Star Trek: Seção 31

Filme atípico de anti-heróis trekkers sofre com falta de lógica, clichês e previsibilidade

Sinopse

Data estelar: 1292.4

Em um planeta desolado do Império Terráqueo, em um universo paralelo, uma jovem volta para sua família, depois de dois anos. Ela participou de uma sangrenta competição para definir quem seria o novo imperador, e só restaram dois competidores, Philippa e San. Ao contar o que lhe acontecera durante uma refeição, ela revela que tinha uma última tarefa a cumprir. Então seus familiares começam a passar mal – mãe, pai e irmão –, e ela revela que precisava matá-los, ou o Império destruiria sua vila inteira. Cumprida a tarefa, Philippa Georgiou é proclamada nova imperatriz. E San, que não foi capaz de fazer a mesma coisa, passará a ser seu servo, com o rosto desfigurado por uma espada incandescente.

Muitas décadas depois, no universo primário, Georgiou se torna a dona e administradora do Baraam, uma estação espacial misto de boate e hotel afastado do espaço da Federação Unida de Planetas, sob a alcunha de madame Veronique Du Franc. Seu paradeiro é identificado pela Seção 31, organização secreta da Frota Estelar da qual ela já fez parte, e o Controle dá ordens ao esquadrão alfa para ir até ela, fazer contato e resgatar uma misteriosa arma de destruição em massa que, segundo inteligência, passará por lá, no mercado negro.

O líder da equipe, Alok Sahar, consegue uma audiência com ela, supostamente para oferecer uma oportunidade de negócios com uma droga ilegal, mas Georgiou de pronto identifica a presença dele e de seu grupo no Baraam como membros da Seção 31: o camaleoide Quasi, a deltana Melle, o humano mecanizado Zeph, o sorridente vulcano Fuzz e a tenente Rachel Garrett, da Frota Estelar. Desmascarado, Alok tenta convencer Georgiou a fazer uma última missão. O grupo então releva a única coisa que ela não percebera: Fuzz não é realmente um vulcano, mas um robô controlado por uma criatura muito pequena que se instalou dentro dele em uma nave igualmente minúscula. A equipe também explica seu plano original, que envolvia Quasi assumindo a identidade dela para capturar um gângster conhecido como Dada Noe, apreendendo a misteriosa super bioarma, mas Georgiou tem uma sugestão mais simples, e eles decidem seguir com o plano dela.

Como Du Franc, ela recebe Dada Noe e o leva a seus aposentos no hotel. Lá, ela pluga um alterador de fase no invólucro que traz a arma e outro em si mesma – com isso, ambos se tornam transparentes para a matéria ao redor, fora de fase, mas ela pode pegar o objeto. O resto da equipe chega para nocautear e apreender Noe, quando um misterioso adversário mascarado surge através da parece – ele também está fora de fase. Um combate com Georgiou se desenrola pelo Baraam, em que Melle é morta, e o mascarado consegue roubar a arma. Ao retirá-la do invólucro, ela reconhece o misterioso dispositivo. Querendo saber do que se trata, Alok dispara contra Georgiou, tonteando-a.

Isso evoca lembranças de quando ela era a imperatriz e mandou construir uma poderosa bioarma, trazida a ela por seu eterno suplicante, San. Ele chorava, e dizia ser “tudo por ela”. Negando lembrar de seu passado, exceto sua falha, ele admite que teria fugido com ela – naquela época, mas não agora. Desapontado com seu reino de terror, ele conclui que a garota que conheceu está morta. E ele também morrerá, envenenado, como a família dela. Georgiou contempla a cena, enquanto ele a acusa de ser um monstro, em seu último suspiro.

Despertando, ela se encontra presa em um abrigo, e Alok a interroga. Ela diz que bilhões de vidas estão em jogo e precisa conhecer com quem está lidando. Ele então conta que reconhece a monstruosidade dela porque ele também foi um monstro e, como ela, não é daquele tempo. Originário do século 20, ele passou pelas Guerras Eugênicas. Seu planeta foi devastado por tiranos geneticamente alterados, e a responsável pela morte de sua família se interessou por ele e o converteu em um aumentado. Como parte do exército dela, ele cometeu diversas atrocidades e aprendeu que para os tiranos só há uma escolha: assassinato.

Georgiou então conta que reconheceu a arma porque foi ela quem ordenou sua construção – uma arma do juízo final para conter qualquer ameaça ao Império Terráqueo, que batizou de Dádiva de Deus. Ela causaria uma reação em cadeia, passando de planeta a planeta, devastando a vida por onde passasse. Poderia devastar um quadrante inteiro da galáxia.

O Dada Noe que capturaram, ao que tudo indica, seria sua versão do Espelho, membro do Império Terráqueo, e teria trazido a arma para o universo primário por razões ainda desconhecidas. Para descobrir, Alok e Georgiou o interrogam. Ele confessa e diz que era parte da burocracia imperial e a arma ficava guardada em sua instalação de armazenamento. Seu plano era trazer para o universo primário e vendê-la, para viver da renda. Sua travessia foi possível graças a uma passagem entre os dois universos que se abre periodicamente pelo encontro de duas tempestades iônicas simultâneas nos dois lados. Noe diz que o Império eventualmente descobrirá o que houve, encontrará a passagem e invadirá o universo primário. Sobre o mascarado que roubou a arma, ele não sabe de nada e supõe que sabia dela por algum vazamento da equipe de Alok.

Então uma explosão acontece e a nave de Alok é despedaçada. Com um transporte de emergência, a equipe escapa, mas agora tem que lidar com o fato de que possivelmente há um espião duplo entre eles e com o fato de que ficaram sem transporte. Garrett diz que detectou uma nave carregadora de lixo acidentada no planeta, mas que poderiam trabalhar com ela. Georgiou lembra que estão sem comunicação, e Alok sugere usar um conjunto de antenas instalado no local para avisar a Seção 31 da ameaça iminente. Lá, eles descobrem que o espião já cortou todos os cabos, inviabilizando seu uso. A equipe se divide em dois: Alok, Zeph e Garrett vão tentar consertar a antena, enquanto Georgiou, Fuzz e Quasi vão tentar restaurar a nave lixeira.

Enquanto Alok e Garrett trabalham, Zeph desaparece. Quando eles partem, a antena é rapidamente reativada, mandando um sinal. Quando se reúnem na cargueira de lixo, constatam que há uma peça faltando. Todos desconfiam que o traidor é Zeph e o procuram na mata. Eles o encontram morto. Georgiou encontra um fio de cabelo que parece ser de Garrett. Análises de DNA também mostram traços de Garrett no corpo de Zeph. Todos passam a achar que a tenente é a espiã. Em seguida, eles conseguem recuperar imagens captadas pelo próprio exoesqueleto de Zeph, que revelam que ele se matou. Georgiou finalmente une as peças: Fuzz é o traidor. Ele deixou seu robô vulcano no piloto automático e entrou no exoesqueleto de Zeph, manipulando-o para sabotar os equipamentos e depois se matar.

Confrontado, Fuzz reativa o exoesqueleto de Zeph, ataca o grupo e foge numa plataforma que avança por um longo túnel. Georgiou, Alok e Quasi saem em perseguição. Uma luta se segue e Alok é atirado da plataforma, mas Quasi se transforma numa espécie de aranha e o segura no túnel. Georgiou permanece no combate, derruba Zeph e agora tem apenas Fuzz para enfrentar, enquanto a plataforma em que estão voa pelos ares e fica flutuando. Georgiou derrota Fuzz e pergunta como ele soube da arma. Ele revela saber mais sobre o passado dela do que se imaginava, e Georgiou descobre que San está vivo – ele fingiu a própria morte.  Em seguida, Fuzz se teletransporta e vai parar na nave de San, que está com a arma e parte em dobra, indo para anomalia em que os universos convergem. Ele pretende liderar a invasão do Império Terráqueo sobre o universo primário.

Alok então revela que foi ele quem retirou a peça do cargueiro de lixo, para expor o espião. Eles então restituem o funcionamento da nave e partem para a nebulosa da anomalia, atrás da nave de San. Sua única arma é um raio trator para colher lixo. San ataca com torpedos fotônicos; o cargueiro ataca com os raios tratores, prendendo a nave dele. Turbulência na anomalia danifica ambas as naves. Garrett tem a ideia de usar o lixo a bordo como uma forma de atacar, enquanto Georgiou e Alok vão até a nave de San. Fuzz ataca Alok e foge do corpo robótico, deixando-o em luta no piloto automático. Georgiou e San se enfrentam uma última vez. O combate ativa a superarma. Philippa tenta convencer San a não atacar esse universo e buscar redenção para ambos. San não aceita.

No cargueiro, Garrett acha um brinquedo cuja bateria pode ser detonada e criar uma grande explosão. Quasi aperta o botão certo e ejeta o lixo para o espaço, enquanto o duelo entre Georgiou e San prossegue. A boneca explode, atinge Fuzz no espaço e afeta a nave de San. Georgiou está para perder a luta, mas com um movimento vira o jogo e acaba matando San, mesmo sem querer.

A passagem entre universos está se abrindo e Georgiou se prepara para detonar a arma nela. Alok e ela estão prontos para morrer na nave de San, mas acabam transportados para o cargueiro, enquanto a arma explode e fecha a passagem para sempre. Três semanas depois, Madame Du Franc está de volta ao Baraam e agora faz parte do esquadrão alfa da Seção 31, com Alok, Quasi, a recém-promovida tenente-comandante Garrett e um “novo” Fuzz – outro corpo robótico vulcano, desta vez comandado por Wisp, esposa de Fuzz. Ela está determinada a encontrar seu marido, embora ele pareça ter sido perdido na explosão. O Controle da Seção 31 entra em contato em introduz uma nova missão ao grupo, desta vez a Turkana IV.ullam mollis

Comentários

O próprio conceito da Seção 31, introduzido em Deep Space Nine, é meio que a antítese cínica do idealismo que permeia Star Trek. Quando a equipe liderada por Alex Kurtzman decidiu lançar a organização de operações secretas da Frota Estelar ao protagonismo com uma produção própria, seria de se esperar que seu tom e seu formato destoassem muito do que se acostumou a ver na franquia. Com o filme Seção 31, essas expectativas se confirmam. O longa estrelado por Michelle Yeoh, claramente concebido para ser um veículo para ela e sua personagem, a imperatriz Philippa Georgiou, foge – em forma e conteúdo – do que se esperaria de uma história típica de Star Trek.

Se por um lado, em tese, esse é um movimento salutar no sentido de expandir o universo ficcional e o alcance das histórias que podem ser contadas nele, por outro lado a relação que o público pode estabelecer com esse filme será muito diferente da que costumamos travar com a franquia. Seção 31 não traz heróis; não traz nem ao menos personagens ambíguos – aqui estamos lidando com típicos anti-heróis, exceção feita à tenente Rachel Garrett, inserida na mistura justamente para oferecer o contraponto típico do que esperamos da Frota Estelar às atitudes questionáveis dos outros membros da equipe. Mas é algo quase protocolar. O filme, na realidade, se concentra em dois personagens, um principal – a imperatriz Georgiou – e um secundário – o líder do esquadrão alfa, Alok Sahar.

Georgiou, naturalmente, vem com bagagem, e o filme, apesar de sua vontade de ser um projeto “independente”, traz diversas amarras com a origem da personagem, em Discovery. Temos até uma rápida recapitulação de quem ela é, para a comodidade da audiência, mas a ideia de uma história que se passa em dois universos pode soar estranha para um recém-chegado.

O filme, por sinal, abre no Império Terráqueo, do universo do Espelho, em que vemos de que maneira, ao menos naquela altura do século 23, o imperador era selecionado, numa espécie de Jogos Vorazes. De saída, temos a jovem Georgiou assassinando sua família, confirmando o que ela havia dito em Discovery. A ambientação contrasta com o poderio tecnológico imperial, mostrando que tirania e miséria andam lado a lado, e ajuda a entender como Georgiou se tornou quem é – mas nada faz para redimir a personagem. Pelo contrário, busca enfatizar sua irredimibilidade.

Também temos aqui a introdução de San, que é mencionado diretamente (em “Scavengers” e “The Sanctuary”) e indiretamente (em “Terra Firma, Part 2”) na terceira temporada de Discovery – o que nos lembra de quanto tempo Seção 31 passou em desenvolvimento até ver a luz do dia. Claro que não seria uma inserção gratuita, e aqui começam os problemas do filme: a previsibilidade é alta.

Saltamos então para o futuro, cerca de 60 anos depois das duas primeiras temporadas de Discovery, e reencontramos Georgiou no universo primário, como madame Veronique Du Franc, proprietária e administradora do Baraam, uma estação espacial que faz as vezes de boate e hotel. A primeira parte do filme combina elementos de Missão Impossível com Guardiões da Galáxia para introduzir a equipe da Seção 31. A isso se segue a primeira sequência de ação, em que Georgiou usa um interessante equipamento que a tira de fase com relação ao resto da matéria circundante. Fãs mais atentos vão se lembrar de “The Next Phase”, da quinta temporada de A Nova Geração, em que Geordi La Forge e Ro Laren acidentalmente são colocados fora de fase e andam como fantasmas pela nave. Lá, eles nem são vistos. Aqui, Georgiou pode ser vista, mas não tocada. (E, em ambos os casos, os roteiristas “esquecem” que o chão é feito da mesma matéria que as paredes, única forma de realmente viabilizar a história.) É uma pescaria bem-sucedida de um elemento visto antes na franquia e seu uso é criativo aqui – uma das raras ocasiões no filme em que isso acontece.

Na verdade, ele tem toneladas de referências (algumas bem obscuras) de Star Trek, mas muito pouco de consequência para o universo ficcional. A trama poderia se passar em qualquer época, e não faria diferença alguma. A produção também faz pouca força para dar um verniz trekker ao visual do filme, ambicionando uma estética bem diferente do que estamos acostumados a ver.

Até a metade, a trama até que se segura, apesar da relativa previsibilidade – quem poderia imaginar que o misterioso mascarado seria, de alguma forma, o San? Era bola cantada, não só por justificar a introdução como por oferecer um potencial arco para Georgiou. Num filme de espionagem, a audiência estar muito à frente dos personagens pode ser um problema. Mas nada aqui que realmente incomode até lá pelos 30 minutos, onde termina o primeiro ato.

O que vem na sequência é uma história diferente, que envolve a presença de um espião duplo no grupo – alguém que está a serviço não da Seção 31, mas de algum outro ente misterioso. E aqui a história começa a se perder. Toda a etapa em que os personagens se acusam e suspeitam uns dos outros, até que se revele o culpado, é enfadonha.

Também não ajuda que a tal superarma seja tão megalomaníaca e ao mesmo tempo tão mal explicada – o vício dos produtores da terceira era televisiva de Star Trek de colocar grandes porções do universo em perigo é extremamente cansativo. Se a tal arma pudesse destruir a vida em um único planeta, já seria o suficiente para a Seção 31 intervir, e a escala da história ficaria mais bem conservada (o melhor filme de Star Trek já feito, Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, trazia uma arma essencialmente assim).

Também é confuso como se faz o salto da superarma vinda do universo do Espelho para a noção de que o Império Terráqueo pretende invadir e conquistar o universo primário. E os fãs mais atentos se lembrarão de que San é visto pela última vez, ainda nos flashbacks do Império Terráqueo, nos anos 2250, na melhor das hipóteses, e estamos uns 70 anos depois. Por Discovery, sabemos como Georgiou saltou no tempo. Mas e quanto a San? Como e por que ele teria feito esse salto? Ele não imaginaria que Georgiou, desaparecida do universo do Espelho em 2257, estaria morta? O filme não se propõe a responder essas perguntas, até porque elas não seriam feitas por quem não viu mais nada, além dele. Mas os fãs que olham com lupa são obrigados a se perguntar.

Terminamos com uma sequência de ação maluca em duas plataformas voadoras em túneis que não sabemos do que são e por que estão ali, seguidas por uma batalha espacial igualmente maluca entre uma cargueiro lixeiro e uma nave do Império Terráqueo. O ataque feito com lixo é especialmente exótico, mostrando que a fronteira entre o criativo e o ridículo já foi rompida há um bom tempo. Essas coisas vão se empilhando e aumentando a frustração. Ao fim, o espectador mais crítico quer apenas que o filme acabe.

O desfecho com Georgiou e San tenta criar alguma ressonância emocional com a vida pregressa desses dois personagens, mas é difícil sintonizar nisso, diante do nível de atrocidades cometidas de parte a parte. Mais artificial ainda é o arco para Alok Sahar, que se revela um remanescente aumentado das Guerras Eugênicas (outra referência que só entendedores entenderão), tornado um monstro por uma tirana geneticamente alterada, agora buscando alguma medida de redenção. Ambos, Georgiou e Alok, terminam de mãos dadas, num sacrifício pelo universo que tenta redimi-los de muitos pecados. Acabam teletransportados no último instante. (E um engraçadinho perguntaria: a superarma não seria transportada junto com eles, já que estava na mão da Georgiou no momento da detonação?)

O elenco de apoio faz o que pode com seus personagens, com graus variados de sucesso. O ciborgue Zeph (Robert Kazinsky) é divertido, mas raso como um pires, e acaba morto. O mesmo acontece com a deltana Melle (Humberly Gonzalez), no que pareceu um desperdício desnecessário da personagem – a morte de Zeph ao menos é essencial à trama, a dela não é. Omari Hardwick faz um contraponto sério e sisudo para a espalhafatosa Georgiou com seu Alok Sahar. Sam Richardson carrega boa parte do humor com seu camaleoide, Quasi. Kacey Rohl vive a tenente Rachel Garrett (futura capitão da Enterprise-C, vista em “Yesterday’s Enterprise”, da terceira temporada de A Nova Geração), mas, francamente poderia ser a tenente Mary Maryson que daria na mesma – não há nada que a caracterize para além de ser “a voz dos regulamentos da Frota Estelar”. E, finalmente, Sven Ruygrok tem a difícil tarefa de interpretar Fuzz, o mais exótico dos personagens (que traz um sabor mais Men in Black que Star Trek).

A execução conta com escolhas igualmente incomuns de enquadramento e uso de lentes pelo diretor Olatunde Osunsanmi e um design de produção que apenas em raros relances (como na interface do tricorder, claramente um celular dos dias atuais) evoca a ambientação trekker apropriada. No fim das contas, a história vazia e pouco consistente, somada à estética e à fórmula adotada, acabam nos levando a concluir que essa nova produção está mais perto dos universos de super-heróis, como Marvel e DC, do que de Star Trek. Se você aprecia o gênero, pode extrair alguma diversão de Seção 31. No mais, é uma história essencialmente esquecível e dispensável da franquia.

Avaliação

Citações

“Starfleet… where fun goes to die.”
(Frota Estelar… onde a diversão vai para morrer.)
Philippa Georgiou

 “We are two.”
“But one.”
“Not anymore.”
(Nós somos dois.)
(Mas um.)
(Não mais.)
Georgiou e San, quando ela o escraviza

 “We are two.”
“But one.”
“Forever.”
(Nós somos dois.)
(Mas um.)
(Para sempre.)
Georgiou e San, com ele morrendo nos braços dela

Trivia

  • Instigado pela atriz Michelle Yeoh, o projeto originalmente era para ser uma série de TV, anunciada em 14 de janeiro de 2019. Bo Yeon Kim e Erika Lippoldt, então roteiristas de Discovery, seriam as showrunners e escrevem o episódio piloto. Na ocasião, Kurtzman comparou o projeto a Os Imperdoáveis, filme de faroeste de 1992 com Clint Eastwood.
  • A série chegou a entrar em pré-produção em janeiro de 2020, sob o título de trabalho “Wind Cleaver”, com início das filmagens previsto para maio de 2020 e conclusão em novembro daquele ano. A pandemia de Covid-19 interrompeu os trabalhos e adiou a série, embora ela seguisse em desenvolvimento pelos roteiristas com reuniões virtuais.
  • Com o arrefecimento da pandemia, veio também o início de um processo de contenção de gastos pelo estúdio, o que impediu o início de novas produções. Em abril de 2023, surgiu o anúncio de que o projeto havia se convertido em um telefilme, com roteiro de Craig Sweeny e direção de Olatunde Osunsanmi.
  • “Estamos na trilha para a série, mas então a Covid veio e tivemos de parar por um ano”, contouo produtor executivo Alex Kurtzman. “Então Michelle [Yeoh] ganhou um Oscar, e sua agenda mudou. Mas em vez de se afastar ela disse: ‘Eu quero dobrar a aposta fazendo isso. Minha agenda é diferente agora, o que podemos fazer?’. E foi assim que o filme nasceu. O que era para ter sido um arco de uma temporada para Georgiou foi um arco de duas horas, e funcionou muito bem para nós.”
  • Sweeny revela que o que era para ser a primeira temporada foi sintetizado no filme. “Houve muita compressão de ideias que levaram à forma que o filme tomou. Escrevemos quase uma temporada inteira da série – e planejamos além disso –, então tinha muito a parear. Foi uma experiência singular; uma enorme biblioteca de ideias para usar, e toda vez que eu travava buscava algo que ia ser do episódio 7, ou o personagem Dada Noe, que seria o vilão do episódio 3. Podíamos recondicionar essas coisas aqui e ali. Mas eu adoro o que bolamos para o filme, e adorei o que tínhamos para a série. Foi um pouco triste, perder tudo que não entrou no filme, mas estou feliz com o que terminamos.”
  • Segundo o diretor Osunsanmi, os únicos personagens do elenco principal que estavam na série desde o início e chegaram ao fim foram Georgiou, Alok Sahar e Fuzz, o nanokin.
  • Kurtzman manteve a comparação do projeto a um filme de faroeste. “Um faroeste é sobre um personagem com um passado sombrio, que está fugindo de seus pecados, e pedem que ele coloque as esporas mais uma vez – para fazer a coisa certa e caminhar a trilha da redenção”, disse. “Foi isso que fizemos, mas no contexto de uma ópera espacial.”
  • Michelle Yeoh sempre se manteve encantada com Star Trek e com sua participação na franquia. “Star Trek sempre será uma parte de mim, porque amo aquele mundo, a comunidade, o otimismo e o senso de esperança – onde no futuro seremos inclusivos”, disse, na estreia do filme. “Quando Seção 31 veio para mim quando eu estava em Discovery, fiquei assim: ‘Não vou deixar isso escapar! É bom demais para ser verdade!’ Um personagem que é tão falho, mas ao mesmo tempo tão misterioso. Há tantas histórias para contar, e tanta complexidade… esse é um sonho para qualquer artista.”
  • O filme teve duas pré-estreias, uma em 15 de janeiro de 2025, em Londres, e outra em 22 de janeiro, em Nova York, antes da chegada global ao serviço de streaming Paramount+ em 24 de janeiro.
  • A data estelar do filme, 1292.4, parece estar no início da nova contagem de datas estelares adotadas a partir de A Nova Geração, em que cada mil unidades correspondem a um ano terrestre. Se a data estelar 41153.7 (o início de “Encounter at Farpoint”, piloto de A Nova Geração) representa o início de 2364, Seção 31 se passaria em 2324, quarenta anos antes.
  • Nem tudo se alinha tão bem, contudo. O mapa estelar mostrado no filme indica, entre outras coisas, uma Zona Desmilitarizada entre a Federação e Cardássia – algo que só seria estabelecido em 2370.
  • A personagem Melle é uma deltana, mesma espécie da tenente Ilia, que originou essa raça alienígena, em Jornada nas Estrelas: O Filme. Pouco explorados, eles fizeram uma rápida aparição na segunda temporada de Picard.
  • Quasi é um camaleoide, espécie introduzida em Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida, com Martia, interpretada por Iman. No filme de cinema, a personagem era capaz de transformações, mas os efeitos visuais delas eram mais simples.
  • Fuzz é um nanokin, nova espécie introduzida pela primeira vez neste filme.
  • O filme conta com uma aparição surpresa da famosa atriz Jamie Lee Curtis como Controle. A atriz é conhecida por seu papel na franquia Halloween, além de muitos outros filmes de sucesso. Ela se destacou em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022), estrelado por Michelle Yeoh, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar como melhor atriz coadjuvante. Yeoh, por sua vez, ganhou o Oscar de melhor atriz pelo filme.
  • Rachel Garrett se tornaria a capitão da Enterprise-C, como visto no episódio “Yesterday’s Enterprise”, da terceira temporada de A Nova Geração.
  • Alok Sahar menciona aqui que é um homem do século 20 e fruto das Guerras Eugênicas. Não está claro em que época exatamente se passaram essas guerras; a Série Clássica e Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan as associam aos anos 1990. Já Strange New Worlds promoveu um retcon sugerindo que podem ter acontecido no século 21, assim como a ascensão de Khan. Sahar dizer que ele é do século 20 não corrobora qualquer das duas versões.
  • O filme indica que a Federação não pode ir legalmente ao Baraam por causa do Tratado de Ka’Tann. Esse tratado é mencionado em “Fallen Hero”, de Enterprise.
  • Turkana IV, o planeta alvo da próxima missão do Esquadrão Alfa, é o planeta de origem de Tasha Yar, oficial de segurança da Enterprise-D durante a primeira temporada de A Nova Geração.
  • O Baraam, em tese uma estação espacial, parece partir em dobra ao fim do filme. Talvez seja apenas uma licença poética, mas é possível que a instalação tenha mesmo motores de dobra – embora isso seja extremamente incomum para estações espaciais, cuja principal função é permanecer onde estão.
  • O logo da Paramount e a vinheta de Star Trek no começo do filme são invertidas, para sinalizar a importância do universo do Espelho na trama do longa.

Ficha Técnica

História de Bo Yeon Kim & Erika Lippoldt
Roteiro de Craig Sweeny
Dirigido por Olatunde Osunsanmi
Música de Jeff Russo

Estreia em 24 de janeiro de 2025 (EUA e Brasil)

Título em inglês: Star Trek: Section 31

Elenco

Michelle Yeoh como Philippa Georgiou
Omari Hardwick como Alok Sahar
Sam Richardson como Quasi
Robert Kazinsky como Zeph
Kacey Rohl como Rachel Garrett
Sven Ruygrok como Fuzz
James Hiroyuki Liao como San
Humberly Gonzalez como Melle
Joe Pingue como Dada Noe
Miku Martineau como jovem Georgiou
James Huang como jovem San
Nikita Kim como Argo
Cindy Goh como mãe de Georgiou
Houston Wong como pai de Georgiou
Sonja Smits como inspetora imperial
Emily Mei como cantora
Adam Kenneth Wilson como homem de negócios
Augusto Bitter como Virgil
Jimmy Chimarios, Shani Scherenzel e Raymond Chan como seguranças do Baraam
Nikki Grant como antediano
David Benjamin Tomlinson como andoriano/cliente
Avaah Blackwell, Kirk Salesman e Nicole Dickinson como clientes
Rif Hutton como cronômetro do Envio de Deus
Alisha Seaton como computador da nave do San
Jody Lambert como computador da cargueira de lixo
Melanie Minichino como boneca de brinquedo
Jamie Lee Curtis como controle

TB ao Vivo

Em breve

Enquete

TS Poll - Loading poll ...

Edição de Maria Lucia Rácz

Filme anterior | Próximo filme