em todas as tentativas frustradas de fazer um filme de Jornada. Eu estava em um ponto onde não me considerava de forma alguma uma pessoa-chave, eu era apenas uma espécie de mosca na parede de tudo aquilo. Falei com o Gene sobre esse projeto. Os roteiristas, na época, Chris Bryant e Allan Scott, foram muito receptivos comigo, e eu passei um pouco do tempo com eles, quando estavam trabalhando no roteiro. Eles estavam extremamente frustrados porque, para a vida deles, não poderiam imaginar o que alguém estava tentando alcançar com esta coisa”.
Durante esses anos, Povill também “passou horas infinitas falando com Gene sobre Jornada, sobre sua filosofia e minha visão sobre como chegamos ao século 23 versus onde ele ficava nisso”, observou Povill, que foi muito mais otimista do que Roddenberry, o qual acabaria por tornar-se incorporado tanto na planejada Jornada nas Estrelas – Fase II, quanto na nova série A Nova Geração.
Suas experiências pessoais com Roddenberry e o conhecimento de Jornada fizeram dele um recurso valioso para a Fase II, quando entrou em desenvolvimento em 1977 e, eventualmente, a mando do escritor-produtor Harold Livingston, tornou-se editor de história. Quando a Paramount decidiu não avançar com a Fase II, substituindo-a pelo que se tornou o filme Star Trek: The Motion Picture, Povill continuou como produtor assistente.
Jon Povill faz uma avaliação honesta sobre os pontos fortes e fracos do primeiro filme de Jornada, “Havia uma permanente luta pelo poder no interior da produção, e foi muito dificil para todos nós. Todo mundo tinha idéias, e lá estavam pessoas tremendamente talentosas nesse filme. Na maioria dos casos, todos tinham a melhor das intenções possíveis”.
Ele também recebeu crédito por ter um de seus roteiros sido utilizados num episódio da série A Nova Geração, The Child (A Criança), embora com cortes. O script original, no qual co-escreveu com Jaron Summers, foi abandonado durante a Fase II. Mais tarde, o próprio Povill pode aproveitar a história, na íntegra, para o fanfilm Star Trek: Phase II, onde foi o diretor.
Quinze anos depois do primeiro filme, Povill foi produtor e escritor de outras séries de ficção científica como Sliders, Quinta Dimensão e do filme O Vingador do Futuro.
Para quem quiser conhecer mais detalhes do processo da Fase II até a produção do primeiro filme veja um artigo no TrekBrasilis intitulado Gênese.
Outro remanescente da série original, o ator Walter Koenig, dividiu suas lembranças sobre o retorno de Chekov no primeiro filme.
Koenig relembra que a primeira vez que viu Star Trek: The Motion Picture foi na premiere em Washington, “O preâmbulo daquilo foi incrível”, comentou durante uma entrevista em um restaurante no Hollywood North. “As limusines e o tapete vermelho foram extraordinários. O filme começou e eu achei que os primeiros cinco minutos foram ótimos. A música estava dirigindo. Era quase como o início de O Tubarão“.
A experiência de Koenig em fazer o longametragem foi documentada em Chekov’s Enterprise, um jornal que manteve durante a realização do filme. Koenig foi perguntado se ele já tinha um contrato em vigor com a Pocket Books antes de escrever o jornal. “Não”, respondeu Koenig. “Eu só fiz isso porque pensei que voltar ao caminho que nós fizemos, fazer este filme depois de estar fora do ar por dez anos, foi algo sem precedentes. Achei que valia a pena documentar, e que seria um documento histórico interessante ao olhar para trás”.
Uma das coisas mencionadas por você em Chekov’s Enterprise foi que, à princípio, seria difícil “ir para casa” novamente interpretando o personagem. Você mudou de idéia conforme os filmes íam progredindo?
“Sim. Eu acho que mudei. Eu devo ter mudado. Quer dizer, eu fiz mais seis filmes. Quando começamos a trabalhar nesse filme, eu me sentia como se estivesse desenterrando um fantasma, e que estava tão velho que não poderia interpretar o personagem Chekov corretamente. Mas como ele saiu, foi também muito estimulante para mim estar naquele lugar novamente”.
Embora tenha gostado muito da história, o ator admite que “o que deveria ter sido um evento emocionante que se encaixaria em uma conclusão extraordinária”, virou algo indiferente, desapaixonado, “parecendo um tipo de experiência de efeitos interessantes”, comentou. “O filme não termina num estouro”, lamenta Koenig.
Gostaria de ter um papel no próximo filme de Star Trek? “Se for algo tão importante como o que Leonard (Nimoy) fez neste último filme, eu saltaria para ele. Se for apenas para ficar lá, no final do filme, sendo o avô de Chekov, esqueça”.
Fonte: Trek Movie e Star Trek Magazine