VOY 5x01: Night

Episódio retrata a depressão, tendo uma boa aventura como pano de fundo

Sinopse

Data estelar: 52081.2

No holodeck, Tom Paris protagoniza um capítulo das aventuras do Capitão Próton, salvando o planeta da invasão iminente pelas mãos de Doutor Chaotica (esta é a primeira aparição do programa criado por Tom Paris). O Doutor Holográfico adentra o cenário anunciando que precisa ensaiar uma ópera. Ele e Paris brigam, cada um modificando a programação no painel do holodeck até que o holograde explode.

Sete de Nove entra na ponte e informa ao comandante Chakotay que não há sistemas estelares nem naves em 2.500 anos-luz. A radiação teta está bloqueando os sensores, de forma que Voyager, que se encontra há 53 dias cruzando aquela expansão, está impedida de ver além dela. Espera-se que a Voyager leve dois anos para atravessar aquele espaço.

Enquanto isso, vemos que a capitã Janeway encontra-se em seus aposentos, sem desejo de sair deles. Desde que a Voyager entrou no Vazio (como este espaço sem estrelas ficou conhecido pela tripulação), Janeway passou a ponderar sobre as razões para a nave estar presa no Quadrante Delta. Ela acredita que errou ao não retornar ao Quadrante Alfa quando teve a oportunidade, mesmo que isso significasse, naquele momento, deixar uma civilização vulnerável aos ataques Kazon.

Há uma fonte desconhecida de radiação teta pelo percurso, até que ocorre um apagão na nave. A perda de energia se deu quando Voyager encontrou um campo de amortecimento gerado por três naves de alienígenas nativos da região. Na oportunidade, dezessete intrusos invadem a Voyager e um deles é ferido e levado à enfermaria.

Nesse ínterim, ocorre uma batalha, e uma nave Malon, do Controlador Emck, salva Voyager do ataque. Emck explica que muitas daquelas criaturas estarão adiante e os humanos não sobreviverão a mais um ataque, orientando a capitã a retornar. Ele explica que há um vórtex espacial à frente e pode levar Voyager para fora do Vazio, contanto que o alienígena nativo seja entregue a ele. Janeway nega a demanda, e Emck não responde bem, retornando à sua nave.

Ao conversar com o alienígena nativo, a capitã fica sabendo que a radiação teta é despejada naquela região do espaço pela nave de exportação de resíduos radioativos de Emck, de forma que os malons estão envenenando o espaço e matando seus habitantes. Ao buscar uma solução para o lixo de antimatéria, B’Elanna demonstra que eles podem seguir utilizando a mesma matriz energética, usando um filtro que poderá reaproveitar o lixo. Porém, Emck explicou que a indústria de exportação de lixo ficaria obsoleta, de forma que o Controlador decide não levar a solução ao planeta dele.

Assim, Janeway conclui que se deve destruir o vórtex, acreditando que a melhor maneira de fazer isso é ela ficando para trás e o acertando pelo lado mais fraco, dentro do Vazio. Porém, a tripulação se insubordina e se recusa a abandoná-la, criando um plano para destruir o vórtex logo após passar por ele. A capitã prontamente aceita o plano e, após um embate com os malons, no qual, com a ajuda dos alienígenas nativos, a nave de resíduos é destruída, Voyager passa pelo vórtex e o destrói.

Comentários

“Night” aborda a depressão, explorando o impacto da decisão crucial de Janeway que deixou a tripulação da Voyager presa no Quadrante Delta quatro anos antes. Trata-se de um episódio interessante, com espaço para boa atuação de Chakotay. O comandante tenta proteger Janeway, mas carrega sozinho o peso da tripulação, que se sente abandonada pela capitã – sem saber que a razão para a reclusão dela, é a culpa que ela sente. É bastante curioso o fato da tripulação estar tão irritada por não ter perigos. Nos faz ponderar como os membros da Voyager reagiriam a uma pandemia que os obrigasse a ficar em casa por um ano, quem sabe mais…

Neelix tem a primeira boa ideia do episódio: rotacionar as tarefas dos tripulantes de forma que realizem tarefas diferentes, convivam com outras pessoas e adquiram novas habilidades e experiências. Lamentavelmente o seu insight é completamente ignorado por Chakotay e Tuvok. Kim também tenta ter uma atitude positiva (e bastante óbvia), sugerindo que a tripulação trate os próximos dois anos como férias. Porém, seus colegas são hostis à atitude otimista do alferes.

Ao longo do episódio, descobrimos que Janeway enfrenta aqui o mesmo dilema de quatro anos atrás, sendo a vivência atual um gatilho para o trauma passado. Ela explica a Chakotay que preferiria estar enfrentando Borgs, de maneira que não teria chance de analisar a situação e repensar suas escolhas. Aqui vemos a questão da depressão sendo tratada apressadamente. Ela é colocada na situação desconfortável e se resolve no instante da invasão alienígena à nave. É importante mostrar a humanidade da capitã, mas o problema e a resolução parecem rápidos demais.

Também, chama a atenção o fato de o plano B para passar pelo vórtex não ser tão mais perigoso do que muitas missões que a Voyager já teve, parecendo um exagero a ideia da capitã de se sacrificar. É interessante para fechar o arco do remorso/sacrifício, mas teria sido melhor executado caso o perigo de fechar o vórtex por dentro fosse melhor estabelecido.

Mesmo com todas essas pequenas incongruências e excessos, o episódio termina muito bem, com a tripulação, após dois meses, maravilhando-se com as estrelas.

As atuações são muito boas, principalmente de Kate Mulgrew. Esse é um dos poucos episódios em que Robert Beltran tem um papel relevante na história. Sua atuação, entretanto, é bastante contida – embora possamos argumentar que o roteiro não oferece tanto espaço de trabalho para o ator.

Avaliação

Citações

“I made an error in judgment, Chakotay. It was short-sighted and it was selfish. And now all of us are paying for my mistake.”
(Eu cometi um erro de julgamento, Chakotay. Fui imprudente e egoísta. E, agora, todos estão pagando pelo meu erro.)
Janeway para Chakotay

“Captain Janeway’s methods are unorthodox. It is her strength as a leader, but unfortunately, it is also her greatest weakness.”
“Stubborn as a Klingon.”
“To put it mildly.”
(Os métodos da capitã Janeway são heterodoxos. É sua força como líder, mas, infelizmente, também é sua maior fraqueza.)
(Cabeça-dura como um Klingon.)
(Para dizer o mínimo.)
Tuvok e Chakotay

“Chance is irrelevant. We will succeed.”
“A vote of Borg confidence. Who can argue with that?”
(Sorte é irrelevante. Nós vamos conseguir.)
(Um voto de confiança Borg. Quem pode argumentar contra isso?)
Sete e Doutor

Trivia

Brannon Braga arriscou iniciando a temporada com um espaço vazio. Porém, entendia que o episódio acrescentaria realismo ao programa por ser a realidade das viagens espaciais. A ideia inicial era que o episódio incluísse um planeta perigoso e incomum no meio do Vazio. Segundo Joe Menosky, ele seria como a Tumba do Rei Tut, com o templo antigo, criaturas meio-vivas, meio-mortas, voadoras atacando a nave. Os alienígenas nativos não são nomeados no episódio, sendo referidos como alienígenas da Noite pelo script.
Brannon Braga, ponderando sobre a situação de Janeway, considera que desde o começo da série, ela passou correndo, em movimento, sem tempo para reflexão. Então, ao enfrentar a possibilidade de passar dois anos no meio do nada, ela se viu obrigada a enfrentar as consequências da sua decisão.
O ator Steve Dennis interpreta dois alienígenas, um deles baleado por Sete de Nove no holodeck e outro por Janeway.
Tom Paris e B’Ellana estão jogando “Durotta”, um jogo com peças de um jogo que existe, chamado Quarto. As regras seguidas pelo casal também são as mesmas do jogo Quarto.

Ficha Técnica

Roteiro de Brannon Braga & Joe Menosky
Dirigido por David Livingston

Exibido em 14 de outubro de 1998

Título em português: “Noite”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim