Mau funcionamento no teleporte cria um drone com tecnologia do século 29, que pode ser uma ameaça à Voyager
Sinopse
Data estelar: desconhecida (2375)
Sete de Nove, o Doutor Holográfico e os tenentes B’elanna e Tom Paris saem para estudar uma proto-nébula. Após um surto de plasma, Paris tenta voltar para a Voyager, mas a nave auxiliar fica presa numa onda de choque da nébula. Ao teletransportar os tripulantes para a Voyager, ocorre uma dificuldade na separação dos padrões de cada um, mas, aparentemente, todos retornam bem. O único dano foi no emissor portátil do Doutor. B’elanna, rapidamente, trata de averiguar qual foi o problema, deixando o aparelho para análise durante a noite. Porém, o emissor funde-se com a tecnologia Borg, assimilando o laboratório de ciência onde foi deixado. Ao chegar para investigar, o alferes Mulchaey aproxima-se com pouca cerimônia do espaço completamente modificado por tecnologia claramente diferente do standard da Federação, sendo atacado por tubos de extração Borg.
Sete de Nove descobre uma assinatura de suas nanossondas ao redor da ferida do descuidado alferes, que teve amostras de tecido retiradas por tubos de extração Borg. Um feto é criado e encontra-se dentro de uma câmara de maturação Borg, crescendo em uma velocidade maior do que o esperado.
Durante a investigação, percebe-se que o mau funcionamento do teleporte ocasionou a fusão entre as nanossondas de Sete e o emissor móvel do Doutor. Programadas para se integrar às tecnologias às quais têm acesso, as nanossondas utilizaram a estação de diagnóstico para criar novos drones. Quando o alferes Mulchaey entrou no laboratório, seu DNA foi utilizado para criar uma nova forma de vida. O feto com tecnologia do século 29 passa a ser uma fonte de preocupação para toda a tripulação.
Capitã Janeway tenta buscar alternativas para não assassinar a criança, com seu peculiar otimismo inabalável. Ela acredita que pode ensinar os valores da Federação e impedir que o drone zangão se conecte à coletividade. Sete de Nova é designada como tutora do Borg, tomando a precaução de desativar o transceptor para que ele não emitia sinal para os Borgs.
Sete tem dificuldade para explicar que eles não fazem parte da coletividade. Com o tempo, o zangão passa a assimilar quantidades enormes de informações, escolhe um nome para si – Um – e passa a ser um membro valioso para a tripulação, auxiliando, inclusive, a desconfiada B’Elanna a melhorar a acuidade dos instrumentos da Voyager.
Porém, a tecnologia Borg – como Sete de Nove alertou – é imprevisível. Os implantes craniais do zangão se adaptaram, criando um transceptor secundário, o qual alertou o cubo mais próximo sobre a existência de um Borg na Voyager. Em três horas, eles seriam interceptados por uma nave Borg. Um perguntava sobre sua raça há algum tempo, mas Sete preferia não responder. Com a percepção da angústia e ansiedade que o encontro gerou na tripulação, o Borg insistiu.
O drone entende a importância da individualidade para os tripulantes da Voyager e decide ajudar a melhorar as defesas da nave, utilizando sua tecnologia avançada.
Ao engajar em combate, Um transporta-se para o cubo para destruí-lo por dentro, atingindo seu objetivo. Em função do escudo que criou em torno de si, sobreviveu, sendo teleportado à enfermaria da Voyager. Muito ferido, explica que sua existência é um risco à nave, de forma que não permite que o Doutor performe a cirurgia que salvaria a sua vida, sacrificando-se ao explicar que, enquanto ele existir, a nave sempre será caçada.
Comentários
Um clássico de Jornada nas Estrelas é o tripulante que, mediante uma circunstância de perigo iminente, decide não utilizar o seu comunicador para relatar uma situação incomum. No caso em tela, o alferes Mulchaey entra no laboratório de ciência e enxerga uma estação absolutamente tomada por tubos Borg e tecnologias estranhas aos padrões da Federação. Em um ato de bravura (ou tolice, alguns podem dizer), decide chegar perto o suficiente para ser atacado por tubos de extração – os quais só buscavam seu DNA, para sua sorte. Em circunstâncias normais, teríamos um tripulante assimilado. O que causa estranheza verdadeira, é o fato de não ser ensinado na Academia da Frota um protocolo para casos como esse.
Falta de preparo à parte, o episódio nos leva em uma jornada que vai da ansiedade ao medo, gerados pela incerteza do que o Borg vai se tornar; passamos pela felicidade ao acompanhar seu crescimento, torcendo para que ele se integre à tripulação; temos admiração pela sua capacidade de empatia e determinação para se sacrificar; por fim, nos resta a tristeza por sua morte, em uma despedida comovente.
Cena emocionante, atuação incrível da Sete com Um, implorando para ele permitir ser salvo. Ele se sacrifica novamente pela tripulação, ao perceber que Voyager estará em perigo enquanto ele existir.
Mais um episódio em que a escolha dos produtores de trazer um Borg para a tripulação se mostra acertada, pois cria a possibilidade de uma história interessante, que apresenta elementos queridos aos fãs de Jornada nas Estrelas: questionamentos éticos, dilemas sobre o bem de muitos se sobrepondo ao bem de um e as possibilidades do indivíduo ser melhor do que a sua programação.
Avaliação
Citações
“The Borg: party-poopers of the galaxy.”
(Os Borgs: estraga-prazeres da galáxia.)
Doutor
“Good morning.”
“That remains to be seen.”
(Bom dia.)
(Vamos ver.)
Sete de nove para Chakotay, após seu transceptor de proximidade ter sido ativado
“It will become what we help it to become.”
“How Starfleet of you!”
(Ele se tornará o que nós ajudarmos a se tornar.)
(Que coisa mais Frota Estelar da sua parte!)
Neelix e Torres
“How many Borg hitchhikers are we gonna pick up on this trip? Maybe this is the Collective’s new strategy. They don’t assimilate anymore, they just show up and look helpless.”
(Quantos caroneiros Borg vamos pegar nesta viagem? Talvez esta seja a nova estratégia do Coletivo. Eles não assimilam mais, eles apenas aparecem e se fingem de indefesos.)
B´Elanna Torres
“…That’s called a joke.”
“Joke: a verbal comment or gesture designed to provoke laughter.”
“I see you’ve got your mother’s sense of humor.”
(…Isso é chamado de piada.)
(Piada: um comentário ou gesto verbal projetado para provocar risos.)
(Vejo que você tem o senso de humor da sua mãe.)
Doutor e Um
“You must comply. Please. You are hurting me.”
“You will adapt.”
(Você deve obedecer. Por favor. Você está me machucando.)
(Você se adaptará.)
Sete de Nove e Um, quando Um recusa o tratamento e morre
Trivia
- A proposta original de Harry Doc Kloor para este episódio começou com alienígenas perseguindo o tenente Tom Paris, que conseguiria fugir deles na Delta Flyer, apenas para, então, cair na superfície de um planeta desconhecido. Depois de lutar para sair da Flyer, ele perceberia que seu braço estava quase totalmente arrancado. Um membro amigável de uma raça tecnologicamente avançada que habitava o planeta teria recolocado o membro usando a engenhosidade Borg. O roteirista que pegou a proposta achou muito grotesco, comentando: “nós não podemos fazer nada disso. Os fãs não gostariam de ver todo esse sangue e violência”. A proposta da história foi consequentemente repensada por Harry Doc Kloor, que então submeteu a nova versão ao produtor executivo Brannon Braga. Kloor lembrou: “um dia eu entrei no escritório de Brannon e disse que tinha uma história que ele vai comprar. As nanossondas de Sete de Nove infectam o holo-emissor do Doutor e criam um Borg do século 29”.
- No entanto, a natureza do drone Borg estava prestes a sofrer uma mudança significativa. O roteirista Joe Menosky lembrou: “Harry Kloor propôs o que costumávamos chamar de ‘Drone Exterminador’ […] Seria um drone assassino irrefreável. Nós não seguimos esse caminho. Decidimos pegar leve, com um episódio mais orientado ao personagem”.
- Por cerca de sete encarnações do conceito da trama, Kloor e o roteirista Bryan Fuller conceberam essa abordagem, considerando que Doutor e Sete poderiam se tornar pais de um Borg que cresce rapidamente, essencialmente transformando o “assassino” em uma “criança”, que aprenderia a vida com os ensinamentos de seus “pais”. Brannon Braga amou o conceito modificado.
- Foi difícil para Braga pensar em uma conclusão para o episódio: “Eu simplesmente não sabia como o episódio deveria terminar por muito tempo. No último minuto percebi que tinha que terminar com a morte deste drone, e que momento maravilhoso seria. O produtor executivo Rick Berman teve a ideia de que ele se sacrificaria para fazer isso”.
- Paul Boehmer, que fez a participação especial como Um, gostou muito deste episódio, descrevendo-o como um “episódio muito interessante”.
- Jeri Ryan gostou deste episódio em geral. A atriz comentou: “Esse foi um dos meus episódios favoritos […] Foi um verdadeiro prazer trabalhar nele”.
- Embora a mãe e o pai de Sete de Nove não apareçam, nem sejam referenciados aqui, Jeri Ryan acreditava que eles faziam parte dos processos de pensamentos de Sete, à luz da perda de Um. “Ela pensa em seus pais”, supôs Ryan.
- Brannon Braga considerou a performance de Jeri Ryan como Sete de Nove, aqui, impecável. “Jeri Ryan estava perfeita”, entusiasmou-se Braga.
Ficha Técnica
Escrito por Bryan Fuller & Harry Doc Kloor
Dirigido por Les Landau
Exibido em 21 de outubro de 1998
Título em português: “Zangão”
Elenco
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim
Elenco convidado
Paul Boehmer como Um
Todd Babcock como Mulchaey
Majel Barrett como Voz do Computador
Enquete
Edição de Leandro Magalhães
Revisão de Rafaela Sieves
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