VOY 5×03: Extreme Risk

Atitude destrutiva de B’Ellana coloca em risco a missão inicial da Delta Flyer

Sinopse

Data estelar: desconhecida (2375)

B’Ellana Torres se arrisca em um programa de holodeck de paraquedismo orbital, desativando os protocolos de segurança. Ela é chamada para a engenharia, onde Sete lhe informa que a sonda multi-espacial está pronta para ser lançada, mas que há um problema com o link de telemetria. Torres delega a tarefa a Sete e sai. A sonda é capturada por um feixe de tração Malon, mas consegue escapar e se esconder em um gigante gasoso. A tripulação decide construir uma nave auxiliar projetada por Paris para recuperar a sonda.

Torres se mostra desinteressada e apática pelo projeto da nave auxiliar, a Delta Flyer. Ela entrega as especificações dos propulsores a Paris e recusa seu convite para jantar. Ela volta ao holodeck e roda um programa de combate contra Cardassianos, também sem os protocolos de segurança. Um Malon entra em órbita e exige a sonda como compensação pela perda de sua nave. Sete descobre que os Malons estão construindo uma nave similar a Delta Flyer, e que eles terminarão antes o projeto. Janeway decide acelerar a construção.

Torres roda uma simulação da Delta Flyer no holodeck, entrando na atmosfera do gigante gasoso, mas se fere quando a simulação sacode. Ela é levada para a enfermaria, onde o Doutor descobre que ela tem ferimentos internos antigos e mal tratados. Janeway a interroga, mas ela se recusa a falar. Janeway a coloca sob supervisão do Doutor e fora do projeto da nave espacial.

Paris informa a Janeway que os motores da Delta Flyer estão funcionando quase com 90% de eficiência. Chakotay investiga os programas de holodeck de Torres e encontra um em que ela e seus companheiros maquis são massacrados. Ele leva Torres ao holodeck e a força a entrar no programa. Ele a confronta sobre sua tentativa de se machucar. Ela explica que está tentando sentir que está viva, pois não tem sentimentos pelos seus amigos mortos, por Paris, por Chakotay ou pelo seu trabalho. Chakotay sugere que ela não pode desligar suas emoções e que ela precisa passar pelo luto.

Os Malons atacam a Voyager para distraí-los do lançamento de sua nave auxiliar. Torres implora a Chakotay para ir na Delta Flyer e diz que ela é a melhor engenheira para o trabalho, e que ela precisa fazer isso. Dentro da Delta Flyer, Kim avista a nave Malon, que lança cargas espaciais. Sete dispara mísseis fotônicos que acertam a nave inimiga. No entanto, a Delta Flyer começa a perder integridade estrutural. A sonda é recuperada, mas os sistemas secundários ainda estão desligados.

Sete e Torres selam um painel, Torres usando um phaser e um condutor EPS, erguendo um campo de força antes que o painel se rompa. A nave auxiliar Malon tem problemas para sair da atmosfera, e Janeway ordena: “Saia daqui”. Torres agradece a Chakotay pelo que ele fez no holodeck, mas diz que se ele fizer algo assim de novo, ela vai quebrar o pescoço dele. Ela sorri enquanto delicia-se com um prato de panquecas de banana.

Comentários

O episódio apresentou uma situação excelente para que Tom Paris conseguisse tirar do plano das ideias uma nave auxiliar mais adequada às necessidades de Voyager no quadrante Delta. A reunião em que a equipe busca formas de resgatar a sonda lançada pela Voyager, que foi escondida em um gigante gasoso, presa a 10 mil km da atmosfera externa, contrasta a falta de vontade de pensar em soluções da B’Elanna e o entusiasmo de Tom Paris ao apresentar a ideia da Delta Flyer.

Ao demonstrar o grau de detalhamento do projeto, utilizando contribuições de vários membros da tripulação, Paris convence seus colegas a embarcarem na ideia. Segundo Sete de Nove, os elementos básicos de design são adequados – o que pode ser considerado como um grande elogio. O resto da equipe se engaja rapidamente, contribuindo com soluções para melhorar a eficiência e acelerar a construção da nave auxiliar.

As cenas de construção, trazendo a interação entre Tuvok, Kim e Paris apresentam humor e leveza à corrida entre a tripulação da Voyager e dos Malons, que estão fazendo a própria nave com a mesma intenção. A empolgação dos tripulantes ao testar pela primeira vez a Delta Flyer é contagiante.

O tema central do episódio, a depressão de B’Elanna, é interessante, mas rapidamente explorada e resolvida, o que parece inverossímil. Apesar de trazer uma discussão importante, essa trama não consegue angariar empatia do espectador apesar das boas atuações de Roxann Dawson, pois muito tempo é gasto em mostrar o quanto ela se expõe a riscos e pouco tempo é dedicado para entendermos as razões para isso, de forma que a trama fica empobrecida, foi perdida uma boa oportunidade da atriz mostrar seu talento.

De forma geral, o episódio tem momentos divertidos e nos permite entender um pouco mais B’Elanna Torres.

Avaliação

Citações

“Disengage safety protocols.”
“Warning. Disengaging safety protocols presents extreme risk of injury.”
“Override.”
“Acknowledged. Safety protocols have been disengaged.”
(Desative os protocolos de segurança.)
(Aviso. Desativar os protocolos de segurança apresenta um risco extremo de lesões.)
(Sobrescrever.)
(Reconhecido. Os protocolos de segurança foram desativados.)
B’Elanna ordenando ao computador que desative os protocolos de segurança do holodeck.

“We are not designing a ‘hot rod’, Lieutenant.”
(Nós não estamos projetando um ‘hot rod’, Tenente.)
Tuvok, depois de fazer o computador remover as aletas dinamétricas do modelo da Delta Flyer.

“My security training is going really well. Tuvok told me the other day that I’m ‘not completely inept’.”
(Meu treinamento de segurança está indo muito bem. Tuvok me disse outro dia que eu não sou “completamente inepto”.)
Neelix para B’Elanna na cantina depois do expediente.

“Look, we could spend weeks trying to solve this, but we’ve got a ticking clock. Engines are working; weapons systems are online. I say we launch now and hope for the best.”
“Mr. Paris, that is perhaps the most illogical statement you have ever made.”
(Olha, nós poderíamos passar semanas tentando resolver isso, mas nós temos um relógio correndo. Os motores estão funcionando; os sistemas de armas estão online. Eu digo que nós lançamos agora e esperamos pelo melhor.)
(Sr. Paris, essa é talvez a declaração mais ilógica que você já fez.)
Paris e Tuvok

“B’Elanna… why are you intentionally trying to hurt yourself?”
(B’Elanna… por que você está tentando se machucar intencionalmente?)
Chakotay

“Chakotay… what you did down in the holodeck today… Thanks. But if you ever do anything like that again, I’ll break your neck.”
Chakotay, sobre o que você fez no holodeck hoje… Obrigada. Mas se você fizer algo assim de novo, eu vou quebrar seu pescoço.”
B’Elanna

