TOS 2×22: By Any Other Name

Reciclagem excessiva produz segmento sem brilho

Sinopse

Data estelar: 4657.5

Respondendo a um sinal de socorro, a Enterprise chega a um planeta não mapeado nos limites do espaço da Federação. O grupo de desembarque formado por Kirk, Spock. Mccoy e mais dois tripulantes são recebidos por um casal de aparência humanóide. Kirk se identifica e informa que está ali em resposta ao pedido de socorro, e em contrapartida, recebe uma ordem para entregar a Enterprise.

O capitão se recusa e então a mulher utiliza os controles de uma espécie de caixa que traz amarrada à cintura para dominar todo o grupo, que imediatamente fica incapaz de se mover. O homem que havia dado o ultimato a Kirk se identifica como Rojan, do Império Kelvan, localizado na galáxia de Andrômeda.

Após ter suas armas e comunicadores removidos, o grupo é liberado da influencia do campo por Rojan. Este informa que faz parte de uma expedição que tem como propósito encontrar um novo lar para o Império Kelvan, visto que este está condenado devido a aumento da radiação na galáxia de onde vem. Rojan está certo de que nossa Galáxia é uma boa opção e que será conquistada facilmente.

Ele explica que perderam sua nave ao atravessar a “Grande barreira” que cerca a galáxia e por isto pretendem usar a Enterprise para retornar para casa, numa viagem que levará 300 anos. Enquanto Rojan fala, um grupo de três Kelvans vai a bordo da nave da Frota Estelar e rapidamente assume o controle, usando dispositivos iguais ao usado pela mulher kelvan (Kelinda) para congelar o grupo de desembarque.

Rojan ordena que o grupo seja preso em uma cela ainda no planeta. Lá, Spock tenta usar de telepatia para iludir Kelinda e fazer com que esta abra a cela. Apesar do vulcano ser repelido violentamente durante o contato, o plano funciona e após remover o cinto com o dispositivo de Kelinda, o grupo deixa a cela, apenas para encontrar Rojan e outro Kelvan, Hanar, esperando por eles.

Como punição pela tentativa de fuga, Rojan ordena a execução dos outros dois tripulantes. Hanar usa o seu dispositivo para reduzir estes dois a dois pequenos blocos geométricos. Um deles, que antes era a ordenança Thompson é esmagado por Rojan, enquanto o outro é reconstituído. Rojan avisa que novas tentativas serão punidas da mesma forma.

O grupo de descida é levado de volta a cela, onde Spock analisa a imagem captada da mente de Kelinda momentos antes de sua separação. Nesta imagem ele pôde ver criaturas enormes, com centenas de tentáculos, e acredita ser esta a verdadeira aparência dos Kelvans, que aparentemente assumiram a forma humanoide apenas para poder usar a nave, projetada para humanos.

Sob ordens de Kirk, Spock entra em um transe profundo, para que os Kelvans pensem que ele está doente e permitam que volte a nave. O plano funciona e Spock e McCoy vão a bordo. Os dois chegam à enfermaria acompanhados por um Kelvan (Tomar). Lá McCoy administra uma medicação no vulcano, e informa a Tomar que Spock em breve estará bem. Este se afasta e deixa os dois na enfermaria.

Depois de algum tempo na superfície, Kirk também é levado a bordo junto com o restante do grupo Kelvan, e após a Enterprise deixar órbita, ele segue ate a enfermaria para ver Spock e McCoy, junto com Scott, trabalhando num plano para tentar deter os invasores. A ideia é destruir a fonte de energia dos dispositivos Kelvans, que foi trazido por estes e instalado na engenharia.

Scott e Spock conseguem se esgueirar até a engenharia, apenas para perceber que o material que cerca o equipamento projetor é impenetrável. Spock e Scott preparam os reatores para liberar matéria da nave, o que ira causar a destruição da mesma quando esta passar pela grande barreira, mas deixam à decisão final a cargo do capitão, mas Kirk decide não usar o recurso.

Após atravessar a grande barreira, os Kelvans usam os dispositivos em seus cintos para reduzir todo o pessoal considerado por eles não essencial a blocos, conforme já haviam feito com os dois tripulantes anteriormente, a fim de impedir eventuais tentativas de retomar a nave, além de economizar recursos durante a viagem. Rojan também deixa claro que sabia do plano de Scott, e que providências para impedi-lo já haviam sido tomadas.

Spock informa Kirk que apenas ele, Spock. McCoy e Scott foram mantidos em sua condição normal. Aparentemente sem alternativas, os homens da Frota Estelar começam perceber que os Kelvans estão tendo dificuldades para lidar com os corpos humanos, e concluem que podem explorar este fato para tentar enganar o inimigo.

Scott começa introduzindo um dos Kelvans, Tomar, aos prazeres da bebida, McCoy, com a desculpa de curar uma anemia em Hanar, começa a injetar fortes doses de estimulantes no rapaz, e Kirk tenta seduzir Kelinda, e é surpreendido por Rojan em uma de suas aproximações. Após o incidente Spock questiona Rojan a respeito do ocorrido, durante um jogo de xadrez, tentando provocar um pouco de ciúmes no líder Kelvan.

O estratagema parece dar resultado. Rojan tenta proibir Kelinda de ver Kirk, mas ela se recusa, pelo contrario procura por Kirk novamente, enquanto Hanar tem uma explosão de raiva na ponte e desafia a autoridade de Rojan. Pouco tempo depois, Spock vai até a ponte com a desculpa de executar manutenção de rotina nos sensores da nave, e continua tentando provocar o líder dos Kelvans.

Após ser informado por Spock que Kelinda está com Kirk na sala de recreação, contrariando suas ordens, Rojan deixa a ponte visivelmente contrariado, enquanto Scott derruba Tomar com a ajuda de uma garrafa de Uísque envelhecido. O engenheiro aproveita o momento e retira o dispositivo do cinto de Tomar, mas é vencido pelo álcool antes de conseguir sair do seu alojamento e levar o artefato a Kirk.

Rojan encontra Kelinda e Kirk e inicia-se uma discussão entre os dois, que logo evolui para uma briga, que passa a ser presenciada por Spock e McCoy que chegam pouco depois à sala de recreação. Durante a luta, Kirk faz com que Rojan perceba que o fato de usarem a forma humana os está afetando, tornando-os também humanos.

Rojan aceita o fato, e a uma oferta de Kirk de levar o fato a Federação, e encontrar de forma pacifica um lugar para os Kelvans dentro galáxia. Rojam devolve o controle da nave para a Kirk, e concorda em restaurar a tripulação e levar a nave de volta ao espaço da Federação, enquanto uma nave robô será enviada para Kelvan com a proposta da Federação. Com a situação sob controle, a Enterprise inicia a viajem de volta para casa.

Comentários

Embora seu título evoque o velho bardo Shakespeare não se pode dizer que “By Any Other Name” seja uma história inspirada muito menos original. Uma vez mais a Federação (e dessa vez a galáxia) é alvo de super seres supremos com sede expansão territorial, ainda que para isso possam ir morrendo de velhice no meio do caminho. Viajantes de outra galáxia que vem até a nossa simpática via Láctea com o propósito de preparar uma invasão era um mote comum na ficção científica desde tempos remotos (“Earth vs. the Flying Saucers” – 1956 Plan 9 from Outer Space – 1957, Planet of the Vampires, 1965) que não deixou de ser usado em Jornada nas Estrelas.

Sendo uma temática reciclada é normal uma certa sensação de Dejavu à medida que somos apresentados elementos de trama, que se pode facilmente se identificar a de outros segmentos da Serie clássica.  Dessa vez a ameaça vem de Andromeda para se juntar a Klingons, Romulanos, Metrons, maquinas de destruição e Sondas espaciais vagando pelo espaço, catástrofes diversas, crises políticas, etc, etc, etc, mostrando o quanto o tema soa pouco original

Mas talvez o principal problema desse seguimento já seja perceptível em sua abertura com o monólogo monótono declaro por Rojan, líder dos aliens invasores, que como sempre tem a aparência mais humanoide possível. Essa monotonia esta presente em todo o segmento de sofre pelo ritmo lento e arrastado.

Esses invasores são apresentados como uma mistura de elementos conhecidos: Lógica e pragmatismo Vulcano, aliado a cultura expansionista dos Klingons, sendo a primeira a característica mais importante neste momento. Eles são segundo Spock uma raça intelectualmente superior e para alcançar esta superioridade sacrificaram qualquer coisa que pudesse distraí-los e essa abordagem é fundamental para o enredo e solução do problema.

Podemos tirar daí à mensagem do segmento. Mais uma vez a Série Clássica nos alerta para a necessidade de procurar o saber tecnológico, sem abandonar, contudo, a essência do que nos faz humanos, deixando claro quais concessões não podem ser feitas. É preciso manter nossa humanidade, e acima de tudo nossa identidade, mas aprender também a conviver com a diversidade. Um grande desafio enquanto raça, sem dúvida.

 

Mas apesar de uma mensagem simbólica interessante no campo filosófico, “By Any Other Name” falha no quesito entretenimento. O segmento foi montado de uma forma que não percebemos fluidez no roteiro, e chega ao seu final lembrando um conjunto de blocos (!) que se encaixam mal e sendo menor que suas partes. O conceito central é relativamente complexo, em se tratando de Série Clássica, e o texto não alcança sucesso em tratar a questão de forma adequada.

O dispositivo que congela a todos a sua volta pode ser uma solução engenhosa para explicar como tão poucos alienígenas possam dominar os mais de 400 tripulantes a bordo da Enterprise. E lembremos que o roteiro apresenta a premissa que os corpos dos humanos não têm capacidades adicionais uma vez que tanto Kelinda quanto Rojan foram dominados sem dificuldades por Kirk quando o roteiro permitiu, e seus homens já lidaram com inimigos mais capazes com menor dificuldade.

 

Mesmo que esse ponto seja levantado a certa altura do roteiro, esse dispositivo é praticamente um Deus Ex Machina do roteiro que falha como elemento capaz de causar real tensão ao expectador. Exceção ao momento em que uma ordenança é executada.

A trama também ignora algumas questões de comportamento geral dos personagens, como a resistência de Kirk a possibilidade de autodestruição da nave enquanto McCoy por outro lado vemos McCoy discutindo com Kirk por não ter ordenado a destruição da nave ao passar pela grande barreira algo também discutível.

Outra questão não muito clara é como os kelvans assumem os corpos humanos.  De onde vieram estes corpos usados pelos Kelvans ? Foram roubados de alguém, ou construídos por algum tipo de engenharia genética, em Kelvan, antes da viagem, ou depois de chegaram em nossa galáxia? Segundo o próprio Rojan, eles teriam caído naquele planeta imediatamente após esta tentativa de passagem, e se esta grande barreira não permite que nenhum tipo de sinal passe através dela de onde vem o conhecimento que os Kelvans parecem ter dos humanos?

Depois que a Enterprise parte rumo a Grande Barreira – a mesma de “Where No Man Has Gone Before” – e a tripulação não essencial é reduzida aos tais blocos, (duas formas de economizar algum dinheiro, reaproveitando os efeitos óticos do segmento citado e dispensando um monte de figurantes) com base em que podemos dizer que Kirk, Spock, McCoy e Scott são de alguma forma necessários aos seqüestradores? E mesmo que fossem, estes poderiam rapidamente ser “reconstituídos”, quando e se necessário.

Sobrando apenas Kirk, McCoy, Spock e Scott para salvar o dia, cada em passa a usar as suas competências pessoais (sejam estas informais ou não) para tentar reverter a sua situação. Scott usa o seu talento como bom bebedor para embriagar o Kelvan Tomar, McCoy começa a entupir outro de remédios, Kirk sempre encontra um motivo para seduzir alguma mulher a bordo e Spock usa o seu conhecimento de psicologia e o seu aprendizado, adquirido pelos anos em conviveu com os humanos, para alfinetar Rojan.

Nada disso soa assim tão estranho e essa abordagem oferece algumas oportunidades interessantes. A cena de Scotty embebedado Tomar é épica em todo o seu desenvolvimento e o cuidado da produção em criar um alojamento que reflita a personalidade do engenheiro é notável nesse segmento.

Ficam ainda algumas questões como se as mudanças promovidas a bordo da Enterprise foram aproveitadas pela Frota Estelar ou o fato de Kirk mais uma vez exceder sua autoridade oferecendo asilo a alguém que assassinou uma tripulante a sangue frio, e raptou uma nave estelar.

Apesar de contar com essa sequência antológica do nosso bravo engenheiro e Tomar Bêbados, uma proposta de certa forma interessante, e conseguir causar alguns momentos de inquietação na audiência e ainda trazer alguns raros momentos de continuidade na Serie clássica ao fazer referência a eventos de episódios passados, a necessidade de compactar muita coisa em pouco espaço de tempo acabou por tirar um pouco do brilho do segmento. “By Any Other Name” envelheceu mal, expondo sues problemas de ritmo e pouca originalidade tornando o segmento bastante cansativo e uma oportunidade mal aproveitada

 

Avaliação

Citações

“We do not colonize. We conquer. We rule. There is no other way for us.”
(Nós não colonizamos. Nós conquistamos. Nós governamos. Não existe outro caminho para nós.)
Rojan

“A rose by any other name.”
(Uma rosa, por qualquer outro nome.)
Kirk

“Humans are very peculiar. I often find them unfathomable, but an interesting psychological study.”
(Humanos são muito peculiares. Frequentemente eu me sinto os desconfortável entre eles, mas é um estudo psicológico interessante.)
Spock

“What is it?”
“Well, it’s, um… it’s green.”
(O que é isso?)
(Bem, isto é… é verde.)
Tomar e Scotty

Trivia

  • O título do episódio vem de uma fala de Julieta na peça Romeu e Julieta de William Shakespeare: “What’s in a name? That which we call a rose by any other name would smell as sweet” ou “O que significa um nome? Aquilo a que chamamos de rosa, com qualquer outro nome teria o mesmo doce perfume”, na tradução de Beatriz Viégas-Faria (L&PM, 2011).
  • Warren Stevens (Rojan): Nascido em 19 de novembro de 1919, o ator teve participações em dezenas de série de TV e filmes ao longo de sua carreira, entre elas Alfred Hitchcock Apresenta, Caravana, Quinta Dimensão, O Túnel do Tempo e Missão: Impossível. Stevens interpretou o doutor Ostron no filme clássico Planeta Proibido (1956).
  • Barbara Bouchet (Kelinda): Nascida em1943 na antiga Tchecoslováquia durante a ocupação nazista, Barbara Bouchet mudou-se para os Estados Unidos ainda na infância, onde começou carreira como modelo e pouco tempo depois começou a atuar em séries de TV, como Tarzan, O Homem de Virgínia , O Agente da UNCLE e Viagem ao Fundo do Mar. Bouchet foi a primeira atriz a encarnar a secretaria do serviço secreto de sua majestade, Moneypenny, na versão para o cinema de Casino Royale (1967), primeiro filme não oficial da série James Bond, uma paródia que conta com nomes como Peter Sellers, Ursula Andress, David Niven, Orson Welles, Woody Allen, William Holden, John Huston, Kurt Kasznar (Terra de Gigantes), Jean-Paul Belmondo, Jacqueline Bisset, Anjelica Huston e Peter O’Toole. A atriz, que teve uma pequena participação em Gangues de Nova York (2002), trabalhou em várias produções italianas.
  • Robert Fortier (Tomar).: Nascido em 5 de Novembro 1926, o ator trabalhou com ninguém mais, ninguém menos que William Shatner e Adam West em Alexandre, O Grande da MGM, em 1968. Fortier faleceu em 1º de janeiro de 2005, vítima de um ataque cardíaco.
  • Julie Crobb.: (Alferes Leslie Thompson) Esta foi a primeira aparição de Julie Crobb na TV. A red shirt esfacelada por Rojan neste episódio seguiria carreira, e como seus colegas, participaria de várias series de TV após seu debut em Jornada e voltaria a trabalhar com Willian Shatner em um episódio da série Carro Comando, exibida no Brasil pela Rede Globo. Após dois divórcios, a atriz casou-se com James Cromwell, conhecido entre os fãs de Jornada nas Estrelas por seu papel como dr. Zefram Cochrane em Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato (1996).

Ficha Técnica

Escrito por Jerome Bixby e DC Fontana
Dirigido por Marc Daniels

Exibido em 23 de fevereiro de 1968

Título em português: “Por Qualquer Outro Nome”

Elenco

William Shatner como James Kirk
Leonard Nimoy como Spock
DeForest Kelly como Leonard McCoy
James Doohan como Montgomery Scott
Nichelle Nichols como Nyota Uhura
George Takei como Hikaru Sulu
Majel Barrett como Christine Chapel

Elenco convidado

Warren Stevens como Rojan
Barbara Bouchet como Kelinda
Stewart Moss como Hanar
Robert Fortier como Tomar
Carl Byrd como tenent Shea
Lelie Dalton como Drea
Julie Crobb como ordenança Leslie Thompson

Revisitando

Cérebro de Spock

No Cérebro de Spock, podcast da rede Trek Brasilis, “By Any Other Name” tem uma trilha de comentários em áudio por Muryllo Von Grol e Leandro Magalhães. Você pode ouvir o áudio do podcast assistindo com o episódio sincronizado para acompanhar os comentários dos participantes do podcast a medida que este vai sendo exibido.

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Edição de Ricardo Delfin

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