Trivia

A ideia para o episódio surgiu de uma conversa que Roxann Dawson teve com o produtor executivo Brannon Braga e o produtor supervisor Kenneth Biller, enquanto os três jantavam juntos. Ken Biller explicou: “[Roxann Dawson] estava interessada nesta noção de autoagressão, o fenômeno que existe, se você olhar para os jornais psiquiátricos, principalmente entre as mulheres”. Biller também observou que a condição em geral pode ser um método inseguro, como é neste episódio, de aliviar temporariamente a insensibilidade emocional. Durante sua discussão, Dawson não só falou sobre o fenômeno da autoagressão, mas, também, falou sobre sua própria personagem B’Elanna Torres. A atriz lembrou: “Nós estávamos falando sobre a natureza da depressão. Eu tinha algumas ideias para B’Elanna, sobre explorar esse lado dela. Eu comecei a elaborar algumas das minhas ideias”. Dawson explicou ainda: “Eu pensei que ela tinha uma parte dela que era muito sombria, que talvez nós não tivéssemos tocado ainda e uma parte dela que, se deixada sem atenção, se tornaria muito autodestrutiva. E eu pensei que seria interessante explorar esse lado dela”. Lembrando-se das reações dos escritores às suas ideias, Dawson afirmou: “Eles ficaram muito interessados. Eles disseram: ‘Nós vamos fazer algo com isso’, mas eu não esperava que de fato ocorresse. Então, de repente, este episódio foi entregue a mim”. De acordo com Ken Biller, a exigência de envolver ficção científica nesta história de Star Trek inspirou o uso do holodeck por Torres para causar a autoagressão mencionada. O conceito de paraquedismo orbital foi reutilizado neste episódio, tendo sido apresentado – com James T. Kirk realizando o paraquedismo, em uma cena deletada de Star Trek: Generations. Assim como o paraquedismo orbital está no teaser deste episódio, a cena deletada teria sido no início de Generations.
De acordo com o ator de Paris, Robert Duncan McNeill, havia uma pequena chance de que o confidente de Torres neste episódio fosse seu personagem, em vez de Chakotay. “Eu acho que havia um pouco de medo de ficar melodramático”, McNeill refletiu, “então, em vez de deixar Paris ser o único a ajudar B’Elanna a lidar com esses problemas, eles deixaram Chakotay”.
Logo depois que Roxann Dawson recebeu o roteiro deste episódio, ela descreveu o teleplay como “um roteiro muito bom para mim, com muito desenvolvimento de personagem”. Por volta do final da quinta temporada, Dawson comentou: “Foi muito bom ver algumas das minhas ideias sobre o lado mais sombrio de B’Elanna exploradas por esses escritores. Eu fiquei satisfeita com a escrita. É sempre difícil explorar um assunto como esse (…). Eu acho que na maior parte ele realmente explorou uma qualidade muito difícil de colocar em filme, sem ser banal e sem ser previsível. Eu acho que eles exploraram essa natureza autodestrutiva dela de uma forma muito original, e eu gostei disso. É também uma área que Star Trek não lida muito. Eu gostei do risco, para citar o título, de ir lá, gastar tempo em um show explorando apenas um aspecto de uma natureza emocional que não tinha nada a ver com ficção científica”. Em uma entrevista retrospectiva, Dawson citou o episódio como “um dos meus episódios favoritos” e continuou dizendo que isso se devia ao fato de ela mesma ter sido instrumental em seu desenvolvimento. A atriz também se entusiasmou: “Eu acho que eles fizeram um ótimo episódio. E eu adoro o título, ‘Extreme Risk’, porque, com o personagem de B’Elanna sendo tão ousado como era, as pessoas não questionariam seu desejo de correr riscos. Seria apenas B’Elanna que saberia que ela está correndo esses riscos ao ponto de possivelmente se machucar e que se machucar vem de um desprezo por si mesma, um ódio por si mesma que ela precisaria explorar. Então se tornou um drama físico maravilhoso, mas também um psicológico, e eu acho que eles o exploraram muito bem”.
Ken Biller ficou encantado com a atuação de Roxann Dawson aqui. “Eu adorei a performance de Roxann”, Biller afirmou.
Robert Duncan McNeill acha uma lástima que, em vez de Paris ajudar Torres com seus problemas neste episódio, ele se concentra em construir a Delta Flyer. O ator admitiu: “Eu gostaria que eles tivessem usado Paris mais nisso (…). Eu pensei que teria sido uma ótima oportunidade de deixar Paris, como seu parceiro, estar realmente preocupado e proativo lá”.
Por outro lado, Roxann Dawson valorizou como o episódio retrata as relações entre Paris e Torres, gostando de como B’Elanna afasta Tom durante sua luta com suas emoções. “Isso foi muito verdadeiro”, disse Dawson, “porque muitas vezes, os que estão mais próximos são os que têm mais dificuldade. Eles são as primeiras pessoas de quem você se desliga. Parecia muito verdadeiro, suas tentativas de chegar até mim, e sua incapacidade de fazê-lo. Me parece que isso mostrou o relacionamento de uma maneira muito realista, em vez de um ideal. A situação pela qual ela estava passando tensionou o relacionamento e causou uma incapacidade de se comunicarem, e isso foi realista”.
Roxann Dawson também gostou das cenas em que Chakotay a força a discutir seu próprio comportamento. “Essas cenas foram bem escritas. Eu senti que também lançou uma luz interessante sobre o relacionamento deles, que não havia sido abordado há muito tempo. Foi bom apenas tocar nisso novamente, voltar a isso, o que os uniu […].”

Ficha Técnica

Escrito por Kenneth Biller
Dirigido por Cliff Bole

Exibido em 28 de outubro de 1998

Título em português: “Risco Extremo”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim